QUE EXISTIA DE ELEGANTE NAQUELE CAFÉ

 

Panorâmica do Café Elegante

 

Fortaleza na virada do século XX, estava sendo administrada pelo intendente Guilherme Rocha, embora uma gestão nocauteada por Antônio Pinto Nogueira Accioly, que já vinha liderando desde 1892.

 

Intendente Guilherme Rocha

 

Em julho de 1900 assume o Governo do Ceará Pedro Augusto Borges, mas a gestão municipal do intendente iria até 1912. Pedro Borges manteve sua administração subserviente à Oligarquia Acciolyna.

 

Jardim 7 de Setembro – 1902

 

Em 1902, concomitantemente com a segunda greve dos operários da Estrada de Ferro de Baturité, o Centro de Fortaleza estava recebendo nos festejos dos 80 anos de nossa independência, o Jardim “7 de setembro” aformoseando a Praça do Ferreira, onde houve um remodelação e, foi quando aumentou ainda mais os frequentadores daquele logradouro, aquecendo a venda de lanches e refeições completas nos quiosques existentes.

No “Café Java” (canto Nordeste) muito bate papo de intelectuais, e foi a bem da história, onde Antônio Sales fez o protocolo de intensões para fundar o grêmio literário que se denominaria “Padaria Espiritual”, que em 1902 já não mais existindo, tornou-se um point das conversas sobre literatura e política afora o anedotário.

Do “Café do Comércio” (Canto Noroeste) partia os bondes que na época ainda era “Ferro Carril”, cuja administração era vizinho do lado leste, olhando para o quarteirão que desapareceria em 1941.

O “Café Iracema” (Canto Sudoeste), olhava para a calçada da Rua Major Facundo, que se denominava Rua da Palma e onde seria construídos os três grandes Cines: Cine Theatro Polytheama (1911), Majestic (1917) e o Moderno (1922). O Café Iracema ficava olhando para a casa onde ficava a Botica de Antônio Ferreira, o filantropo. Os quiosques ainda alcançaram os frequentadores do Cine Theatro Polytheama e o Mejestic, porém o Moderno, primeiro a ser sonorizado, não fora possível. Em 1920 desapareceram, e o leitor saberá.

Cajueiro da Mentira e por detrás o Elegante – 1905

 

Porquê Café Elegante

Pela sua posição geográfica, respirava calma, apesar de ser o mais próximo do Cajueiro da Mentira, onde rolava potocas. Por sua frente era a Rua Floriano Peixoto (Pitombeira) e ao lado sul, transitava na Rua do Cajueiro (Pedro Borges) os bondes, mas sem parar. Lá no final da Rua Pedro Borges, descendo em rumo leste encontrava-se o Beco dos Pocinhos, onde para localização de hoje, em 1970 construíram o Edifício Palácio do Progresso. Naquele espaço já existia a Igreja Presbiteriana de Fortaleza, que data de 1896.

Voltando.

No Elegante existia uma calmaria, e com ar mais puro, afinal, pela rua que ficava na esquina vinha o vento leste, trazendo a gostosa brisa do Riacho Pajeú e da lagoa do Garrote onde ainda existia águas bem límpidas.  A umidade relativa do ar era melhor.

No ângulo Sudeste, o quiosque ficava defronte à Funilaria São José, torrefação de Joaquim Sá e no American Kinema. Seus proprietário foi Arnaud Cavalcanti Rocha, e no seu início chamava Café Chic.  Já com o nome de Café Elegante foi passado para a firma Porto & Irmão. O Café Elegante, tinha a mesma estrutura do Café do Comércio: um segundo pavimento.

 

Vista Lateral do Café Elegante

 

Andar pelo Elegante, era fazer suas refeições com mais tranquilidade, e o público segundo eruditos, era mais seleto. Até os fiéis das Igrejas Presbiteriana e do Rosário, após as reuniões, ali paravam.

Em 1920 Godofredo Maciel estava Prefeito de Fortaleza, e foi quando ocorreu um nova reforma da Praça e os Quiosques foram retirados, e junto com eles foi derrubado o Cajueiro Botador e destruído o Jardim 7 de setembro. Adeus “Casas de Merendas”.

Com esta remodelação, a Praça do Ferreira perdeu atrativos, e os fregueses por amor à Praça, se dirigiram para os Cafés Emidgio e Riche, só para não abandonar o recinto.

Existia uma cacimba que servia para o trabalho dos jardineiros, mas que fora coberta com um Coreto, ao qual por sua vez em 1933 com a Primeira Coluna da Hora.

Comete injustiça com a história, quem proclama que a Praça do Ferreira a partir de 1991 ficou elegante. Uma geração que viu o Monstrengo na desastrosa “Gestão José Walter” pode até ter razão, mas muita coisa Elegante ficou pra trás.

 

 

Fontes:

 

A Praça do Ferreira, Juarez Leitão;

Fortaleza de Ontem e de Hoje, Miguel Ângelo de Azevedo, Nirez;

Fortaleza Velha, João Nogueira.

História Abreviada de Fortaleza, Mozart Soriano Aderaldo.

Fotos: Reproduzidas de Originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

 

DO CHICO LAMPIÃO À UMA CIDADE QUE SE ILUMINOU

 

 

O homem tem a tarefa de acender o lampião de noite e apagá-lo de dia, mas o planeta gira muito rápido e o Sol se põe a cada minuto, o que faz com que o seu trabalho seja cansativo. O Acendedor de Lampiões simboliza as pessoas que cumprem determinadas tarefas sem pensamento crítico, muitas vezes fazendo coisas sem sentido ou sem entender porquê. Elas ligam o piloto automático, estão tão acostumadas com o que fazem, que não se dão conta da importância do que faz”.          José Augusto Wanderley, Publicitário. RJ.

Tudo o que é relacionado ao desenvolvimento, obedece a etapas ou estágios. Ao retornarmos historicamente ao passado, não implica em se sofrer atrasos, mas estamos resgatando merecimentos, afinal o moderno hoje é o antigo amanhã. O moderno carro de injeção eletrônica não chegou antes daqueles, cuja partida era à manivela com carburação falha; o compacto celular em que localizamos as pessoas apenas no tempo, não podia chegar primeiro do que os aparelhos de telefonia ao magneto, com sua extensão entre emissor e receptor não superior a 1000 metros; as aeronaves, os super-sônicos dar uma volta ao mundo em questão de horas, porém, Alberto santos Dumont penou bastante para fazer subir o 14 BIS em 1906 na França, com um metro de altitude e descer com apenas cem metros percorridos.

Será que a iluminação e energia elétrica foram diferentes? Claro que não! Fortaleza foi saindo da escuridão a custa do sacrifício de animais marinho, hoje na lista de extinção. (Vide Praia dos Arpoadores). No caso Refiro-me as baleias que desapareceram da Costa Norte. Sim, pois a iluminação pública de nossa cidade, tinha como combustível, o azeite de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense, Casimiro José de Moraes Sarmento.

 

 

Luminária do Café Caio Prado

Passeio Público

 

A exploração do serviço de iluminação de Fortaleza teve inicio, com a assinatura de um contrato com o Sr. Vitoriano Augusto Borges que tinha como atribuição, instalar 44 lampiões. Os lampiões tinham quatro faces, sendo mais estreitas em baixo do que em cima, com fundo e tampa de metal. Eram suspensos com armações de ferro como se fosse uma forca, afixados nas esquinas e na posição que pudessem iluminar ruas e travessas. Eram limpos constantemente, e para acendê-los deveriam descer, por isso eles pendiam de uma corda, que passava em duas roldanas. Tinha uma caixinha cheia de azeite de peixe com torcida de algodão. Era parecido com pequenos tachos de que trabalham os ourives para soldas ao maçarico. Foi assim que surgiu o primeiro personagem popular de Fortaleza: “Chico Lampião”, embora seu nome conste em algumas obras, mas nada se sabe acerca do mesmo, assim como os carregadores de Quimoas.

 Fortaleza bonitinha ficou sendo iluminada com azeite de Peixe até 1866 quando, o português Vitorino Borges encerrou suas atividades nesta prestação de serviço. Surgiu a era do Gás Carbônico sob a responsabilidade da “The Ceará Gaz Company Limited”.

 

Gasômetro ao lado da Santa da Casa.

 

Com o gás carbônico, as ruas de nossa cidade tiveram melhor qualidade na iluminação, pois as luminárias foram colocadas em ziguezague sendo a distância de um para o outro de apenas 30 metros, e com um atura de 2,40 cm. Ficava uma chama brilhante em forma de leque queimando o bem preparado gás, salientando que o gasômetro ficava na rua Senador Jaguaribe, ao lado da Santa Casa de Misericórdia olhando para a Praça do Passeio Público. Daí o antigo nome daquela denominar-se “Rua do Gasômetro”.

Experimentalmente, em 1933 foram colocadas quatro lâmpadas elétricas de 100 Watts na Rua Formosa (Barão do Rio Branco), entre as Ruas da Municipalidade (Guilherme Rocha) e a das Hortas (Senador Alencar).

Em 1934, fora rescindido o contrato da “Companhia Ceará Gás” e o Governo do Estado do Ceará, naquele mesmo ano oficialmente, inaugurou-se na praça do Ferreira a energia elétrica, aos 8 de dezembro, o que fora uma apoteose.

Um ano após, fora retirado o último lampião à gás encerrando assim, o segundo período da iluminação de Fortaleza, a era do Gás Carbônico.

Novo Privilégio para a The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd

 Descida da Rua Formosa (Barão do Rio Branco)

Cabos da Light

 

A firma inglesa “The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd” que já explorava o transporte de bondes elétricos desde de 1913, ganhou agora privilégio para o serviço de iluminação. A localização dos geradores da Light eram na Rua Adolfo Caminha (Baixos do Passeio Público) e as suas caldeiras eram alimentadas com lenhas vindas do Horto Florestal de Canafístula, trazidas em vagões gôndolas pertencentes a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité.

 

Bonde Elétrico do Outeiro na Rua Floriano Peixoto

 

Aos 19 de maio de 1947 circulou o último bonde elétrico em Fortaleza e, apesar da sobra de demanda, a energia da Light ainda era muito precária. A “The Ceará Tramway”, por força do decreto federal nº 25.232 de 15 de julho de 1948 transferida a concessão para a Prefeitura Municipal de Fortaleza, sendo o Prefeito Acrisio Moreira da Rocha. Na época tinha que o General Dutra assinar, por ter sido o serviço explorado por uma firma estrangeira.

Carregamento de Lenhas

Vindas de Canafistula hoje Antônio Diogo

 

Aos 20 de maio de 1954, saiu o decreto nº 803 criando o “Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza – SERVILUZ” quando ainda estava prefeito, o radialista e advogado Paulo Cabral de Araújo. As novas instalações foram inauguradas em 8 de novembro do mesmo 54, ocupando o local onde funcionava o Escritório da extinta empresa de Bondes no Passeio Público, pela Rua João Moreira.

Usina Serviluz no Mucuripe

Fachada, Localização e Maquinas geradoras.

 

A Usina Termoelétrica fora instalada em maio de 1955 na Ponta do Mucuripe, inicio da Praia Mansa. Com modernos geradores Westinghouse, o Serviluz fora criado para resolver o problema da precária energia elétrica de Fortaleza.

As razões técnicas para a usina ficar distante do centro da cidade, segundo analistas da época, deveram-se a estratégica zona portuária com o surgimento de empreendimentos, tais como os já existentes: Shell Mexi, Atlantic, Texaco, Esso Standard do Brasil e Moinhos de trigo. Além do mais, o equipamento roncava e aquecia demais e a ventilação praiana, favorecia a regulagem térmica.

O Serviluz foi administrativamente transferido em 1 de maio de 1960 para a Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF (Estado da Bahia), a qual por sua vez, em 1 de abril de 1962 instala a Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza – CONEFOR que substituiu o Serviluz. Dois anos após, a rede elétrica proveniente da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso chegou em Fortaleza, com uma subestação no Bairro Mondubim.

 Aí com as presenças do Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, do Governador do Ceará Virgílio Távora, do Prefeito de Fortaleza Murilo Borges e várias autoridades, em 1 de fevereiro de 1965 precisamente às 18.30 h, na Praça Libertadores (Depois Farias Brito) no popular Bairro Otávio Bonfim, era acessa a primeira lâmpada de iluminação pública com energia elétrica da CHESF.

Em 5 de julho de 1971, o Governo César Cal’s cria a Companhia de Eletricidade do Ceará – COELCE e encampa a Conefor, que após três anos em assembleia geral, a extingue.

Como não era de se esperar, a história se repetiu. O comando do serviço de energia elétrica do Ceará saiu das mãos do Governo Estadual. A Coelce foi vendida, e aos 13 de maio de 1998, passou a pertencer a “Distriluz Energia Elétrica S.A.”, “Companhias Enersis S.A.”, “Chilectra S.A.”, “Endesa de España S.A.” e a “Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ”.

Então quem quiser deixar seu dinheiro no Brasil, consuma produtos da Terra e economize energia. Seja racional, pois, não existe mais Coelce e sim Enel.

 

Fontes:

– Fortaleza Belle Époque, Sebastião Rogério Ponte;

– Fortaleza de Ontem e de Hoje, Miguel Ângelo de Azevedo – Nirez.

– Fortaleza Velha, João Nogueira;

– Instituto do Ceará, Revista de 1934;

– História da Energia Elétrica do Ceará, Ary Leite.

Fotos: Ofipro e uma reprodução de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas. .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PRAIA DE MEIRELES DO AREAL AO LUXO

 

 

A existência dos remanescente moradores do Campo do América é a prova cabal de que aquele pedaço era uma Vila de pescadores que viviam de modo simples, isolados até do Centro urbano da Capital. Não estão ali por invasão ou apropriação indébita. São os nativos que não se curvam ante a velocidade do aformoseamento e do progresso, tendo em vista o hoje Bairro Meireles ser e ter o metro quadrado mais caro da cidade. O berço daquela gente é ali, e creio que ali vão permanecer, resistindo a especulação imobiliária.

 

De acordo com a história do nome, Meireles seria um morador de Meira, nome de uma região espanhola. Sendo assim, acredita-se que a família Meireles teve início por meio da família Meira, a qual origina “o velho” Pedro de Novaes, homem rico de El-rei D. Sancho II.

Um ramo familiar Meireles veio para Fortaleza à época do Siará Grande, observar o Cabo de Santa Maria de Consolacion, o Rosto Hermoso – ponta do Mucuripe, que por lá havia passado Vicente Ianez de Pinzón. Existe esta história ou estória de que, lá em Tordesilhas (Espanha) alguém teria que fazer “justiça” ao navegador Vicente Ianez de Pizon, que chegou ao Brasil antes de Cabral. A família Meireles fixou residência, e existiu este espaço, afinal, tínhamos a Praia do Ceará (Iracema) e a do Mucuripe. Por isso surgiu a nomenclatura Praia do Meireles.

 

A Praia do Meireles é o coração da Avenida Beira Mar, via aberta pela Rede de Viação Cearense, quando ocorrera assentamento de trilhos, para fazer convergência entre a Ponte Metálica (Porto de Fortaleza) ao Mucuripe, devido aos aprovados e avançados estudos do novo Porto de Fortaleza na enseada do Mucuripe.

 

 

O espigão de retenção, da hoje Praia Mansa foi construído com pedras transportadas em vagões gôndolas da Rede de Viação Cearense, oriundas da pedreira de São Bento, na localidade de Monguba, Município de Pacatuba – RMF – CE. A inauguração desse ramal ferroviário ocorreu em 25 de dezembro de 1933. Na ocasião contou-se com as presenças do Interventor Federal Roberto Carneiro de Mendonça, do Prefeito Raimundo Girão e do diretor da RVC engenheiro Ulpiano Barros. Uma composição especial saiu da Estação Central conduzindo autoridades e convidados especiais. Dom Manuel da Silva Gomes arcebispo da cidade, acompanhou para proceder a benção.

 No local próximo a que seria as Avenidas Barão de Studart e Desembargador Moreira, existia uma Tamarindeira em cuja sombra tinha um chafariz. Era lá abastecimento das locomotivas, pois na época eram todas à Vapor.

 

Ferir à memória é denominar aquele espaço geográfico de Praia do Náutico, um clube social que surgiria depois. Quando definitivamente foi erradicado o ramal do Mucuripe em 1948, embora o trem já trafegasse via Parangaba desde 1941, o trecho recebeu pedras toscas e a partir de 1961 virou Avenida. Com a pavimentação asfáltica, tornou-se um local chamativo e caro.

A Gestão Pública investiu em peso e a Praia do Meireles, que inicialmente era assistida com transporte coletivo pela Empresa Iracema, hoje é Cartão Postal e os edifícios construídos aformosearam nossa Fortaleza.

Meireles sempre vai ser sempre Meireles.

O bairro possui uma excelente cobertura infraestrutura. Inicialmente era um loteamento receptor dos que fugiam do Centro e fizeram do Meireles (e da Aldeota) sua nova morada. Existe um mapa de autoria do Governador Manuel Ignácio de Sampaio confeccionado junto com seu braço direito Antônio José da Silva Paulet, que se observa o traçado e dá conta de que em 1818, já existia o nome Meireles naquela orla marítima.

Porquê Beira-Mar

Segundo a Wikipédia enciclopédia livre, “a Via fora construída há pouco mais de 50 anos, a Avenida Beira-Mar é um dos principais cartões-postais de Fortaleza é o local de diversão e trabalho mais valorizado na capital devido à sua orla cheia de luxuosos edifícios e hotéis e pelo calçadão movimentado por turistas e praticantes de atividades físicas. Também é local de trabalho para muita gente e encontros com um visual surpreendente. Antes, a presença maior na região era de pescadores e algumas casas de veraneio. A Avenida Beira-Mar começou a ser construída em 1961, com uma grande calçada, no governo de Manoel Cordeiro Neto, que transferiu as casas de pescadores para outros bairros, como a Varjota.

A nova avenida recebeu o nome de presidente Getúlio Vargas mas em 1964 passou a se chamar Presidente Kennedy para futuramente receber o nome que tem hoje de Avenida Beira-Mar, nome bem mais condizente com o lugar que é a cara da cidade que reflete seu povo, seus costumes, sua cultura. É no calçadão que a estátua de Iracema, uma escultura do pernambucano Corbiniano Lins homenagem aos 100 anos do maior escritor cearense, José de Alencar. Ela está lá desde 1965, ano do centenário do romance, sendo um dos principais pontos turísticos da capital. Um pouco a frente, no Mucuripe, o movimento das jangadas é outro atrativo e fonte de inspiração para muitos artistas. Parada obrigatória também é a Feirinha da Beira-Mar, que existe lá desde 1980 e disponibiliza uma grande a variedade de produtos para os visitantes”.

Fontes:

Arquivo Público do Estado do Ceará;

Raimundo Girão, Geografia Estética de Fortaleza, BNB, 2ª Ediução 1979;

Relatório da RVC, Ulpiano Barros, 1933;

Tordesilhas, muito mais que um Tratado, Adilson Candorin, Editora Tubarão, 2004

Wikipédia, Enciclopédia Livre.

http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart529227/cart529227.jpg

Fotos: Ofipro e Arquivo Nirez.

CINETEATRO MAJESTIC E O QUEIMA RAPARIGAL

 

O Cearense já nasceu para a cultura da molecagem, quando da inauguração do Cine Theatro Majestic com o cartaz da italiana Fátima Miris, no dia 14 de julho de 1917, coisa que a sociedade daquele tempo não tolerava, bem como atualmente quando os conservadores ainda são antagônicos.

Foi um impacto esta atração negociada por Plácido Carvalho, que na Europa esteve. Ele queria inovar algo e amadurecer nossa Fortaleza nos seus anos de Bélle Époque.

 

Transformista Italiana Fátima Miris

 

A edificação era de propriedade de Plácido Carvalho, cuja exploração fora da Firma Ribeiro & Cia, que mantinha um pacto firmado entre Luis Severiano Ribeiro com o Capitalista Alfredo Salgado.

O colossal Cineteatro Majestic-Palace tinha o piso de madeira com uma riqueza arquitetônico e, por tabela, instrumento de sonoplastia, afinal os cavalos dos filmes de faroeste pareciam ter invadido a sala de projeção, quando o público empolgado batia os pés no piso de madeira de lei e encerada. Ele imitava o som dos galopes.

 

 

Depois dos filmes e das peças teatrais – diversões – refúgio mais cobiçadas na ausência de shoppings -, era comum que a praça ficasse ocupada por famílias tomando sorvete, olhando as vitrines das boutiques e irrigando as veias de um Centro da cidade já repleto de diferenças sociais, dentro e fora das salas de projeção.

 

 

O Majestic foi o primeiro a ter o espaço dividido nos setores de plateia, camarote e geral. O pessoal da geral, lugar mais barato, ficava jogando coisas nos camarotes e na plateia. Esses eram chamados de moleques. Só pela estrutura, o Cine já permitia esse tipo de manifestação de repúdio às classes superiores. A vaia ao sol naquele 30 de janeiro de 1942 na praça do Ferreira, é prova cabal do comportamento irreverente dos que havia nascidos, e dos que  ainda iriam nascer, como o caso do autor destas linhas que chegou ao mundo em 1958, sendo privilegiado por Deus por oferecer seu berço na Terra da Luz.

 

Em destaque a mutilada casa do Boticário Ferreira

 

Assim como várias construções que se perderam entre prédios e comércios modernos, o Majestic hoje resiste apenas na lembrança de quem viveu em uma Capital ainda inspirada nos hábitos europeus. Majestic era um edifício imponente, de vários andares, e a sala de projeção era também um teatro.

 

 

O Majestic não teve felicidade, mas a construção teria sido essencial e deveria ter sido preservada, porque revelaria não só a arquitetura, mas as práticas, a indumentária, os usos dos espaços e os valores sociais da época que existiu. As residências que não foram alicerçadas pelas elites fortalezenses também são destacadas, como parte importante do DNA da cidade.

Ainda existe muitas construções populares que deveriam ser preservadas, pois, resgatam o modo de como moraram as camadas mais populares

 

Incêndio de 1955

 

Dois Incêndios e o Fim

Foram dois devastadores incêndios que sofreu este majestoso cineteatro.

O primeiro foi em 4 de abril de 1955, onde parcialmente foi perdido sua entrada e a ampla sala de espera com seus espelhos e cartazes que ficavam no andar térreo. A catástrofe consumiu as Lojas Brasileiras 4400 e assim atraiu a atenção de toda cidade. Sobreviveu a estrutura metálica e a entrada ficou pelos fundos do prédio pela Rua Barão do Rio Branco nº 1171. Passou uma temporada na reparação de danos, mas voltou a funcionar, por ter seus proprietários condições para tal.

 

Fotos colhidas do Edifício Diogo 1968

 

O segundo incêndio ocorreu na madrugada do dia 1 de janeiro de 1968, aí o fogo devorou por completo. Assim foi o fim do primeiro prédio da cidade que mal tinha completado cinquenta anos de existência.

Para a operação dos bombeiros fora utilizados oito carros, setenta homens sob o comando do Tenente Moacir Sousa. O incêndio havia começado por volta das 2 h e daquela vez os bombeiros tiveram de ter a habilidade para o isolamento, para não serem atingidos os empreendimentos do entorno tipo Farmácia Pasteur, Lojas Ocapana, Flama, dentre as pela rua Barão do Rio Branco.

Por volta das 7.30 h, o sinalizador com a corneta recebia ordem para o toque de recolher dos heróis, para retornarem para a Praça do Liceu, onde ainda fica o quartel.

Segundo populares, em algum lugar escondido algum moleque Gritou: “Queima Raparigal”.

Dizem que este segundo incêndio fora criminoso, mas nada foi provado e nem eu estou afirmando. Ficou no lendário da Praça do Ferreira, recém mostrengado.

Queima Raparigal!

O fato dos cabarés ficarem nos altos dos prédios (o andar térreo era ocupado por lojas e pontos comerciais) atendia à questão do isolamento das profissionais do sexo da chamada sociedade regular. Uma ocorrência do final dos anos 30, explica a origem de famosa expressão ainda hoje corrente em Fortaleza. Uma das lojas da Rua Floriano Peixoto sofreu um incêndio em plena manhã de sábado. Nos altos do sobrado havia uma pensão de mulheres. As inquilinas, que tinham trabalhado até de madrugada, ainda dormiam quando começou o alvoroço na rua. Populares tentavam apagar o fogo com baldes d’água, enquanto as chamas subiam perigosamente, já ameaçando o sobrado. As mulheres, despertadas pelos gritos da multidão, do alto das janelas, pediam socorro, braços erguidos, descabeladas, ainda em seus trajes de dormir, imploravam por ajuda no maior desespero: salvem a gente pelo amor de Deus!!! . Foi quando um gaiato, numa explosão de sadismo, gritou da rua: “Queima Raparigal !!”. Juarez Leitão, escritor.

 

Tudo o que restou

Fontes:

História do Corpo de Bombeiros Sapadores do Ceará. IOCE. 1973.

Jornal O povo 1 de fevereiro de 1942

Juarez Leitão. Sábado, Estação de Viver

Miguel Ângelo de Azevedo: Cronologia Ilustrada de Fortaleza; BNB , 2001

Sebastião Rogério Ponte, pesquisador das reformas urbanas e sociais da cidade.

 

 

 

PALACETE CEARÁ ANTIGA ROTISSÉRIE

 

Foto Colhida do Excelsior Hotel

No canto Nordeste da Praça do Ferreira esquina, Ruas Floriano Peixoto com Guilherme Rocha onde antes existia o prédio que, havia funcionado a Escola de Ensino Mutuo de Fortaleza, em 1914, o banqueiro José Gentil Alves de Carvalho contratou, a Firma Rodolfo F. Silva & Silva, para construir no local o Palacete Ceará, com projeto do engenheiro João Sabóia Barbosa. Era encarregado de obras Eduardo Pastor da referida empreiteira. Suas linhas revelam elementos indiscutíveis ao que é eclético, e com aspectos neobarroco.

 

Foto de 1959

O Palacete Ceará por muitos anos abrigou em seu andar térreo o Rotissérie Sportman, restaurante, sorveteira, Café Rotissérie e casa de Chá Efrem Gondim. No andar superior O Clube Iracema que ocupou o local de 1922 até 1936.

A Academia Cearense de letras em 1922 fora instalada numa das dependências, sendo Salão de Honra, quando o Palacete fora ampliado em dois blocos, olhando para a Praça do Ferreira.

Instalação da Academia Cearense de Letras

Salão Nobre no Palacete Ceará

Nos anos de 1930 o referido prédio sediou a Secretaria do Interior e de Justiça do Estado. Aos 10 de maio de 1946 a Caixa Econômica Federal adquiriu o Prédio vizinho, pela Rua General Bizerril ou seja o Palacete Fortaleza que ficava olhando para o Palácio da Luz, e foi quando nove anos após o Banco comprou o Palacete Ceará, e foi quando a CEF ganhou sua Agência do Centro, com posição privilegiada, olhando para o coração da Cidade.

 

 

Palacete Fortaleza

Em 1982 o prédio sofreu um incêndio que se alastrou, o que por pouco não se perdeu a beleza arquitetônica, que ainda está lá.

Registro após o Incêndio

Nota Institucional Secult: Decreto no 16.237, data 30/11/83 Palacete Ceará Hoje Caixa Econômica Federal Endereço: Rua Guilherme Rocha, n° 48 Proprietário: Caixa Econômica Federal Características do bem tombado e justificativa do tombamento O Palacete Ceará é uma das obras mais representativas das primeiras décadas do nosso século (1920), período em que ocorre grande transformação na aparência arquitetônica da […]

 Panorâmica com a Praça do Ferreira

PREDINHO DESAPARECIDO GRANDE HISTÓRIA

 

 

  Escola de Ensino da Fortaleza Antiga

Observamos os trilhos do Bonde Tração Animal

e no fim da Rua Municipal o Oitizeiro do Rosário

uma Porta do Palácio da Luz.

Também conhecido como ensino mútuo ou sistema monitoral, esse método antigo pregava, dentre outros princípios, que um aluno treinado ou mais adiantado (decurião) deveria ensinar um grupo de dez alunos (decúria), sob a orientação e supervisão de um inspetor. Assim era a pedagogia antiga.

Fortaleza ainda no primeiro quartel do século XIX estava obedecendo a um plano diretor iniciado por Antônio José Silva Paulet, quando o Governador era Inácio Sampaio e apoiado por arruadores, daí as ruas serem retas com simetria urbana.

Em 1828 a atual Praça do Ferreira era um campo de areia, onde eruditos acreditam ter sido campo de batalha, razão pela qual de modo efêmero, o local ter sido chamado Largo das Trincheiras. .

Na esquina do canto Nordeste do logradouro foi construído e inaugurado no dia 5 de fevereiro de 1829 pelo então intendente Francisco José Pacheco de Medeiros, a Escola de Ensino Mútuo de Fortaleza.

Em 1863 o prédio sofreu remodelamento e ainda funcionou até 1890 quando foi entregue à Guarda Civil para ser usado como quartel, sob o comando do Capitão José Freire Bezerril Fontenelle.

Como Ficou o Prédio após a reforma de 1863

Marcado o local da antiga escola.

Aspecto da Rua da Municipalidade

Ao fundo um portão de acesso ao Jardim do Palácio da Luz

Contempla-se Café do Comércio, Ponto Central dos Bondes da Ferro Carril, e na ponta da Calçada o Café Java.

Cartão Postal – Foto de 1902.

Passados sete anos, foi construído salas pelo lado da Rua Municipal (Guilherme Rocha), ligando à Rua dos Quartéis (Rua General Bizerril).

 Em 1913 o prédio já pertencente ao coronel José Gentil Alves de Carvalho, foi demolido e o coronel contratou a Firma Rodolfo F. Silva & Silva para construir o Palacete Ceará, com projeto do engenheiro João Sabóia Barbosa.

O Palacete Ceará, abriga hoje a Caixa Econômica da Praça do Ferreira.

Mas, isso é outra história, que merece post.

 

 

Ilustração para localização

Observamos o Oitizeiro do Rosário.

Fotos de 1959 e 1929

 

CONJUNTO CEARÁ ANTIGO CARNAUBAL DE VENEZA

Reprodução

Carnaúbas da Veneza

Vendo-se o riacho braço do Maranguapinho. 1966.

 

 

       Obras de Infra-estrutura do Conjunto Ceará. 1974.

 

Posto da Companhia Brasileira de Alimentação. 1978.

Hoje é o Centro cultural Patativa do Assaré

 

Não para de crescer o Conjunto Ceará

Que se transformou em mini-cidade,

Que traz tanta felicidade

E só construir, conservar, amar…

Do autor

 

Contexto Histórico

Era 1970.

Enquanto o mundo científico discutia com otimismo, a conquista do homem na lua, o Brasil era destaque na dimensão esportiva, com o primeiro título de Tri-campeão mundial de futebol, com o Jairzinho camisa sete. Ele foi o furacão, tendo em vista ter sido o artilheiro, daquela inesquecível copa que foi a copa da minha meninice e, diga-se de passagem, a primeira transmitida ao vivo pela televisão brasileira, ainda que em preto no branco.

Em Fortaleza, apesar dos chamados pichadores ocuparem os muros com a trivialidade “Abaixo a Ditadura”; o clima era de antagonismo a tudo o que se passava. Apesar de ter sido um ano eleitoral, ainda hoje o Nordeste não tem peso político para as grandes decisões nacionais. O título Terra da Luz foi uma bravura que, a história anexou aos grandes feitos, mas foi no passado, passou…

Foi no governo chamado por muitos “Os Anos Negros da Ditadura”, que se iniciou uma política habitacional, através de recursos, do já extinto Banco Nacional de Habitação. O presidente General Emilio Garrastazu Médici que, havia assumido a Suprema Magistratura da Nação em 30 de outubro de 1969, foi um homem mesmo com um Congresso Nacional mutilado, conseguiu assistir ao homem do campo, hoje o inverso. Não estou para defender “Regime Autoritário”, pois a melhor ditadura é pior do que a pior democracia.

O presidente Médici criou o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Pró-Rural). Pergunta-se: Quem criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL? Quem criou o FUNRURAL, o maior distribuidor de renda para o homem do campo? A história está ai para fazer justiça aos seus criadores.

Topografia no Alto da Avenida H

Já Próximo a Jurema – Caucaia.

 

Assim Nasceu o Conjunto Ceará

A história do pomposo Conjunto Ceará nasceu neste contexto. Os cearenses sempre foram vitimas de constantes secas, e não é novidade migrações. O êxodo rural incha as cidades grandes, e os flagelados começam a se refugiarem em áreas isoladas formando comunidades, e consequentemente com a instalação de casebres em locais indevidos, surgem as chamadas áreas de risco, ou indústria da miséria.

O problema é que, com o retorno da estação chuvosa, os refugiados já estão adaptados ou se adaptando com a vida urbana através do mercado de trabalho, até mesmo com a mão de obra não qualificada, permanecem no mesmo local. Quando um homem entra no mercado de trabalho, aí sua família entra no mercado de consumo. O interior fica esquecido.

Foi a hiper-população da Capital cearense que fomentou e tornou urgente, a aprovação do projeto do Governo Federal para a construção de casas populares, e o Conjunto Ceará fora inserido neste programa. A área escolhida, para melhor compreensão do leitor, foi de uma baixada após o Campo da Granja (hoje Praça da granja Portugal) até a beira da Via Férrea de Sobral, onde abrigaria as suas 4 etapas.

O terreno onde foram construídas as primeira, segunda, e terceira etapas denominava-se Estivas, e após o canal, que um dia foi braço do rio Maranguapinho e uma verdadeira riqueza em carnaúbas, havia tomado a nomenclatura de Veneza, pois eram terras que na época das sesmarias foram herdadas pela a família de Manuel Francisco da Silva Albano, dentre os quais um fora agraciado como Barão de Aratanha (nome de rua no centro da cidade de Fortaleza).

O local já pertencente ao Município de Caucaia, denominou-se Parque Albano. Ali o trem da antiga Rede de Viação Cearense – RVC (depois RFFSA, hoje Metrô de Fortaleza/Transnordestina Logística S/A) de 1917 até 1931, fazia parada no km 11, tanto para recebimento de gado, exportações e o envio de pequenas encomendas. O prestígio da família era grande perante a administração da Companhia Ferroviária. O trem suburbano do distrito de Barro Vermelho (Antonio Bezerra) ia direto para Soure (Caucaia). Foi aí que a população ribeirinha do Genibaú e da Jurema reivindicaram paradas para o trem suburbano.  O trem ficou parando no km 10 (hoje São Miguel) e Jurema a partir de 1945. A quarta etapa do Conjunto Ceará apesar de ter sido a última, parece que pela etnologia topográfica tem uma história mais rica.

Situada aquela zona Oeste para o Conjunto Ceará, a área havia sido demarcada ainda na gestão de Plácido Castelo, em cumprimento ao programa estabelecido pelo governo Federal, mas as obras de infra-estrutura só foram iniciadas no final do “Governo da Confiança”, ou seja, em 1974 quando o governador César Cal’s estava prestes a passar o governo para o Cel. Adauto Bezerra.

Cognominado a Capital da Periferia, o Conjunto Ceará começou a receber as famílias em sua primeira etapa com 966 casas, cuja solenidade de inauguração ocorrera aos 10 de novembro de 1977. Referido evento contou com as presenças de várias autoridades, dentre as quais o Governador Adauto Bezerra, que estrategicamente construiu a Avenida José Bastos para o devido escoamento de veículos que, para o Conjunto viria. A Avenida João pessoa não comportaria a demanda.

A segunda etapa ficou pronta em 1978, com 2.516 unidades, a terceira em 1979, e a quarta em 1981. A então RFFSA desde a inauguração do Conjunto já havia começado a parar o seu trem no km 12, mas a inauguração oficial da estação data de 19 de fevereiro de 1982. A estação Parque Albano só iria ser inaugurada em 1995.

 Pois bem, assim como bola de neve, os moradores de um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina, foram triplicando, e lógico, cada um com seus empreendimentos libertando-se parcialmente assim do comércio do Centro e os Shoping. Acompanhada pela equipe de Assistentes Social da já extinta Cohab, os moradores foram se adaptando.

Hoje, o bairro cuja oficialização foi por conta da lei nº. 6.504 de 11 de novembro de 1989, conta com mais de 120 mil habitantes, que vivem em torno de 12 mil residências. Conta o CC com 11 Unidades de Vizinhança (UV’s), 12 avenidas, um hospital maternidade, um Posto de Saúde da Família (Maciel de Brito), duas Vilas Olímpicas, um terminal rodoviário do sistema de integração, três linhas de transportes alternativos, Várias auto-escolas, posto da ABCR, Um Liceu, Creches, mais de 50 escolas públicas e particulares, uma delegacia distrital, um contingente militar que forma a 4ª Cia. do 6º BPM, Bombeiros, um juizado de Pequenas Causas, o Centro da Cidadania Lúcio Alcântara (antigo CSU), três agencias bancárias, serviço de Correios, escritórios da Coelce e Cagece, e já possuiu Centro Cultural Patativa do Assaré e um  Pólo de Lazer que era destinado a apresentações artísticas porém, devido à má utilização, fora entregue às intempéries.

Na área religiosa as igrejas são as mais diversas: Católicas, Evangélicas dentre, as afro-brasileiras.

Aqui termino as duas reivindicações de todos os moradores: a Instalação de um Cartório Legal, e uma linha de ônibus Conjunto Ceará – Parangaba.

 

Parada do Trem no Conjunto Ceará – Fevereiro de 1982.

 

Avenida B no Centro do Conjunto.

O PALACETE ALENCAR E A TRAVESSA MORADA NOVA

No início do terceiro quartel do século XIX a Fortaleza do Ceará Provincial tinha como Intendente, o boticário Antônio Rodrigues Ferreira de Macedo, sendo o Presidente da Província Francisco Xavier Paes, que assinou o projeto de um Palácio Legislativo, cuja planta fora elaborada por Adolpho Herbert.

 

Local da Construção em 1856

 

Existe na mapoteca do Instituto do Ceará uma planta do Padre Manuel Rego Medeiros datada de 1856, de onde observamos o local que seria Praça General Tibúrcio, a popular praça dos Leões, mas que na época era chamada de Largo do Palácio, devido o já existente Palácio do Governo. A Casa Legislativa Estadual, funcionava no Largo da Sé, em prédio já desaparecido e com localização incerta. Existe imagens do local, mas alguns historiadores contestam e o Malce não confirma.

Desde 1823 vinha sendo questionado no seio das instituições, a implantação do poder legislativo, mas a Confederação do Equador abalou as estruturas do formato governamental e isto atrasou o processo, mesmo com o Brasil independente. As leis ficaram ditadas da Corte com assinatura de D. Pedro e junto com a outorgada Constituição de 1824.

 

Praça da Sé antigo Caio Prado casa nº 34

 

A instalação da primeira Assembleia Provincial Legislativa do Ceará, data de 11 de março de 1835, portanto, no Período Regencial que aconteceu entre 1831 e 1840. No Brasil esta foi uma transição entre reinados, afinal quando D. Pedro I se abdicou em 1831, e o novo Príncipe Regente ainda era menor.

No Ceará cumpria-se naquele momento o Ato Adicional assinado pela Regência no ano anterior, em 1834, que criava as Assembleias Legislativas Provinciais. Em sua primeira legislatura, a Assembleia era composta por 28 deputados e 7 suplentes. O primeiro Presidente do Poder foi o Capitão-Mor Joaquim José Barbosa.

 

Capitão-Mor Joaquim José Barbos

 

Com a Eleição na Corte de Diogo de Feijó como Regente interino, as Províncias iniciaram seus trabalhos legislativos. No Ceará ocorreu a primeira sessão em 7 de abril de 1835 quando O Presidente José Martiniano de Alencar havia sido autorizado para fazer funcionar, tão logo o Padre Feijó assumisse o Império. Eles eram harmônicos, até na vida religiosa, afinal eram padres.

Segundo o relatório do Presidente da província, Doutor Joaquim Vilela de Castro Tavares (1853), a Assembleia Provincial existente ocupava um edifício baixo no Largo da Matriz que “mais parecida destinado às sessões de alguma municipalidade de aldeia“. Sendo assim, fora iniciado os estudos tendo na comitiva o arquiteto Adolfo Herbster que, desenhou a planta do novo prédio que ocuparia um local ao lado do Campo do Paço do Governo.

 

João Adolfo Herbster

 

Foram destruídas algumas casas para erguer o Palácio Legislativo, que iria olhar para a Praça Carolina, tendo em sua Frente à Rua das Belas ainda em barro pisado (atual São Paulo), se preparando para receber pedras toscas. Havia uma capela neste local, mas no ano da independência a mesma fora demolida. No lado Leste era a Rua do Quartel (Atual General Bizerril), ao Oeste Rua Pitombeira (Atual Floriano Peixoto). Ao Sul, o presidente do Conselho da Intendência Municipal, Vicente Pires Mota, ao observar a planta do edifício encarregou o Presidente da Câmara, Antônio Rodrigues Ferreira, de adquirir as casas denominadas “Quartos da Agostinha”, que eram movimentados pontos de vendas de alguns gêneros alimentícios; ficou uma devastação.

 

 

Como o Prédio deveria ser isolado, ficou a abertura de uma rua, e foi aí que nasceu a Travessa Morada Nova, onde na esquina Sudeste, construíram uma belíssima mansão em 1914 que, posteriormente passou a ser o Hotel Palacete Brasil. Em 1928 pela Rua do Quartel, a mansão passou a ser vizinha do Jornal O Povo, que naquela Rua nasceu.

Aos 25 de outubro de 1856 foi dado início ao novo prédio do Legislativo da Província Cearense, a cargo do empreiteiro Joaquim da Fonseca Soares e Silva. O edifício serviria à Assembleia Legislativa do Ceará e ao Liceu, entretanto, em 1 de julho de 1858, em relatório do Presidente, a Assembleia resolveu destinar outro local ao Liceu, ficando a edificação para uso exclusivo do Legislativo.

 

Entre os anos de 1857 e 1863, a referida obra esteve paralisada, mas o Legislativo ficou funcionando em sala cedida no Sobrado do Pachecão de 1856 até 1871, junto à intendência.

 

Posteriormente, para a execução da obra foi incumbido o engenheiro Adolpho Herbster, o qual deixou pronto a partir dos alicerces da primeira fase da construção. Consequentemente estourou a Guerra do Paraguai e as Províncias começara a gastar com envio de tropas, e ajuda financeira à Corte.

 

 

 

Após muita demora, a enfadonha construção fora entregue à Província em 4 de Julho de 1871, na qual estiveram presentes políticos ilustres, como o deputado Gonçalo Baptista Vieira, o Barão de Aquiraz, e o Presidente da Província do Ceará José Antônio Calasans. O local foi denominado Palacete Alencar em justa homenagem a José Martiniano de Alencar, famoso político do Império, pai do romancista José de Alencar, e que deu abertura legislativa na Província.

 

Primeira foto oficial da mesa diretora da Assembleia em 1871.

Arquivo MALEC

 

A Assembleia Legislativa no dia 13 de maio de 1977 foi transferida para sua atual sede, o Palácio Deputado Adauto Bezerra, na avenida Desembargador Moreira, no bairro Dionísio Torres, sob a presidência do deputado Aquiles Peres Mota, tendo como cerimonialista o Deputado radialista Wilson Machado.  (O autor tem o áudio deste discurso de Wilson Machado na integra).

Travessa Morada Nova

 

 

Últimos deputados do Palacete Alencar, os eleitos em 1974.

Acilon Gonçalves Pinto, Adelino de Alcântara Filho, Airton Maia Nogueira, Alceu Vieira Coutinho, Alfredo Almeida Machado, Alfredo de Abreu Pereira Marques, Almir Santos Pinto, Antonio Costa Filho. Antonio de Almeida Jacó,  Antonio dos Santos Soares Cavalcante, Antonio Eufrasino Neto, Antonio Gomes da Silva Câmara, Aquiles Peres Mota (Presidente das Casa),   Carlos Eduardo Benevides, Deusimar Emídio Maciel, Edson da Mota Correia, Epitácio Batista de Lucena, Fausto Aguiar Arruda, Francisco Castelo de Castro, Francisco das Chagas Vasconcelos, Francisco Diógenes Nogueira,  Francisco Fonseca Coelho, Haroldo Sanford Barros, Hermano José Monteiro Felix, João Frederico Ferreira Gomes, João Viana de Araujo, José Batista de Oliveira, José Paulino Aguiar Rocha,  José Vieira Filho, José Wilson Machado Borges, Julio Gonçalves Rego, Leorne  Menescal Belém de Holanda, Libório Gomes da Silva, Manuel Castro Filho, Marconi José Figueiredo de Alencar, Maria Zélia Mota, Orlando Bezerra de Menezes, Orzente Filomeno Ferreira Gomes, Osmar Maia Diógenes e Paulo Feijó de Sá e Benevides.

O Palacete Senador Alencar ainda cumprindo sua finalidade, foi tombado como Monumento Nacional pelo IPHAN. A edificação é protegida pelo Tombo Federal: Processo nº 863-T 72, Livro do Tombo Histórico, Inscrição nº 440, Fls. 72; Livro do Tombo das Belas Artes, Inscrição nº 502, data: 28 de fevereiro de 1973. É considerado o marco oficial do estilo neoclássico brasileiro.

O edifício chegou a abrigar a Faculdade de Direito, o Instituto do Ceará, a Biblioteca Pública e o Tribunal Regional Eleitoral, e a Academia Cearense de Letras,

Em 1990, na gestão do governador Tasso Jereissati, a edificação foi restaurada e passou a ser sede do atual Museu do Ceará. Foi reinaugurado em 25 de março de 1998, na comemoração dos 144 anos da abolição da escravatura no Ceará.

 

Referências:

  •  Instituto do Ceará;
  • Ilustração e fotos de Malec;

ABRIGO CENTRAL QUEM NA ÉPOCA NÃO SE AGASALHOU

Inauguração do Abrigo Central

Fortaleza em 15 de novembro de 1949

 

Fortaleza, historicamente é uma metrópole acolhedora, abrindo suas portas para que os que turisticamente a visitam, bem como recebe os que lhe são enviados por força de êxodo rural. A Praça do Ferreira tal qual a de José de Alencar, sofreram em suas estruturas quer por reformas projetadas, que por circunstancias alheias ao destino.

Refiro-me pela Praça do Ferreira ao incêndio ocorrido no fim da década dos anos de 1930. Por medida de segurança e na promessa de reconstrução, em 1941 demoliram todo o quarteirão da antiga intendência e foi ao chão várias lojas. Foi um vexame e tanto para os comerciantes, verem as chamas levando seu patrimônio comercial.

O interventor Menezes Pimentel, o Prefeito Raimundo de Alencar Araripe; na área de Segurança Pública e Ordem Social, o Capitão do Exército Manoel Cordeiro Neto; pelo Corpo de Bombeiros o Capitão Francisco das Chagas Nogueira Caminha e, mais alguns engenheiros, que lavraram o laudo técnico, resolvendo não mais construir um novo quarteirão; ficou o Centro Fortaleza com a Travessa Morada Nova e a Travessa do Crato.

A Praça do Ferreira agora ganhou uma extensão, com bancos e iluminação com postes no estilo da Praça original, com passagens de veículos tal, como quando na existência do quarteirão que desapareceu.

Na eleição de 1948, foi eleito prefeito de Fortaleza Acrisio Moreira da Rocha, que teve como uma das primeiras medidas, construir o “Abrigo Central” por sensibilidade a querida Fortaleza que perdeu com a destruição do Quarteirão incendiado.

Aberto o processo licitatório e com maquete pronta, ganhou o comerciante Edson Queiroz que iniciou a construção de imediato do Abrigo, terminando em 15 de novembro de 1949. Os comerciantes que foram permissionários, já animaram economicamente o fim de ano dos fortalezenses.

A Vida do Abrigo Central

O abrigo central obedeceu a visão popular de seu idealizador, Acrisio que conseguiu colocar naquele recinto, de início cafés como o Havaí, Presidente e o Wal-can, para reunir a intelectualidade da cidade. Tomavam seu café no abrigo, e a conversa continuava nos bancos da praça, que até tinha nomes.  Segundo Eduardo Campos: “Quando nosso dinheiro acabava, os comerciantes davam café de graça pra gente, só pra continuar ouvindo nossa conversa, que era uma conversa proveitosa sobre literatura, atualidades e política”.

Próximo ao palácio da Luz, Assembleia Legislativa, Palácio da Justiça, Casa do Jornalista, o cafezinho era encontro de políticos, jornalistas, autoridades as mais diversas e, também a população que vinha pegar seu transporte ou fazer compras. Tudo   no Abrigo Central. Tinha o Pedão da Bananada, a Discolândia, Box do Alaor, dentre lojinhas de artesanatos.

O fortalezense que dependiam do transporte coletivo, tinha que se postar no abrigo, pois, os ônibus faziam parada obrigatória. Era um ambiente de vida social e econômica.

O autor destas linhas com nove anos de idade, ainda alcançou e visitou uma única vez o abrigo, trazido por seu pai. Era que o Prefeito Murilo Borges, que colocou no solo da Travessa Pará defronte à loja 4400 um exemplar do Ônibus Elétrico, para as linhas de Parangaba e São Gerardo. Os nove carros de carroceria Massari/Villares trafegariam de 1967 até 1972, quando foram erradicados, e vendidos para a Companhia de Transporte Metropolitana de São Paulo.

Assim como o povo de Fortaleza foi presenteado com o Abrigo Central em 1949, o Prefeito José Walter Barbosa Cavalcante, deu como presente aos fortalezenses a derrubada do Abrigo acolhedor do Centro da cidade.

Existem duas vertentes para a derrubada: o abrigo estava inseguro, podendo cair causando uma tragédia; segundo, muita promiscuidade com desocupados a noite em suas necessidades, e estava servindo para dormida aos moradores de rua, que assustadoramente estava crescendo.

Bom, com relação a promiscuidade e agasalho noturno, uma assistência social e construção de banheiros públicos higienizados teria resolvido. Agora, uma edificação que precisou ser dinamitada, aí não condiz com a história de algo ruir ameaçando a segurança dos frequentadores, transeuntes e permissionários.

Seja como for, já estava no projeto sua destruição e, em 1968 quando foi iniciada a Praça Mostrenga, foi embora também a coluna da hora, um monumento que informava a hora, desde 31 de dezembro de 1933.

Em 1991, o Prefeito Juraci Magalhães devolveu a Praça para Fortaleza. Os banqueiros de praça voltaram com suas conversas e encontros, e a partir das 15 horas, pense numa sombra gostosa com ventilação natural. Este é o desfrutar de uma praça que é o coração de Fortaleza.

Muitos ainda lamentam, ao olhar para o local do Abrigo e desejaria ainda hoje seu agasalho. Pena que o passado não volta, ficando no lendário popular boas conversar traçadas ali.

 

VELHO FAROL DO MUCURIPE TERRA À VISTA

 

Farol do Mucuripe em 1933

 

A Invenção do Farol

Farol é um indicativo aos navegadores de que estão prestes chegarem em terra. Segundo eruditos, surgiu com esforço dos fenícios em sinalizarem no campo de visão para as embarcações ancorarem e/ou fazer talingada, com segurança no destino correto.

Antes da criação da bússola, os robustos e primitivos homens do mar, conduziam suas embarcações olhando para a costa, e em período noturno tinha pontos sinalizados com fogo, que depois foram substituídos por luz tendo como combustível, azeite de peixe (gordura de baleia) e extrato de oliveira.

As fontes de alimentação da luz, segundo a Wikipédia “foram melhorando, tendo sido o azeite substituído pelo petróleo e pelo gás e posteriormente pela eletricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro”.

Dando historicidade a este aparelho tão importante para se navegar, este tipo de construções ganharam características temporais e sociais, sendo dotados de características distintas de uma zona para outra.

Farol de Hércules o mais antigo do Mundo

Apesar do farol mais antigo do mundo ter sido o de Hércules, situado na ponta Hermínia em Coruña (Espanha), o de maior destaque que se tem registro é o de Alexandria, construído durante o reinado Ptolomaico, entre os anos 280 a 247 A.C. na ilha de Faros. Daí o nome Farol, e foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Farol de Alexandria

O Farol do Ceará

A priori, o primeiro farol erguido no Brasil foi no Forte Santo Antônio da Barra na Bahia mas, resgatemos a história do farol no Ceará que. foi construído  em meio a uma circunstância política das mais acirradas, através de reivindicações de navegadores estrangeiros na destacada Confederação do Equador em 1825.

O Imperador atacou este movimento separatista e republicano, em dois pontos: Por o sertão de Pernambuco com Francisco Lima e Silva (Pai de Caxias), e pelo mar com o Britânico, Almirante Lord Thomas John Cochrane, Conde de Dundonald, Marquês do Maranhão. Garantiu seu lugar na história do Brasil pois, apesar de escocês adquiriu a confiança do imperador D. Pedro para operações bélicas, em milhas náuticas brasileiras.

Enseada do Mucuripe

Os navegantes que estavam no Ceará à serviço da Coroa, sentiram dificuldades em aportarem no trapiche de Fortaleza, que era no Poço das Dragas. Esta reivindicação foi levado para a Capital do Império com o aval do recém nomeado Presidente da Província Antônio Sales Belford. Um farol iria ser construído para aviso aos navegantes que vinham para o Ceará.

Dom Pedro aprovou um estudo feito e concluído aos 17 de agosto de 1826, tendo a ponta do Mucuripe como base de erguimento, tendo todo o protocolo licitatório terminado em outubro de 1838, e iniciado a construção em 1840.

Com a habilidade dos engenheiros Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Manoel de Albuquerque vindos do arsenal de Marinha do Maranhão, a construção fora foi concluído em 1846, tendo os testes sido operados pelo maquinista Trumbull, que era chamado de faroleiro.

O funcionamento do Farol ainda era precário, e quando arrebentou a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), o mesmo foi apagado retornando sua funcionalidade em 1871, e com novos recursos, como exemplo ser giratório. As autoridade marítimas temiam aproximação de navios invasores.

Belíssimo Farol

As coordenadas de nosso primeiro farol eram: Sul 3º, 45’, 10” e longitude Oeste de Greenwichh 38º, 35’, 9”, com sua luz visual a 24 quilômetros de distância, piscando a cada minuto. O foco luminoso elevava-se a 33 metros, em 26 ao preamar e contava com três faroleiros, isto é o que consta no relatório do Presidente da Província João Wilkens de Matos que conferiu in loco aos 29 de junho de 1872. O senhor João Rodrigues de Freitas foi o maquinista faroleiro, que virou mídia de plantão.

Em 13 de dezembro de 1958, com a inauguração da nova sede da Capitania dos Portos do Estado do Ceará, na Rua Dragão do Mar, nº160, foi também inaugurado o novo farol de Fortaleza, que havia sido construído em 1957 sob a supervisão do Capitão de Corveta Raimundo Burlamaqui da Cunha. A Marinha do Brasil estava em festa pela transcorrência de sua semana. Com farol novo no Mirante do Morro Santa Terezinha, o velho se apagou.

Visão panorâmica de Fortaleza no primeiro quartel do século XIX.

O velho farol, sem serventia para navegação, passou para a Secretaria de Patrimônio da União – SPU, e foi quando o Governador Coronel Cesar Cal’s solicitou ao Presidente General Garrastazu Médici para que fosse doado para a prefeitura de Fortaleza em regime de comodato. Feita a doação o prefeito de Vicente Cavalcante Fialho, o transformou no Museu do Jangadeiro. Depois o decreto nº 16.237 de 30 de novembro de 1983, fez seu tombamento municipal.

Referências:

► Arquivo da Marinha do Brasil, 3º DN, Natal – RN;

► Relatório do Presidente da Província João Wilkens de Matos (1872), Instituto do Ceará

► Lima, Francisco de Assis Silva: História da Navegação do Ceará, Visual Arte, 2004;

► Wikipédia;

As fotos do farol de Fortaleza, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.