Assis Lima
Assis Lima

A DESAPARECIDA PRAIA FORMOSA

 

Aspecto original da Praia Formosa

 

Registro mais antigo da Praia Formosa.  1878

Todas as ruas de Fortaleza, no sentido → praia sertão inicia-se na orla marítima, o que nos leva a entender a agressividade que fizeram como a única Capital brasileira banhada pelo oceano atlântico, a não ter praia à disposição dos banhistas em seu Bairro Centro.

Vila de Pescadores da Praia Famosa. 1892

Engana-se os que pensam que a Rua Formosa (atual Barão do Rio branco) deu nome à Praia, mas a Praia foi dera nome a rua. Era a nossa baia, mas que os especuladores e a promiscuidade dos últimos nativos destruíram a beleza que Deus criou. Existem relatos de que no Ceará Provincial era a coisa mais linha o encontro do Riacho Pajeú com o mar.

Riacho Pájeú indo pro mar.

Nestes registros observamos a promiscuidade

A rua que iria se chamar Formosa foi aberta em 1813, pelo arruador Manuel Camelo de Brito, por determinação do Governador Manoel Ignácio Sampaio. Ainda não existia o hospital da Caridade, nem tão pouco a incrementação do que seria o Passeio Público com seus três pavimentos. Apenas houve um caminho de ligação entre os nativos beira de praia e a Cidade.

No aformoseamento da cidade, era Governador do Ceará, Pedro Borges que determinou ao Prefeito Guilherme Rocha, ouvida a Casa de Câmara que a Rua Formosa se denominasse Rua Barão do Rio Branco. Por anos a Rua Formosa ficou na boca do povo, assim como Praça da Estação, da bandeira, da Lagoinha e a Rua do Ouvidor.

Belíssima Praia tínhamos

Voltemos à praia

O limite desta maravilhosa praia era para o Oeste as dunas do Jacarecanga que à posteriori seria chamado de Curral das éguas, Moura Brasil. Francisco Lorda que era pecuarista, tinha um grande curral neste local.

Ao Leste, após a pororoca do Riacho Pajeú, havia sido construído um trapiche para embarque e desembarque de barcos, afinal os navios ficavam ao largo para evitar encalhamento. Daí saiu a nomenclatura “Poço das dragas”, que devido aos constantes assoreamentos muitas vezes, não dava para o primitivo porto funcionar em maré baixa.

A praia formosa era bem visitada, por toda a Fortaleza antiga. Existiam passeios tanto para o lado da Praia de Iracema, bem como para o Jacarecanga. O único inconveniente era as vezes a chegada dos Carregadores de Quimoas*, quando iam despejar e lavar as caixas de madeiras com o volume fétido, por as casas não existir esgotos.

*Quimoa era como se chamava uma caixa de madeira, utilizada no quintal das casas antigas, que se conectava aos banheiros.

Quimoeiros na Rua Pitombeira (Floriano Peixoto)

Era lindo o quebrar mar da praia, de onde avistava-se a enseada do Mucuripe, outrora o Rosto Hermoso, o Cabo de Santa Maria de la Consoliacion no dizer dos historiadores. A noite tinha a linda luz do farol do mirante, à orientar os navegadores. Até aonde a vista dos moradores e/ou transeunte alcançava, muitos coqueiros dançando pela força do iodado vento leste.

Muro de separação

A Invasão matou a Praia como ponto de uso e visitação  

Com a inauguração da ponte metálica em 1906, foi desativado o trapiche do Poço das Dragas; depois a ponte metálica foi desativada em 1948, quando começou a fundear navios no Mucuripe. No local do poço das Dragas, foi implantada a Industria Naval do Ceará S/A INACE, e os moradores ficaram pelo lado de fora, vivendo por detrás do prédio de pedra da antiga alfândega, em comunidade.

Marinheiros no exercício olhando para a Praia Formosa

Em 1927, no local em que funcionou a Escola de Aprendizes Marinheiros até 1905, o Desembargador Moreira, inaugurou a Tesouraria do Estado, hoje SEFAZ. A primeira providência foi mandar fechar a rua Alberto Nepomuceno, que era chamada de Rua da Ponte devido em seu solo passar o riacho Pajeú, já com volume bem reduzido para escoar na praia formosa. O que ficou inalterado foi a passagem da Via Férrea de Baturité (Desde 1878), apenas modificando o trajeto, deixando de passar pela frente da SEFAZ, indo para trás.

Inicio da Rua General Sampaio com a direção da Praia Formosa

Observemos a imagem em ângulo diferente. 

Deviso a promiscuidade recebeu o nome de Beco da Bosta.

Passados 32 anos em plena Constituinte Estadual (1989), começou a construção do Marina Park, e tomou o resto da praia. Por que mencionei a Constituinte? Devido ao fato de que, existe uma faixa de domínio da praia e terra, que é de responsabilidade da Marinha do brasil. Os deputados estaduais não se sensibilizaram pra isto. Depois veio a lei orgânica de Fortaleza e agora fazer, o quê!

Rua Barão do Rio Branco saindo da Praia Formosa

Agora observemos a descida da Rua Barão do Rio Branco em rumo a Praia

 

A bem deste resgate, a praia já estava ficando embarreirada aos banhistas, desde 1973, quando construíra a avenida Castelo Branco, a Leste Oeste. Começaram a colocar pedras para a retenção, tendo em vistas o asfalto ficar próximo da Praia.

Pois é, o único cantinho que deixaram da Praia Formosa, mas só para apreciação, uma pequena abertura, entre a Igreja de Santa Edwiges e o Interceptor Oceânico. Tudo empedrado.

A formosura de nossa praia central, foi para a história.

A Construção da Leste Oeste contribuiu

Foto aérea com a marcação da Praia. 1937

Mapa de 1911 encontrado no Instituto do Ceará

Praia Formosa em 1859. Tela à óleo.

Todas as Prais de Fortaleza no Siará Colonial.  1809

Fontes:

► Azevedo, Otacílio: Fortaleza Descalça, Edições UFC, 1980;

Lima, Fco. de Assis Silva de: A História da Navegação Cearense, Visual Arte, 2000;

► Relatório do Governador Sampaio, Revista do Instituto Ceará, 1911;

► As imagens deste post, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

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