Assis Lima
Assis Lima

POINT DE JOGOS NOTURNOS NA VILA SÃO JOSE

 


 

Existia na Rua Coronel Philomeno, esquina com a Travessa São Francisco, um comércio que apesar de pequeno, era bem sortido. Lá comprávamos bombons e broas.

Tratava-se da venda do Sr Manuel Feliciano. Era um micro empreendimento com portas azuis construído aproveitando o quintal de sua casa. Já o conhecemos cadeirante mas mesmo assim, nos despachava.  Sabe aquela de que “ancião gostar de se mexer”.

Bem vizinho morava na casa nº 29, seu Zuza que era casado com Dona Dalva filha de seu Manoel. Ela era bastante conhecida por sua venda de deliciosas tapiocas com coco, molhadinhas na folha da bananeira.

 Tapiocas na folha de bananeira

Imagem ilustrativa

O que empolgava e impressionava era que, todas as noites, sob a luz amarelada e incandescente, religiosamente reunia-se amigos para jogarem Baralho, Dama e Dominó. Era uma assiduidade os Tios Afonso e Amadeu, além do velho Baiano, seu Soares, o Monteiro, Zé Coelho (vez por outra), seu Pinto, afora outros, e o próprio Zuza que era o anfitrião.

O diferencial era que não rolava dinheiro, diferentemente do Bodinho (pai do Evaristo) que, tinha na rua Maria Estela vizinho ao depósito de sucata do Rosimirio, sua banca do jogo do bicho, única na Vila São José.

Na casa do seu Francisco Zuza de Albuquerque (Chico Zuza), as partidas dos jogos eram o Buraco, Sueca, trinta e um; havia revezamento entre os presentes com o Dominó, Dama. Nada de monopólio ou apostas. A lampadazinha acesa e os quarentões na época se divertindo, e com direito a um cafezinho que Dona Dalva blindava aos jogadores/brincantes.

Em uma certa ocasião, alguns meninos encostaram para ver partidas, ao qual seu Zuza mandou se retirar. A priori julgávamos ignorância da parte dele, mas só depois compreenderíamos que jogo daquele modal, não era coisa para crianças, por isto nunca foi visto seus próprios filhos na sala.  Edvardo e Elias na calçada da Padaria e o Edson de modo antagônico, em seu estúdio de artes no fim do quintal.

O pai do autor nunca gostou de jogos, nem mesmo Porrinha. Ele ficava com seu rádio Semp portátil na calçada, ouvia a Voz do Brasil e em seguida “Quando a Saudade Apertar” com Themístócles de Castro e Silva, gesto aquele imitado por Pedro Rodrigues, pai do prego nu. Em seguida seu Valdemar ia dormir, pois, se levantava cedo.

Hoje tudo é no aplicativo, no virtual e as reuniões para lazer se acabaram, restando uma sociedade em que os interesses econômicos, sobrepôs aos encontros sociais despretensiosos. O filho não completa 3 anos, e já ganha de presente um aparelho com aplicativos, Rssss….

Uma vez o autor visitou a vila à noite; nada mais a contemplar; os moradores, estão nas novelas e/ou em redes sociais onde aproxima o distante e distancia o perto. A fábrica São José agora é um shopping, por isto o ser humano não é compreendido e nem compreende. Brecaram a engrenagem social.

Eu bem queria que minha cidadezinha dentro do Jacarecanga, fosse a mesma.

Nota: no entorno da rua Santana e Maria Estela tinha outra turma do baralho sob o comando do moco., mas não tinha tanta expressão. O autor precisou de mais subsídio e não apareceu.

 

Na Parede Azul lisa era o Comércio de Seu Manoel Feliciano

A via ao lado é a Travessa São Francisco e vizinho

Era o Point dos Jogadores na Casa do Chico Zuza.

 

Senhor Manuel Feliciano um dos pioneiros do Comercio na Vila São Jose.

Ao lado seu Francisco Zuza de Albuquerque

Com seu bisneto José Wagner Arrais Albuquerque Filho.

(Foto álbum de família)

 

Do Livro JACARECANGA QUE EU VIVI, página 176.

 

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