ESSO BRASILEIRA E A VALORIZAÇÃO DA IMPRENSA

 

 

Esso é um nome comercial da empresa norte-americana ExxonMobil Corporation e de suas empresas relacionadas. Seu nome é derivado de Standard Oil Company (“SO”, pronunciado Esso).

Veio para o país em 17 de janeiro de 1912, com a autorização do presidente Hermes da Fonseca, para instalar-se no Brasil. Na época, de sua instalação veio sob o nome Standard Oil Company of Brazil, distribuindo gasolina e querosene vendidos em tambores e latas.

 

Profissão perigo. Combustível transportado com Locomotiva à Vapor

 

 

A Esso (Esso Brasileira de petróleo) foi um dos ícones do processo industrial brasileiro no início do século 20. Foi através dela que a agência de publicidade McCann Erickson, desembarcou no Brasil no final dos anos 30 para acompanhar seu processo de expansão.

 

Veículos de Transporte

 

A agência funcionou na fase de implantação nas dependências da Esso no Rio de Janeiro. Mais tarde, já consolidada no ainda incipiente mercado de comunicação de marketing no Brasil, a McCann ajudou a criar um dos primeiros projetos proprietários, tão em voga hoje em dia, o Repórter Esso. O programa jornalístico começou no rádio em 28 de agosto de 1941 com Heron Domingues e, depois migrou para a televisão popularizando a bancada do telejornal e o hábito de assisti-lo no início da noite. Nesta inovação, a equipe já contava com Gontijo Theodoro. Mais tarde em 1955, foi criado o Prêmio Esso de Jornalismo, o mais cobiçado pelos profissionais de imprensa do País.

 

Presidente Getúlio Vargas no Microfone Oficial da Rádio Nacional

Oficializando a veiculação do Repórter Esso

Reclames que circularam  nos Jornais da época

 

Com isto, acabou também sendo uma das pioneiras da publicidade, com os seus mascotes-gotinhas que apareciam na maioria dos comerciais da empresa. A Esso vendia no país também Querosene Jacaré.

 

Heron Domingues uma voz sem medo

 

 

No Brasil, ela operou sob a razão social Esso Brasileira de Petróleo Ltda. A Mobil também atua no país, com a venda de lubrificantes automotivos.

 

 

 

Em 24 de abril de 2008 a Cosan (Grupo de investidores) anunciou a compra do portfólio de downstream (rio abaixo) da Esso no Brasil. O negócio foi concluído no dia 1 de dezembro de 2008, com o pagamento à ExxonMobil, em meio a diversos rumores de que a crise teria afetado o caixa da Cosan e a mesma, não teria fundos para fechar a operação de compra.

 

 

Em 2011 a Cosan e a Shell iniciaram uma parceria no segmento de downstream com a criação de uma Joint Venture, denominada Raizen.

A nova empresa adotou a marca Shell para combustíveis e postos de revenda, devolvendo a marca Esso à Exxon.

Os postos Esso deixaram de existir no mercado brasileiro em 2014. Este foi o prazo acordado pela Cosan e a multinacional anglo-holandesa Shell, após anúncio da fusão das operações das duas empresas e que, resultou na criação da Raízen, que passou a dedicar-se à produção de álcool hidratado para uso combustível.

 

 

A rede Esso passou a usar a bandeira Shell. O objetivo do acordo inter empresarial, como detalhou à imprensa o executivo Vasco Dias, presidente do negócio: “dobrar os atuais 2,4 bilhões de litros de álcool produzidos a cada 12 meses para 5 bilhões em cinco anos”. A McCann criou o personagem Tigre da Esso, rival do Elefantinho da Shell. Até hoje os tigres infláveis ocupam os postos de serviço da rede.

A Cosan comprou a operação de postos da Exxon Mobil, multinacional norte-americana controladora da marca Esso. Sob licensing, deixou a marca publicitária Esso sob sua responsabilidade, compromisso que foi encerrado em 2014.

 

 

A marca Esso hoje ficou no lendário dos que se abasteciam, e dos apaixonados pela marca, afinal o tigrezinho cativava.

 

 

Fonte: Site da ExxonMobil Corporation

NASCIMENTO DO JORNALISMO TELEVISIVO NO CEARÁ

 

Luciano Diógenes e Ciro Saraiva

Redação  da TV Ceará.

Em 1960 quando a televisão entrou no ar em território cearense, o talento dos jornalistas da época tinha desafios na elaboração dos produtos até então desconhecido, mesmo por os que labutavam no rádio. A notícia que que ter o formato de atração, senão o telespectador não se prendia ao que se narrava. A televisão ampliou, dando novo impulso necessário para formatar a sociedade nesse veículo informativo, com discurso legitimando as propostas da linha editorial.

Um dos noticiosos de maior credibilidade, era o Matutino Pre9 muito bem conduzido por Aderson Braz, que nem um pouco se abalou com o surgimento da televisão. Os que migraram da Ceará rádio clube, apenas acompanharam o compasso da notícia, mas ninguém estava qualificado para viver essa nova fase com este poderoso veículo.

Aderson Braz

A equipe jornalística da Ceará Rádio Clube, propôs de início a que fosse levado ao ar de segunda a sábado, O Repórter Cruzeiro e o Correio do Ceará na TV. Aos domingos apenas resenha lidas do Jornal Unitário.

Os noticiosos, segundo Eduardo Campos “Não cabia ancoragem, pois tinha os apresentadores apenas de ler”. Recebiam as notícias devidamente elaboradas por Luciano Diógenes, Tarcísio Holanda e J. Ciro Saraiva. O slogan era “informar e muito bem informar sem deixar lacunas, por telespectador exigente”.

O governador Virgílio Távora, em seu primeiro Governo na eleição de 1962, certa vez telefonou de seu gabinete no Palácio da Luz para a TV, contestando uma notícia, ao qual por sua vez recebeu a resposta de Aderson Braz que o atendeu: “E foi verdade Governador, cobre de seu assessor a responsabilidade deste ato”. Era assim a credibilidade dos noticiosos dos Associados de Assis Chateaubriand.

Aderson Braz e Cândido Colares

Acontecia fatos inusitados que viraram notícia no Ceará, a pergunta era esta: “Saiu na Pre9 ou na TV?”. Porque se não tivesse sido noticiado, o povo ficava com dúvida.

O Correio do Ceará na TV em sua primeira página durou pouco pois, foi fechado um acordo com a Companhia aérea Real, que passou a ser cliente da TV Ceará Canal 2; então o noticioso passou a denominar-se Repórter Real, e aí o mesmo foi encampado por Cândido Olímpio Colares, que vindo do Crato passou também a substituir Narcélio Limaverde no Repórter Cruzeiro. Foi formada a dupla Aderson e Cândido Colares. Colares foi substituir Hermano Justa na bancada do Matutino Pre9.

Narcélio inaugurou o Repórter Cruzeiro

A Companhia aérea Real posteriormente foi adquirida pela Varig, e o telejornal desapareceu temporariamente. Continuando o Repórter Cruzeiro que era patrocinado por uma loja líder em confecção “A Cruzeiro”. Sempre em suas edições dizia: “O Repórter Cruzeiro traz a notícia que você lerá amanhã”. O Correio do Ceará na TV por questões de patrocínios, voltou para a TV.

Em abril de 1961, chegou mais um noticioso na TV em formato de flash: O Noticiário Relâmpago, sendo mantido pela “Casa das Máquinas o Maior Crediário do Ceará”. Ia ao ar em três edições: as 18.58 h. as 19.40 h e a última as 21.22 h. A apresentação era do jovem Paulo Limaverde irmão do Narcélio. Reforçando a equipe, chegaria em 1963 Assis Santos, Teobaldo Landim e Egídio Serpa.

Paulo Limaverde e  Noticiário Relâmpago

Foi assim que sem o auxílio do vídeo tape, iam para o ar as notícias com apenas fotos paradas, e comerciais quando não eram ao vivo, propagavam com locutores de cabine.

Este feito heroico precisa ser anexado a história. Quem não lembra de Oliveira Filho que ao ler as notícias fazia malabarismo no pescoço em que, precisava ficar atento ao papel em suas mãos, e outra de olho na luzinha vermelha da câmara.

Cândido Olímpio Colares

Com a chegada do vídeo tape de 1965-66, então começaram a aparecer enlatados que as vezes não condiziam com a realidade, e muitos chegavam a esta colocação quando outrora assistiam notícias internacionais, à época do Repórter Real.

Muita coisa ficou pastelão na Televisão Brasileira.

Galeria dos anunciantes dos telejornais.

 

 

 

Estelinha garota Propaganda da Real

Referências:

–  Campos, Eduardo: 50 anos de Ceará Rádio Clube, UFC, 1984;

–  Idem, TV Ceará a fábrica dos sonhos, UFC, 1999;

– Carvalho, Gilmar: A Televisão no Ceará, Industria Cultural, Consumo e Lazer           Omni ,2004;

– Garcia, Fátima: Blog   Fortaleza Fatos e Fotos;

–  Leitão, Claudia:  Memória do Comércio Cearense, Senac – Nacional, 2001;

Fotos : Leocácio Ferreira e  Irismar Colares.

 

MEU DEUS ISSO FALA! A MAGIA DE FALAR AO TELEFONE

 

 A primeira ligação telefônica da história, com testemunho nas pontas de linha, ocorreu na tarde de 25 de junho de 1876, em Filadélfia – USA quando ocorria a famosa exposição por ocasião dos festejos do Centenário de Independência dos Estados Unidos da América. Alguém quase sussurrou distante da multidão, cerca de 150 metros: “To be or not To be…” (Ser ou Não Ser). Na outra ponta, alguém exclamou abismado: “My God! It talks” (Meus Deus Isso Fala). De um lado Graham Bell o inventor e do outro, D. Pedro II o Imperador do Brasil.

 

Graham Bell em 1876

A telefonia é a transmissão elétrica de sons, da fala, de palavras. A palavra compõe-se do grego “tele” que significa longe, distante, e de “fonia” também do grego que traduz a idéia de som, voz, fala.

O aparelho se compunha de um transmissor provado de disco ou diafragma de alumínio que, vibrando à ação da voz humana, produzia certos impulsos elétricos. Estes impulsos chegavam a um receptor onde eram transformadas em ondas semelhantes as do som original.

Dom Pedro era um vidrado em tecnologia e mantinha correspondências com os cientistas de meio mundo, entre os quais seu amigo, o escocês Alexander Graham Bell, radicado nos Estados Unidos.

Convidado para integrar a comissão científica de premiação dos melhores inventos da exposição do Centenário, D. Pedro II virou a estrela da mídia de plantão. Emprestando seu aval de Monarca ao invento de Bell, o Imperador ajudou o cientista ainda obscuro, a despertar o interesse da imprensa e do Governo.

Pedro II trouxe em sua bagagem o telefone para o Brasil e, a instalação com êxito deste serviço deveu-se por força do decreto nº 7.539 de 15 de novembro de 1879, quando foi autorizada a Organização da primeira Companhia Telefônica do Brasil.

Telefone no Ceará

A linha telefônica nº 1 de Fortaleza – Ceará, foi instalada aos 11 de fevereiro de 1883 no estabelecimento comercial de Confúcio Pamplona, na Rua Major Facundo nº 59 e a nº 2 na casa do Sr. José Joaquim de Farias, no Largo da Alfândega. Os aparelhos eram a manivela.

Confucio Pamplona

A primeira “Empresa Telefônica do Ceará” foi concedida aos irmãos Arnulfo e Confúcio Pamplona, cuja razão social era “Pamplona, Irmão & Cia”.  Por conta do decreto nº 1.290, aos 10 de setembro de 1891, começaram as conversações à distancia em Fortaleza, quando a Capital cearense tinha apenas 195 aparelhos. Depois essa empresa se transformaria na Companhia Telefônica de Fortaleza.

Os telefones com discagem, os chamados “Aparelhos automáticos” tiveram sua central inaugurada pelo Governador Meneses Pimentel e pelo Prefeito Raimundo Araripe, na Praça dos Voluntários em 1 de janeiro de 1938.

Exemplar de Um dos Primeiros Telefones Públicos

 Tinha Cabine Aberta e Dupla

  O telefone público nº 1 só seria inaugurado aos 5 de março de 1948 no Bairro Alto da Balança, pelo Prefeito Acrísio Moreira da Rocha. O Público nº 2 chegou à Praça de Messejana em 24 de julho do mesmo 1948. Os telefones de Fortaleza que só tinham quatro algarismos a partir de 1955, passaram a ter mais um.

Aos 11 de agosto de 1970, a Embratel implantou o sistema: Discagem Direta a Distancia – DDD, porém, o DDI somente apareceria em 3 de maio de 1976.

A Companhia Telefônica do Ceará – Cotelce foi criada pelo Governador César Cals por conta do decreto nº 9.510 de 10 de setembro de 1971. Foi absorvida a antiga Companhia Telefônica de Fortaleza – CTF. Depois essa empresa se transformou em Tele – Ceará, quando finalmente em abril de 1999 foi privatizada e recebeu o nome de Telemar. Parece que a história sempre se repete, e que tudo termina como começa.

Na Estrada de Ferro de Baturité, depois Rede de Viação Cearense, RFFSA e hoje Transnordestina logística S/A,  o antigo telefone à magneto  que,  havia sido introduzido por Ernesto Lassanse  Cunha em 1890, também passou por transformações, afinal o Centro de Controle Operacional – CCO que monitora a segurança do tráfego ferroviário, ganhou o Seletivo que, se comunicava com todas as estações. Os maquinistas mantinham contato de seus trens no trecho com o Centro de Controle através dos fios que, eram os mesmos do telégrafo.

Com a modernização dos aparelhos e serviços, a ferrovia cearense ficou com centrais próprias para serviços internos, porém, para os externos ficou dependente das Concessionárias de telecomunicações, afinal, a telefonia veio para aproximar as distancias e facilitar a vida.

Com o moderno Celular e a diversificação das Operadoras, localizamos as pessoas no tempo, porém, ficam “Lost in Space” (Perdidos no Espaço).

Prédio da Primeira Companhia Telefônica de Fortaleza. 1937.

Esquina das Ruas Pedro Pereira com Sena Madureira.

 

                                                                   Telefone à Magneto

                               Telefone Ericsson Antigo Preto.

TELÉGRAFO O PAI DO RÁDIO, BENEFICIADOR DO TREM

 

Reclame desenhado por Murillo de Souza. Rio de Janeiro, 1931.

O Telégrafo é um aparelho que com um manipulador envia sinal longo ou breve, quando eletrizada uma bobina produz batidas que são codificadas correspondendo a cada letra do alfabeto Morse. Antes da invenção do telégrafo em 1835 por Samuel Finley Breese Morse, os trens existentes trafegavam obedecendo a intervalos de tempo com determinados horários.

Samuel Morse

(1791 – 1872)

As Ferrovias foram as grandes beneficiárias desta tecnologia na época, afinal, a comunicação por sinais elétricos aproximou distâncias. Estações passaram a se comunicarem com outras, dando assim inicio ao processo de licenciamento de trens, ou seja, ratificar trechos livres e assim os comboios a circularem a qualquer hora e realizarem cruzamentos. A primeira via-férrea a utilizar o aparelho Morse foi a “Great Western Railway”, em 1839 na Inglaterra.

No Brasil, o telégrafo foi implantado por o Professor Guilherme Capanema em 1852 e ligava o palácio Imperial em São Cristóvão ao Quartel General no campo ABC, com mostrador acionado por meio de pilhas do construtor Breguet. D. Pedro II era amigo da ciência e um apaixonado por tecnologia, não demorando a introdução nas demais Províncias do Brasil com aparelhos marcas “Siemens”, “Wheatstone”.

Em 1856 registros históricos dão conta da existencia de escolas mantidas por essas empresas, para habilitar seus empregados no serviço. A utilização dos aparelhos Morse nas ferrovias brasileiras, segundo consta no histórico da Central do Brasil, ocorreu em 1871 e no relatório de 1879 no Rio de Janeiro, 54 estações possuíam este novo equipamento.

A Estrada de ferro de Baturité implantou o seu telégrafo em rede particular, por ocasião da inauguração da Estação de Pacatuba aos 09 de janeiro de 1876.

No dia 17 de fevereiro de 1878 foi criado o Telégrafo Nacional; O serviço telegráfico na cidade de Fortaleza data de 26 de fevereiro de 1881, e por cabo submarino ligava-se ao Rio de Janeiro (Capital do Império) numa extensão de 3.104 Km.

A Estação telegráfica de Fortaleza já funcionou no prédio da Fênix Caixeiral (Praça Márquez do Herval), no palacete Iracema e de lá aos 14 de fevereiro de 1934, contraiu-se as repartições dos Correios e a dos Telégrafos, quando de sua inauguração da sede própria na Rua Floriano Peixoto, no coração da Capital cearense. A empresa que possibilitaria Fortaleza a se comunicar não só como o Rio de Janeiro, mas também com os Estados Unidos e Europa foi a “Western And Brazilian Telegraphic Company”, que depois se chamou “The Western Telegraphic Company Limited”, popularmente conhecida como CABO SUBMARINO; Sua inauguração ocorrera aos 30 de março de 1882, cuja estação era situada na Rua Visconde Sabóia nº 23. Em abril de 1972 a “Western Telegraphic” no Ceará encerrou em definitivo seus trabalhos.

Como todo equipamento recebe transformações por conta do avanço da tecnologia, no inicio do século XX, surgiu Telégrafo sem fio. Guilherme Marconi em 1901 demonstrava a possibilidade de se transmitir sinais telegráficos a grandes distâncias e, em 1909 conquistou o prêmio Nobel da física. A total consagração da telegrafia sem fio ocorrera no acidente que, naufragou o Titânic minutos antes da meia noite de 14 de abril de 1912. O Rádio-Telegrafista Jack Phillips transmitiu o primeiro SOS da história. A sua mensagem foi simultaneamente, captada pelo Transatlântico “Carpathia” a quatro horas da posição do naufrágio e pelo estúdio Marconi.

Desde 1917 que a então Empresa de Telégrafo no Brasil havia feito um convenio com as Estradas de Ferro. Ao tempo do Governo do Presidente José Linhares, o Departamento dos Correios e Telégrafos, recebeu autonomia Técnica e Administrativa objeto dos Decretos-Leis n°s. 8.308 de 6 de dezembro de 1945 e, 8.866 de 24 de janeiro de 1946. O Governo Linhares, instituiu o Fundo Telegráfico visando assegurar a execução do Plano Telegráfico Nacional, a fim de evitar a quebra do ritmo ou o retardamento na execução do mesmo, cujas consequencias poderiam acarretar grandes prejuízos à comunicação do País.

O tráfego nas ferrovias do Brasil contou com o telégrafo; Os fios acompanhavam toda a malha. Não se queixavam dos ruídos de rodeiros e nem com a fumaça das locomotivas, mas levavam seu recado secreto.

No Ceará estes companheiros dos agentes de estação foram serenamente substituídos por o telex e, em 1979 deu um grande passo, saindo das mesas de licenciamento para entrar no museu. (parágrafo compilado pelo autor).

                                     

 Sede Própria dos Correios e telégrafos de Fortaleza.

 Inaugurado aos 14 de Fevereiro de 1934

Essa é Ponte Sobre O Rio Choró em Caio Prado.

Vemos os fios da Linha telegráfica sobre a Estrutura metálica. 1908

 Bonde Elétrico do Outeiro (Aldeota) em 1937.

Vemos a Fiação do Telégrafo na Rua Floriano Peixoto

 

 

                                                    Aparelho Telegráfico MORSE.

 

 Aos 8 de Outubro de 1957 começou a operar no Brasil,

a Primeira Central de Telex.

O RÁDIO AM NO INTERIOR CEARENSE É HISTÓRIA

 

CIDADE EMISSORA FREQUENCIA POTÊNCIA FUNDAÇÃO
         
Acaraú  Difusora Vale do Acaraú 1.100 kHz 1 kW 08/07/1990
Acopiara  Vale Quincoê 550 kHz 1 kW 21/08/1987
Aracatí Sinal Comunicação 730 kHz 1 kW 02/08/1986
Aracatí Moriá 1.320 kHz 1 kW **/10/1994
Barbalha Cetama 930 kHz 1 kW 22/03/1992
Barro Boa Esperança 1.210 kHz 1 kW 25/08/1986
Baturité Maçiço 1.500 kHz 1 kW 31/07/1980
Boa Viagem Asa Branca 710 kHz 1 kW 17/09/1983
Boa Viagem Liberdade 1.310 kHz 1 kW 25/09/1988
Brejo Santo Sul Cearense 820 kHz 1 kW 01/05/1988
Camocim União 820 kHz 1 kW 10/10/1982
Campo Sales Cidade 630 kHz 1 kW 23/08/1985
Campo Sales Três Fronteiras 1.530 kHz 1 kW 01/03/1993
Canindé Jornal 540 kHz 1 kW 22/12/1979
Canindé São Francisco 1.240 kHz 10 kW 17/09/1988
Caridade Vanguarda 1.370 kHz 1 kW 01/10/1998
Cascavel Litoral 1.110 kHz 10 kW 25/07/1978
Caucaia Metropolitana 930 kHz 10 kW 19/03/1988
Cedro Montevidéu 1.160 kHz 1 kW 24/06/1990
Crateús Príncipe Imperial 1.210 kHz 1 kW ***
Crateús Super Vale 590 kHz 5 kW 13/09/1982
Crato Amplificadora Cratense Auto-falante Philips 100 Watts

30 unidades

19/11/1937

(Paralisada)

Crato Araripe 1.440 kHz 10 kW 28/08/1951
Crato Educadora 1.020 kHz 5 kW 15/02/1959
Forquilha Pioneira 830 kHz 1 kW 17/02/1991
Granja Vale 1.160 kHz 1 kW 19/09/1989
Guaraciaba do Norte Guaraciaba 1.190 kHz 1 kW ***
Iguatú Liberdade 870 kHz 1 kW 16/06/1962
Iguatú Jornal 790 kHz 1 kW 29-01-1983
Ipú Iracema 1360 1 kW 26/08/1989
Ipú Regional 1.520 kHz 1 kW 19/01/1992
Ipueiras Macambira 1.020 kHz 1 kW 09/03/1991
Itapajé Guanancés 1.470 kHz 1 kW 20/07/1991
Itapipoca Uirapuru 570 kHz 1 kW 09/05/1980
Itarema Liberdade 1.250 kHz 1 kW 06/01/1992
Juazeiro do Norte Centro Regional de Publicidade Amplificadora 100 Watts 1940

(Paralisado)

Juazeiro do Norte Iracema 850 kHz 1 kW 15/11/1951
Juazeiro do Norte Progresso de Juazeiro 1310 kHz 1 kW 01/05/1967
Juazeiro do Norte Verde Vale 570 kHz 5 kW 24/03/1980
Lavras da Mangabeira Vale do Salgado 770 kHz 10 kW 30/07/1979
Limoeiro do Norte Educadora Jaguaribana 560 kHz 1 kW 18/03/1962
Limoeiro do Norte Vale do Jaguaribe 1.260 kHz 10 kW 06/12/1955
Maracanaú Pitaguary 1.340 kHz 2,5 kW 13/06/1990
Mombaça Sertões 1.540 kHz 1 kW 17/08/1990
Morada Nova Liberal 1.350 kHz 1 kW 24/06/1990
Morada Nova Uirapuru 1.460 kHz 1 kW 06/07/1980
Morrinhos Princesa do Norte 1.480 kHz 1 kW 27/09/1992
Nova Russas Seara 780 kHz 10 kW 01/09/2004
Pacajus Boa Nova 1.410 kHz 10 kW 20/09/1985
Paracuru Imaculada 1.150 kHz 5 kW **/02/2010
Pedra Branca Trapiá 1.510 kHz 1 kW 18/10/2003
Pentecoste Difusora Vale do Curu 1.560 kHz 1 kW 23/03/1982
Quixadá Cultura 1.080 kHz 2,5 kW 27/11/1991
Quixadá Monólitos 970 kHz 1 kW 13/02/1980
Quixeramobim Amplificadora Auto-falante 100 Watts **/**/1946
Quixeramobim Difusora Cristal 1450 kHz 1 kW 05/02/1968
Quixeramobim Campo Maior 840 kHz 1 kW 19/05/1988
Russas Progresso 1.140 kHz 10 kW 27/09/1975
Santa Quitéria Itataia 890 kHz 1 kW 10/01/1987
São Benedito Novaplan 1.510 kHz 1 kW 08/10/1978
São Benedito Tabajara 870 kHz 1 kW 01/05/1990
Senador Pompeu Sertão Central 1.570 kHz 1 kW 03/12/1981
Sobral Regional 1.320 kHz 1 kW 22/11/1952
Sobral Caiçara 910 kHz 4 kW 17/01/1987
Sobral Educadora 950 kHz 5 kW 21/06/1959
Sobral Tupinambá 1.120 kHz 3,5 kW 17/06/1962
Solonópolis Cachoeira 1.520 kHz 1 kW 25/08/1993
Tauá Cultura dos Inhamuns 960 kHz 1 kW 28/11/1980
Tauá Difusora dos Inhamuns 1.100 kHz 1 kW 25/05/1985
Tianguá Santana 1.540 kHz 1 kW 02/02/1980
Várzea Alegre Cultura 670 kHz 1 kW 05/06/1978

 

 

 

CIDADE AM 860 NOVA ROUPAGEM DA IRACEMA DE MARANGUAPE

 

                 

   Neste Bloco os Estúdios da Emissora

Aspecto Original

 

 

A Rádio Cidade AM, embora pertencente ao Grupo Cidade de Comunicação, era ligada a TV Uirapuru de propriedade de Patriolino Ribeiro, porém, a emissora radiofônica não poderia receber esse nome, haja vista existir outra com a mesma nomenclatura. Depois a TV Uirapuru tomou o nome de TV Cidade.

Inicialmente o equipamento da Rádio Cidade, na implantação aos 10 de junho de 1982 fora o mesmo utilizado pela rádio Iracema de Maranguape (1959), cidade da região metropolitana da grande Fortaleza. Sabemos que o equipamento, evidentemente fora substituído pois, o estúdio era na cidade de Maranguape e, hoje é um anexo da TV do mesmo nome na Avenida Desembargador Moreira nº 2565, no bairro Dionísio Torres.

A estação transmissora sim, ainda está nas mesmas coordenadas, no distrito de Taquara no Vilarejo chamado Mucunã, quase no sopé da Serra de Maranguape.

Era uma emissora muito eclética, da Rede  Iracemista de Rádio, mas, não resistiu à concorrência das emissoras da capital, no que diz respeito a anunciantes, devido às transformações e o desenvolvimento da Capital.

Maranguape com o fechamento de empreendimentos já havia desativado seu ramal ferroviário em 1962. O avanço do transporte coletivo, alargamento da CE e pavimentação asfáltica, deixou a cidade muito próxima da outra, o que levou moradores a procurar meios de sobrevivência em Fortaleza. Então seu proprietário, empresário José Pessoa de Araújo, não achou mais interessante manter esse empreendimento. Vendeu para o Grupo de Patriolino.

 

 

Carlos Alberto, “A Cidade Recorda”

 

 

Por o microfone da Rádio Cidade já passaram grandes nomes do rádio cearense, como Carlos Alberto que despertava a Cidade com Saudade; Narcélio Sobreira Limaverde que comandava as manhãs nos dias úteis; oriundo da Rádio Uirapuru, Juarez Silveira com o seu inesquecível Pássaro da Madrugada, horário este outrora ocupado, por o popular Colombo Sá e o seu tradicional “Clube dos Tetéus, não Dorme Ninguém”. Renato Abreu, Ossian Lima, Newton Pedrosa, Haroldo Pedreira eram as feras do mundo político e atualidades, quando democraticamente não colocava o ouvinte no ar, mas, jogava a nossa opinião para os comentaristas.

 

Juarez Silveira

” O Pássaro da Madrugada”

 

 

Cid Carvalho grande ícone, ainda comanda o “Antenas e Rotativas” que já foi auxiliado por Vicente Alencar, já que Lúcio Sátiro nos deixou. Edson Silva, que apresentava “Nos Bastidores Policiais” havia ido morar em Brasília com mandato eletivo; João de Oliveira fez o seu Informativo Cidade; a tarde a irreverência de Jurandir Mitoso e era muito mais, tudo sob a coordenação de Assis Monteiro. (Oliveira e Mitoso já não estão mais conosco.

 

Tony Mazoly é um radialista e  sonoplasta modelo,

 

A Cidade AM é uma das poucas emissoras, com tanta flexibilidade para atender aos anseios do ouvinte, pois é muito dinâmica nas festividades que o ano traça. Tem o prefixo de ZYH 592 e opera na frequência de 860 kHz.

Recordando: Rádio Iracema de Maranguape

 

 

 

Fotos : Álbum da Família Marques.

 

OPOVO-CBN 1010 A RÁDIO QUE TOCA NOTÍCIAS

 Denominada a “Companheira”, a Rádio Jornal O POVO fora ao ar oficialmente aos 25 de março, cinqüenta dias após, as inserções experimentais, na sua estação transmissora que a qualificava em torres gêmeas. Desde 6 de fevereiro de 1982, um potente transmissor de 50 kWh às margens da bucólica lagoa de Messejana, rasgava os céus do Nordeste com um som, pasmem, estereofônico com Amplitude Modulada.

A família Dummar que já é em território cearense uma referencia no setor de rádio comunicação, nos deu mais um empreendimento e fora sob o prefixo ZYH 625, na freqüência de 1010 kHz. Com sua programação voltada para serviços de comunidade, além da esperada fonte de informação e entretenimento na voz de locutores do melhor quilate, a AM do Povo logrou seu espaço, mesmo na época já existindo emissora em AM, com quase meio século no ar.

Às 5 da matina, tínhamos o “Secretário do Povo” com Paulo Oliveira; depois havia a animação e interação do Luis Barbosa, que tinha como atração os “Debates do Povo”, muito expressivo com mediação do professor Carlos Neves D’alge e as participações de Adísia Sá, Themístocles de Castro e Silva, Dorian Sampaio, Fávila Ribeiro, Pedro Henrique Antero, dentre tantos jornalistas da casa .Depois viria o grande Nazareno Albuquerque para ser mediador, quando participou Maria Luiza Fontenele.

Jornalista  Nazareno Albuquerque

Com maestria conduziu por anos os “Debates do Povo”.

Paulo Oliveira voltava depois do meio dia para apresentar de forma cômica “Nas Garras da Patrulha”. A tarde era dominada na voz veludo de Roberto Losan, e o Nonato Albuquerque ia a noite a dentro abrilhantando a programação. O jornalista Themístocles de Castro e Silva abria um parêntese na programação noturna e apresentava o seu “Quando a Saudade Apertar”, cuja característica era uma música do mesmo nome interpretada por Orlando Silva, o Cantor das Multidões. Tratava-se de um programa com músicas do passado, tendo como diferencial o tipo de mídia, afinal todas as músicas eram de gravações originais com discos de cera, o que exigia 78 RPM.

Aos domingos tínhamos Halmalo Silva com um musical de elite, informando ao público que se deleitava com o relax, e paralelamente o público era informado através de resenhas principalmente a esportiva.

Narcélio Sobreira Lima Verde.

Ao Pé do Microfone desde 1954.

Com já foi relatado pelo microfone desta emissora, passaram diversos nomes expressivos do rádio cearense, e dentre eles destaco Narcélio Limaverde com o prestador de serviços “Tarde do Povo”, onde diariamente o tema e as entrevistas eram diferenciados; isto porque a emissora passou ao compasso de afiliada da Central Brasileira de Notícias – CBN.

Themístocles de Castro e Silva, Carlos Neves Dalge e Adísia Sá

Brilharam nos Debates do Povo em sua primeira página

 

O Estúdio da Companheira localizava-se na Avenida Aguanambi n° 282 em prédio anexo ao Jornal do mesmo nome. Em seguida funcionou na Avenida Desembargador Moreira, passando uma época com redação e as inserções direto de um prédio histórico localizado na Avenida Almirante Tamandaré nº 19, no entorno do Centro Cultural Dragão do Mar. Lá ficou temporariamente junto com as demais rádios do grupo, ou seja a Calypso FM 106,7 e a Mix Fortaleza 95,5 MHz. Depois voltou a se anexar ao Jornal que lhe dá o nome.

A Rádio OPOVO/CBN 1010 é uma emissora de rádio, sediada em Fortaleza (CE), pertence ao Grupo de Comunicação O POVO. Por ser de formato “All News”, sua transmissão é de conteúdo jornalístico possuindo formato inovador.

 

 

 

 

 

LEMBRANÇAS DA TV CEARÁ CANAL 2

Prédio da TV Ceará em 1961.

 

 Fortaleza em 1959, ainda com respiração forçada devido a ressaca da grande seca do ano anterior, observava a intensa migração dos cearenses para a construção de Brasília, futura capital do País na vivencia do anos JK.

As pessoas comodamente sentadas em suas calçadas no embalar das conversas de vizinhos, passaram a temer os chamados “Rabos de Burro” que, de passeio em suas lambretas aprontavam com a mocidade. As ruas foram sendo proliferadas com os automóveis DKW-Vemag e os chouffers dos carros de aluguel passaram a se animar com os estudos dos taxímetros, onde tiraria de seus ombros, o velho cálculo de cobrar tarifas por quilometragem, aborrecendo passageiros.

A lamentação ainda era grande, pois, indelevelmente o incêndio no Hospital César Cal’s com a morte do estudante que foi herói e mártir, João Nogueira Jucá, marcou o fortalezense, mas a rádio Dragão do Mar, quinta emissora, ainda que na infância, ajudou o povo a levantar a auto-estima, apaixonando seus ouvintes.

Pois bem, os jornais da época e com exclusividade o Correio do Ceará, publicaram com ênfase as razões que garantiam a instalação da primeira Estação de Televisão no Ceará. A Ceará Rádio Clube PRE-9, emissora dos “Diários Associados”, e com a liderança que lhe era própria, divulgava o assunto com expressividade, afinal, tudo pertencia ao comando do Jornalista Assis Chateaubriand.

 

Terreno adquerido pelos Diários de Emissoras Associados

O terreno para o erguimento da TV ficava na Estância do Castelo em meio a um coqueiral, a 35 metros acima do nível do mar, e pertencia a Dionísio Torres, que com sua morte fora homenageado com o nome do bairro. A televisão sem dúvida valorizou o local, elitizando aquele pedaço: Barão de Studart → Antônio Sales → Desembargador Moreira.

 

Equipe Pioneira da Emissora

 

A construção foi em ritmo acelerado, e segundo relatórios, foi destacada a preocupação de Guilherme Neto (Diretor Artístico da PRE-9) quanto à formação da equipe para enfrentar as câmeras e o equipamento RCA, proveniente dos Estados Unidos da América. A torre auto suportável de fabricação Marconi que pesava 30 toneladas, media 108 metros, e dava para emitir imagens com alcance sem repetidora, em cerca de 100 quilômetros. Seus isoladores de porcelana para serem fixados nas bases de concreto, foram substituídos por blocos de ferro fundido, trabalho este executado nas oficinas da Rede de Viação Cearense – RVC, que já se chamava RFFSA. A montagem e os ajustes desta colossal obra estiveram sob o comando do engenheiro eletrônico, Igor Olimpiew, então diretor técnico dos Diários de Emissoras  Associados.

 

Avenida Antonio Sales

 

A casa ficou prontinha. Era um edifício de 2 andares, cor amarela com uma área de 5.808 m² e localizava-se entre as ruas Oswaldo Cruz e Visconde Mauá com a frente para a Avenida Antonio Sales. De chegada tinha a frase: “Tudo aqui é bem feito com amor”. Assis Chateaubriand.

 

 

Aí precisamente às 17 horas de sábado, 26 de novembro de 1960, Aderson Braz, com toda califasia, colocou oficialmente a TV Ceará Canal 2 no ar estando presentes no ato inaugural, Juraci Magalhães (Governador da Bahia), Wilson Gonçalves Governador em exercício do Ceará, prefeito de Fortaleza, General Cordeiro Neto e outras autoridades. Chateaubriand mandou um cabograma ao Capitão Tabajara, que era o Dr. Manuel Eduardo Pinheiro Campos (1923- 2007), a quem tanto o Ceará admirou. O parabenizou pela titânica obra realizada em tão pouco tempo.

 

“Programa Porque Hoje é Sábado”

 

Não era fácil fazer televisão naquela época, pois, não havia condições para efeitos especiais, nem mesmo vídeo tape. Tudo era ao vivo e bem ensaiado. As garotas propagandas se perfilavam defronte as câmaras e cumpriam expedientes. Stelinha Barbosa era um amor de pessoa.

 

Atriz Karla Peixoto 

Sob os Céus de Paris

Assis Lima e Karla Peixoto

 

No jornalismo tínhamos o Repórter Real, Repórter Cruzeiro, Correio do Ceará na TV, Noticiário Relâmpago, Política Quase Sempre que nos davam informações completas e imparciais graças ao trabalho de Aderson Braz, Candido Colares, Narcélio e Paulo Limaverde, Luciano Diógenes, Orlando Santos, Ciro Saraiva e etc…

Programas de auditório como o Show do Mercantil, Porque Hoje é Sábado, Romcy Gira a Sorte, Sete Dias em Destaque cujas apresentações eram com Augusto Borges, Gonzaga Vasconcelos, Matos Dourado…

 

Narcélio Limaverde

 

As telenovelas com João Ramos, Karla Peixoto, Ari Sherlock, Antonio Mendes (O Toinho), Emiliano Queiroz, Wilsom Machado, Cleide Holanda, Jane Azeredo…Na comédia Renato Aragão, Picanço, Wilson Aguiar, Praxedinho, com o Vídeo Alegre.  Como esquecer os 35 espetáculos do Contador de Histórias? Lembram do Lobo do Mar? Aí foi muito coisa.

 

Noticiário Relâmpago

Paulo Limaverde

 

Em 1965, chegou o Vídeo Tape, então passamos a ver filmes como: Bonança, Ratos do Deserto, Zorro, Chicote Negro, Caveira, Os Invasores, Viagem ao Fundo do Mar, Túnel do Tempo, Perdidos no Espaço, a “Deusa” de Joba, Império Submarino, Tarzan, Ilha dos Birutas, Meus Tres Filhos, Daniel Boone,  Jim das Selvas…Desenhos animados como Super 6, Os Impossíveis, Homem Aranha,  Super Heróis Estrela, Dino Boy, Frankstein Jr

 

Aderson Braz, Cândido Colares e Stelinha

Repórter Real

 

Assis Lima e Augusto Borges

 

As novelas da tupy como Um Anjo Marcado, Direito de Nascer, A Ré Misteriosa, Irmãos Corsos, Sangue do Meu Sangue, João Juca Junior… A transmissão de lutas livre (Telekate Montilla) que em respeito às crianças, era apresentada às 23 hs dos sábados.

 

Reis do Ringo

 

Romcy Gira a Sorte

 

Falar em TV Ceará Canal 2, é lembrar A Grande Chance e Um Instante Maestro com Flávio Cavalcante; A Grande Parada com Wanderley Cardoso, Jair Rodrigues e Rosymeire; Noite com As Estrelas, Clube dos Artistas. O Programa J. Silvestre… Perdoem-me por pecar nas omissões, afinal, não estou fazendo um resgate pleno da história, e sim lembrando o canal desaparecido, que é a televisão de minha infância, sem apelações ou tendências.

 

Os Primeiros Aparelhos Receptores

 

Aí em julho de 1980, a TV Ceará já na euforia das cores e afiliada da Rede Tupy, segundo Aderson Braz, por problemas administrativos e contextuais, saiu em definitivo do ar. Mas saiu apenas do ar e não da mente do telespectador, como eu que nada tinha a ver com isso.

Os Impossíveis

 

 Saiu do ar, mas não de nossa lembrança e nem do sangue dos que tanto trabalharam para nos oferecer entretenimento, informação e cultura. Quem conhece a história, não esquece aquele 26 de novembro que, segundo a história da comunicação televisiva, foi uma apoteose em Fortaleza, quando já existiam cerca de mil aparelhos receptores.

 

Cantor Ivon Cury 

 

O único impacto causado pela televisão em nossos costumes foi o recolhimento das cadeiras nas calçadas e, infelizmente agora, com imagens em que a família não fica mais à vontade para assistir. A televisão no inicio era outra, e na ficção é como disse Eduardo Campos: “Uma Fábrica de Sonhos”.

Seja como for, a televisão veio pra ficar.

 

Crédito: Leocácio Ferreira e coleção do autor.

O RÁDIO – MANUSCRITO DE ANTHONY SANTIAGO

PRAT

 

Aureolado pela divulgação que antecedeu a minha chegada, dos meus conhecimentos de rádio e os meus sucessos em São Paulo, certa manhã a visita dos Srs. Francisco Riquet Nogueira e Silvio de Castro, respectivamente Presidente e Secretário do Ceará Rádio Clube, expuseram de maneira frenaz a razão de suas visitas e ao mesmo tempo em que historiaram asa dificuldades que enfrentavam naquela novel organização.

Adquirida a aparelhagem na Phillips do Brasil pelos irmãos Dummar, organizaram-se em sociedade, para cumprirem as exigências do regulamento que regia a exploração de divulgação em “broadcasting”.  A Phillips ao fornecer o transmissor cariou o seu técnico para efetuar a montagem e as experiências preliminares.

O Sr. Gonzalez, tudo fez, porém, não conseguiu fazer funcionar a estação, até que fracassado, regressou à sua sede, abandonando os interesses da companhia, e este com evasivas desonestas e fé embolsada também abandonou seus compromissos. Estava assim há 5 meses, uma aparelhagem em completa inutilidade e o anseio do povo cearense em ouvir a sua estação.

Por outro lado, os Dummar com os negócios de rádio sacrificados devido o grande estoque de aparelhos “Philco” importados e impossibilitados de vendê-los. Era uma situação de vexame e prejuízos comerciais.

Aceitando tal convite e sem nenhum entendimento sobre honorários, ali compareci para um detalhado exame, com testes rigorosos em tosos os órgãos do transmissor.  Tratava-se de um equipamento simples, pequeno e (..) de tamanho descomunal para impressionar certamente o leigo. Tudo que compunha os seus 500 watts, ½  kilo watts estava em perfeitas condições.

A antena apesar de precária, e grosseiramente instalada, como irradiante, poderia receber perfeitamente a sua carga.

O último exame foi na fonte de alimentação. Na época ainda não existiam os sistema de retificadores e válvulas e para o suprimento de alta tensão, utilizarem um grupo conversor esco(…) de 2.000 volts meus relhos similares – existindo uma bateria de flutuação, instalada erroneamente junto a tal grupo, as emeneções(…) do ácido sulfúrico ate(…) impiedosamente o induzido da alta tensão, provocando oxidação nas bobinas e lâminas de delicado ce(..), coisa que o Sr. Gonzalez não atinou.

Silenciei sobre o defeito, e já senhor da situação, acerquei-me dos proprietários e me comprometi fazer funcionar a estação dentro de poucos dias, contanto que me dessem certo (…) para agir e principalmente (…) de leigos como auxiliares bem como perguntinhas tolas.

Grande era o numero dos entendidos que ali se encontraram. Fui prontamente atendido em minhas exigências. Depois de uma trabalheira horrível, consegui localizar meu velho amigo, João Bezerra o mais competente técnico de motores e geradores ainda hoje existente em Fortaleza.

Depois de uma terapêutica exaustiva de varias horas, consegui liberta-lo de uma das suas (…) habituais. (…) comparecemos e depois de acurados exames, foi confirmado o meu diagnóstico, porém só estavam afetadas  2 bobinas.

Para proceder a um novo enrolamento, seriam necessários vários dias, então optei pela sua (…) de isolarmos as bobinas afetadas, em (…) com a redução de 160 volts na voltagem total, o que não prejudicaria em nada nem mesmo na potência do transmissor – pelo mesmo momento, fizemos a transferência para outro local da bateria de flutuações e depois de 5 horas de trabalho, estaremos vitoriosos. Liguei rapidamente a estação, retoquei a sintonia, observando que todos os controles atuaram perfeitamente.

Anunciei a diretoria, que no dia seguinte às 14 horas (sábado) entraria com a estação no ar. Por precaução, retirei o cristal e o guardei as escondidas.

No dia seguinte, ao chegar no local nos altos da Casa Mesiano, onde hoje funciona a Cimaipinto, encontrei uma verdadeira aglomeração dos “entendidos e técnicos” , que quiseram assistir meu fracasso.

Depois de 40 minutos, propositais sob as vistas de todos meus competidores, gritei para os estúdios para iniciarem a programação preparada.

Tudo correu bem e o comportamento das válvulas era perfeito. Em poucos minutos os telefones anunciaram a pureza e o volume das emissões.Caetano de Vasconcelos foi o primeiro locutor que operou no Ceará, e as irradiações se prolongaram até as 22 horas.

Despertei muito gente boa. (..) diretor técnico, função que ainda exerço, porquanto nenhum ato foi lavrado. Comemoraremos a minha vitória no restaurante Remar na Praia de Iracema, para (…) de muitos e decepções de muitos outros.

Os sírios Dummar, perfeitos representantes do nunca me pegaram, mas proporcionaram embora ótimas peixadas e muito whisky. Felizmente no encerramento dos programas, dois meses depois, aproveitando a passagem da comitiva presidencial, o Dr. Getúlio Vargas e o General Góis Monteiro, inauguraram oficialmente a PRAT e nessa ocasião, pela primeira vez na “minha vida” apertei a mão de um presidente da Republica.

Anos depois, já ausente, na reforma dos serviços de radiocomunicações, foi substituído o prefixo pelo atual de PRE-9.

Materialmente nada usufruí, mas em compensação, firmei um conceito que ainda hoje ecoando em todo território nacional, o meu nome é citado e certado.

Fizeram justiça!

 

Rio, 23.1.64

Assina: Anthony Santiago.

 

 

 

O RÁDIO NO CEARÁ

          -1924-

Já nos fins de 1924, era fundada em Fortaleza, o “Club Rádio do ceará”, tendo  sede o pomposo palacete dos “Diários” na rua Barão do Rio Branco.

A sua primeira diretoria era composta do Engº. Elesbão de castro Veloso, Desembargador Carlos Livino de Carvalho, Carlos Mesiano, Francisco Riquet Nogueira, Clovis Meton, Augusto Mena Barreto, Mister Watson e Henrique Soares.

Entre os inúmeros associados e fundadores, constaram os nomes de Antonio de Alencar Santiago Hit Moraes e Oswaldo Fernandes.

A fundação foi revestida de grande solenidade com fotografias, jornais, banda de música militar, sem faltar o pomposo e interminável discurso do Dr. Carlos Mota.

No centro do salão, numa mesa especial e coberta pelo pavilhão nacional, estava o primeiro receptor ali chegado, e de fabricação francesa, com 4  (…) , 3 baterias de acumuladores (a – b- c) , e um imponente auto-falante de corneta.

O momento do seu descortinamento, foi saudado por prolongada salva de palmas acompanhado do hino nacional.

Constara o receptor de uma caixa de tamanho descomunal, de madeira e um painel de ebonite com 4 “ dial”, cheia de algarismos com legendas indicadores em francês, e na porta exterior superior, espetados nos soquetes as 4 válvulas Lee Forest, de tamanho respeitável.

Imediatamente ocorreram para o seu lado, dando especificações técnicas o Carlos Mesiano, que daquilo nada entendia e o mulato Henrique Soares, arrasado em técnico de grandes Cebedzis(…)e acatado peos seus termos complicados e nebulosos, decorados na convitenoic do Mr. Watson. O “Monstro” imprimiu respeito pelo se(…). logo em seguida, procederam ante o expectativa e ansiedade geral, as experiências que se prolongaram até alta madrugada, e o bicho não “ piou”!.

Depois de todo encenação e dias depois chegaram a conclusão de que uma válvula não acendia, estava queimada. Substituída esta, retirada de uma caixa de sobre(…) que acompanho o aparelho, verificaram os “Técnicos”, que o  ocu(..) nariz sido devido uma troca dos fios “+” e “-“!

As sessões eram diárias e com muita assistência, feita e ligação correta, o bicho apitou e apitou alto! Alegria geral, satisfação estampada em todos, e “alguém” comentou: “ Deve ser o apito de algum trem, chegando na estação emissora”!. Esse alguém era o enfatuado Mena Barreto, coitado morreu sem nunca conseguir penetrar em rádio!

Henrique Soares, tomando os controles, iniciou uma série de apitos em várias tonalidades e isso foi prolongado até que cessou tudo. As baterias estavam esgotadas!

Novas decepções e novos experimentos nos dias seguintes e enquanto isso, os comentários e as opiniões Técnicas eram as mais desor(...)! predominando no entanto que a causa primordial era a antena inadequada .

Uma noite já muito tarde, resolveram ir a casa do Henrique Soares no Jacarecanga,  levando o “Bicho”, para experimentar uma das cinco antenas existentes e vários”Terras” construídos de acordo com as instruções.

Lá fomos à pé, conduzindo o pesado aparelho apoiado em duas tábuas. Os numerosos e confiantes acompanhantes, muito assemelharam a um cortejo fúnebre. Ninguém falara, só a esperança de todos no alto conceito técnico do Henrique! Não fomos de automóvel, para evitar trepidações, Mesiano não quis retirar as válvulas receado trocá-la de lugar! A salinha ficou apinhada; desciam do telhado vários fios etiquetados para identificarem as antenas e os terras.

Todos foram experimentados e sem resultados; somente apitos estridentes e “Alguém” loucamente disse: “Esse trem do mesma Barreto não para!”.

Na infância do rádio todos os aparelhos existentes eram regenerativos, e o apito era o efeito da capacidade. A aproximação das pessoas ocasionavam apitos e suas tonalidades. Verificaram que quando todos estavam distantes, cessavam ou diminuíam tais ruídos, e quando com os pés levantados se ouvia a razão. Convencionou-se, que todos fizessem de cócoras, em posições grotescas nos tamboretes que constituíam a mobília do Henrique! Figuras respeitáveis, naquelas posições devem uma impressão caricata e de operações nas necessidades fisiológicas. Resultado: Negativo.

A coisa foi esfriando, até que ficou muito reduzido o número de “aficionados”, e entre eles, eu, Oswaldo Fernandes e Carlos Mesiano, incessável e persistente que nunca desanimou.

Baixinho, gordinho, barrigudinho, carequinha, com um eterno colete preto, trazendo o azeite de doce o alho, e com sua gesticulação espalhafatosa, própria dos italianos, duas explicações as mais absurdas – presunçosa e pedante de Pedro Riquet, que dominando a assistência dizia: ! “Ou é KDKA ou WGY”, acentuando bem a pronuncia inglesa: “KA-DÊ-KUE-EI ou DABLIU-GI-UAI”… e acertou pela primeira e última vez na vida em mal(…) de rádio.

Mal sabíamos, que só existiam estas duas estações na América do norte.depois foi confirmada, era KDKA, e o “Peter” criou fama! Dias depois, foi escolhido outro local e este ficou definitivamente instalado na Praça de pelotas. Uma noite não funcionou! Expectativa geral. Defeito? Baterias? Antena? Chamaram o Henrique.

O mulato ao chegar examinou tudo – perfeito – e foi a janela.. Ventava muito. Virando-se para a assistência declarou doutrinalmente: “Hoje nada teremos-as ondas estão muito esparsas”! Aceitaram sua abalizada opinião. Santa ignorância.

Alvitrou trocas de locais – foi um Deus nos acuda as nossas peregrinações! “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

Uma noite, já tarde, no Centro Artístico, na Tristão Gonçalves, cedido pelo Cel. Antônio Diogo, o “Bicho” finalmente desentupiu. Que coisa estupenda! Quanta nitidez o volume! Uma musica suave estava sendo irradiada, não se sabe de onde! Chamaram o Cel. Diogo e família, e os telefones não pararam! Apareceu gente de toda parte. Ouvimos musicas até o esgotamento da bateria. Ficou ajustado que ninguém mexeria em nada até a noite seguinte. Todo Club, compareceu as 19. h e de imediato passamos a ouvir a mesma estação. Era uma questão de sintonia.

Os técnicos desconheciam o manejo ou ajuste dos “Diais”.

Alguém perguntou: “de onde é essa musica”? Ante o silêncio, ouvimos com ênfase a voz juntamente com Hil Moraes e Oswaldo Fernandes, fizemos uma rede de radiotelegrafia, utilizando bobinas Ford, e recebendo em galenos, com resultados surpreendentes.

Residindo na Volta da Jurema, cariava até mensagens dali! O Club tomou novo impulso e importou um transmissor de 25 watts, de fabricação francesa. Preparávamos um to(…) estúdio e fomos organizando programas e festivais , como speakers,  revezamos eu e Mesiano. Já possuindo conhecimentos seguros sobre rádio, a custa de livros e revistas manuseava diariamente, fui tomando gosto e discutindo com os entendidos.

Construí um receptor de 3 válvulas, utilizando o esquema do circuito Sohnell. Os diais eram confeccionados com velhos discos de gramofone, e as suas engrenagens milimétricas com rede de relógios velhos!

Henrique Soares, de técnico passou a vendedor de peças adquiridas não sei a onde e nem os meios.  Girou-se a vivalidade técnica entre eu e Hil Moraes. Este respondeu a minha montagem com outro, utilizando circuito: “Porry-Obliggs”. Com isso passamos a ser os entendidos e os procurados.

O comércio local, interessado no “vírus” que atendera a cidade, passou a importar o material, merecendo destaque a Casa Edisom,  de propriedade do Sr. Machado e Centro de discussões aceleradas, onde predominou os termos técnicos, decorados com sacrifícios das mais recentes publicações adquiridas a custa de sacrificadas e privações pessoais – Dr. Elesbão Veloso, meu Chefe importou da América, um “kit” completo, material de ótima qualidade.

Fui o encarregado da montagem. Caprichei e fiz construir numa boa marcenaria, uma caixa , pelo modelo americano. Depois de pronto e experimentado, foi posto em exposição na Livraria Americana, na Praça do Ferreira com um cartão de (…) gravado:

Propriedade: Engenheiro Elesbão Veloso;

Montagem: Anthony Santiago.

Juntou gente e criei fama.

Enquanto isso o meu amigo, Geraldo Fernandes, que explorava um varejo de cigarros, excelente instalação no Meison Art-noveaux , feliz miseravelmente com o desvio dos apurados na tentativa de manter um receptor o que infelizmente nunca conseguiu.

Foi esse o pioneirismo do rádio no Ceará, o meu entusiasmo pela técnica e os primeiros passos, será enfrentar a marcha vertiginosa da técnica eletrônica e os meus conhecimentos de hoje.

 

 

Rio 16.09.63.

Assina: Anthony Santiago.

 

      TRANSCRITO DO ORIGINAL PERTENCENTE AO ARQUIVO NIREZ, GENTILMENTE CEDIDO.

PIONEIRISMO DO RÁDIO CEARENSE

 

Aos 20 de janeiro de 1924, no Distrito Telegráfico (Os Correios), o Sr. Elesbão de Castro Velloso (engenheiro), reuniu em valia uma idéia inédita com outros companheiros também de engenharia. Criar a primeira entidade de Radiotelefonia na cidade de Fortaleza. Chamou-se Rádio Clube Cearense, com estatuto aprovado em 15 de fevereiro do mesmo 24, e cuja diretoria fora assim composta: Presidente: Engº Elesbão de Castro Velloso; Secretário: Dr. Carlos da Costa Ribeiro; Tesoureiro: Engº Antonio Eugênio Gadelha.

Os demais membros efetivos do Clube eram: Desembargador Carlos Livino de Carvalho, Carlos Mesiano, Francisco Riquet Nogueira, Clovis Meton de Alencar, Augusto Mena Barreto, Mister Watson e Henrique Soares. Entre os outros associados e fundadores, constaram os nomes de Anthony de Alencar Santiago (técnico pioneiro), Hit Moraes e Oswaldo Fernandes.

Diretoria e Equipamento

A diretoria do Rádio Clube Cearense queria colocar para funcionar com rapidez uma pequena estação emissora de 3 watts, para a operar experimentalmente ainda em março. Segundo técnicos da época, a potência deveria ser de pelo menos 30 watts. A receptora de 3 válvulas com circuito TSE e, acompanhada de alto-falante Ericsson supertone, fora instalada na sede da sociedade que, ficava em um salão da Phênix Caixeiral na época, esquina das ruas 24 de maio com Guilherme Rocha, na antiga Praça Marquês do Herval (atual José de Alencar).

Os receptores existentes em Fortaleza eram de propriedade dos associados Clovis Meton de Alencar, cujo circuito de reação com duas válvulas era por ele fabricado, tal qual o de Alfredo Euterpino Borges, fruto também de trabalho artesanal. Essa emissora não chegou a entrar no ar.

Como nova tentativa no centro do salão, numa mesa especial e, estava ali o primeiro receptor importado. Era de fabricação francesa, com um imponente autofalante de corneta. O momento do seu descortinamento foi saudado por prolongada salva de palmas acompanhado do hino nacional.

Constara o receptor de uma caixa de tamanho descomunal, de madeira e um painel de ebonite com 4 “dial”, cheia de algarismos com legendas indicadoras em francês, e na porta exterior por cima, encaixadas em soquetes,  4 válvulas Lee Forest,  de tamanho grande semelhante a uma garrafa de 600 ml.

Foi feito o primeiro procedimento e ante a expectativa e ansiedade de todos, as experiências que às vezes iam até altas horas se prolongaram e, o aparelho nem sequer chiava.

Problemas Técnicos

Após toda encenação e dias depois, chegaram a conclusão de que uma válvula não acendia, pois, estava queimada. Substituída por outra que estava numa caixa de reserva que acompanhava o aparelho, verificaram os “Técnicos” posteriormente, que os fios estavam invertidos.

Com muita assistência, foi feita a ligação correta; o bicho apitou e alto! A alegria foi geral, com satisfação estampada em todos.

Henrique Soares, tomando os controles, iniciou uma série de apitos em várias tonalidades e, isso foi prolongado até que cessou tudo. As baterias estavam esgotadas!

Novas decepções e novos experimentos surgiram nos dias seguintes e enquanto isso, os comentários e as opiniões Técnicas eram as mais desordenadas, predominando, no entanto que a causa primordial era a antena inadequada.

Em uma bela noite e já muito tarde, resolveram ir à casa de Henrique Soares no Jacarecanga, levando o “Bicho”, para experimentar uma das cinco antenas existentes, e vários “Terras” construídos de acordo com as instruções. O aparelho fora conduzido com apoio de duas tábuas. Todos apostavam no alto conceito técnico de Henrique! Referido equipamento foi levado à pé  para evitar trepidações. O Carlos Mesiano não quis retirar as válvulas receando trocá-la de lugar!

Em um dia ignorado, mas já no final de 1924, o aparelho funcionou. Foi no Centro Artístico Cearense, na Tristão Gonçalves, local cedido pelo Cel. Antônio Diogo de Siqueira.

Apoteose na Recepção

Foi uma apoteose pra época. Quanta nitidez o volume! Uma musica suave estava sendo irradiada, não se sabia de onde! Chamaram o Cel. Diogo e família, e os telefones não pararam! Apareceu gente de toda parte. Ouviu-se musicas até o esgotamento da bateria. Ficou ajustado que ninguém mexeria em nada até a noite seguinte. Todo Clube, compareceu as 19. h e de imediato passaram a ouvir a mesma estação. Era uma questão de sintonia. Os técnicos ainda desconheciam o manejo ou ajuste dos “Diais”.

Alguém perguntou: “de onde é essa musica”? Ante o silêncio, ouviu-se a voz juntamente com Hil Moraes e Oswaldo Fernandes, onde foi feito uma rede de radiotelegrafia, utilizando bobinas Ford, quando receberam em galenos, resultados surpreendentes.

 

Receptor Pioneiro do Rádio Cearense

                                      Um dos primeiros receptores a chegar no Ceará

O Radio Clube Cearense havia tomado um novo impulso e havia importado um transmissor de 25 watts, de fabricação também francesa. Havia sido preparado um estúdio em uma das dependências do prédio Phenix Caixeiral na Praça José de Alencar, e foi organizado programas e festivais, como speakers.

Receptores

Foram construídos receptores de 3 válvulas, utilizando o esquema do circuito Sohnell. Os diais eram confeccionados com velhos discos de gramofone, e as suas engrenagens milimétricas com rede de relógios velhos!

Henrique Soares era o técnico. O comércio local, interessado no “vírus” que atendera a cidade, passou a importar o material, merecendo destaque a Casa Edson, que aqui em Fortaleza era de propriedade do Sr. Machado. Dr. Elesbão Veloso, importou dos Estados Unidos um “kit” completo, material de ótima qualidade.

Foi construída numa boa marcenaria, uma caixa, pelo modelo americano. Depois de pronto e experimentado, foi posto em exposição na Livraria Americana, na Praça do Ferreira como um cartão.

Reunidos sempre na Phênix Caixeiral, a sociedade Rádio Clube Cearense com um equipamento receptor, sintonizava também em ondas curtas a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro” e, mesmo assim com um sinal de péssima qualidade.

Muitos pesquisadores do Broadcasting desconhecem este capítulo.  Foi esse o pioneirismo do rádio no Ceará, que por falta de condições para preservação dos equipamentos importados, insensibilidade cultural, escassez de recursos e a mão de ferro de Artur Bernardes então Presidente da República, essa história quase que se perde levado pelo vento de 1925.

Desejar é melhor do que possuir, afinal, posse é o prenuncio da morte do desejo.

Em uma das dependências da Fenix funcionou o Radio Clube Cearense. Podemos ver nesta foto da época o mastro da antena do transmissor de 25 watts.

Foto abaixo:

 Centro Artístico Cearense (hoje desaparecido). Ficava na esquina das Avenidas Duque de Caxias com Tristão Gonçalves. Foi neste teatro que se recepcionou a primeira transmissão radiofônica de Fortaleza.

  Antonio Diogo Incentivador e participante do Pioneirismo do Rádio Cearense

                                                  Coronel Antônio Diogo de Siqueira