BONDE TEM HISTÓRIA E O JACARECANGA FAZ PARTE.

 

Bonde do Jacarecanga

 


  Bonde Soares Moreno.

 

 Jacarecanga como poucos bairros, teve o privilégio de emprestar seu solo para aquele tipo de transporte ferroviário, quando começou o seu serviço já na tração elétrica.

A Companhia Ferro Carril que tinha um prédio administrativo na Praça do Ferreira, foi inaugurada aos 24 de abril de 1880 com 4.210 metros de linhas para bondes de tração animal, cujo contrato para assentamento dos trilhos, remota ao mês de agosto de 1875.

 

 Ponto de Partida da Ferro Carril

Ficava na Rua da Intendência por detrás do Café Java

Praça do Ferreira

 

Bondes de Tração Animal

 

 

 

 

 

O ponto zero era na Praça do Ferreira de onde partia todos os bondes, sendo os primeiros para a Estrada de Messejana (Visconde Rio Branco) e para o Matadouro Público (Hoje Bairro Farias Brito), próximo onde funcionou a desaparecida Estação ferroviária de Otávio Bonfim, na Estrada do Barro Vermelho (Avenida Bezerra de Menezes).

 

Como surgiu o Bonde Elétrico em Fortaleza

Em 17 de junho de 1910, com a apoteótica inauguração do Theatro José de Alencar na então Praça Marquês do Herval, muitos europeus vieram para aglutinar os efusivos aplausos por a abertura dessa casa cultural.

 

O assunto de Bondes Elétricos foi ventilado por um grupo de ingleses em uma reunião de acolhimento em casa do Presidente do Ceará Antônio Pinto Nogueira Accioly; ao Intendente de Fortaleza Guilherme Cesar Rocha; ao Secretário da Fazenda Raymundo Leopoldo Coelho Arruda e ao Presidente da Assembleia Legislativa deputado Belisário Cícero Alexandrino.

 

Já que o Theatro havia sido inaugurado numa sexta-feira, o fim de semana foi aproveitado para esta conversa aparentemente amistosa mas, amadureceu quando saiu um protocolo de intensões. A casa do Presidente Accioly ficava na Rua da Municipalidade, esquina com Rua 24 de maio.

 

Casa de Nogueira Accioly

 

Então, no dia 08 de maio de 1911, cria-se a Usina de Luz e Força do Passeio Público, da firma The Ceará Tramway Light & Co. para alimentar os bondes, que eram de tração animal e passariam a ter tração elétrica. Assim caducaria o contrato com a Ferro Carril, que já pertencia a J. Pontes & Companhia.

 

O lançamento da pedra fundamental, da usina e casa das máquinas para bondes (Tramway) elétricos de Fortaleza, da The Ceará Tramway Light & Co.  no Passeio Público (Usina) ocorreu no dia 9 de maio de 1912. Já a Central foi localizada no chamado calçamento de Messejana, depois Boulevard Visconde do Rio Branco, entre as ruas Padre Valdevino e a Rua da Bomba (hoje Rua João Brígido).

 

A história dos bondes tanto tração animal, como a elétrica é extensa, por isso quero me deter ao Bonde do Jacarecanga, recapitulando apenas que aos 8 de maio de 1911, havia sido criado a usina de força e luz do Passeio Público, da Firma Ceará Tamway Light & Company, para alimentar a tração elétrica dos bondes, erradicando os de tração animal.

 

Dentre as eram onze linhas criadas pela Light, apenas duas serviam ao bairro Jacarecanga: Soares Moreno e o de Jacarecanga. Os bondes da linha Soares Moreno tinha o seguinte trajeto: Praça do Ferreira → Rua Guilherme Rocha → Rua Tereza Cristina → Rua Castro e Silva → Padre Mororó fazendo ponto final na esquina da Rua Francisco Lorda, na época Tijubana, e que já havia sido chamada de “Travessa Camocim”. O de Jacarecanga iniciado em 1914, fazia o mesmo percurso do Soares Moreno, com o seguinte aditivo: da Rua Guilherme Rocha, seguia para a Praça Fernandes Vieira (Atual Gustavo Barroso), fazendo o contorno até levarem os alunos na porta do Colégio Liceu e da Escola Fernandes Vieira.

 

Em 1926, o industrial Philomeno Gomes, junto com o Desembargador Moreira, usaram do prestigio e conseguiram com a direção da Light para que, a linha do bonde Jacarecanga fosse até defronte à recém inaugurada fábrica de tecidos São José, beirando a linha do trem da Rede de Viação Cearense.

 

O autor destas linhas ainda alcançou a abandonada casinha de força e uns velhos cabos elétricos caídos, e cortados num poste de ferro, no canto Noroeste do Cemitério São João Batista. Aqueles materiais entregues às intempéries foram os últimos detalhes que provaram às futuras gerações a existência de que, Jacarecanga teve bondes. Os detalhes desapareceram em 1969.

 

Bonde Jacarecanga entrado na Rua Guilherme Rocha.

 

 Rua Princesa Isabel com Guilherme Rocha

Transitava o bonde de Jacarecanaga e Soares Moreno que entrava na Rua Teresa Cristina

 

Rua Castro e Silva com Teresa Cristina

 

Avenida Philomeno Gomes em 1926.

 

Quando o bonde circulava a Praça do Liceu.

O casarão dos Morais Correia era o início da Av. Francisco Sá.

 

 

Os moradores antigos e os que moravam na Vila São José nos anos de 1960/70 ainda se lembram, que os ônibus do empresário Oscar pedreira quando vinham do Centro pela Rua Guilherme Rocha, contornavam a Praça do Liceu, e ficavam em tangente para entrar na Avenida Philomeno Gomes, só dependendo dos semáforos instalados em 1965. Achamos que aqueles ônibus seguiam a sombra dos bondes elétricos que transportaram nossos ancestrais, de 1914 até 1947, quando desapareceram de vez.

 

Não ficou um só exemplar para à posteriori, nem mesmo trilhos para contar a história, daí minha lamentação pelo desaparecimento da Casinha de Força, que nenhum mal fazia; apenas confirmava a história. Dentro do terreno de Cemitério, quem iria se incomodar, eita falta de visão histórica – cultural.

 

O pai do escritor, Valdemar de Lima, morando na Vila ainda fez uso do bonde para o Centro, e foi este fragmento por ele contado, que aqui foi descrito.

 

Ônibus da Manutenção Elétrica

 

Ponto de Partida dos Bondes Elétricos.

Praça do Ferreira

 

 Fonte:

Histórias da Vila São José, “O Jacarecanga que eu vivi”

Fotos: Álbum do Mr. Hull, Marciano Lopes e Arquivo Nirez.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O JACARECANGA E O TREM

 

 

Entrada da Vila São José Antes de Ontem e Ontem. 

(1961 e 1982)

Via Estreita entre os Trilhos e o Muro da Fábrica.

 

A cogitação do Jacarecanga ser contemplado pela ferrovia, se deu ao fato da já existente Companhia da Via Férrea de Baturité, empresa que havia sido criada em 1870.

O trem que circulou no Centro da cidade pela Rua Trilho de Ferro (Tristão Gonçalves) rumo ao Sul do Estado, oficialmente desde 30 de novembro de 1873, deveria ser estendido seu trajeto para região Norte do Ceará.

Houve vários estudos sobre o ponto inicial. Relatórios que a empresa ferroviária enviava para o Ministério da Viação e Obras Públicas, dão conta de que na primeira década do século XX, a saída Oeste em rumo ao Norte do Estado, seria Parangaba, Mondubim ou a própria Estação Central.  Prevaleceu a Central, quando foram retirados milhões de metros cúbicos de areia, mutilando o Morro do Moinho e do Croatá sendo assentado os primeiros trilhos em janeiro de 1916. Foi construída uma ponte metálica para que fosse transpassado o Riacho Jacarecanga, e o trem seguiria em rumo ao Bairro Floresta. (Estações de Antônio Bezerra e Caucaia foram inauguradas em 1917, e posteriormente em 1926 a da Floresta, hoje Álvaro Wayne). Vide o Livro “O Ceará que Entrou nos Trilhos” de minha autoria.

 

 

Ponte sobre o Riacho Jacarecanga em 1912

O Trecho em Construção já Estava chegando na Floresta

Foto Colhida do Lado da Marinha

 

A ponte ferroviária iria passar pela primeira reforma a partir de 1919, quando não haveria mais condições dos trens trafegarem pelos perpendiculares à Avenida Tristão Gonçalves. Então obedecendo a um plano de mobilidade, o Doutor Henrique Eduardo Couto Fernandes conseguiu aprovação e o Ministério da Viação e Obras Públicas autorizou para que, os trilhos seguissem em sentido Oeste, e passassem numa curva à 90º por detrás da propriedade dos Philomeno Gomes.   O aparelho de mudança de via foi colocado a 150 metros após a transpassagem sobre a ponte do riacho, devendo os maquinistas fazerem parada obrigatória no local do aparelho. A partir de 1920 a RVC começou a construção e prolongamento dessa linha que ligaria, o Jacarecanga ao Matadouro (Otávio Bonfim).

 

Casa da Sra Isaura viúva do Primeiro Mestre de Linha

 

 

A Rede de Viação Cearense – RVC construiu uma casa na beira da linha, onde um Mestre de Linha era responsável por estas manobras, destinando os trens das linhas Norte e Sul. Não conseguimos o nome desse trabalhador da ferrovia, mas chegamos a conhecer a Sra. Isaura (velha Isaura) viúva do ferroviário. Agora espero ter desvendados para os amigos, o porquê daquela casa no meio, como divisória das Avenidinhas das castanholas.

 

 

 

 

 

Olhem o Quanto o Trem Cortava o Meu Jacarecanga!

 

 

A estação de Otávio Bonfim fora inaugurada em dezembro de 1922, mas devido o nome do Bairro ainda fora chamada de Matadouro.

Então começou o movimento ferroviário no Jacarecanga, e a Rede de Viação Cearense construiu uma Vila Operária sob a responsabilidade de Jacinto de Matos, em terreno hoje localizado defronte ao Centro de Saúde Carlos Ribeiro. Esse exemplo fora seguido por a firma José Pinto do Carmo, que em 1928 era Fábrica Baturité. Nascia a Vila São Pedro. Entendem meninada do meu tempo, por que o trem no triângulo passava cheirando as portas da casa do Gutemberg?

 

 

Reprodução do Álbum de Fortaleza – 1931.

Avenida Demosthenes Rockert 5 de Julho

Atual Francisco Sá

 

Foi assim que começou o movimento sobre trilhos no meu Jacarecanga. Com toda essa efervescência do trem como um potencial na economia, surgiu a Casa Machado, Usina São Judas Thadeu (óleo Paturi); lá mais adiante em rumo a Floresta o trem passou a atender a Brasil Oiticica e a Cia Ceará Têxtil; pela linha Sul a Siqueira Gurgel.

Ah! Jacarecanga fora contemplado pelo trem suburbano de Maracanaú, fazendo paradas na Avenida Francisco Sá, pois, até 1980 os moradores iam de trem para o Centro às 6.15 h e 13.15 h, retornando as 11.15 e às 18.30. À noite o trem prosseguia até ao hoje Município de Acarape.

 Pois bem, as linhas Norte e Sul faziam convergência na Estação Central e, no Jacarecanga como linha divisória, formou-se um triângulo, aonde trens cargueiros vindos de Otávio Bonfim para Álvaro Weyne entravam, no mesmo; serviu esse triângulo para as reversões de locomotivas e composições de passageiros. Eu cheguei a ser Buchecheiros junto com a meninada, como se diz: Pegávamos Bigus.

Mas, tudo o que é bom passa. As fábricas inexistem, e com a chegada do Metrô de Fortaleza, desde 2010 que o trem fora arrancado do Jacarecanga.

A Vila São José fica só a contemplar de modo amistoso, a passagem do Veiculo Leve Sobre Trilhos – VLT na linha Oeste, que nem se quer olha para minha Vila. Possa ser à posteriori.

O trem chorando por força do Metrô, abandonou a área e nunca mais passou….

 

 

 

 

Fontes:

  •  Álbum de Fortaleza, Paulo Bezerra, 1931.
  • O Ceará Que Entrou nos Trilhos, Francisco de Assis Silva de Lima, Gráfica Visual , 2015
  • História da Vila São José, O Jacarecanga que Eu Vivi, Idem, Gráfica Visual, 2019.

QUE EXISTIA DE ELEGANTE NAQUELE CAFÉ

 

Panorâmica do Café Elegante

 

Fortaleza na virada do século XX, estava sendo administrada pelo intendente Guilherme Rocha, embora uma gestão nocauteada por Antônio Pinto Nogueira Accioly, que já vinha liderando desde 1892.

 

Intendente Guilherme Rocha

 

Em julho de 1900 assume o Governo do Ceará Pedro Augusto Borges, mas a gestão municipal do intendente iria até 1912. Pedro Borges manteve sua administração subserviente à Oligarquia Acciolyna.

 

Jardim 7 de Setembro – 1902

 

Em 1902, concomitantemente com a segunda greve dos operários da Estrada de Ferro de Baturité, o Centro de Fortaleza estava recebendo nos festejos dos 80 anos de nossa independência, o Jardim “7 de setembro” aformoseando a Praça do Ferreira, onde houve um remodelação e, foi quando aumentou ainda mais os frequentadores daquele logradouro, aquecendo a venda de lanches e refeições completas nos quiosques existentes.

No “Café Java” (canto Nordeste) muito bate papo de intelectuais, e foi a bem da história, onde Antônio Sales fez o protocolo de intensões para fundar o grêmio literário que se denominaria “Padaria Espiritual”, que em 1902 já não mais existindo, tornou-se um point das conversas sobre literatura e política afora o anedotário.

Do “Café do Comércio” (Canto Noroeste) partia os bondes que na época ainda era “Ferro Carril”, cuja administração era vizinho do lado leste, olhando para o quarteirão que desapareceria em 1941.

O “Café Iracema” (Canto Sudoeste), olhava para a calçada da Rua Major Facundo, que se denominava Rua da Palma e onde seria construídos os três grandes Cines: Cine Theatro Polytheama (1911), Majestic (1917) e o Moderno (1922). O Café Iracema ficava olhando para a casa onde ficava a Botica de Antônio Ferreira, o filantropo. Os quiosques ainda alcançaram os frequentadores do Cine Theatro Polytheama e o Mejestic, porém o Moderno, primeiro a ser sonorizado, não fora possível. Em 1920 desapareceram, e o leitor saberá.

Cajueiro da Mentira e por detrás o Elegante – 1905

 

Porquê Café Elegante

Pela sua posição geográfica, respirava calma, apesar de ser o mais próximo do Cajueiro da Mentira, onde rolava potocas. Por sua frente era a Rua Floriano Peixoto (Pitombeira) e ao lado sul, transitava na Rua do Cajueiro (Pedro Borges) os bondes, mas sem parar. Lá no final da Rua Pedro Borges, descendo em rumo leste encontrava-se o Beco dos Pocinhos, onde para localização de hoje, em 1970 construíram o Edifício Palácio do Progresso. Naquele espaço já existia a Igreja Presbiteriana de Fortaleza, que data de 1896.

Voltando.

No Elegante existia uma calmaria, e com ar mais puro, afinal, pela rua que ficava na esquina vinha o vento leste, trazendo a gostosa brisa do Riacho Pajeú e da lagoa do Garrote onde ainda existia águas bem límpidas.  A umidade relativa do ar era melhor.

No ângulo Sudeste, o quiosque ficava defronte à Funilaria São José, torrefação de Joaquim Sá e no American Kinema. Seus proprietário foi Arnaud Cavalcanti Rocha, e no seu início chamava Café Chic.  Já com o nome de Café Elegante foi passado para a firma Porto & Irmão. O Café Elegante, tinha a mesma estrutura do Café do Comércio: um segundo pavimento.

 

Vista Lateral do Café Elegante

 

Andar pelo Elegante, era fazer suas refeições com mais tranquilidade, e o público segundo eruditos, era mais seleto. Até os fiéis das Igrejas Presbiteriana e do Rosário, após as reuniões, ali paravam.

Em 1920 Godofredo Maciel estava Prefeito de Fortaleza, e foi quando ocorreu um nova reforma da Praça e os Quiosques foram retirados, e junto com eles foi derrubado o Cajueiro Botador e destruído o Jardim 7 de setembro. Adeus “Casas de Merendas”.

Com esta remodelação, a Praça do Ferreira perdeu atrativos, e os fregueses por amor à Praça, se dirigiram para os Cafés Emidgio e Riche, só para não abandonar o recinto.

Existia uma cacimba que servia para o trabalho dos jardineiros, mas que fora coberta com um Coreto, ao qual por sua vez em 1933 com a Primeira Coluna da Hora.

Comete injustiça com a história, quem proclama que a Praça do Ferreira a partir de 1991 ficou elegante. Uma geração que viu o Monstrengo na desastrosa “Gestão José Walter” pode até ter razão, mas muita coisa Elegante ficou pra trás.

 

 

Fontes:

 

A Praça do Ferreira, Juarez Leitão;

Fortaleza de Ontem e de Hoje, Miguel Ângelo de Azevedo, Nirez;

Fortaleza Velha, João Nogueira.

História Abreviada de Fortaleza, Mozart Soriano Aderaldo.

Fotos: Reproduzidas de Originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

 

PADARIA ESPIRITUAL PRECURSORA DAS ACADEMIAS

 

 

 

 Café Java, no canto Nordeste da Praça do Ferreira

Nasceu a Padaria Espiritual

 

Fortaleza, final do Século XIX.

Durante seis anos, uma sociedade de “rapazes de Letras e Artes” daria o que falar. Bem-humorados, ousados, sobretudo talentosos, os membros da PADARIA ESPIRITUAL protagonizaram, no antagônico recém criado Estado, um movimento literário modernista que antecedeu em muitos anos a Semana de Arte Moderna e seria um destaque histórico, fomentando os que estudam a Literatura Brasileira. Escasso são os relatos sobre o que foi a Padaria, como atuavam os padeiros, quais eram seus postulados e como os traduziam no O Pão, jornalzinho de oito páginas, que circularia até o nº 36, deixando um rastro de irreverência notória.

 

 

Os “padeiros” assinavam seus textos com pseudônimos, o que geralmente chocava as pessoas, pois muitos dos pseudônimos remetiam a elementos nacionais e/ou regionais, uma forma de criticar o academicismo presente nas associações literárias de até então.

 

Poeta Antonio Sales

 

 

Antônio Sales, considerado o idealizador da Padaria Espiritual, foi Moacir Jurema, Adolfo Caminha foi Félix Guanabarino, Jovino Guedes foi Venceslau Tupiniquim, Lívio Barreto foi Lucas Bizarro, entre outros “rapazes de letras e artes”, isto é, integrantes da Padaria Espiritual que adotaram pseudônimos considerados ousados, naquele contexto.

Um dos principais objetivos do grupo era promover o gosto pela literatura na sociedade, isto é, estabelecer uma sociedade literária (renovada, original) em seu tempo, considerando a apatia literária da sociedade cearense da época.

 

 

 

O escritor Antônio Sales, ao redigir o Programa de Instalação da Padaria Espiritual, espécie de estatuto, composto de 48 itens, acerca das premissas e propostas da padaria, foi responsável pela construção de uma estrutura para ”legitimar” o movimento.

O estatuto foi lido pela primeira vez na inauguração da agremiação literária, no dia 30 de maio de 1892, no Café Java, na Praça do Ferreira, em Fortaleza.

 

 

 

A Padaria Espiritual foi uma das mais singulares agremiações culturais tanto do Ceará como do Brasil. Por ela passaram escritores que ajudaram a compor parte significativa da atividade artística e da imprensa na província cearense. O intuito de seus idealizadores era despertar, na sociedade, o gosto pela arte.

Como já havia precedentes de sociedades artísticas, muitas delas de caráter formal e retórico, decidiram produzir algo original e até mesmo escandaloso, que repercutisse no gosto do povo. Antônio Sales redigiu seu programa de instalação e foi um dos principais responsáveis pela publicação do jornal da agremiação, O Pão. A Padaria Espiritual não era uma sociedade exclusivamente das Letras, mas das artes em geral, pois o grêmio contou tanto com prosadores e poetas, quanto com pintores, desenhistas e músicos.

 

 

Diferente mocidade Cearense comprometida com os interesses econômicos dos emergentes setores urbanos e de estreita ligação com as tradicionais oligarquias rurais, o grupo dos padeiros, oriundo dos Novos do Ceará diferente do arsenal teórico científico pautado nas ideias positivas e evolutivas iria propor um novo projeto literário baseado nos valores e hábitos do
“tipo” campestre, heroico e valente. O movimento literário e artístico dos artistas padeiros
seria uma “cousa nova”, fugindo, pois, das formalidades científicas e bacharelescas dos tantos
outros movimentos acontecidos anteriormente. De forte caráter boêmio e pilhérica o movimento dos padeiros causou “escândalo” numa pacata e provinciana Fortaleza de então, acostumada à seca, à pilheria e ao aluá.

Manuel Coco proprietário do Café Java, lamentou e muito vendo Fortaleza entrar no século XX, ficando para trás, dois anos a Padaria Espiritual.

Funcionamento da Padaria:

“Um Padeiro Mor”; “Dois Forneiros”; “Um Gaveta”; “Um Guarda Livros”; “Um Investigador”; e os demais eram “Amassadores”. A sede da Padaria era chamada de Forno e a cada reunião era chamada de “Fornada”.

 

 

 

ESTATUTO DA PADARIA ESPIRITUAL

            Eis os Estatuto da Padaria Espiritual, movimento pioneiro no Ceará — terra de José de Alencar — e precursor das academias de letras em terras brasileiras. Movimento modernista, ainda hoje atual, com 40 anos de antecedência à Semana de Arte de 1922.

1) Fica organizada, nesta cidade de Fortaleza, capital da “Terra da Luz”, antigo Siará Grande, uma sociedade de rapazes de Letras e Artes, denominada Padaria Espiritual, cujo fim é fornecer pão de espírito aos sócios em particular, e aos povos, em geral.

 

2) A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-Mór (presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Gaveta (tesoureiro), de um Guarda-livros na acepção intrínseca da palavra (bibliotecário), de um Investigador das Coisas e das Gentes, que se chamará Olho da Providência, e demais Amassadores (sócios). Todos os sócios terão a denominação geral de Padeiros.

 

3) Fica limitado em vinte o número de sócios, inclusive a Diretoria, podendo-se, porém, admitir sócios honorários que se denominarão Padeiros-livres.

 

4) Depois da instalação da Padaria, só será admitido quem exibir uma peça literária ou qualquer outro trabalho artístico que for julgado decente pela maioria.

 

5) Haverá um livro especial para registrar-se o nome comum e o nome de guerra da cada Padeiro, sua naturalidade, estado, filiação e profissão a fim de poupar-se à Posteridade o trabalho dessas indagações.

 

6) Todos os Padeiros terão um nome de guerra único, pelo qual serão tratados e do qual poderão usar no exercício de suas árduas e humanitárias funções.

 

7) O distintivo da Padaria Espiritual será uma haste de trigo cruzada de uma pena, distintivo que será gravado na respectiva bandeira, que terá as cores nacionais.

 

8) As fornadas (sessões) se realizarão diariamente, à noite, à excepção das quintas-feiras, e aos domingos, ao meio-dia.

 

9) Durante as fornadas, os Padeiros farão a leitura de produções originais e inéditas, de quaisquer peças literárias que encontrarem na imprensa nacional ou estrangeira e falarão sobre as obras que lerem.

 

10) Far-se-ão dissertações biográficas acerca de sábios, poetas, artistas e literatos, a começar pelos nacionais, para o que se organizará uma lista, na qual serão designados, com a precisa antecedência, o dissertador e a vítima. Também se farão dissertações sobre datas nacionais ou estrangeiras.

 

11) Essas dissertações serão feitas em palestras, sendo proibido o tom oratório, sob pena de vaia.

 

12) Haverá um livro em que se registrará o resultado das fornadas com o maior laconismo possível, assinando todos os Padeiros presentes.

 

13) As despesas necessárias serão feitas mediante finta passada pelo Gaveta, que apresentará conta do dinheiro recebido e despendido.

 

14) E proibido o uso de palavras estranhas à língua vernácula, sendo, porém, permitido o emprego dos neologismos do Dr. Castro Lopes.

 

15) Os Padeiros serão obrigados a comparecer à fornada, de flor à lapela, qualquer que seja a flor, com excepção da de chichá.

 

16) Aquele que durante uma sessão não disser uma pilhéria de espírito, pelo menos, fica obrigado a pagar no sábado café para todos os colegas. Quem disser uma pilhéria superiormente fina, pode ser dispensado da multa da semana seguinte.

 

17) O Padeiro que for pegado em flagrante delito de plagio, falado ou escrito, pagará café e charutos para todos os colegas.

 

18) Todos os Padeiros serão obrigados a defender seus colegas da agressão de qualquer cidadão ignáro e a trabalhar, com todas as forças, pelo bem estar mútuo.

19) É proibido fazer qualquer referência à rosa de Maiherbe e escrever nas folhas mais ou menos perfumadas dos álbuns.

 

20) Durante as fornadas, é permitido ter o chapéu na cabeça, exceto quando se falar em Homero, Shakespeare, Dante, Hugo, Goethe, Camões e José de Alencar porque, então, todos se descobrirão.

 

21) Será julgada indigna de publicidade qualquer peça literária em que se falar de animais ou plantas estranhos à Fauna e à Flora brasileiras, como: cotovia, olmeiro, rouxinol, carvalho etc.

 

22) Será dada a alcunha de “medonho” a todo sujeito que atentar publicamente contra o bom senso e o bom gosto artísticos.

 

23) Será preferível que os poetas da “Padaria” externem suas idéias em versos.

 

24) Trabalhar-se-á por organizar uma biblioteca, empregando-se para isso todos os meios lícitos e ilícitos.

 

25) Dirigir-se-á um apelo a todos os jornais do mundo, solicitando a remessa dos mesmos à biblioteca da “Padaria”.

 

26) São considerados, desde já, inimigos naturais dos Padeiros – o Clero, os alfaiates e a polícia. Nenhum Padeiro deve perder ocasião de patentear seu desagrado a essa gente.

 

27) Será registrado o fato de aparecer algum Padeiro com colarinho de nitidez e alvura contestáveis.

  28) Será punido com expulsão imediata e sem apelo o Padeiro que recitar ao piano.

 

29) Organizar-se-á um calendário com os nomes de todos os grandes homens mortos, Haverá uma pedra para se escrever o nome do Santo do dia, nome que também será escrito na Ata, em seguida à data respectiva. 30) A “Avenida Caio Prado” é considerada a mais útil e a mais civilizada das instituições que felizmente nos regem, e, por isso, ficará sob o patrocínio da Padaria,

 

31) Encarregar-se-á um dos Padeiros de escrever uma monografia a respeito do incansável educador Professor Sobreira e suas obras.

 

32) A “Padaria” representará ao Governo do Estado contra o atual horário da Biblioteca Pública e indicará um outro mais consoante às necessidades dos famintos de idéias.

 

33) Nomear-se-ão comissões para apresentarem relatórios sobre os estabelecimentos de instrução pública e particular da Capital relatórios que serão publicados,

 

34) A Padaria Espiritual obriga-se a organizar, dentro do mais breve prazo possível, um Cancioneiro Popular, genuinamente cearense.

 

35) Logo que estejam montados todos os maquinismos, a Padaria publicará um jornal que, naturalmente, se chamará O Pão.

 

36) A Padaria tratará de angariar documentos para um livro contendo as aventuras do célebre e extraordinário Padre Verdeixa.

 

37) Publicar-se-á , no começo de cada ano, um almanaque ilustrado do Ceará contendo indicações uteis e inúteis, primores literários e anúncios de bacalhau.

 

38) A Padaria terá correspondentes em todas as capitais dos países civilizados, escolhendo-se para isso literatos de primeira água.

 

39) As mulheres, como entes frágeis que são, merecerão todo o nosso apoio excetuadas: as fumistas, as freiras e as professoras ignorantes.

 

40) A Padaria desejaria muito criar aulas noturnas para a infância desvalida; mas, como não tem tempo para isso, trabalhará por tornar obrigatório a instrução pública primada.

 

41) A Padaria declara desde já guerra de morte ao bendegó do “Cassino”.

 

42) É expressamente proibido aos Padeiros receberem cartões de troco dos que atualmente se emitem nesta Capital.

 

43) No aniversário natalício dos Padeiros, ser-lhes-á oferecida uma refeição pelos colegas.

 

44) A Padaria declara embirrar solenemente com a secção “Para matar o tempo” do jornal “A Republica”, e, assim, se dirigirá à redação desse jornal, pedindo para acabar com a mesma secção.

 

45) Empregar-se-ão todos os meios de compelir Mané Coco a terminar o serviço da “Avenida Ferreira”.

 

46) O Padeiro que, por infelicidade, tiver um vizinho que aprenda clarineta, pistom ou qualquer outro instrumento irritante, dará parte à Padaria que trabalhará para pôr termo a semelhante suplício.

 

47) Pugnar-se-á pelo aformoseamento do Parque da Liberdade, e pela boa conservação da cidade, em geral.

 

48) Independente das disposições contidas nos artigos precedentes, a Padaria tomará a iniciativa de qualquer questão emergente que entenda com a Arte, com o bom Gosto, com o Progresso e com a Dignidade Humana.

 

Amassado e assado na “Padaria Espiritual”, aos 30 de Maio de 1892.

 

Seguem-se as assinaturas dos padeiros presentes, em número de dezoito, faltando, portanto, duas assinaturas.

Fontes:

A Padaria Espiritual e o Simbolismo no Ceará – Sânzio de Azevedo, 1983;

Os Padeiros e Seu Periódico, edição fac-similar do O Pão, publicada em coedição pelas Edições UFC e ACL.

O OPERÁRIO, 1892 Dr. Castro Lopes

Presença da Padaria Espiritual na História da Imprensa e das Artes no Ceará – Luciana Brito

Fotos: Os registros iconográficos foram reproduzidos de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidos.

DO CHICO LAMPIÃO À UMA CIDADE QUE SE ILUMINOU

 

 

O homem tem a tarefa de acender o lampião de noite e apagá-lo de dia, mas o planeta gira muito rápido e o Sol se põe a cada minuto, o que faz com que o seu trabalho seja cansativo. O Acendedor de Lampiões simboliza as pessoas que cumprem determinadas tarefas sem pensamento crítico, muitas vezes fazendo coisas sem sentido ou sem entender porquê. Elas ligam o piloto automático, estão tão acostumadas com o que fazem, que não se dão conta da importância do que faz”.          José Augusto Wanderley, Publicitário. RJ.

Tudo o que é relacionado ao desenvolvimento, obedece a etapas ou estágios. Ao retornarmos historicamente ao passado, não implica em se sofrer atrasos, mas estamos resgatando merecimentos, afinal o moderno hoje é o antigo amanhã. O moderno carro de injeção eletrônica não chegou antes daqueles, cuja partida era à manivela com carburação falha; o compacto celular em que localizamos as pessoas apenas no tempo, não podia chegar primeiro do que os aparelhos de telefonia ao magneto, com sua extensão entre emissor e receptor não superior a 1000 metros; as aeronaves, os super-sônicos dar uma volta ao mundo em questão de horas, porém, Alberto santos Dumont penou bastante para fazer subir o 14 BIS em 1906 na França, com um metro de altitude e descer com apenas cem metros percorridos.

Será que a iluminação e energia elétrica foram diferentes? Claro que não! Fortaleza foi saindo da escuridão a custa do sacrifício de animais marinho, hoje na lista de extinção. (Vide Praia dos Arpoadores). No caso Refiro-me as baleias que desapareceram da Costa Norte. Sim, pois a iluminação pública de nossa cidade, tinha como combustível, o azeite de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense, Casimiro José de Moraes Sarmento.

 

 

Luminária do Café Caio Prado

Passeio Público

 

A exploração do serviço de iluminação de Fortaleza teve inicio, com a assinatura de um contrato com o Sr. Vitoriano Augusto Borges que tinha como atribuição, instalar 44 lampiões. Os lampiões tinham quatro faces, sendo mais estreitas em baixo do que em cima, com fundo e tampa de metal. Eram suspensos com armações de ferro como se fosse uma forca, afixados nas esquinas e na posição que pudessem iluminar ruas e travessas. Eram limpos constantemente, e para acendê-los deveriam descer, por isso eles pendiam de uma corda, que passava em duas roldanas. Tinha uma caixinha cheia de azeite de peixe com torcida de algodão. Era parecido com pequenos tachos de que trabalham os ourives para soldas ao maçarico. Foi assim que surgiu o primeiro personagem popular de Fortaleza: “Chico Lampião”, embora seu nome conste em algumas obras, mas nada se sabe acerca do mesmo, assim como os carregadores de Quimoas.

 Fortaleza bonitinha ficou sendo iluminada com azeite de Peixe até 1866 quando, o português Vitorino Borges encerrou suas atividades nesta prestação de serviço. Surgiu a era do Gás Carbônico sob a responsabilidade da “The Ceará Gaz Company Limited”.

 

Gasômetro ao lado da Santa da Casa.

 

Com o gás carbônico, as ruas de nossa cidade tiveram melhor qualidade na iluminação, pois as luminárias foram colocadas em ziguezague sendo a distância de um para o outro de apenas 30 metros, e com um atura de 2,40 cm. Ficava uma chama brilhante em forma de leque queimando o bem preparado gás, salientando que o gasômetro ficava na rua Senador Jaguaribe, ao lado da Santa Casa de Misericórdia olhando para a Praça do Passeio Público. Daí o antigo nome daquela denominar-se “Rua do Gasômetro”.

Experimentalmente, em 1933 foram colocadas quatro lâmpadas elétricas de 100 Watts na Rua Formosa (Barão do Rio Branco), entre as Ruas da Municipalidade (Guilherme Rocha) e a das Hortas (Senador Alencar).

Em 1934, fora rescindido o contrato da “Companhia Ceará Gás” e o Governo do Estado do Ceará, naquele mesmo ano oficialmente, inaugurou-se na praça do Ferreira a energia elétrica, aos 8 de dezembro, o que fora uma apoteose.

Um ano após, fora retirado o último lampião à gás encerrando assim, o segundo período da iluminação de Fortaleza, a era do Gás Carbônico.

Novo Privilégio para a The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd

 Descida da Rua Formosa (Barão do Rio Branco)

Cabos da Light

 

A firma inglesa “The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd” que já explorava o transporte de bondes elétricos desde de 1913, ganhou agora privilégio para o serviço de iluminação. A localização dos geradores da Light eram na Rua Adolfo Caminha (Baixos do Passeio Público) e as suas caldeiras eram alimentadas com lenhas vindas do Horto Florestal de Canafístula, trazidas em vagões gôndolas pertencentes a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité.

 

Bonde Elétrico do Outeiro na Rua Floriano Peixoto

 

Aos 19 de maio de 1947 circulou o último bonde elétrico em Fortaleza e, apesar da sobra de demanda, a energia da Light ainda era muito precária. A “The Ceará Tramway”, por força do decreto federal nº 25.232 de 15 de julho de 1948 transferida a concessão para a Prefeitura Municipal de Fortaleza, sendo o Prefeito Acrisio Moreira da Rocha. Na época tinha que o General Dutra assinar, por ter sido o serviço explorado por uma firma estrangeira.

Carregamento de Lenhas

Vindas de Canafistula hoje Antônio Diogo

 

Aos 20 de maio de 1954, saiu o decreto nº 803 criando o “Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza – SERVILUZ” quando ainda estava prefeito, o radialista e advogado Paulo Cabral de Araújo. As novas instalações foram inauguradas em 8 de novembro do mesmo 54, ocupando o local onde funcionava o Escritório da extinta empresa de Bondes no Passeio Público, pela Rua João Moreira.

Usina Serviluz no Mucuripe

Fachada, Localização e Maquinas geradoras.

 

A Usina Termoelétrica fora instalada em maio de 1955 na Ponta do Mucuripe, inicio da Praia Mansa. Com modernos geradores Westinghouse, o Serviluz fora criado para resolver o problema da precária energia elétrica de Fortaleza.

As razões técnicas para a usina ficar distante do centro da cidade, segundo analistas da época, deveram-se a estratégica zona portuária com o surgimento de empreendimentos, tais como os já existentes: Shell Mexi, Atlantic, Texaco, Esso Standard do Brasil e Moinhos de trigo. Além do mais, o equipamento roncava e aquecia demais e a ventilação praiana, favorecia a regulagem térmica.

O Serviluz foi administrativamente transferido em 1 de maio de 1960 para a Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF (Estado da Bahia), a qual por sua vez, em 1 de abril de 1962 instala a Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza – CONEFOR que substituiu o Serviluz. Dois anos após, a rede elétrica proveniente da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso chegou em Fortaleza, com uma subestação no Bairro Mondubim.

 Aí com as presenças do Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, do Governador do Ceará Virgílio Távora, do Prefeito de Fortaleza Murilo Borges e várias autoridades, em 1 de fevereiro de 1965 precisamente às 18.30 h, na Praça Libertadores (Depois Farias Brito) no popular Bairro Otávio Bonfim, era acessa a primeira lâmpada de iluminação pública com energia elétrica da CHESF.

Em 5 de julho de 1971, o Governo César Cal’s cria a Companhia de Eletricidade do Ceará – COELCE e encampa a Conefor, que após três anos em assembleia geral, a extingue.

Como não era de se esperar, a história se repetiu. O comando do serviço de energia elétrica do Ceará saiu das mãos do Governo Estadual. A Coelce foi vendida, e aos 13 de maio de 1998, passou a pertencer a “Distriluz Energia Elétrica S.A.”, “Companhias Enersis S.A.”, “Chilectra S.A.”, “Endesa de España S.A.” e a “Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ”.

Então quem quiser deixar seu dinheiro no Brasil, consuma produtos da Terra e economize energia. Seja racional, pois, não existe mais Coelce e sim Enel.

 

Fontes:

– Fortaleza Belle Époque, Sebastião Rogério Ponte;

– Fortaleza de Ontem e de Hoje, Miguel Ângelo de Azevedo – Nirez.

– Fortaleza Velha, João Nogueira;

– Instituto do Ceará, Revista de 1934;

– História da Energia Elétrica do Ceará, Ary Leite.

Fotos: Ofipro e uma reprodução de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas. .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PRAIA DE MEIRELES DO AREAL AO LUXO

 

 

A existência dos remanescente moradores do Campo do América é a prova cabal de que aquele pedaço era uma Vila de pescadores que viviam de modo simples, isolados até do Centro urbano da Capital. Não estão ali por invasão ou apropriação indébita. São os nativos que não se curvam ante a velocidade do aformoseamento e do progresso, tendo em vista o hoje Bairro Meireles ser e ter o metro quadrado mais caro da cidade. O berço daquela gente é ali, e creio que ali vão permanecer, resistindo a especulação imobiliária.

 

De acordo com a história do nome, Meireles seria um morador de Meira, nome de uma região espanhola. Sendo assim, acredita-se que a família Meireles teve início por meio da família Meira, a qual origina “o velho” Pedro de Novaes, homem rico de El-rei D. Sancho II.

Um ramo familiar Meireles veio para Fortaleza à época do Siará Grande, observar o Cabo de Santa Maria de Consolacion, o Rosto Hermoso – ponta do Mucuripe, que por lá havia passado Vicente Ianez de Pinzón. Existe esta história ou estória de que, lá em Tordesilhas (Espanha) alguém teria que fazer “justiça” ao navegador Vicente Ianez de Pizon, que chegou ao Brasil antes de Cabral. A família Meireles fixou residência, e existiu este espaço, afinal, tínhamos a Praia do Ceará (Iracema) e a do Mucuripe. Por isso surgiu a nomenclatura Praia do Meireles.

 

A Praia do Meireles é o coração da Avenida Beira Mar, via aberta pela Rede de Viação Cearense, quando ocorrera assentamento de trilhos, para fazer convergência entre a Ponte Metálica (Porto de Fortaleza) ao Mucuripe, devido aos aprovados e avançados estudos do novo Porto de Fortaleza na enseada do Mucuripe.

 

 

O espigão de retenção, da hoje Praia Mansa foi construído com pedras transportadas em vagões gôndolas da Rede de Viação Cearense, oriundas da pedreira de São Bento, na localidade de Monguba, Município de Pacatuba – RMF – CE. A inauguração desse ramal ferroviário ocorreu em 25 de dezembro de 1933. Na ocasião contou-se com as presenças do Interventor Federal Roberto Carneiro de Mendonça, do Prefeito Raimundo Girão e do diretor da RVC engenheiro Ulpiano Barros. Uma composição especial saiu da Estação Central conduzindo autoridades e convidados especiais. Dom Manuel da Silva Gomes arcebispo da cidade, acompanhou para proceder a benção.

 No local próximo a que seria as Avenidas Barão de Studart e Desembargador Moreira, existia uma Tamarindeira em cuja sombra tinha um chafariz. Era lá abastecimento das locomotivas, pois na época eram todas à Vapor.

 

Ferir à memória é denominar aquele espaço geográfico de Praia do Náutico, um clube social que surgiria depois. Quando definitivamente foi erradicado o ramal do Mucuripe em 1948, embora o trem já trafegasse via Parangaba desde 1941, o trecho recebeu pedras toscas e a partir de 1961 virou Avenida. Com a pavimentação asfáltica, tornou-se um local chamativo e caro.

A Gestão Pública investiu em peso e a Praia do Meireles, que inicialmente era assistida com transporte coletivo pela Empresa Iracema, hoje é Cartão Postal e os edifícios construídos aformosearam nossa Fortaleza.

Meireles sempre vai ser sempre Meireles.

O bairro possui uma excelente cobertura infraestrutura. Inicialmente era um loteamento receptor dos que fugiam do Centro e fizeram do Meireles (e da Aldeota) sua nova morada. Existe um mapa de autoria do Governador Manuel Ignácio de Sampaio confeccionado junto com seu braço direito Antônio José da Silva Paulet, que se observa o traçado e dá conta de que em 1818, já existia o nome Meireles naquela orla marítima.

Porquê Beira-Mar

Segundo a Wikipédia enciclopédia livre, “a Via fora construída há pouco mais de 50 anos, a Avenida Beira-Mar é um dos principais cartões-postais de Fortaleza é o local de diversão e trabalho mais valorizado na capital devido à sua orla cheia de luxuosos edifícios e hotéis e pelo calçadão movimentado por turistas e praticantes de atividades físicas. Também é local de trabalho para muita gente e encontros com um visual surpreendente. Antes, a presença maior na região era de pescadores e algumas casas de veraneio. A Avenida Beira-Mar começou a ser construída em 1961, com uma grande calçada, no governo de Manoel Cordeiro Neto, que transferiu as casas de pescadores para outros bairros, como a Varjota.

A nova avenida recebeu o nome de presidente Getúlio Vargas mas em 1964 passou a se chamar Presidente Kennedy para futuramente receber o nome que tem hoje de Avenida Beira-Mar, nome bem mais condizente com o lugar que é a cara da cidade que reflete seu povo, seus costumes, sua cultura. É no calçadão que a estátua de Iracema, uma escultura do pernambucano Corbiniano Lins homenagem aos 100 anos do maior escritor cearense, José de Alencar. Ela está lá desde 1965, ano do centenário do romance, sendo um dos principais pontos turísticos da capital. Um pouco a frente, no Mucuripe, o movimento das jangadas é outro atrativo e fonte de inspiração para muitos artistas. Parada obrigatória também é a Feirinha da Beira-Mar, que existe lá desde 1980 e disponibiliza uma grande a variedade de produtos para os visitantes”.

Fontes:

Arquivo Público do Estado do Ceará;

Raimundo Girão, Geografia Estética de Fortaleza, BNB, 2ª Ediução 1979;

Relatório da RVC, Ulpiano Barros, 1933;

Tordesilhas, muito mais que um Tratado, Adilson Candorin, Editora Tubarão, 2004

Wikipédia, Enciclopédia Livre.

http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart529227/cart529227.jpg

Fotos: Ofipro e Arquivo Nirez.

CINETEATRO MAJESTIC E O QUEIMA RAPARIGAL

 

O Cearense já nasceu para a cultura da molecagem, quando da inauguração do Cine Theatro Majestic com o cartaz da italiana Fátima Miris, no dia 14 de julho de 1917, coisa que a sociedade daquele tempo não tolerava, bem como atualmente quando os conservadores ainda são antagônicos.

Foi um impacto esta atração negociada por Plácido Carvalho, que na Europa esteve. Ele queria inovar algo e amadurecer nossa Fortaleza nos seus anos de Bélle Époque.

 

Transformista Italiana Fátima Miris

 

A edificação era de propriedade de Plácido Carvalho, cuja exploração fora da Firma Ribeiro & Cia, que mantinha um pacto firmado entre Luis Severiano Ribeiro com o Capitalista Alfredo Salgado.

O colossal Cineteatro Majestic-Palace tinha o piso de madeira com uma riqueza arquitetônico e, por tabela, instrumento de sonoplastia, afinal os cavalos dos filmes de faroeste pareciam ter invadido a sala de projeção, quando o público empolgado batia os pés no piso de madeira de lei e encerada. Ele imitava o som dos galopes.

 

 

Depois dos filmes e das peças teatrais – diversões – refúgio mais cobiçadas na ausência de shoppings -, era comum que a praça ficasse ocupada por famílias tomando sorvete, olhando as vitrines das boutiques e irrigando as veias de um Centro da cidade já repleto de diferenças sociais, dentro e fora das salas de projeção.

 

 

O Majestic foi o primeiro a ter o espaço dividido nos setores de plateia, camarote e geral. O pessoal da geral, lugar mais barato, ficava jogando coisas nos camarotes e na plateia. Esses eram chamados de moleques. Só pela estrutura, o Cine já permitia esse tipo de manifestação de repúdio às classes superiores. A vaia ao sol naquele 30 de janeiro de 1942 na praça do Ferreira, é prova cabal do comportamento irreverente dos que havia nascidos, e dos que  ainda iriam nascer, como o caso do autor destas linhas que chegou ao mundo em 1958, sendo privilegiado por Deus por oferecer seu berço na Terra da Luz.

 

Em destaque a mutilada casa do Boticário Ferreira

 

Assim como várias construções que se perderam entre prédios e comércios modernos, o Majestic hoje resiste apenas na lembrança de quem viveu em uma Capital ainda inspirada nos hábitos europeus. Majestic era um edifício imponente, de vários andares, e a sala de projeção era também um teatro.

 

 

O Majestic não teve felicidade, mas a construção teria sido essencial e deveria ter sido preservada, porque revelaria não só a arquitetura, mas as práticas, a indumentária, os usos dos espaços e os valores sociais da época que existiu. As residências que não foram alicerçadas pelas elites fortalezenses também são destacadas, como parte importante do DNA da cidade.

Ainda existe muitas construções populares que deveriam ser preservadas, pois, resgatam o modo de como moraram as camadas mais populares

 

Incêndio de 1955

 

Dois Incêndios e o Fim

Foram dois devastadores incêndios que sofreu este majestoso cineteatro.

O primeiro foi em 4 de abril de 1955, onde parcialmente foi perdido sua entrada e a ampla sala de espera com seus espelhos e cartazes que ficavam no andar térreo. A catástrofe consumiu as Lojas Brasileiras 4400 e assim atraiu a atenção de toda cidade. Sobreviveu a estrutura metálica e a entrada ficou pelos fundos do prédio pela Rua Barão do Rio Branco nº 1171. Passou uma temporada na reparação de danos, mas voltou a funcionar, por ter seus proprietários condições para tal.

 

Fotos colhidas do Edifício Diogo 1968

 

O segundo incêndio ocorreu na madrugada do dia 1 de janeiro de 1968, aí o fogo devorou por completo. Assim foi o fim do primeiro prédio da cidade que mal tinha completado cinquenta anos de existência.

Para a operação dos bombeiros fora utilizados oito carros, setenta homens sob o comando do Tenente Moacir Sousa. O incêndio havia começado por volta das 2 h e daquela vez os bombeiros tiveram de ter a habilidade para o isolamento, para não serem atingidos os empreendimentos do entorno tipo Farmácia Pasteur, Lojas Ocapana, Flama, dentre as pela rua Barão do Rio Branco.

Por volta das 7.30 h, o sinalizador com a corneta recebia ordem para o toque de recolher dos heróis, para retornarem para a Praça do Liceu, onde ainda fica o quartel.

Segundo populares, em algum lugar escondido algum moleque Gritou: “Queima Raparigal”.

Dizem que este segundo incêndio fora criminoso, mas nada foi provado e nem eu estou afirmando. Ficou no lendário da Praça do Ferreira, recém mostrengado.

Queima Raparigal!

O fato dos cabarés ficarem nos altos dos prédios (o andar térreo era ocupado por lojas e pontos comerciais) atendia à questão do isolamento das profissionais do sexo da chamada sociedade regular. Uma ocorrência do final dos anos 30, explica a origem de famosa expressão ainda hoje corrente em Fortaleza. Uma das lojas da Rua Floriano Peixoto sofreu um incêndio em plena manhã de sábado. Nos altos do sobrado havia uma pensão de mulheres. As inquilinas, que tinham trabalhado até de madrugada, ainda dormiam quando começou o alvoroço na rua. Populares tentavam apagar o fogo com baldes d’água, enquanto as chamas subiam perigosamente, já ameaçando o sobrado. As mulheres, despertadas pelos gritos da multidão, do alto das janelas, pediam socorro, braços erguidos, descabeladas, ainda em seus trajes de dormir, imploravam por ajuda no maior desespero: salvem a gente pelo amor de Deus!!! . Foi quando um gaiato, numa explosão de sadismo, gritou da rua: “Queima Raparigal !!”. Juarez Leitão, escritor.

 

Tudo o que restou

Fontes:

História do Corpo de Bombeiros Sapadores do Ceará. IOCE. 1973.

Jornal O povo 1 de fevereiro de 1942

Juarez Leitão. Sábado, Estação de Viver

Miguel Ângelo de Azevedo: Cronologia Ilustrada de Fortaleza; BNB , 2001

Sebastião Rogério Ponte, pesquisador das reformas urbanas e sociais da cidade.

 

 

 

PALACETE CEARÁ ANTIGA ROTISSÉRIE

 

Foto Colhida do Excelsior Hotel

No canto Nordeste da Praça do Ferreira esquina, Ruas Floriano Peixoto com Guilherme Rocha onde antes existia o prédio que, havia funcionado a Escola de Ensino Mutuo de Fortaleza, em 1914, o banqueiro José Gentil Alves de Carvalho contratou, a Firma Rodolfo F. Silva & Silva, para construir no local o Palacete Ceará, com projeto do engenheiro João Sabóia Barbosa. Era encarregado de obras Eduardo Pastor da referida empreiteira. Suas linhas revelam elementos indiscutíveis ao que é eclético, e com aspectos neobarroco.

 

Foto de 1959

O Palacete Ceará por muitos anos abrigou em seu andar térreo o Rotissérie Sportman, restaurante, sorveteira, Café Rotissérie e casa de Chá Efrem Gondim. No andar superior O Clube Iracema que ocupou o local de 1922 até 1936.

A Academia Cearense de letras em 1922 fora instalada numa das dependências, sendo Salão de Honra, quando o Palacete fora ampliado em dois blocos, olhando para a Praça do Ferreira.

Instalação da Academia Cearense de Letras

Salão Nobre no Palacete Ceará

Nos anos de 1930 o referido prédio sediou a Secretaria do Interior e de Justiça do Estado. Aos 10 de maio de 1946 a Caixa Econômica Federal adquiriu o Prédio vizinho, pela Rua General Bizerril ou seja o Palacete Fortaleza que ficava olhando para o Palácio da Luz, e foi quando nove anos após o Banco comprou o Palacete Ceará, e foi quando a CEF ganhou sua Agência do Centro, com posição privilegiada, olhando para o coração da Cidade.

 

 

Palacete Fortaleza

Em 1982 o prédio sofreu um incêndio que se alastrou, o que por pouco não se perdeu a beleza arquitetônica, que ainda está lá.

Registro após o Incêndio

Nota Institucional Secult: Decreto no 16.237, data 30/11/83 Palacete Ceará Hoje Caixa Econômica Federal Endereço: Rua Guilherme Rocha, n° 48 Proprietário: Caixa Econômica Federal Características do bem tombado e justificativa do tombamento O Palacete Ceará é uma das obras mais representativas das primeiras décadas do nosso século (1920), período em que ocorre grande transformação na aparência arquitetônica da […]

 Panorâmica com a Praça do Ferreira

PREDINHO DESAPARECIDO GRANDE HISTÓRIA

 

 

  Escola de Ensino da Fortaleza Antiga

Observamos os trilhos do Bonde Tração Animal

e no fim da Rua Municipal o Oitizeiro do Rosário

uma Porta do Palácio da Luz.

Também conhecido como ensino mútuo ou sistema monitoral, esse método antigo pregava, dentre outros princípios, que um aluno treinado ou mais adiantado (decurião) deveria ensinar um grupo de dez alunos (decúria), sob a orientação e supervisão de um inspetor. Assim era a pedagogia antiga.

Fortaleza ainda no primeiro quartel do século XIX estava obedecendo a um plano diretor iniciado por Antônio José Silva Paulet, quando o Governador era Inácio Sampaio e apoiado por arruadores, daí as ruas serem retas com simetria urbana.

Em 1828 a atual Praça do Ferreira era um campo de areia, onde eruditos acreditam ter sido campo de batalha, razão pela qual de modo efêmero, o local ter sido chamado Largo das Trincheiras. .

Na esquina do canto Nordeste do logradouro foi construído e inaugurado no dia 5 de fevereiro de 1829 pelo então intendente Francisco José Pacheco de Medeiros, a Escola de Ensino Mútuo de Fortaleza.

Em 1863 o prédio sofreu remodelamento e ainda funcionou até 1890 quando foi entregue à Guarda Civil para ser usado como quartel, sob o comando do Capitão José Freire Bezerril Fontenelle.

Como Ficou o Prédio após a reforma de 1863

Marcado o local da antiga escola.

Aspecto da Rua da Municipalidade

Ao fundo um portão de acesso ao Jardim do Palácio da Luz

Contempla-se Café do Comércio, Ponto Central dos Bondes da Ferro Carril, e na ponta da Calçada o Café Java.

Cartão Postal – Foto de 1902.

Passados sete anos, foi construído salas pelo lado da Rua Municipal (Guilherme Rocha), ligando à Rua dos Quartéis (Rua General Bizerril).

 Em 1913 o prédio já pertencente ao coronel José Gentil Alves de Carvalho, foi demolido e o coronel contratou a Firma Rodolfo F. Silva & Silva para construir o Palacete Ceará, com projeto do engenheiro João Sabóia Barbosa.

O Palacete Ceará, abriga hoje a Caixa Econômica da Praça do Ferreira.

Mas, isso é outra história, que merece post.

 

 

Ilustração para localização

Observamos o Oitizeiro do Rosário.

Fotos de 1959 e 1929

 

CRATO, CRATINHO DE AÇUCAR

O terreno do pátio fora adquirido pela Rede de Viação Cearense ainda quando subordinada ao IFOCS (1921), aos descendentes de Lobato Lira, de quem receberam em 1743 as sesmaria Missão dos Mirandas (nome primitivo do Crato) por o Capitão–Mor Alvares de matos.
A estação do Crato cuja pedra fundamental fora lançada aos 31 de maio de 1925, seria terminal, por isso deveria ter um armazém anexo que, também serviria de dormitório para tripulações que ali pernoitavam.
Participaram da construção do Prédio as construtoras “Alfredo Dolabela Portela & Cia e a Jacinto de Mattos Cia Construtores e Empreiteiras”, que ficava em Fortaleza na Rua Senador Alencar nº 9.


Pela Via Férrea trabalhou na Sexta Divisão “Construção e Prolongamentos” os engenheiros José Augusto Lopes Filho e Antônio Deodolindo de Anário Braga.
Era Diretor da RVC O Engenheiro Demósthenes Rokert, que saindo do cargo em 30 de outubro de 1926, que deixou tudo quase pronto para o seu sucessor Adelmar de Melo Franco.
Chefe da Linha: Álvaro Agostino Durand; Chefe do Escritório da Divisão: Arthur de Moura Ramos e com desenho de Cornélio Diógenes, que replicou uma planta trazida por Demósthenes Rockert que trouxe o Rio de janeiro.


Aos 13 de novembro 1926, km 600,003 com altitude der 421,900, com as presenças do Governador João Moreira da Rocha, Prefeito Joaquim Fernandes, Aldemar Franco então diretor da RVC e com as bênçãos do Padre Cícero a Estação de Crato foi inaugurada
O primeiro agente de Estação foi o Sr. Francisco Inácio Ramos, que era o agente de Guayuba.
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Aqui abro um parêntese, decifrando o enigma para os estudiosos da história do Rádio Cearense, o porquê de João de Medeiros Ramos, sendo natural de Guayuba, o que ele estava fazendo na Cidade de Crato, quando inauguraram em novembro de 1937 a Amplificadora Cratense e, lá foi trabalhar em 1941. Seu pai o levou.

Estação em 1941

Notoriedade da Estação:
Terminal do Ramal Linha Sul que nasceu em Arrojado; Recebeu trens de passageiros com dormitório para maquinistas e pessoal de trem; Distribuía petróleo vindo do Mucuripe em Fortaleza, cujo descarregamento era no distrito de Muriti. Orlandino foi arrendatário por muito tempo.
Todo abastecimento petrolífero no Sul do Estado era por ferrovia, com base em Crato. Petrobrás, Esso, Shell (Sabá) e Texaco alugavam vagões tanque. Somente a Atlantic era que apenas pagava o frete.
O gesso era outro produto calcário da região além de produtos como açúcar e algodão justificou a grande movimentação.
A estação tinha esta apoteose, até que o princípio do fim começou. Dezembro de 1988, o trem de passageiros deu adeus. Depois as gôngulas de gesso ficaram vazias e finalmente o trem foi vencido por carretas e demais transportes rodoviários.
A estação mesmo com uma nova política implantada pela Transnordestina que substituiu a CFN, não resistiu. Hoje é história…..