O PALACETE ALENCAR E A TRAVESSA MORADA NOVA

No início do terceiro quartel do século XIX a Fortaleza do Ceará Provincial tinha como Intendente, o boticário Antônio Rodrigues Ferreira de Macedo, sendo o Presidente da Província Francisco Xavier Paes, que assinou o projeto de um Palácio Legislativo, cuja planta fora elaborada por Adolpho Herbert.

 

Local da Construção em 1856

 

Existe na mapoteca do Instituto do Ceará uma planta do Padre Manuel Rego Medeiros datada de 1856, de onde observamos o local que seria Praça General Tibúrcio, a popular praça dos Leões, mas que na época era chamada de Largo do Palácio, devido o já existente Palácio do Governo. A Casa Legislativa Estadual, funcionava no Largo da Sé, em prédio já desaparecido e com localização incerta. Existe imagens do local, mas alguns historiadores contestam e o Malce não confirma.

Desde 1823 vinha sendo questionado no seio das instituições, a implantação do poder legislativo, mas a Confederação do Equador abalou as estruturas do formato governamental e isto atrasou o processo, mesmo com o Brasil independente. As leis ficaram ditadas da Corte com assinatura de D. Pedro e junto com a outorgada Constituição de 1824.

 

Praça da Sé antigo Caio Prado casa nº 34

 

A instalação da primeira Assembleia Provincial Legislativa do Ceará, data de 11 de março de 1835, portanto, no Período Regencial que aconteceu entre 1831 e 1840. No Brasil esta foi uma transição entre reinados, afinal quando D. Pedro I se abdicou em 1831, e o novo Príncipe Regente ainda era menor.

No Ceará cumpria-se naquele momento o Ato Adicional assinado pela Regência no ano anterior, em 1834, que criava as Assembleias Legislativas Provinciais. Em sua primeira legislatura, a Assembleia era composta por 28 deputados e 7 suplentes. O primeiro Presidente do Poder foi o Capitão-Mor Joaquim José Barbosa.

 

Capitão-Mor Joaquim José Barbos

 

Com a Eleição na Corte de Diogo de Feijó como Regente interino, as Províncias iniciaram seus trabalhos legislativos. No Ceará ocorreu a primeira sessão em 7 de abril de 1835 quando O Presidente José Martiniano de Alencar havia sido autorizado para fazer funcionar, tão logo o Padre Feijó assumisse o Império. Eles eram harmônicos, até na vida religiosa, afinal eram padres.

Segundo o relatório do Presidente da província, Doutor Joaquim Vilela de Castro Tavares (1853), a Assembleia Provincial existente ocupava um edifício baixo no Largo da Matriz que “mais parecida destinado às sessões de alguma municipalidade de aldeia“. Sendo assim, fora iniciado os estudos tendo na comitiva o arquiteto Adolfo Herbster que, desenhou a planta do novo prédio que ocuparia um local ao lado do Campo do Paço do Governo.

 

João Adolfo Herbster

 

Foram destruídas algumas casas para erguer o Palácio Legislativo, que iria olhar para a Praça Carolina, tendo em sua Frente à Rua das Belas ainda em barro pisado (atual São Paulo), se preparando para receber pedras toscas. Havia uma capela neste local, mas no ano da independência a mesma fora demolida. No lado Leste era a Rua do Quartel (Atual General Bizerril), ao Oeste Rua Pitombeira (Atual Floriano Peixoto). Ao Sul, o presidente do Conselho da Intendência Municipal, Vicente Pires Mota, ao observar a planta do edifício encarregou o Presidente da Câmara, Antônio Rodrigues Ferreira, de adquirir as casas denominadas “Quartos da Agostinha”, que eram movimentados pontos de vendas de alguns gêneros alimentícios; ficou uma devastação.

 

 

Como o Prédio deveria ser isolado, ficou a abertura de uma rua, e foi aí que nasceu a Travessa Morada Nova, onde na esquina Sudeste, construíram uma belíssima mansão em 1914 que, posteriormente passou a ser o Hotel Palacete Brasil. Em 1928 pela Rua do Quartel, a mansão passou a ser vizinha do Jornal O Povo, que naquela Rua nasceu.

Aos 25 de outubro de 1856 foi dado início ao novo prédio do Legislativo da Província Cearense, a cargo do empreiteiro Joaquim da Fonseca Soares e Silva. O edifício serviria à Assembleia Legislativa do Ceará e ao Liceu, entretanto, em 1 de julho de 1858, em relatório do Presidente, a Assembleia resolveu destinar outro local ao Liceu, ficando a edificação para uso exclusivo do Legislativo.

 

Entre os anos de 1857 e 1863, a referida obra esteve paralisada, mas o Legislativo ficou funcionando em sala cedida no Sobrado do Pachecão de 1856 até 1871, junto à intendência.

 

Posteriormente, para a execução da obra foi incumbido o engenheiro Adolpho Herbster, o qual deixou pronto a partir dos alicerces da primeira fase da construção. Consequentemente estourou a Guerra do Paraguai e as Províncias começara a gastar com envio de tropas, e ajuda financeira à Corte.

 

 

 

Após muita demora, a enfadonha construção fora entregue à Província em 4 de Julho de 1871, na qual estiveram presentes políticos ilustres, como o deputado Gonçalo Baptista Vieira, o Barão de Aquiraz, e o Presidente da Província do Ceará José Antônio Calasans. O local foi denominado Palacete Alencar em justa homenagem a José Martiniano de Alencar, famoso político do Império, pai do romancista José de Alencar, e que deu abertura legislativa na Província.

 

Primeira foto oficial da mesa diretora da Assembleia em 1871.

Arquivo MALEC

 

A Assembleia Legislativa no dia 13 de maio de 1977 foi transferida para sua atual sede, o Palácio Deputado Adauto Bezerra, na avenida Desembargador Moreira, no bairro Dionísio Torres, sob a presidência do deputado Aquiles Peres Mota, tendo como cerimonialista o Deputado radialista Wilson Machado.  (O autor tem o áudio deste discurso de Wilson Machado na integra).

Travessa Morada Nova

 

 

Últimos deputados do Palacete Alencar, os eleitos em 1974.

Acilon Gonçalves Pinto, Adelino de Alcântara Filho, Airton Maia Nogueira, Alceu Vieira Coutinho, Alfredo Almeida Machado, Alfredo de Abreu Pereira Marques, Almir Santos Pinto, Antonio Costa Filho. Antonio de Almeida Jacó,  Antonio dos Santos Soares Cavalcante, Antonio Eufrasino Neto, Antonio Gomes da Silva Câmara, Aquiles Peres Mota (Presidente das Casa),   Carlos Eduardo Benevides, Deusimar Emídio Maciel, Edson da Mota Correia, Epitácio Batista de Lucena, Fausto Aguiar Arruda, Francisco Castelo de Castro, Francisco das Chagas Vasconcelos, Francisco Diógenes Nogueira,  Francisco Fonseca Coelho, Haroldo Sanford Barros, Hermano José Monteiro Felix, João Frederico Ferreira Gomes, João Viana de Araujo, José Batista de Oliveira, José Paulino Aguiar Rocha,  José Vieira Filho, José Wilson Machado Borges, Julio Gonçalves Rego, Leorne  Menescal Belém de Holanda, Libório Gomes da Silva, Manuel Castro Filho, Marconi José Figueiredo de Alencar, Maria Zélia Mota, Orlando Bezerra de Menezes, Orzente Filomeno Ferreira Gomes, Osmar Maia Diógenes e Paulo Feijó de Sá e Benevides.

O Palacete Senador Alencar ainda cumprindo sua finalidade, foi tombado como Monumento Nacional pelo IPHAN. A edificação é protegida pelo Tombo Federal: Processo nº 863-T 72, Livro do Tombo Histórico, Inscrição nº 440, Fls. 72; Livro do Tombo das Belas Artes, Inscrição nº 502, data: 28 de fevereiro de 1973. É considerado o marco oficial do estilo neoclássico brasileiro.

O edifício chegou a abrigar a Faculdade de Direito, o Instituto do Ceará, a Biblioteca Pública e o Tribunal Regional Eleitoral, e a Academia Cearense de Letras,

Em 1990, na gestão do governador Tasso Jereissati, a edificação foi restaurada e passou a ser sede do atual Museu do Ceará. Foi reinaugurado em 25 de março de 1998, na comemoração dos 144 anos da abolição da escravatura no Ceará.

 

Referências:

  •  Instituto do Ceará;
  • Ilustração e fotos de Malec;

ABRIGO CENTRAL QUEM NA ÉPOCA NÃO SE AGASALHOU

Inauguração do Abrigo Central

Fortaleza em 15 de novembro de 1949

 

Fortaleza, historicamente é uma metrópole acolhedora, abrindo suas portas para que os que turisticamente a visitam, bem como recebe os que lhe são enviados por força de êxodo rural. A Praça do Ferreira tal qual a de José de Alencar, sofreram em suas estruturas quer por reformas projetadas, que por circunstancias alheias ao destino.

Refiro-me pela Praça do Ferreira ao incêndio ocorrido no fim da década dos anos de 1930. Por medida de segurança e na promessa de reconstrução, em 1941 demoliram todo o quarteirão da antiga intendência e foi ao chão várias lojas. Foi um vexame e tanto para os comerciantes, verem as chamas levando seu patrimônio comercial.

O interventor Menezes Pimentel, o Prefeito Raimundo de Alencar Araripe; na área de Segurança Pública e Ordem Social, o Capitão do Exército Manoel Cordeiro Neto; pelo Corpo de Bombeiros o Capitão Francisco das Chagas Nogueira Caminha e, mais alguns engenheiros, que lavraram o laudo técnico, resolvendo não mais construir um novo quarteirão; ficou o Centro Fortaleza com a Travessa Morada Nova e a Travessa do Crato.

A Praça do Ferreira agora ganhou uma extensão, com bancos e iluminação com postes no estilo da Praça original, com passagens de veículos tal, como quando na existência do quarteirão que desapareceu.

Na eleição de 1948, foi eleito prefeito de Fortaleza Acrisio Moreira da Rocha, que teve como uma das primeiras medidas, construir o “Abrigo Central” por sensibilidade a querida Fortaleza que perdeu com a destruição do Quarteirão incendiado.

Aberto o processo licitatório e com maquete pronta, ganhou o comerciante Edson Queiroz que iniciou a construção de imediato do Abrigo, terminando em 15 de novembro de 1949. Os comerciantes que foram permissionários, já animaram economicamente o fim de ano dos fortalezenses.

A Vida do Abrigo Central

O abrigo central obedeceu a visão popular de seu idealizador, Acrisio que conseguiu colocar naquele recinto, de início cafés como o Havaí, Presidente e o Wal-can, para reunir a intelectualidade da cidade. Tomavam seu café no abrigo, e a conversa continuava nos bancos da praça, que até tinha nomes.  Segundo Eduardo Campos: “Quando nosso dinheiro acabava, os comerciantes davam café de graça pra gente, só pra continuar ouvindo nossa conversa, que era uma conversa proveitosa sobre literatura, atualidades e política”.

Próximo ao palácio da Luz, Assembleia Legislativa, Palácio da Justiça, Casa do Jornalista, o cafezinho era encontro de políticos, jornalistas, autoridades as mais diversas e, também a população que vinha pegar seu transporte ou fazer compras. Tudo   no Abrigo Central. Tinha o Pedão da Bananada, a Discolândia, Box do Alaor, dentre lojinhas de artesanatos.

O fortalezense que dependiam do transporte coletivo, tinha que se postar no abrigo, pois, os ônibus faziam parada obrigatória. Era um ambiente de vida social e econômica.

O autor destas linhas com nove anos de idade, ainda alcançou e visitou uma única vez o abrigo, trazido por seu pai. Era que o Prefeito Murilo Borges, que colocou no solo da Travessa Pará defronte à loja 4400 um exemplar do Ônibus Elétrico, para as linhas de Parangaba e São Gerardo. Os nove carros de carroceria Massari/Villares trafegariam de 1967 até 1972, quando foram erradicados, e vendidos para a Companhia de Transporte Metropolitana de São Paulo.

Assim como o povo de Fortaleza foi presenteado com o Abrigo Central em 1949, o Prefeito José Walter Barbosa Cavalcante, deu como presente aos fortalezenses a derrubada do Abrigo acolhedor do Centro da cidade.

Existem duas vertentes para a derrubada: o abrigo estava inseguro, podendo cair causando uma tragédia; segundo, muita promiscuidade com desocupados a noite em suas necessidades, e estava servindo para dormida aos moradores de rua, que assustadoramente estava crescendo.

Bom, com relação a promiscuidade e agasalho noturno, uma assistência social e construção de banheiros públicos higienizados teria resolvido. Agora, uma edificação que precisou ser dinamitada, aí não condiz com a história de algo ruir ameaçando a segurança dos frequentadores, transeuntes e permissionários.

Seja como for, já estava no projeto sua destruição e, em 1968 quando foi iniciada a Praça Mostrenga, foi embora também a coluna da hora, um monumento que informava a hora, desde 31 de dezembro de 1933.

Em 1991, o Prefeito Juraci Magalhães devolveu a Praça para Fortaleza. Os banqueiros de praça voltaram com suas conversas e encontros, e a partir das 15 horas, pense numa sombra gostosa com ventilação natural. Este é o desfrutar de uma praça que é o coração de Fortaleza.

Muitos ainda lamentam, ao olhar para o local do Abrigo e desejaria ainda hoje seu agasalho. Pena que o passado não volta, ficando no lendário popular boas conversar traçadas ali.

 

VELHO FAROL DO MUCURIPE TERRA À VISTA

 

Farol do Mucuripe em 1933

 

A Invenção do Farol

Farol é um indicativo aos navegadores de que estão prestes chegarem em terra. Segundo eruditos, surgiu com esforço dos fenícios em sinalizarem no campo de visão para as embarcações ancorarem e/ou fazer talingada, com segurança no destino correto.

Antes da criação da bússola, os robustos e primitivos homens do mar, conduziam suas embarcações olhando para a costa, e em período noturno tinha pontos sinalizados com fogo, que depois foram substituídos por luz tendo como combustível, azeite de peixe (gordura de baleia) e extrato de oliveira.

As fontes de alimentação da luz, segundo a Wikipédia “foram melhorando, tendo sido o azeite substituído pelo petróleo e pelo gás e posteriormente pela eletricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro”.

Dando historicidade a este aparelho tão importante para se navegar, este tipo de construções ganharam características temporais e sociais, sendo dotados de características distintas de uma zona para outra.

Farol de Hércules o mais antigo do Mundo

Apesar do farol mais antigo do mundo ter sido o de Hércules, situado na ponta Hermínia em Coruña (Espanha), o de maior destaque que se tem registro é o de Alexandria, construído durante o reinado Ptolomaico, entre os anos 280 a 247 A.C. na ilha de Faros. Daí o nome Farol, e foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Farol de Alexandria

O Farol do Ceará

A priori, o primeiro farol erguido no Brasil foi no Forte Santo Antônio da Barra na Bahia mas, resgatemos a história do farol no Ceará que. foi construído  em meio a uma circunstância política das mais acirradas, através de reivindicações de navegadores estrangeiros na destacada Confederação do Equador em 1825.

O Imperador atacou este movimento separatista e republicano, em dois pontos: Por o sertão de Pernambuco com Francisco Lima e Silva (Pai de Caxias), e pelo mar com o Britânico, Almirante Lord Thomas John Cochrane, Conde de Dundonald, Marquês do Maranhão. Garantiu seu lugar na história do Brasil pois, apesar de escocês adquiriu a confiança do imperador D. Pedro para operações bélicas, em milhas náuticas brasileiras.

Enseada do Mucuripe

Os navegantes que estavam no Ceará à serviço da Coroa, sentiram dificuldades em aportarem no trapiche de Fortaleza, que era no Poço das Dragas. Esta reivindicação foi levado para a Capital do Império com o aval do recém nomeado Presidente da Província Antônio Sales Belford. Um farol iria ser construído para aviso aos navegantes que vinham para o Ceará.

Dom Pedro aprovou um estudo feito e concluído aos 17 de agosto de 1826, tendo a ponta do Mucuripe como base de erguimento, tendo todo o protocolo licitatório terminado em outubro de 1838, e iniciado a construção em 1840.

Com a habilidade dos engenheiros Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Manoel de Albuquerque vindos do arsenal de Marinha do Maranhão, a construção fora foi concluído em 1846, tendo os testes sido operados pelo maquinista Trumbull, que era chamado de faroleiro.

O funcionamento do Farol ainda era precário, e quando arrebentou a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), o mesmo foi apagado retornando sua funcionalidade em 1871, e com novos recursos, como exemplo ser giratório. As autoridade marítimas temiam aproximação de navios invasores.

Belíssimo Farol

As coordenadas de nosso primeiro farol eram: Sul 3º, 45’, 10” e longitude Oeste de Greenwichh 38º, 35’, 9”, com sua luz visual a 24 quilômetros de distância, piscando a cada minuto. O foco luminoso elevava-se a 33 metros, em 26 ao preamar e contava com três faroleiros, isto é o que consta no relatório do Presidente da Província João Wilkens de Matos que conferiu in loco aos 29 de junho de 1872. O senhor João Rodrigues de Freitas foi o maquinista faroleiro, que virou mídia de plantão.

Em 13 de dezembro de 1958, com a inauguração da nova sede da Capitania dos Portos do Estado do Ceará, na Rua Dragão do Mar, nº160, foi também inaugurado o novo farol de Fortaleza, que havia sido construído em 1957 sob a supervisão do Capitão de Corveta Raimundo Burlamaqui da Cunha. A Marinha do Brasil estava em festa pela transcorrência de sua semana. Com farol novo no Mirante do Morro Santa Terezinha, o velho se apagou.

Visão panorâmica de Fortaleza no primeiro quartel do século XIX.

O velho farol, sem serventia para navegação, passou para a Secretaria de Patrimônio da União – SPU, e foi quando o Governador Coronel Cesar Cal’s solicitou ao Presidente General Garrastazu Médici para que fosse doado para a prefeitura de Fortaleza em regime de comodato. Feita a doação o prefeito de Vicente Cavalcante Fialho, o transformou no Museu do Jangadeiro. Depois o decreto nº 16.237 de 30 de novembro de 1983, fez seu tombamento municipal.

Referências:

► Arquivo da Marinha do Brasil, 3º DN, Natal – RN;

► Relatório do Presidente da Província João Wilkens de Matos (1872), Instituto do Ceará

► Lima, Francisco de Assis Silva: História da Navegação do Ceará, Visual Arte, 2004;

► Wikipédia;

As fotos do farol de Fortaleza, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

A DESAPARECIDA PRAIA FORMOSA

 

Aspecto original da Praia Formosa

 

Registro mais antigo da Praia Formosa.  1878

Todas as ruas de Fortaleza, no sentido → praia sertão inicia-se na orla marítima, o que nos leva a entender a agressividade que fizeram como a única Capital brasileira banhada pelo oceano atlântico, a não ter praia à disposição dos banhistas em seu Bairro Centro.

Vila de Pescadores da Praia Famosa. 1892

Engana-se os que pensam que a Rua Formosa (atual Barão do Rio branco) deu nome à Praia, mas a Praia foi dera nome a rua. Era a nossa baia, mas que os especuladores e a promiscuidade dos últimos nativos destruíram a beleza que Deus criou. Existem relatos de que no Ceará Provincial era a coisa mais linha o encontro do Riacho Pajeú com o mar.

Riacho Pájeú indo pro mar.

Nestes registros observamos a promiscuidade

A rua que iria se chamar Formosa foi aberta em 1813, pelo arruador Manuel Camelo de Brito, por determinação do Governador Manoel Ignácio Sampaio. Ainda não existia o hospital da Caridade, nem tão pouco a incrementação do que seria o Passeio Público com seus três pavimentos. Apenas houve um caminho de ligação entre os nativos beira de praia e a Cidade.

No aformoseamento da cidade, era Governador do Ceará, Pedro Borges que determinou ao Prefeito Guilherme Rocha, ouvida a Casa de Câmara que a Rua Formosa se denominasse Rua Barão do Rio Branco. Por anos a Rua Formosa ficou na boca do povo, assim como Praça da Estação, da bandeira, da Lagoinha e a Rua do Ouvidor.

Belíssima Praia tínhamos

Voltemos à praia

O limite desta maravilhosa praia era para o Oeste as dunas do Jacarecanga que à posteriori seria chamado de Curral das éguas, Moura Brasil. Francisco Lorda que era pecuarista, tinha um grande curral neste local.

Ao Leste, após a pororoca do Riacho Pajeú, havia sido construído um trapiche para embarque e desembarque de barcos, afinal os navios ficavam ao largo para evitar encalhamento. Daí saiu a nomenclatura “Poço das dragas”, que devido aos constantes assoreamentos muitas vezes, não dava para o primitivo porto funcionar em maré baixa.

A praia formosa era bem visitada, por toda a Fortaleza antiga. Existiam passeios tanto para o lado da Praia de Iracema, bem como para o Jacarecanga. O único inconveniente era as vezes a chegada dos Carregadores de Quimoas*, quando iam despejar e lavar as caixas de madeiras com o volume fétido, por as casas não existir esgotos.

*Quimoa era como se chamava uma caixa de madeira, utilizada no quintal das casas antigas, que se conectava aos banheiros.

Quimoeiros na Rua Pitombeira (Floriano Peixoto)

Era lindo o quebrar mar da praia, de onde avistava-se a enseada do Mucuripe, outrora o Rosto Hermoso, o Cabo de Santa Maria de la Consoliacion no dizer dos historiadores. A noite tinha a linda luz do farol do mirante, à orientar os navegadores. Até aonde a vista dos moradores e/ou transeunte alcançava, muitos coqueiros dançando pela força do iodado vento leste.

Muro de separação

A Invasão matou a Praia como ponto de uso e visitação  

Com a inauguração da ponte metálica em 1906, foi desativado o trapiche do Poço das Dragas; depois a ponte metálica foi desativada em 1948, quando começou a fundear navios no Mucuripe. No local do poço das Dragas, foi implantada a Industria Naval do Ceará S/A INACE, e os moradores ficaram pelo lado de fora, vivendo por detrás do prédio de pedra da antiga alfândega, em comunidade.

Marinheiros no exercício olhando para a Praia Formosa

Em 1927, no local em que funcionou a Escola de Aprendizes Marinheiros até 1905, o Desembargador Moreira, inaugurou a Tesouraria do Estado, hoje SEFAZ. A primeira providência foi mandar fechar a rua Alberto Nepomuceno, que era chamada de Rua da Ponte devido em seu solo passar o riacho Pajeú, já com volume bem reduzido para escoar na praia formosa. O que ficou inalterado foi a passagem da Via Férrea de Baturité (Desde 1878), apenas modificando o trajeto, deixando de passar pela frente da SEFAZ, indo para trás.

Inicio da Rua General Sampaio com a direção da Praia Formosa

Observemos a imagem em ângulo diferente. 

Deviso a promiscuidade recebeu o nome de Beco da Bosta.

Passados 32 anos em plena Constituinte Estadual (1989), começou a construção do Marina Park, e tomou o resto da praia. Por que mencionei a Constituinte? Devido ao fato de que, existe uma faixa de domínio da praia e terra, que é de responsabilidade da Marinha do brasil. Os deputados estaduais não se sensibilizaram pra isto. Depois veio a lei orgânica de Fortaleza e agora fazer, o quê!

Rua Barão do Rio Branco saindo da Praia Formosa

Agora observemos a descida da Rua Barão do Rio Branco em rumo a Praia

 

A bem deste resgate, a praia já estava ficando embarreirada aos banhistas, desde 1973, quando construíra a avenida Castelo Branco, a Leste Oeste. Começaram a colocar pedras para a retenção, tendo em vistas o asfalto ficar próximo da Praia.

Pois é, o único cantinho que deixaram da Praia Formosa, mas só para apreciação, uma pequena abertura, entre a Igreja de Santa Edwiges e o Interceptor Oceânico. Tudo empedrado.

A formosura de nossa praia central, foi para a história.

A Construção da Leste Oeste contribuiu

Foto aérea com a marcação da Praia. 1937

Mapa de 1911 encontrado no Instituto do Ceará

Praia Formosa em 1859. Tela à óleo.

Todas as Prais de Fortaleza no Siará Colonial.  1809

Fontes:

► Azevedo, Otacílio: Fortaleza Descalça, Edições UFC, 1980;

Lima, Fco. de Assis Silva de: A História da Navegação Cearense, Visual Arte, 2000;

► Relatório do Governador Sampaio, Revista do Instituto Ceará, 1911;

► As imagens deste post, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

O CEARÁ DANDO ADEUS AS CARROÇAS

 

Intenso movimento de carroças na Estação Central de Fortaleza

Foi em 1910, a aprovação pelo Governo Federal do primeiro regulamento para o transporte rodoviário.

O empreendedorismo fez com que o Presidente do Ceará, Nogueira Accioly no ano de 1908, arriscasse e concedeu privilégio por cerca de dez anos a Júlio Pinto explorar empresa de carros automóveis, objetivando transportar passageiros e cargas.

Dentre as cidades e vilas contempladas mencionamos: Maranguape, Itapipoca, Aquiraz, Canindé e Aracati.

Humblet de Julio Pinto

Julio Pinto e seu associado Meton de Alencar importando carros, fundaram a Auto Transporte Cearense. O primeiro carro a circular em Fortaleza foi um HAMBLER que aos 28 de março de 1909, rodou na cidade causando apoteose aos que o viram rodar. Segundo Raimundo Menezes em seu livro “Coisas que o Tempo Levou” foi um veículo muito precário.

Reclame da Associação dos Chauffeurs 

Em 1915, nosso Estado recebeu das mãos do governo um órgão que se destinou peremptoriamente ao controle do serviço de transporte. A Inspetoria fora subordinada à Secretaria de Justiça e Segurança Publica.

A Associação dos Chauffeurs teve sua fundação aos 19 de julho de 1924, sendo anos depois transformada em Sindicato. Seis dias após, ou seja no dia 25 foi instituído o DIA DO MOTORISTA, para coincidir com a tradição religiosa fazendo menção a São Cristóvão.

Carros que renovaria a frota antiga de Fortaleza. 1933. 

 Primeira empresa de ônibus

A primeira empresa de transporte coletivo em Fortaleza, remota ao ano de 1928, quando surgiu a empresa de Oscar Pedreira, para bem servir os moradores do então aristocrático Jacarecanga, meu bairro berço.

 

 

                               Empresa Barbosa de Aracati. 1921.

Ao tempo do empresário Oscar Pedreira, ele tão bem servia as linhas de sua concessão adquirida na gestão de Álvaro Weyne (1928). Tamanho era o zelo pelo transporte, que certos veículos saíam vazios da Vila São José para o Centro, mas ele jamais suprimiu algum horário por falta de passageiros.

Esta foi sua logística: construída a Vila Operária do Pedro Philomeno (1926), sua preocupação número um, foi o deslocamento dos moradores para o Centro da cidade.

Ponto de ônibus no Abrigo Central

A garagem e escritório da Empresa Pedreira Ltda era próximo ao Liceu, na Avenida Francisco Sá, bem ao lado de sua mansão que, em homenagem a Sra. Francisca Pedreira sua esposa, denominou-se VILA QUINQUINHA, afinal na intimidade ele a chamava de Quinha, corruptela de Francisquinha.

Vila Quinquinha

O galpão era alto. Lá os ônibus pernoitavam, passavam por revisão e abastecimento. A armação de sustentação do teto era de tesouras confeccionadas com madeiras de lei. Existia uma bomba de combustível abastecida pela Atlantic, e dois mecânicos habilitados para conduzirem carros grandes para a época. Faziam serviços de funilaria, elétricos, pinturas e quando a coisa era mais complicada Seu Oscar chamava técnicos da GMC e Chevrolet.

Posto Atlantic no Jacarecanga

Falando em Atlantic, o povo do Jacarecanga e transeuntes da Avenida Francisco Sá / José Bastos / Jacinto de Matos deve ao Oscar Pedreira a instalação do Posto Clipper em 1952. O mesmo beirava a Via Férrea olhando para o Mercadinho Público. A Atlantic em 1993 foi absorvida pela Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga.

Os primeiros combustíveis chegados ao Ceará, remota ao ano de 1909, mas os vapores que aqui fundeavam no poço das Dragas e Barra do Ceará, traziam em invólucros tipo tanquinhos derivados de petróleo. Era uma tensão muito grande do Capitão e, dos moços de convés em trazer essa carga. Oscar pedreira era um importador para abastecimento de seus coletivos.

A partir de 1950 foi que se estabeleceu no Mucuripe a Shell Mix primeira distribuidora do ramo.

ônibus no Centro de Fortaleza

No centro de Fortaleza existiam garagens, já que as casas não tinham onde guardar seus veículos. A mais famosa era a Garagem Elite, e os postos mais conhecidos eram o Mazine e o Pará, ambos na Praça do Ferreira.

Posto Mazine na Praça do Ferreira

Concluindo, tanto os mixtos (Jeeps) bem como os carros de praça, circulavam cobrando pelo quilometro rodado, até que em 1969 chegou o taxímetro. De dia normal e a noite e fins de semana bandeira dois. Os únicos que ainda cobram sem medição são os que fazem frete em caminhões pois, depende da carga e a estrada por onde vão, pois as vezes demanda tempo, tanto pra chegarem, bem como descarregar. Existem cabeceiras lentos.

Posto Pará Ultima recordação do quarteirão desaparecido

Hoje são várias empresas para assistir a Grande Fortaleza com os terminais de integração, e os bem confortáveis carros para assistir o interior.

Com relação a carros pequenos não particulares, existem os Taxi e agora o urber, sempre para bem servir.

Serviço Especial de Mobilização de  trabalhadores para Amazônia. 1942

 

Terminal de ônibus na Praça José de Alencar

A Praça do Ferreira e os carros Particulares.

 

Nota: Ainda existe alguma carroça em uso, mas a legislação de proteção aos animais, enfraqueceu esta atividade.  Os brutos merecem defesa.

 

 

 

 

 

TRAVESSA PARÁ QUARTEIRÃO DESAPARECIDO

 

Vista aérea da Praça do Ferreira em 1937

 

Todos que palmilham pela Praça do Ferreira, se defronta no canto Nordeste já na calçada do Edifício Sul América, com a Placa TRAVESSA PARÁ. Teria sido abandonado esse indicativo, ou alguém teria afixado como lembrete de algo? Como existir um sentido para esse quase abandonado nome?

A compreensão virá a todos quantos mergulharem na história de nossa Fortaleza, a Loura do sol e Branca dos Luares. É só fazer um comparativo com fotografias antigas e logo veremos a existência de um quarteirão que desapareceu.

Existia entre esta placa e um sobrado que datava de 1825, uma via chamada “Travessa Boa Vista”. Este imóvel foi erguido sobre areal frouxo, de onde se observava alguns cajueiros rodeado de casebres, destacando-se o sobrados do comendador Machado (hoje Excelsior), também construído em 1825. Haveria de se cavar no meio desse campo uma cacimba de 1850, ainda hoje existente.

Entrada da Travessa Pará pela Rua major Facundo

 

 

 

 

 

 

Neste primeiro ou já segundo quartel do século XIX, tinha o “beco do cotovelo”, com casas em diagonal, que à posteriori seria derrubado por Antônio Rodrigues Ferreira, o boticário que chegou a governar a cidade como presidente da Câmara Municipal. Por isto que, depois de incrementada o logradouro passou a se chamar Feira Nova, Dom Pedro II, da Municipalidade e desde 1871, leva o nome de Praça do Ferreira. O Beco do Cotovelo é a Rua Pedro Borges de hoje.

 

No meio da Travessa

 

 

 

 

Quarteirão Incendiado

 

Voltemos a Travessa Boa Vista

O sobrado já mencionado foi batizado de “Sobrado do Pachecão”, e diga-se de passagem foi o primeiro a ser erguido com cal e tijolo da cidade. O imóvel construído por o português Francisco José Pacheco de Medeiros, foi adquirido em 1831 para acomodar o Legislativo, ou seja o poder público municipal. Por o valor de 6:593$984 (Mais de seis contos de réis) pagado de quatro vezes, conforme escritura de 24 de janeiro de 1831, em cuja área surgiria a belíssima Intendência.

Entrada da Travessa pela Rua Floriano Peixoto

Foi neste prédio que funcionou o primeiro relógio público da cidade

21 de dezembro de 1932

 

 

 

 

 

 

Funcionava em baixo a Casa de Câmara com nove vereadores e na parte de cima o Gabinete do Intendente, que era o prefeito. Em 21 de dezembro de 1932, a Intendência ganhou um relógio que iria ser concorrido um ano após pela coluna da hora, no seio da Praça do Ferreira. Como o post é sobre a Rua Pará, deixemos para outra oportunidade o funcionamento dos poderes executivos e legislativo da Fortaleza, de antes de ontem e ontem.

Visto da Praça do Ferreira

 

 

Em 1941 ocorreu um incêndio numa das lojas, e alastrou todo o quarteirão atingindo inclusive a Intendência. Houve rumores e até fizeram maquete para reconstrução pelo menos no prédio da Intendência, o que não aconteceu.

Reaproveitamento de parte da Travessa

 

 

A Casa Mundlos, A Crisanto, A Livraria Edésio, Café Emidio, A Bahiana, Loja Paraense, Auto-Volante, A Libertadora que mesmo na esquina da Floriano Peixoto não foi poupada. O prefeito Raimundo Alencar Araripe e o Interventor Menezes Pimentel, alegando insegurança no local, destruíram. A administração municipal foi ocupar o espaço do Clube Iracema, na praça dos Voluntários. Foi reservado um espaço para a Guarda da documentação da Cãmara pois, o legislativo estava fechado, devido a Ditadura Vargas.

Com o terreno desocupado, houve uma extensão da Praça do Ferreira, que ficou em dois blocos, inclusive com a construção do Abrigo Central que, no local esteve de 1949 até 1967. Com a péssima reforma do Prefeito José Walter, uniu o logradouro com aqueles jardins suspensos que não agradou a ninguém. Na gestão de Juraci Magalhães, em 1991 a praça do Ferreira foi devolvida ao público.

Outra Vista Aérea do Quarteirão desaparecido

Justificamos historicamente a questão da Placa mas, por que Pará?

Quero dá uma síntese biográfica, do Tenente-Coronel Felipe de Araújo Sampaio, cearense de São Francisco da Uruburetama, nascido aos 13 de setembro de 1834.

Saiu aos 19 anos para frequentar a Escola Militar do Rio de Janeiro.   Concluído o curso foi para a Província do Pará, sagrando-se encarregado pelo Governo da montagem de um laboratório politécnico, e ali conservou-se até 1865 quando foi para o Paraguai.

Ao voltar ao torrão natal Ceará, entregou-se à política que de si, lhe deu postos importantes e de confiança, mas acarretou-lhe também dissabores e a propaganda abolicionistas, que o sagrou um do seus chefes.

Abandonando a carreira política, Felipe Sampaio fez-se como propagandista das ideias as mais generosas e altruístas: seu grande amor, aos pobres e aos fracos deu-lhe o lugar de presidente da Sociedade as Sociedade São Vicente de Paulo e o levou a instituir a Associação das Senhoras da Caridade de Fortaleza.

Lagoa do Garrote

Este ardor de caridade o acompanhou sempre, e disto deu provas em Pernambuco, onde foi sub gerente da Companhia Ferro Carril.

Atendendo convite do governo Paraense, nosso cearense de Uruburetama, assumiu  em Belém a chefia do Tráfego da Companhia Urbana Paraense.

 

Cansado e crescendo seus males que já vinha padecendo, Felipe Sampaio transferiu sua residência para castanhal, onde ali aos 27 de outubro de 1902 venho a falecer.

Imagens do Monumento de Apolo

 

 

 

Agora vamos fazer a correlação Histórica

O Parque da Liberdade propriamente dito, era um Jardim murado que rodeava a antiga lagoa do Garrote, com seu portão que dava para a igreja do Coração de Jesus até 1957.

Aos 13 de outubro de 1903, ocorreu o assentamento da 1ª pedra fundamental do Convento dos Padres Capuchinhas situado por detrás da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Boulevard do Livramento (Duque de Caxias) e Rua Pero Coelho, cerimônia presidida pelo reverendo Vigário Geral do Bispado, Monsenhor Bruno de Figueiredo.

Então tomando conhecimento destes acontecimentos, o Governador do Pará, Augusto Monte Negro, em gratidão aos cearenses que muito fizeram por seu Estado, enviou para Fortaleza a famosa estátua de Apolo, símbolo de Liberdade, que hoje ainda está lá.

Na intendência de Fortaleza, Gestão Guilherme Rocha, por proposta do Vereador José Elói, foi aprovado no Governo Pedro Borges e, a Travessa Boa Vista no final de 1903, denominou-se TRAVESSA PARÁ.

 

Tenente-Coronel Felipe de Araújo Sampaio

 

Augusto Monte negro

Governador do Pará

 

Referências:

Revistas do Instituto do Ceará anos 1905 e 1942.;

Arquivo Público do Estado Ceará;

Cearenses Notáveis,  Silva Nobre.

Arquivo do Autor;

Nota: As imagens das ruas Major facundo e Floriano Peixoto  Centro de Fortaleza antiga,  foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

 

 

 

BARRA COCOROTE SERRINHA AEROPORTOS

 

Aeroporto na Barra do Ceará. Foto de 1930.

A implantação do aeroporto de Fortaleza, remota ao final da década dos a nos de 1920. Os anfíbios que desciam nas águas do Rio Ceará na Barra, limite Oeste de Fortaleza com o Município de Caucaia, Soure na época.

Anfíbios nas águas do Rio Ceará

Com o desaparecimento dos Hidros, a aviação com novos modelos agora com rodas, e iniciando-se o turbinamento, foi para um Campo no Alto da Balança, e foi quando em 1946, recebeu o nome de Campo de Aviação. Chegava a era dos Hirondelles.

Aos 13 de maio de 1952, já com estrutura de terminal, e no Cocorote, recebeu o nome de Aeroporto Ponto Martins, na Vila União em local próximo à lagoa do Opaia, no hoje Bairro Vila União.   Depois em 1966 foi totalmente reformado, recebendo Hangar.

Base de Embarque 

Em 1970, quando menino andava muito num bairro hoje com a nomenclatura apagada: Serrinha. Eu ia para a casa de minha tia Maria José (Zezé), e quase todos os fins de semana. Rua Bruno Valente e o número da casa agora me escapa. (Hoje é Passaré).

Existia no fim dessa rua ainda descalça, uma lagoa chamada “Lagoa da Rosinha”. Observávamos, eu, meus irmãos Flávio e Olavo; os primos João e Valério, além da meninada que a gente passou a conhecer, e que morava na Rua Anita Garibaldi, na perpendicularidade à Rua Bruno Valente. Ao largo uma cerca de arame liso, com amarrações de cimento armado, não era cerca comum e uma placa com os dizeres:

ÁREA MILITAR. ENTRADA PROIBIDA.

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA”.

Observemos as transformações sociológicas e paisagísticas:

Nesta vista aérea está marcada a Base Aérea de Fortaleza e o Alto da Balança.  Os primeiro pousos das aeronaves foram lá.

Trafegar hoje na Avenida Carlos Jereissati, poucos sabem o porquê daquela embocadura, defronte ao novo aeroporto. Até parece que o mesmo fora erguido em cima de um local aterrado, devido ao desnivelamento das casa defronte.

Amelia Earhart, a pioneira na aviação Brasileira. Avião no Alto da Balança.

Naquela pista que segue rumo sul em declive, quase no frontispício do Pinto Martins, era a rua que em 1970, tinha a desaparecida Lagoa da Rosinha. Da Rua Anita Garibaldi, para o local do novo aeroporto, área militar, tinha um serrote, daí o nome Serrinha.

Enfim, transferido para a hoje Avenida Carlos Jereissati, o atual aeroporto foi inaugurado em 17 de junho de 1998, mas já com modernas instalações e estruturas para voos internacionais.

Adendo:

Álbum de Fortaleza, Paulo Menezes 1931 pág. 029

 

Nota: Neste post, obtive colaboração iconográfica de originais pertencentes ao Arquivo Nirez,  gentilmente cedidas.

 

ANOITECENDO NO BELO MUCURIPE

                                                

O sol desceu da altura

Sua luz cor de laranja,

Brilha naquela franja

Em último gesto de doçura;

Pescadores se recolhendo

Ao doce lar,

Terminando o labutar

O dia está morrendo;

Anoitecendo no Mucuripe. 1940

O astro rei declinando

O imenso oceano escurecendo,

A natureza estabelecendo

O vento noturno assobiando;

Na casinha de tapera

A luz do candeeiro ilumina

Essa é a grande mina

O homem do mar e sua bela;

Depois de conviver com seus

Ainda conversam com alegria,

E assim foi-se o dia

Só resta agradecer a Deus.

Folha do Álbum de Fortaleza de Paulo Bezerra, 1931.

 

O PÃO NOSSO DE CADA DIA NA FORTALEZA DE ONTEM E HOJE

 

 

É coisa milenar a pessoa buscar o pão para alimento. Aliás de modo metafórico, pão significa alimento para sustento do corpo. “Pão nosso de cada dia” Bíblia Sagrada. Os trabalhadores dizem “este meu trabalho é o meu ganha pão”.

Neste post, conheceremos as imagens de alguns estabelecimentos de panificação de nossa Fortaleza, mas por falta de fontes, apenas vou me reportar sobre a Padaria Popular, que tinha uma filial com o nome de Triunfo, baixos do edifício do mesmo nome, na rua Liberato Barroso, Centro da Cidade.

Padaria Popular ou Padaria do português Augusto Pinho, pude fazer este relato, devido minha vivência nos anos 60 e 70 na Vila São José-Jacarecanga.

Estabelecimentos:

– Padaria Lisbonense

Em 1875 a fábrica de produtos alimentícios deu origem a Padaria e Confeitaria Lisbonense. Foi fundada como Lisbonense em março de 1916 por Pelágio e Abílio Rodrigues de Oliveira juntamente, José Teixeira de Abreu. Aos 20 de abril de 1927, a mesma passou a funcionar na Rua Pedro Borges nº 151.

Na alegativa de estar poluindo o Centro, a mesma encerrou suas atividades em 10 de outubro de 1983.

Padaria Americana

Essa panificadora foi iniciada em Aracati – CE mudando-se em 1880 para a Fortaleza, estabelecendo-se   na rua General Sampaio, tendo como proprietário João Otávio Vieira Filho. Foi a primeira fábrica de biscoitos e bolacha do Ceará.

–  Padaria Iracema

– Padaria Primavera

Surgiu em abriu de 1934, na Avenida Dom Luiz nº 541, atual Dom Manuel, tendo como proprietário Joaquim Antônio de Oliveira fabricantes das Bolachas Globo e Avenida.

 

 

– Padaria Palmeira

Era localizada na Rua Senador Pompeu esquina com Guilherme Rocha.

– Padaria Ideal

Iniciou suas atividades em 1925, na Rua Barão do Rio Branco, mudando-se em 1946 para a Rua Guilherme Rocha, esquina com Avenida Imperador;

Padaria Imperial, de Antônio Escudeiro de Almeida e José Antônio da Silva. Fundada em 1923 na Avenida Visconde do Rio Branco. Em 1934 passou a pertencer ao Grupo M. Dias Branco;

Padaria Natalense de José Pedra na Parangaba;

– Aveirense;

– Padaria Bijú, de José da Silva Bottas (1910);

Padaria Continental

Localizada na esquina das Ruas Pedro Pereira com Avenida Carapinima, defronte ao Senai. No início dos anos de 1980 desapareceu.

Padaria Globo

Ainda hoje estabelecida na Rua Padre Mororó, esquina com Pedro Pereira.

Padaria Popular

Na calçada larga, em forma triangular e defronte ao Guaratinguetá (Bar do seu Telles) no início da Rua Dona Maroquinha, ficava uma montanha de lenhas. Era para alimentação térmica, dos fornos da Panificadora Popular, cujos serviços iam noite adentro.

No lado Sul do prédio com dois andares e de 40 metros de fachada, havia uma estreita calçada onde chumbaram anéis de ferro trefilado de 5/8 de polegada no cimento armado. Designavam-se essas peças, para amarração dos animais que serviam como transporte dos rústicos caixotes, que iriam ser carregados com pães novinhos e crocantes. Naquela época o pão bengala era à semolina. Esse tinha outro sabor devido sua composição química diferenciada.

Os clientes eram mercearias como ainda posso lembrar: bodega do Edmilson, a do Luís Carvalho (ambas na Avenida Tenente Lisboa); Abelardo da Vila São Pedro, Seu Arteiro do Mercadinho da Via Férrea e seu Hozanan; saíam também mercadorias para o Morro do Ouro, Cercado José Padre e João Lopes, que depois de urbanizado pegou o nome de Monte castelo. (Não existiam os Bairros Santa Maria nem Ellery. Tudo era João Lopes). Lá se vai a gente querendo escrever outra coisa…….

O cavalo que levava a mercadoria do Seu Josué (vendedor ambulante) saía da calçadinha, abarrocado com o pão nosso de cada dia. Carioquinha é coisa dos anos oitenta, quando também fizeram com o pão sovado, muito aproveitado para o Hot Dog. Conservantes industrializados é que lascam nossa saúde.

As fábricas São José, José Pinto do Carmo, Casa Machado além da Padaria Triunfo na Rua Liberato Barroso, todos esses empreendimentos eram abastecidos pela Panificadora de Augusto Pinho, que se estabeleceu na Vila São José em 1961.

Rapazinho robusto, ainda carreguei caixotes na cabeça com até um cento de pão para a Fábrica de tecidos do bairro. O porteiro da usina era o Pinheiro “Cabeça Branca”; O seu Nogueira “Simpatia” era o responsável pelo restaurante. Os infanto-juvenis nunca saíam sem lanchar. Quantas vezes havia disputa para quem ia fazer essa entrega. Só coisa de menino: trabalhar pela comida.

Na panificadora Popular, era caixa e despachante um personagem baixo e gordo chamado de “Bacana”. Lá dentro literalmente com mãos na massa e, outras na lenha tínhamos: o Riba, o Maranguape, Pau Branco, Caladinho e o Tarzan. Foi uma convivência de doze anos e ninguém sabia nome de ninguém. Recebi dois batismos: “Pirulito Americano”, e “Pai da Mata” porque meu cabelo era crescido. Rotulou e pegou! Ê, molecagem!!

Intenso era o movimento na calçada da panificadora do português, e uma chaminé bufando fumaça preta, poluía a Avenidinha Sul, e às vezes inquietava os animais ali amarrados mas a espera era pouca.

À noite na calçada quando livre, a meninada aproveitava para lazer. Brincadeira do buldogue, onde duas equipes se confrontavam corporalmente e quem conseguisse levantar o outro, era eliminado.

Na época do milho verde, pessoas não se sabem de onde, vinham acender fogareiros para vender: cozidos e assados. No outro dia muitas vezes Seu Augusto se irritava por haver ficado palha defronte seu estabelecimento.

Aos sábados pela tardinha também na calçada da padaria, a professora Francisca, do Grupo Marcílio Dias, ministrava o Catecismo para os que iam fazer primeira comunhão, cujo evento ocorria na Igreja dos Navegantes, quase defronte a Escola de Aprendizes Marinheiros, cerimônia regida por o Padre Mirton Lavor. O Frei Memória realizava o confessionário tudo com o aval do Monsenhor Hélio Campos.

Desse modo escrevemos com o sentimento renascente de cada instante rememorado. Que não nos desviemos das lembranças de quem fomos e ainda somos.

Em 1972, seu augusto abandonou o lugar, entregou o prédio ao Pedro Philomeno, retirando sua panificadora. Lá tínhamos pão comum, pão Recife, de Coco, bolachas, laticínios e afins.

Matou o lugar.

O espanhol Raul e Dona Madelú alugaram o prédio para uma indústria de calçados, mas não vingou.

Hoje a calçada não mais existe. O prédio com estética invejável passou a ser um fracionado monstrengo, com uma adaptação não planejada para residências.

Ficou no lendário o movimento da Padaria, lazer e eventos que ali foram realizados. Desde as brincadeiras, movimentos religiosos até o lançamento das candidaturas do Doutor Dorian Sampaio para Deputado Estadual, e Valdemar Alves de Lima (meu Pai) para a Câmara Municipal de Fortaleza. São lembranças que com a mutilação topográfica, ainda ficam para os que cultuam o passado.

Não é fácil passear pelo ontem garimpando fatos.

 

Ai está o que restou do Prédio da Padaria Popular.

Até nosso calçadão reduto de nosso lazer, desapareceu….

VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA HOMENAGEADOS COM PRAÇA

Aspecto Geral da Praça do Voluntários

No local existia apenas um grande campo onde foram concentrados, aqueles que voluntariamente se alistavam para a Guerra do Paraguai em 1864 e que em 1865 no Governo do Dr. Lafaiete Rodrigues Pereira realizou-se a organização pelo 26° Batalhão, onde concorreu 6. Mil homens, sob o comando dos Generais Tibúrcio Ferreira e Antônio Sampaio.

Registro raríssimo O Brasil em capo da Batalha do Paraguai

Foi um luta sangrenta que durou seis anos, onde se formou a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina, Uruguai) e em combate o Marechal Solano López, foi abatido pelo Cabo Chico Diabo, do Exército Brasileiro. Dentre alguns voluntários se destacou Antonio Tibúrcio, Jose Martiniano Peixoto de Alencar (Porta Bandeira), Francisco Pedro dos Santos, Antônio Cândido de Guerra Passos (Padre Guerra), Francisco Frederico Filgueira de Melo, Antônio Pompeu de Albuquerque Cavalcante entre tantos….., como destaque a jovem de 17 anos vinda de Tauá, que cortou o cabelo e se vestiu de homem, mas que fora barrada no Rio de Janeiro: Antônia Alves Feitosa, Jovita era apelido. Pelo desgosto de não poder defender a pátria praticou suicídio, quando perfurou seu próprio peito com um punhal.

Jovita Feitosa

Depois por o local ficar bem próximo a Lagoa do Garrote que se transformaria na Cidade da Criança (Parque da Liberdade) antes de 1932, a Praça dos Voluntários recebeu o nome de LARGO DO GARROTE; essa Nomenclatura deveu-se segundo os historiadores eruditos, em que nos cajueiros e demais árvores que ficavam na beira da Lagoa do Garrote, abatia-se gado provenientes de Messejana e Parangaba, para o abastecimento de carne verde para a cidade.

Lagoa do Garrote

LARGO DOS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA: Homenagem aos cearenses que seguiram para a Guerra do Paraguai.

Finalmente PRAÇA DOS VOLUNTÁRIOS, decreto n° 075 de 31 de dezembro de 1932, assinada pelo prefeito Raimundo Girão, no mesmo dia em que inaugurou a Coluna da Hora na Praça do Ferreira.

Palácio Iracema que abrigou o gabinete do Prefeito

Após o antigo Prédio da Antiga Intendência Incendiar  

Em 1941 já era Prefeito de Fortaleza, Raimundo de Alencar Araripe e a Praça Foi Remodelada quando, foi erguida uma herma “homenageando” o Presidente ditador Getúlio Vargas, isso após o empedramento e jardinagem do logradouro. Tem gente que até chama Praça Getúlio Vargas, e outros a Praça da Polícia ou Ordem Social, mas isso de modo informal.

Praça já com o Prédio da Segurança Pública

A localização da Praça é no seguinte quadrilátero: Ruas do Rosário, Perboyre Silva, General Bizerril e Monsenhor Luis Rocha. No centro da Cidade, Ficou defronte ao Liceu Antigo, que demolido pelo General Cordeiro Neto, que era Chefe de Polícia (Atual Secretário de Segurança) hoje está o edifício da Policia Civil.

 

Cond’eu reunido com voluntário no Paraguai