Assis Lima é jornalista, pesquisador aficionado por a terra que o viu nascer. É escritor e atua profissionalmente no R[adio Cearense.
Escreve sobre o Rádio, Fortaleza e Ferrovia com obras publicadas.
Themístocles de Castro e Silva, nasceu em Canindé em 23 de abril de 1929. Como ele mesmo disse ao autor destas linhas, em certa ocasião na Praça do Ferreira: “Sou de Caucaia pois, meus pais me levaram com dois anos de idade para lá”.
Themístocles era um multifacetado, e sua vida era dividida com jornalismo, advocacia, política e a música, a qual era um profundo conhecedor da MPB, quando o rádio vivia seus anos de ouro. Ainda cheguei a visitar sua discoteca que ele mantinha com muito carinho em seu sítio, no Bairro das Capoeiras em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza.
Aos 14 anos ele começou a escrever para o Jornal O Estado e, no periódico Gazeta de Notícias. Com a tenacidade que lhe era própria, passou a repórter dos Diários e Emissoras associados, quando a Capital do Brasil ainda era no Rio de Janeiro.
Já com a bagagem que havia galvanizado, concluiu seu Curso de Direito e fazia jornalismo no grupo do Assis Chateaubriand. Passando a produzir e apresentar pela Ceará Rádio Clube Pre9 o Programa Quando a Saudade Apertar, ele gostava de comentar a letra das músicas. Era tudo com disco de 78 rpm (discos de cera).
Ingressou na vida pública, como secretário da Casa Civil no Governo Parsifal Barroso e também foi Chefe da Sunab.
Na carreira política, assumiu como suplente de Deputado Estadual em 1961 e 1962. Como titular na Assembleia Legislativa tirou mais dois mandatos: de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971. Em 1970 concorreu à Câmara Federal, mas só assumiu em 1973 como suplente. Themístocles havia sido segundo vice-presidente da Assembleia Legislativa, na época presidida por Mauro Benevides, em 1963.
O jornalista foi colaborador do Grupo de Comunicação O POVO durante muitos anos. Assinava artigos, sempre abordando temas e assumindo posições de direita. Na AM 1010 tinha O programa Quando a Saudade Apertar, era na página do programa noturno apresentado por Nonato Albuquerque.
Themístocles já sem mandato eletivo, era do Setor Jurídico do IPEC, mas brilhava ao meio dia no programa Debates do Povo, que era o último quadro do Programa Luís Barbosa. Ao lado dos também jornalistas Adísia Sá, Dorian Sampaio, Pedro Henrique Antero e Fávila Ribeiro, Themístocles transformou-se em ícone do programa, sob a mediação de Carlos Neves D’alge. Depois o Programa Debates do Povo obteve uma nova roupagem, mas já sob o comando do competentíssimo Jornalista Nazareno Albuquerque.
As declarações de Themístocles de Castro e Silva
► “O Gonzaga Mota, totó vai trair os Coronéis que o ajudaram a se eleger”;1984
► “A Constituição dando muita prerrogativa ao Congresso Nacional, o Brasil vai ser desarmônico em seus poderes”; 1988
► “O Lula ia ser o homem mais odiado do Brasil”; 2002
► “A futura crise institucional, ia levar o Brasil para as mãos dos militares novamente”; 2002
► “Senhor Ciro Gomes quando disse que, quem votasse em Lula ia ver o atraso do Brasil, e foi ser Ministro dele, um dia ele vai ser um EX de tudo”2002.
Então será quase dez anos de sua morte, não é o que estamos vendo, e alguns fatos revendo pela história?
Como Themístocles sempre foi ligado ao Coronel Adauto Bezerra, escreveu os Livros sobre os irmãos gêmeos Humberto e Adauto Bezerra em 2001, mas que já havia lançado o livro “Antes e Depois de 31 de Março” em 1971.
Faleceu em Fortaleza na madrugada de uma terça-feira em 15 de novembro de 2011, aos 82 anos, vítima de uma parada cardíaca, ocasionada por queda da altura do próprio corpo.
Sem cortejo, seu corpo foi levado para o cemitério Jardim Metropolitano. Lá, foi cremado, em cerimônia familiar a pedido dele.
Foi casado com a farmacêutica Maria Eunice Ferreira de Castro e pai de Flávia e Cláudia de Castro.
Estação Francisco Sá Reformada pelos Ingleses. 1911
Francisco Teixeira de Sá nasceu em Recife em 1835. Durante o Império, foi presidente da província da Paraíba de 1872 a 1873 e da província do Ceará de 1873 a 1874.
Por decorrência em sua gestão no Ceará, com apenas 17 dias de governo, obteve a felicidade de participar da inauguração oficial da circulação de trens no Ceará, pela Companhia da Via Férrea de Baturité.
“No dia 30 de novembro de 1873, foi grande a expectativa, quando o maquinista José da Rocha e Silva e o foguista Henrique Pedro estacionaram a primeira composição no pátio da Estação Fortaleza transpirando ainda, odor de tinta fresca. Os discursos foram eloquentes e com aplausos os mais efusivos, cortaram a fita simbólica. As instalações foram visitadas e, com todas as honrarias a Diretoria da EFB foi cumprimentada pelo paraibano, mas que já era Presidente de nossa Província, S.r. Francisco Teixeira de Sá, e sua comitiva. Após uma revista de curiosidade na máquina à vapor, todos se dirigiram aos carros de passageiros . A locomotiva inglesa Hunslet nº 1 que havia recebido o nome de “A Fortaleza”, já bem alimentada, bufando pelas válvulas, esperou o apoteótico momento da partida. Os três carros de passageiros ficaram lotados com autoridades, convidados especiais, diretoria e funcionários da Estrada de Ferro. Foram dispensados da viagem inaugural, somente os servidores estritamente necessários para a operação e segurança do trecho. A movimentação fora intensa. O Sr. Francisco Cândido Lins, agente da Estação Central em contagem regressiva, não tirou o olho do relógio; O Eloy Alves Ribeiro verificou a acomodação dos passageiros, enquanto o Marcelino Leite deu a última olhada nos rodeiros e sistemas de freios.
Enfim quando o dia declinou, exatamente às 17. h, o sino tocou; O Mestre Rocha puxou uma corrente; A locomotiva silvou; A tração da máquina esticou os engates; Os carros se movimentaram, e lá se foi o trem dobrando na Rua Trilho de Ferro em rumo ao Arronches (Parangaba). O Ceará entrou nos trilhos.”
Do Livro do autor: Ceará que Entrou nos Trilhos, capitulo nº 3, 2015.
Estação já com o nome de Uruquê. 1913.
Já na República, Teixeira de Sá que havia retornado à sua terra natal em abril de 1874, foi eleito deputado federal por Pernambuco em 1897. Assumindo sua cadeira na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em maio do mesmo ano, foi reeleito sucessivamente em 1900, 1903, 1906 e 1909 para as quatro legislaturas seguintes. Permaneceu na Câmara até dezembro de 1911, quando se encerraram seu mandato e a legislatura.
Faleceu em Recife em 1920.
Planta Baixa e de Situação de Uruquê.
Uruquê/Francisco Sá
Em 1894 era Diretor em Chefe da Estrada de Ferro de Baturité, Diogo Ferreira de Almeida que, atendendo aos reclames do poder público, tendo à frente José Bizerril Fontenelle (General Bizerril), ao inaugurar a Estação ferroviária de Quixeramobim, também mandou que a estação de Uruquê, localidade próspera de Quixeramobim, se denominasse Francisco Sá.
Todos sabemos que existe perseguição e vingança política. O General Bizerril havia recebido o poder das mãos de Nogueira Accioly e após sua deposição, tomou o poder novamente. O Ceará inteiro conhece o quanto Accioly foi oligarca, Coronel Político. Quando ele foi deposto em 1912, nossa ferrovia estava nas mãos dos ingleses, e resolveram atender aos oponentes de Accioly.
Retiraram o nome Francisco Sá, já que havia sido indicado como Presidente da Província pelo Barão de Ibiapaba, que o colocou em novembro de 1873, e tomou novamente o poder em abril de 1874.
Nos relatórios da South American Railway Construction de 1913, consta o desaparecimento do nome de Francisco Sá, quando a estação passou a se chamar Uruquê, povoado já existente e que seria elevado à categoria de distrito em 1933. Ainda hoje é distrito de Quixeramobim.
A Estação Francisco Sá foi inaugurada em 4 de agosto de 1894 no km 221,622, juntamente com a estação de Quixeramobim, Município sede, como já lemos. Seu primeiro agente foi Hipólito Barreto de Freitas.
Uruquê já abandonada,
Então foi Assim
Quando caiu a oligarquia acciolyna em 1912, por ocasião da convulsão política a estação tomou o nome do lugarejo: Uruquê. Com o nome de origem do local, e prédio reformado com platibandas, ficou como encarregado Antônio Benttemuller, com cerimônia presidida por o Engenheiro Raul Braga, Secretário Adjunto de Mister Hull.
A Estação de Uruquê foi a primeira parada a não ser obedecida pelo trem de passageiros. Em março de 1982 foi determinado, pelo engenheiro Jorge Barreira Furtado, então Chefe do Tráfego, para que o trem de passageiros aos poucos fosse abandonando as localidades. Foi o prenúncio para que, em dezembro de 1988, parasse tudo.
Atribui-se esta imagem ao Francisco Teixeira de Sá
O Instituto Geográfico e Histórico da Paraíba não Confirma.
Imagem colhida defronte à extinta primeira residência. Ao fundo o desaparecido posto nº. 1. Até bem pouco tempo o espaço era ocupado pelas plataformas do Metrô de Fortaleza. Hoje está Tudo Desativado.
Em 7 de dezembro de 1999 o Governo Federal, com base na Resolução n.º 012 de 11 de novembro de 1999 do Conselho Nacional de Desestatização, e por intermédio do Decreto n. 3.277/99 coloca a Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA, em processo de extinção.
Após o processo de privatização, as sedes das Superintendências da RFFSA foram transformadas em Escritórios Regionais, para cuidarem de sua liquidação. Em Fortaleza ficaram apenas 22 funcionários remanescentes. Estabeleceu-se a ERFOR.
Apesar do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ter assinado a medida provisória nº. 0246, aos 6 de abril de 2005, cujo artigo 4º. “Fica encerrado o processo de liquidação e EXTINTA a Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA, sociedade de economia mista, instituída com base na autorização contida na lei nº 3.115 de 16 de março de 1957”, ocorreu uma manifestação em nível nacional e a medida fora suspensa, por não atender as reivindicações dos ferroviários e prováveis prejuízos em direitos adquiridos.
Com o inicio dos trabalhos do Congresso nacional em 2007, o Presidente Lula enviou aos congressistas o projeto de lei nº. 11.483 e com a aprovação, aos 31 de maio de 2007 foi extinta a RFFSA e criada a Inventariança da mesma. Os funcionários mesmo lotados na Capital cearense e já em numero resumido foram transferidos para a A VALEC – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
Valec é uma empresa pública, sob a forma de sociedade por ações, controlada pela União através do Ministério dos Transportes, conforme texto da Lei 11.772/2008. O patrimônio não operacional fora dividido entre o Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte Terrestre – DNIT e os prédios e acervo de valor histórico – cultural para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Engº Diógenes Tavares Último Chefe de Escritório da Extinta RFFSA
Nota do Eng.º Diógenes Linhares Tavares último Chefe de Escritório da Erfor/Inventariança:
“Assumi a chefia do Escritório Regional Fortaleza da Inventariança da extinta RFFSA em 2005. Permanecemos como chefe até 24/03/2014. Durante esse período vivemos a fase de Liquidação e por último a Extinção. O Ceará, Maranhão e o Rio Grande do Sul foram os primeiros Escritórios a terminarem O INVENTÁRIO. Como consequência seus Chefes foram em 2013, cedidos ao DNIT. A partir de 2013 o ERFOR – Escritório Regional Fortaleza da Inventariança da Extinta RFFSA continuou se mantendo, porém, sem muita atribuição aguardando apenas a formalização da Cessão do Escritório (ERFOR) ao DNÍT, o que realmente aconteceria em maio de 2016. O DNIT Absorveu o ERFOR sendo agora, o responsável pelas ações administrativas dos bens operacionais que já foram transferidos ao DNIT. Estas ações são coordenadas pela diretoria de infraestrutura ferroviária através de sua Coordenação Geral de Patrimônio Ferroviário – CGPF, em Brasília. A Superintendência Regional do DNÍT em Fortaleza, bem como as demais Superintendências Regionais que já absorveram os Escritórios da Ex – RFFSA, têm a subordinação quanto aos assuntos ferroviários perante a Diretoria de Infraestrutura Ferroviária do DNIT em Brasília”.
O Escritório antes da formalização final pelo DNIT, ficou sob a responsabilidade da funcionária de carreira Socorro Holanda, para resolver alguma pendência tendo em vista, todos os assentamentos e BPs – Boletins de pessoal no escritório lá permanecerem aguardando o arquivamento final dos órgãos competentes.
Nota 2. Um dos últimos Decreto Lei assinado pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco foi o de nº 200, aos 25 de fevereiro de 1967, quando transformou o Ministério da Viação e Obras Públicas em Ministério dos Transportes. Complementando: A ferrovia cearense em toda sua história fora atrelada aos seguintes Ministérios: Agricultura, Comércio e Obras Públicas (1870- 1893); Ministério da Indústria Viação e Obras Públicas (1893- 1909); Ministério da Viação e Obras Públicas (1909 – 1967).
Chalé da Administração da Ferrovia do Ceará
Reformado – 1922
Sala do Diretor da RVC dentro do Chalé.
Despachando doutor Demósthenes Rckert. 1925.
Referência:
Trecho do capitulo 10 do livro O Ceará que Entrou nos Trilhos, Premius,, 2015, do autor.
Primitivamente, Senador Sá era Pitombeiras, distrito de Massapê onde, em 1700 era habitada pelos índios Tapuias, cujo chefe da taba, o valente Cocochiní vivia em vigília, para repelir alguns ataques dos Arreios que dominavam às margens do Rio Acaraú.
Esses nativos embora de uma mesma cultura e sendo inimigos e rivais, respeitavam seus limites. Assim viviam em guerra fria até que, em 1713 os colonos brancos pertencentes a uma segunda expedição Governamental os atacaram, tomando-lhes as terras, as roças e como se não bastassem, até as donzelas indígenas passaram a serem suas mulheres.
Casa do Agente de Pitombeiras
Desta mistura originou-se na zona Norte do Siará Grande, os inúmeros caboclos de chapéu de palha e alpercatas, cujos remanescentes com os mesmos antigos costumes, foram habitar na Serra Verde (Massapê), Meruoca e na Pitombeiras.
Pitombeira é uma árvore sapindácea do Brasil cujo fruto é a pitomba, e o registro mais antigo de Pitombeiras que se tem conhecimento, é de 24 de outubro de 1736, quando o Capitão–Mor Domingos Simões Jurdão, doou ao Sargento-Mor Manuel Dias Carvalho, uma Sesmaria de três léguas abrangendo também a Serra da Meruoca.
Está conservada a Estação de Senador Sá
Era uma região de aspecto sertanejo, com características peculiares onde, devido propriedades rurais não entrou em decadência pois, prosperou a olhos vistos, tornando-a sucessivamente distrito, Vila e finalmente Cidade.
O povoado por força da lei nº 1.858, de 9 de setembro de 1921 foi transformado em distrito de Massapê. A terra das pitombas, estava sendo observada pela classe política e agropecuária como uma terra promissora devido ao pastoreio e o algodão, e assim se preparando para a condição de emancipação política.
O território de Pitombeiras havia recebido sua alavancada pela passagem da Estrada de Ferro de Sobral. Com altitude de 87,210 metros, aos 2 de julho de 1881, foi inaugurada a estação ferroviária de Pitombeiras, cuja cerimônia fora presidida pelo Eng.º da Estrada de Ferro de Sobral, João da Cunha Beltrão quando, triunfalmente a locomotiva nº 3 parou na esplanada. Posteriormente essas máquinas seriam apelidadas de “Monstros de Ferro com Olhos de Fogo”.
Por esse novo caminho de ferro que urbanizou os sertões, criou-se Vilas quando passaram a circular os trens da EFS, e aqui faço registro das três primeiras locomotivas à vapor. Todas adquiridas na The Baldwin Locomotiva Work, Filadélfia –USA, as mesmas tiveram os seguintes apelidos: nº 1 “Sinimbú”; nº 2 “Viriato de Medeiros” e a nº 3 “Rocha Dias” (esta foi a que esteve na inauguração de Pitombeiras).
Esta é a Locomotiva que outrora denominava-se Rocha Dias.
Com escoamento de sua produção embora faturada para Massapê, com migrações, urbanização e o crescente comercio local, não tardou sair em plena ditadura Vargas, o decreto-lei nº 448, de 20 de dezembro de 1938, mudando nome de Pitombeiras para Senador Sá, homenageando o mineiro que tinha sido Ministro da Viação e Obras Públicas (1909-10) e, um Jornalista de influência na política do Ceará, Estado que representou no Senado Federal. Estava no mandato, quando foi cassado devido a revolução de 1930. O distrito já denominado Senador Sá, ainda permaneceu integrante do município de Massapé.
As locomotivas partiam de Camocim
Não existia ligação ainda com Fortaleza
Senador Sá foi elevado à categoria de Município, pela lei estadual nº 3762, de 23-08-1957, e a Sede passou a administrar três distritos: Salão, Serrota e Crôa dos Angicos, ambos desmembrados com áreas do distrito, agora sede. O Município foi instalado em 25-09-1959.
Senador Francisco Sá
(1862 – 1936)
Como vários Municípios cearenses, Pitombeiras, hoje Senador Sá se consolidou devido à Estrada de Ferro de Sobral. O povo senadorsaense é bravo pois, sofreu com a extinção do ramal ferroviário de Camocim, em 1 de setembro de 1977. Ora se todo o progresso deste Distrito/Cidade veio com o trem, é preciso muita garra para sobreviver sem ele.
Este é o aspecto atual da Avenida 23 de agosto. (antigo trajeto do trem).
O Poder Público salvou este prédio histórico.
Para o enobrecimento da sua história, a estação ainda está de pé, para meditação dos pesquisadores e orgulho dessa gente.
Deputado Oziel Pontes
O povo senadorsaense muito lhe deve.
Fontes:
– Arquivo Público do Ceará, Fonte primária, maço dos anos 1700, folha 290;
– Inesp, Assembleia Legislativa do Ceará, Legislatura 1951-55;
– Relatórios da Estrada de Ferro de Baturité (1875-78), Estrada de Ferro de Sobral (1881-1882).
Em 1960 quando a televisão entrou no ar em território cearense, o talento dos jornalistas da época tinha desafios na elaboração dos produtos até então desconhecido, mesmo por os que labutavam no rádio. A notícia que que ter o formato de atração, senão o telespectador não se prendia ao que se narrava. A televisão ampliou, dando novo impulso necessário para formatar a sociedade nesse veículo informativo, com discurso legitimando as propostas da linha editorial.
Um dos noticiosos de maior credibilidade, era o Matutino Pre9 muito bem conduzido por Aderson Braz, que nem um pouco se abalou com o surgimento da televisão. Os que migraram da Ceará rádio clube, apenas acompanharam o compasso da notícia, mas ninguém estava qualificado para viver essa nova fase com este poderoso veículo.
Aderson Braz
A equipe jornalística da Ceará Rádio Clube, propôs de início a que fosse levado ao ar de segunda a sábado, O Repórter Cruzeiro e o Correio do Ceará na TV. Aos domingos apenas resenha lidas do Jornal Unitário.
Os noticiosos, segundo Eduardo Campos “Não cabia ancoragem, pois tinha os apresentadores apenas de ler”. Recebiam as notícias devidamente elaboradas por Luciano Diógenes, Tarcísio Holanda e J. Ciro Saraiva. O slogan era “informar e muito bem informar sem deixar lacunas, por telespectador exigente”.
O governador Virgílio Távora, em seu primeiro Governo na eleição de 1962, certa vez telefonou de seu gabinete no Palácio da Luz para a TV, contestando uma notícia, ao qual por sua vez recebeu a resposta de Aderson Braz que o atendeu: “E foi verdade Governador, cobre de seu assessor a responsabilidade deste ato”. Era assim a credibilidade dos noticiosos dos Associados de Assis Chateaubriand.
Aderson Braz e Cândido Colares
Acontecia fatos inusitados que viraram notícia no Ceará, a pergunta era esta: “Saiu na Pre9 ou na TV?”. Porque se não tivesse sido noticiado, o povo ficava com dúvida.
O Correio do Ceará na TV em sua primeira página durou pouco pois, foi fechado um acordo com a Companhia aérea Real, que passou a ser cliente da TV Ceará Canal 2; então o noticioso passou a denominar-se Repórter Real, e aí o mesmo foi encampado por Cândido Olímpio Colares, que vindo do Crato passou também a substituir Narcélio Limaverde no Repórter Cruzeiro. Foi formada a dupla Aderson e Cândido Colares. Colares foi substituir Hermano Justa na bancada do Matutino Pre9.
Narcélio inaugurou o Repórter Cruzeiro
A Companhia aérea Real posteriormente foi adquirida pela Varig, e o telejornal desapareceu temporariamente. Continuando o Repórter Cruzeiro que era patrocinado por uma loja líder em confecção “A Cruzeiro”. Sempre em suas edições dizia: “O Repórter Cruzeiro traz a notícia que você lerá amanhã”. O Correio do Ceará na TV por questões de patrocínios, voltou para a TV.
Em abril de 1961, chegou mais um noticioso na TV em formato de flash: O Noticiário Relâmpago, sendo mantido pela “Casa das Máquinas o Maior Crediário do Ceará”. Ia ao ar em três edições: as 18.58 h. as 19.40 h e a última as 21.22 h. A apresentação era do jovem Paulo Limaverde irmão do Narcélio. Reforçando a equipe, chegaria em 1963 Assis Santos, Teobaldo Landim e Egídio Serpa.
Paulo Limaverde e Noticiário Relâmpago
Foi assim que sem o auxílio do vídeo tape, iam para o ar as notícias com apenas fotos paradas, e comerciais quando não eram ao vivo, propagavam com locutores de cabine.
Este feito heroico precisa ser anexado a história. Quem não lembra de Oliveira Filho que ao ler as notícias fazia malabarismo no pescoço em que, precisava ficar atento ao papel em suas mãos, e outra de olho na luzinha vermelha da câmara.
Cândido Olímpio Colares
Com a chegada do vídeo tape de 1965-66, então começaram a aparecer enlatados que as vezes não condiziam com a realidade, e muitos chegavam a esta colocação quando outrora assistiam notícias internacionais, à época do Repórter Real.
Muita coisa ficou pastelão na Televisão Brasileira.
Galeria dos anunciantes dos telejornais.
Estelinha garota Propaganda da Real
Referências:
– Campos, Eduardo: 50 anos de Ceará Rádio Clube, UFC, 1984;
– Idem, TV Ceará a fábrica dos sonhos, UFC, 1999;
– Carvalho, Gilmar: A Televisão no Ceará, Industria Cultural, Consumo e Lazer Omni ,2004;
Todos que palmilham pela Praça do Ferreira, se defronta no canto Nordeste já na calçada do Edifício Sul América, com a Placa TRAVESSA PARÁ. Teria sido abandonado esse indicativo, ou alguém teria afixado como lembrete de algo? Como existir um sentido para esse quase abandonado nome?
A compreensão virá a todos quantos mergulharem na história de nossa Fortaleza, a Loura do sol e Branca dos Luares. É só fazer um comparativo com fotografias antigas e logo veremos a existência de um quarteirão que desapareceu.
Existia entre esta placa e um sobrado que datava de 1825, uma via chamada “Travessa Boa Vista”. Este imóvel foi erguido sobre areal frouxo, de onde se observava alguns cajueiros rodeado de casebres, destacando-se o sobrados do comendador Machado (hoje Excelsior), também construído em 1825. Haveria de se cavar no meio desse campo uma cacimba de 1850, ainda hoje existente.
Entrada da Travessa Pará pela Rua major Facundo
Neste primeiro ou já segundo quartel do século XIX, tinha o “beco do cotovelo”, com casas em diagonal, que à posteriori seria derrubado por Antônio Rodrigues Ferreira, o boticário que chegou a governar a cidade como presidente da Câmara Municipal. Por isto que, depois de incrementada o logradouro passou a se chamar Feira Nova, Dom Pedro II, da Municipalidade e desde 1871, leva o nome de Praça do Ferreira. O Beco do Cotovelo é a Rua Pedro Borges de hoje.
No meio da Travessa
Quarteirão Incendiado
Voltemos a Travessa Boa Vista
O sobrado já mencionado foi batizado de “Sobrado do Pachecão”, e diga-se de passagem foi o primeiro a ser erguido com cal e tijolo da cidade. O imóvel construído por o português Francisco José Pacheco de Medeiros, foi adquirido em 1831 para acomodar o Legislativo, ou seja o poder público municipal. Por o valor de 6:593$984 (Mais de seis contos de réis) pagado de quatro vezes, conforme escritura de 24 de janeiro de 1831, em cuja área surgiria a belíssima Intendência.
Entrada da Travessa pela Rua Floriano Peixoto
Foi neste prédio que funcionou o primeiro relógio público da cidade
21 de dezembro de 1932
Funcionava em baixo a Casa de Câmara com nove vereadores e na parte de cima o Gabinete do Intendente, que era o prefeito. Em 21 de dezembro de 1932, a Intendência ganhou um relógio que iria ser concorrido um ano após pela coluna da hora, no seio da Praça do Ferreira. Como o post é sobre a Rua Pará, deixemos para outra oportunidade o funcionamento dos poderes executivos e legislativo da Fortaleza, de antes de ontem e ontem.
Visto da Praça do Ferreira
Em 1941 ocorreu um incêndio numa das lojas, e alastrou todo o quarteirão atingindo inclusive a Intendência. Houve rumores e até fizeram maquete para reconstrução pelo menos no prédio da Intendência, o que não aconteceu.
Reaproveitamento de parte da Travessa
A Casa Mundlos, A Crisanto, A Livraria Edésio, Café Emidio, A Bahiana, Loja Paraense, Auto-Volante, A Libertadora que mesmo na esquina da Floriano Peixoto não foi poupada. O prefeito Raimundo Alencar Araripe e o Interventor Menezes Pimentel, alegando insegurança no local, destruíram. A administração municipal foi ocupar o espaço do Clube Iracema, na praça dos Voluntários. Foi reservado um espaço para a Guarda da documentação da Cãmara pois, o legislativo estava fechado, devido a Ditadura Vargas.
Com o terreno desocupado, houve uma extensão da Praça do Ferreira, que ficou em dois blocos, inclusive com a construção do Abrigo Central que, no local esteve de 1949 até 1967. Com a péssima reforma do Prefeito José Walter, uniu o logradouro com aqueles jardins suspensos que não agradou a ninguém. Na gestão de Juraci Magalhães, em 1991 a praça do Ferreira foi devolvida ao público.
Outra Vista Aérea do Quarteirão desaparecido
Justificamos historicamente a questão da Placa mas, por que Pará?
Quero dá uma síntese biográfica, do Tenente-Coronel Felipe de Araújo Sampaio, cearense de São Francisco da Uruburetama, nascido aos 13 de setembro de 1834.
Saiu aos 19 anos para frequentar a Escola Militar do Rio de Janeiro. Concluído o curso foi para a Província do Pará, sagrando-se encarregado pelo Governo da montagem de um laboratório politécnico, e ali conservou-se até 1865 quando foi para o Paraguai.
Ao voltar ao torrão natal Ceará, entregou-se à política que de si, lhe deu postos importantes e de confiança, mas acarretou-lhe também dissabores e a propaganda abolicionistas, que o sagrou um do seus chefes.
Abandonando a carreira política, Felipe Sampaio fez-se como propagandista das ideias as mais generosas e altruístas: seu grande amor, aos pobres e aos fracos deu-lhe o lugar de presidente da Sociedade as Sociedade São Vicente de Paulo e o levou a instituir a Associação das Senhoras da Caridade de Fortaleza.
Lagoa do Garrote
Este ardor de caridade o acompanhou sempre, e disto deu provas em Pernambuco, onde foi sub gerente da Companhia Ferro Carril.
Atendendo convite do governo Paraense, nosso cearense de Uruburetama, assumiu em Belém a chefia do Tráfego da Companhia Urbana Paraense.
Cansado e crescendo seus males que já vinha padecendo, Felipe Sampaio transferiu sua residência para castanhal, onde ali aos 27 de outubro de 1902 venho a falecer.
Imagens do Monumento de Apolo
Agora vamos fazer a correlação Histórica
O Parque da Liberdade propriamente dito, era um Jardim murado que rodeava a antiga lagoa do Garrote, com seu portão que dava para a igreja do Coração de Jesus até 1957.
Aos 13 de outubro de 1903, ocorreu o assentamento da 1ª pedra fundamental do Convento dos Padres Capuchinhas situado por detrás da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Boulevard do Livramento (Duque de Caxias) e Rua Pero Coelho, cerimônia presidida pelo reverendo Vigário Geral do Bispado, Monsenhor Bruno de Figueiredo.
Então tomando conhecimento destes acontecimentos, o Governador do Pará, Augusto Monte Negro, em gratidão aos cearenses que muito fizeram por seu Estado, enviou para Fortaleza a famosa estátua de Apolo, símbolo de Liberdade, que hoje ainda está lá.
Na intendência de Fortaleza, Gestão Guilherme Rocha, por proposta do Vereador José Elói, foi aprovado no Governo Pedro Borges e, a Travessa Boa Vista no final de 1903, denominou-se TRAVESSA PARÁ.
Tenente-Coronel Felipe de Araújo Sampaio
Augusto Monte negro
Governador do Pará
Referências:
Revistas do Instituto do Ceará anos 1905 e 1942.;
Arquivo Público do Estado Ceará;
Cearenses Notáveis, Silva Nobre.
Arquivo do Autor;
Nota: As imagens das ruas Major facundo e Floriano Peixoto Centro de Fortaleza antiga, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.
Era diretor da Rede de Viação Cearense – RVC, o Dr. Luciano Martins Veras, tendo como Chefe do Departamento de Mecânica nas oficinas dos Urubus¹ o Dr. Hugo Rocha. Seu assessor administrativo já alguns anos era Valdemar Cabral Caracas. Acontecia muitas vezes de terminado o expediente, no inicio da década de 1930 os metalúrgicos tanto no final do horário, quanto entre jornadas extras, coordenadas por Valdemar Caracas formaram duas equipes para amistosamente preencherem o tempo. Formaram-se as equipes Mata Pasto e Jurubeba, e num campo improvisado dentro das oficinas num matagal por eles mesmos demarcados. Faziam torneios sem ainda nenhuma pretensão futebolística profissional.
Valdemar Caracas em 1929.
Carteira do Fundador do FAC
Aos 9 de maio de 1933, Valdemar Caracas começou a trabalhar no sentido de melhorar a equipe e fez uma fusão dos dois times culminando no Ferroviário, fundado por humildes trabalhadores a maioria do setor de Locomoção da saudosa Rede de Viação Cearense (RVC). Assim o Ferroviário Atlético Clube surgiu. No período de 1934 a 1937 o Ferroviário participava apenas dos campeonatos de subúrbios.
Em 1936 Caracas tornou-se locutor da Ceará Rádio Clube – PRE9 e lia as resenhas, indo para a história como primeiro cronista esportivo do rádio cearense.
Eng José Walter em 1965 visitando o terreno.
Trator aplanando o campo
Valdemar Caracas dando o chute inicial
O Ferroviário, time dos operários da RVC em 1938 participou oficialmente do campeonato cearense, sendo reconhecido pela Associação Desportiva cearense – ADC; foi assim que o Tubarão da Barra nasceu. Foi graças ao prestígio de Valdemar Caracas, que muitos jogadores entravam para os quadros da RVC, unicamente para jogar no Ferroviário. O interessante era que também tinha gente que jogava de graça, porque já era empregado da RVC como foi o caso do Cristiano Valter de Moraes Rôla, o médico conhecido como Dr. Kitt.
Doutor Kitt jogava na ponta direita
CRONOLOGIA DE UM CAMPEÃO COM OS CAMPEÕES
►1945: Zé Dias, Alderir, Expedito, Caranguejo, Benedito, Dandoca, Chinês, Oswaldo, Duó, João Bombeiro, Toinho, Charutinho, Aracati, Almeida, Toinho II, Babá e Pipi. Treinador: Valdemar Caracas.
►1950: Zé Dias, Nozinho, Manoelzinho, Benedito, Índio, Vicente Trajano, Vareta, Dudu, Chico três orelhas, Fernando, Zé Mario, Coimbra, Pipi, Macaúba, Nirtô e Manuel de Ferro. Treinador: Babá.
Da esquerda para direita em pé: Massagista, Breno, Luiz Paes, Hamilton Ayres, Marcelino, Gomes e Coca-Cola; sentado numa bola Nido.
Agachados na mesma posição: Simplício, Uriel, Edmar, Zé Lins.
Ônibus do Ferrim
Mercedes Benz ano 1956
DIRETORES DO FERRIM
►1933/33 José Roque;
►1933-34 Antonio Leite Barbosa;
►1934-34 João Francisco do Nascimento
►1934-38 José Maciel;
►1938-40 Antonio Pereira do Nascimento;
►1940-40 Armando Campelo;
►1940-40 Humberto Monte;
►1940-41 Heitor Ribeiro
►1941-41 Cícero Pereira carvalho;
►1941-41 Heitor Ribeiro;
►1941-43 Jaime Quitaz Perez;
►1943-43 Vicente Sales Linhares;
►1943-43 Antonio Pereira de Menezes;
►1943-45 Honório Correia Pinto;
►1945-58 Francisco Porfírio Sampaio;
►1958-59 Elzir Cabral;
►1959-59 Walter Machado Ponte;
►1959-59 Gontram, Pinho;
►1960-61 Francisco Porfírio Sampaio;
►1961-63 Francisco Isidoro Pessoa;
►1963-64 Etevaldo Nogueira Lima;
►1964-64 Eutídes Eduardo de Alencar;
►1964-64 Milton Ribeiro de Souza;
►1964-64 Valdemar Gomes da Silva;
►1964-64 Augusto Borges;
►1964-66 Elzir Cabral;
►1966-66 Jonas Carlos da Silva;
►1966-67 Wilson Leite Linhares;
►1967-67 Elzir Cabral;
►1967-67 José Firmo Frota Melo;
►1968-69 Elzir Cabral;
►1969-1972 Jose Rego Filho;
►1972-73 Aníbal Arruda;
►1974-75 Aquiles Peres Mota;
►1975-1975 Antonio Telmo Bessa;
►1975-1977 Chateaubriand Arrais;
►1978-78 Célio Pamplona;
►1979-79 José Rego Filho;
►1980-81 Antonio Carlos Montenegro;
►1982-84 José Lima de Queiroz;
►1984-84 Moacir Pereira Lima;
►1984-87 Caetano Bayma;
►1988-89 Domar Pessoa;
►1990-90 Vicente Monteiro;
►1990-91 Múcio Roberto;
►1992-93 Edilson Sampaio;
►1993-97 Clóvis Dias;
►1998-99 Carlos Alberto Mesquita;
►2000-00 Carlos Alberto Mota;
►2000-00 Jorge Bruno;
►2000-00 Vilemar Rodrigues;
►2001-01 Francisco Willian Braga Rocha;
►2002-03 Múcio Roberto;
►2004-07 Paulo Wagner Pinheiro;
►2007-08 Francisco Machado Neto;
►2008-10; Paulo Wagner Pinheiro.
►2009/10 José de Ribamar Pinto Soares
►2011/11 Luiz Gonzaga Neto
►2011/13 Vanderley Farias Pedrosa
►2013/15 Edmílson Alves Júnior
►2015/16 Carlos Alberto Mesquita
Engº Elzir de Alencar Araripe Cabral
(1926 – 2008)
Entrada Primitiva
VILA OLÍMPICA ELZIR CABRAL
Por iniciativa do Engº. Elzir de Alencar Araripe Cabral foi o terreno adquirido pela diretoria do Ferroviário Atlético Clube, em uma boa localização, até mesmo privilegiada com (na época) uma arborização fantástica, embora hoje esteja sufocado por conta das transformações paisagísticas, efeito da já esperada explosão habitacional na Barra do Ceará.
Na Câmara Municipal de Fortaleza. 2007.
Por Proposta do Ex-ferroviário e Vereador José do Carmo Gondim Homenageando Valdemar Caracas. Cem anos de Idade. Tornou-se o Símbolo do Futebol Cearense.
Vila Olímpica Elzir Cabral
Ferroviário Atlético Clube – Vila Olímpica Elzir Cabral
Rua Dona Filó, 650 – Barra do Ceará – CEP: 60330-060
Campo do Prado, que se transformaria no Estádio Presidente Vargas.
Curiosidades:
O estádio Presidente Vargas, ou simplesmente PV, foi construído no início da década de 40 apresentando instalações super modernas para a época. Com arquibancadas e cercas (atuais alambrados) de madeira, a grande maravilha do PV era mesmo o gramado visto que até então, todos os campos na cidade de Fortaleza eram de barro batido e molhado antes das partidas.
A inauguração do estádio aconteceu em 21 de setembro de 1941, com o jogo Ferroviário 1 x 0 Tramways /PE, sendo o primeiro gol do estádio marcado pelo jogador coral Chinês, aos 20 minutos da etapa inicial.
Oficialmente, o maior público já registrado no PV foi de 38.515 pagantes, no jogo Ferroviário 1 x 1 Ceará, no dia 7 de maio de 1989.
Nota 1: As oficinas dos urubus em 1951 denominou-se, Demósthenes Rockert; em 1998 passou a sediar a Companhia Ferroviária do Nordeste, hoje Transnordestina Logística S/A.
Nota 2: Todas as fotos do time ferroviário deste capítulo, foram reproduzidas com negativos originais, gentilmente cedidos pelo fotógrafo José Augusto então chefe do atelier da RFFSA. As informações foram extraídas do Site Oficial do FAC, e do arquivo pessoal do pesquisador Eugênio Fernandes Fonseca.
Nota 3: As fotos das Oficinas e do Campo do Prado, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.
Locomotiva nº 30 que tracionava o trem dos operários
Quando morador da Vila São José no bairro Jacarecanga, contemplava a passagem de uma locomotiva á vapor, a chamada “Maria Fumaça”, que correndo e bufando pelas válvulas, despertava a curiosidade de todos. Na minha meninice se existia algo que amedrontava os guris do meu tempo, era aquela coisa preta correndo e cantando o poema de Manuel Bandeira “Café com Pão”. Pobres crianças! Não puderam alcançar emocionante viagem de trem com máquinas à lenha, afinal a última locomotiva desse tipo circulou no Ceará em 1 de janeiro de 1963.
Mas, que trem era aquele? Respondeu-me um ferroviário: “É o trem dos operários das oficinas do Urubu”. A Vila onde nasci acompanhava todo o movimento ferroviário pois, é lá onde há a separação das linhas de Baturité (sul) e Sobral (norte) formando o triângulo onde, até 2010 ainda circulava trens.
Em 1972 ingressei no Colégio ginasial José Waldo Ribeiro Ramos (ex-Centro Educacional Ferroviário), tornando-me passageiro do trem dos operários. Para orgulho nosso, nesse trem tinha um carro exclusivo para os estudantes. Passei então do lado de fora, para o de dentro. A composição tinha cinco carros e era assistida pelo condutor de nome Daniel, que revezava com o Sr. Antonio.
A Partida do trem dos operários da estação Prof. João Felipe, era às 6.30 h e tinha 12 minutos de percurso obedecendo as seguintes paradas: Padre Mororó, Marinha, Vila Assis, Francisco Sá, Av. Pasteur e a estação de Álvaro Weyne que, na época era depois da passagem de nível da Av. Dr. Themberg.
Quando aluno/passageiro desse trem, o mesmo era puxado pelas locomotivas Brockville (pequenina) e a Whitcomb nº 623 que tinha motor de caterpillar (era um barulhão!).
Em 1981 ingressei no quadro de funcionários da RFFSA, o que me possibilitaria com responsabilidade, com a devida autorização do Setor de Patrimônio, ter acesso a documentos, oportunidades para entrevistas, reprodução de fotografias e assim resgatar a história daquele trem de minha infância e, nascendo o espírito de pesquisador de uma empresa de tamanha grandeza.
Portanto, recuemos no tempo.
Antigas Oficinas na Estação Central . Foto de 1911
# As oficinas da então Estrada de Ferro de Baturité foram inauguradas aos 9 de junho de 1880, sendo diretor da Companhia o Engº Amarílio Olinda de Vasconcelos, que nomeou José da Rocha e Silva para ser seu mestre geral.
Devido ao crescimento da Empresa, expansão no pátio de manobras, a construção de armazéns e uma grande reforma por que passou a RVC em 1920, a Estação Central não podia mais comportar os trabalhos de manutenção mecânica, e foi quando foram iniciados os estudos quanto ao local da futura instalação das oficinas.
Em 1922 o Sr. Antonio Joaquim Carvalho Junior (Cel. Carvalho), havia doado para a União um terreno no bairro do Urubu, bem na beira da Estrada da Barra do Ceará. A Rede de Viação Cearense nesse tempo estava sob o comando da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas – IFOCS, atual DNOCS.
Administração das Oficinas. Foto de 1929.
O Inspetor Arrojado Lisboa conseguiu junto ao Governo federal que, o referido terreno fosse destinado para a Rede de Viação Cearense e assim, construir o tão almejado complexo arquitetônico.
Com o terreno à disposição da RVC e já sob o comando de Demósthenes Rockert, o engenheiro Otávio Bonfim ficou como encarregado para consolidar o projeto junto a Firma “Alfredo Dolabela Portela & Cia” em 1922. Assim em 1929 com os galões já prontos, começaram o translado das máquinas e o material pesado.
Composição do trem dos operários.
Enfim na gestão de Abraão Leite, aos 4 de outubro de 1930 ocorreu a apoteótica inauguração das Oficinas. Por portaria, é criado o “Trem dos Operários” que passaria a ser tracionado por uma locomotiva “The Baldwin Locomotive Work” tipo 0-4-0, cuja fabricação é de abril de 1922. Essa é a máquina que depois assombraria as crianças, da minha bucólica Vila da Usina São José.
Pois bem, em 1977 o Eng.º José Walter Barbosa Cavalcante que era o Superintendente Adjunto de Operações – SOP, determinou sua erradicação, quando o mesmo era conduzido pela última locomotiva existente da marca Whitcomb. A de número 617. #
Locomotiva Whitcomb nº 617
É como disse Raquel de Queiroz: “Menino criado em beira de linha fica com o trem no sangue”.
Fundada em 1929 como Nyrba, a empresa foi comprada em 1930 pela gigante americana Pan American Airlines e se tornou sua subsidiária brasileira. A companhia marcou época no País entre as décadas de 1930 e 1950. Sofreu pressões para ser nacionalizada ao final dos anos de 1950, mas resistiu até 1965, quando um decreto do governo militar suspendeu suas linhas.
Varig
Ela já foi considerada uma das maiores companhias aéreas do mundo e por quase 80 anos teve participação vital para o desenvolvimento aéreo brasileiro.
Responsável por grande aumento de rotas internacionais partindo do Brasil, entre as décadas de 1950 e 1970, sendo comparada com gigantes da Europa e Estados Unidos. Em 2001 foi a primeira a receber o Boeing 777-200ER, que vinha com um então inédito sistema de entretenimento individual.
Apesar do nome e tamanho, a Varig sofreu com má administração. O cenário da concorrência também não era favorável com a criação da gigante Latam, e o endurecimento de regras de aviação Após o 11 de setembro DE 2001.
Em julho de 2006, a empresa pediu recuperação judicial e tentou dar a volta por cima como Flex Linhas Aéreas, porém, o plano não foi colocado em prática, e em novembro de 2009 a Varig operou seu último voo comercial.
Vasp
Se você andar ao redor do aeroporto de Congonhas em São Paulo, é possível ver alguns aviões com a pintura branca e azul bebê caindo aos pedações, e na lateral ler o nome da Viação Aérea São Paulo.
Fundada em novembro de 1933, a empresa pediu ajuda do governo do Estado de São Paulo em 1935 e foi estatizada. Ela voltou a ser privada em 1990, quando deixou de ser apenas uma companhia regional para começar a expansão internacional. A decisão foi atabalhoada e foi o início do fim da empresa, que acabou oficialmente em janeiro de 2005, após operar apenas 18% de seus voos programados para 2004.
Cruzeiro
Nascida em 1927 com o nome Syndicato Condor, foi fundada por herdeiros de uma companhia aérea alemã que viria a se fundir com a Lufthansa, porém, com o alinhamento do Brasil com o aliados na segunda guerra mundial, a empresa escolheu por mudar seu nome para cortar os laços germânicos. Começa a operar internacionalmente em 1947, mas a partir da década de 1970 se viu em dificuldades para competir com Varig e Vasp, que disputavam controle acionário da companhia aérea. Na queda de braço, foi melhor para a Varig.
Transbrasil
Foi fundada em 1955 sob o nome de Sadia S.A. Transportes Aéreos por Omar Fontana, filho de Atílio Fontana fundador da Sadia. Mudou de nome em 1970, quando abriu o capital da empresa. Ao final daquela década, a empresa figurava entre as três maiores companhias aéreas do Brasil.
Omar chegou a processar o governo por conta dos impactos negativos dos planos econômicos para sua empresa, ação que resultou em seu afastamento em 1988. Pouco mais de um ano depois, ele voltou a empresa cujo interventor havia vendido diversos ativos.
Armou uma expansão internacional na década de 1990, porém, sua morte em 2000 tirou a empresa do rumo e em 2002 a empresa declarou falência.
Lóide Aéreo Nacional
Fundada em 1938 como Navegação Aérea Brasileira, assumiu o nome Lóide Aéreo Nacional em 1948 e operou até 1968, quando foi incorporada pela Vasp. Entre 1956 e 1958, a empresa realizou um acordo com o Panair do Brasil para evitar competição predatório, dividindo suas linhas de acordo com territórios de influência.
Transportes Aéreos da Bacia Amazônica (TABA)
Com o dinheiro da venda da Lóide para a Vasp, o coronel Marcílio Gibson Jacques comprou a Nota, uma pequena empresa de táxi aéreo e a transformou na Taba em 1976. Porém, o empreendimento nunca virou, e em 1999 a companhia acabou.
Real Aerovias
De ascensão meteórica, a empresa foi fundada em 1945 operando a rota Rio de Janeiro – Brasília, mas logo começou a adquirir diversas companhias aéreas menores para expandir para a América do Sul, mas acabou sendo comprada pela Varig em 1961. Essa companhia foi uma grande parceira da Rádio Iracema de Fortaleza, e da TV Ceará Canal 2.
Nordeste Aviação Regional Linhas Aéreas (Noar)
A Noar nasceu em 2009 com boas intenções de ligar os municípios do interior com os grandes centros do Nordeste, porém, ela é mais lembrada por seus acidentes. Em 13 de julho de 2011 uma aeronave que partia de Recife em direção a Mossoró teve problema após a aterrissagem e tentou pousar na Praia de Boa Viagem, o que causou a explosão do avião e a morte dos dois pilotos e 14 passageiros. Após o caso, a ANAC suspendeu seus voos e em 2014 retirou sua licença de operação.
Primeira aeronave da Paraense no Alto da Balança
Paraense
A Paraense Comercial LTDA foi fundada em 22 de fevereiro de 1952, por Antônio Alves Ramos Junior, com sede em Belém/Pará. Realizou seu primeiro voo aos 30 de março com um anfíbio PBY-5ª Catalina que pertencia a Aero Geral.
Assim foi inaugurada a linha Belém – Pedro Afonso em Goiás, mas a meta era o grande eixo Rio – São Paulo. Essa extensão ocorreu em 1955.
Com a mudança da Razão Social para, Paraense Transporte Aéreos em 1957, foi iniciado o transporte de passageiros com a aquisição de aeronaves para tal. No início só existia autorização para transporte de cargas.
Apesar de alguns acidentes, a companhia entrou para a era das turbinas, comercialmente batizadas na época de Hirondelle.
Devido as operações ficarem deficitária, e com problemas de manutenção e escassez de peças de reposição, sua licença operacional foi cancelada e no dia 29 de maio de 1970, a empresa foi extinta.
Fontes: Revistas O Cruzeiro, Jornais Correio do Ceará, ANAC e Leocácio Ferreira.
A implantação do aeroporto de Fortaleza, remota ao final da década dos a nos de 1920. Os anfíbios que desciam nas águas do Rio Ceará na Barra, limite Oeste de Fortaleza com o Município de Caucaia, Soure na época.
Anfíbios nas águas do Rio Ceará
Com o desaparecimento dos Hidros, a aviação com novos modelos agora com rodas, e iniciando-se o turbinamento, foi para um Campo no Alto da Balança, e foi quando em 1946, recebeu o nome de Campo de Aviação. Chegava a era dos Hirondelles.
Aos 13 de maio de 1952, já com estrutura de terminal, e no Cocorote, recebeu o nome de Aeroporto Ponto Martins, na Vila União em local próximo à lagoa do Opaia, no hoje Bairro Vila União. Depois em 1966 foi totalmente reformado, recebendo Hangar.
Base de Embarque
Em 1970, quando menino andava muito num bairro hoje com a nomenclatura apagada: Serrinha. Eu ia para a casa de minha tia Maria José (Zezé), e quase todos os fins de semana. Rua Bruno Valente e o número da casa agora me escapa. (Hoje é Passaré).
Existia no fim dessa rua ainda descalça, uma lagoa chamada “Lagoa da Rosinha”. Observávamos, eu, meus irmãos Flávio e Olavo; os primos João e Valério, além da meninada que a gente passou a conhecer, e que morava na Rua Anita Garibaldi, na perpendicularidade à Rua Bruno Valente. Ao largo uma cerca de arame liso, com amarrações de cimento armado, não era cerca comum e uma placa com os dizeres:
“ÁREA MILITAR. ENTRADA PROIBIDA.
MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA”.
Observemos as transformações sociológicas e paisagísticas:
Nesta vista aérea está marcada a Base Aérea de Fortaleza e o Alto da Balança. Os primeiro pousos das aeronaves foram lá.
Trafegar hoje na Avenida Carlos Jereissati, poucos sabem o porquê daquela embocadura, defronte ao novo aeroporto. Até parece que o mesmo fora erguido em cima de um local aterrado, devido ao desnivelamento das casa defronte.
Amelia Earhart, a pioneira na aviação Brasileira. Avião no Alto da Balança.
Naquela pista que segue rumo sul em declive, quase no frontispício do Pinto Martins, era a rua que em 1970, tinha a desaparecida Lagoa da Rosinha. Da Rua Anita Garibaldi, para o local do novo aeroporto, área militar, tinha um serrote, daí o nome Serrinha.
Enfim, transferido para a hoje Avenida Carlos Jereissati, o atual aeroporto foi inaugurado em 17 de junho de 1998, mas já com modernas instalações e estruturas para voos internacionais.
Adendo:
Álbum de Fortaleza, Paulo Menezes 1931 pág. 029
Nota: Neste post, obtive colaboração iconográfica de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.