Assis Lima
Assis Lima

QUE EXISTIA DE ELEGANTE NAQUELE CAFÉ

 

Panorâmica do Café Elegante

 

Fortaleza na virada do século XX, estava sendo administrada pelo intendente Guilherme Rocha, embora uma gestão nocauteada por Antônio Pinto Nogueira Accioly, que já vinha liderando desde 1892.

 

Intendente Guilherme Rocha

 

Em julho de 1900 assume o Governo do Ceará Pedro Augusto Borges, mas a gestão municipal do intendente iria até 1912. Pedro Borges manteve sua administração subserviente à Oligarquia Acciolyna.

 

Jardim 7 de Setembro – 1902

 

Em 1902, concomitantemente com a segunda greve dos operários da Estrada de Ferro de Baturité, o Centro de Fortaleza estava recebendo nos festejos dos 80 anos de nossa independência, o Jardim “7 de setembro” aformoseando a Praça do Ferreira, onde houve um remodelação e, foi quando aumentou ainda mais os frequentadores daquele logradouro, aquecendo a venda de lanches e refeições completas nos quiosques existentes.

No “Café Java” (canto Nordeste) muito bate papo de intelectuais, e foi a bem da história, onde Antônio Sales fez o protocolo de intensões para fundar o grêmio literário que se denominaria “Padaria Espiritual”, que em 1902 já não mais existindo, tornou-se um point das conversas sobre literatura e política afora o anedotário.

Do “Café do Comércio” (Canto Noroeste) partia os bondes que na época ainda era “Ferro Carril”, cuja administração era vizinho do lado leste, olhando para o quarteirão que desapareceria em 1941.

O “Café Iracema” (Canto Sudoeste), olhava para a calçada da Rua Major Facundo, que se denominava Rua da Palma e onde seria construídos os três grandes Cines: Cine Theatro Polytheama (1911), Majestic (1917) e o Moderno (1922). O Café Iracema ficava olhando para a casa onde ficava a Botica de Antônio Ferreira, o filantropo. Os quiosques ainda alcançaram os frequentadores do Cine Theatro Polytheama e o Mejestic, porém o Moderno, primeiro a ser sonorizado, não fora possível. Em 1920 desapareceram, e o leitor saberá.

Cajueiro da Mentira e por detrás o Elegante – 1905

 

Porquê Café Elegante

Pela sua posição geográfica, respirava calma, apesar de ser o mais próximo do Cajueiro da Mentira, onde rolava potocas. Por sua frente era a Rua Floriano Peixoto (Pitombeira) e ao lado sul, transitava na Rua do Cajueiro (Pedro Borges) os bondes, mas sem parar. Lá no final da Rua Pedro Borges, descendo em rumo leste encontrava-se o Beco dos Pocinhos, onde para localização de hoje, em 1970 construíram o Edifício Palácio do Progresso. Naquele espaço já existia a Igreja Presbiteriana de Fortaleza, que data de 1896.

Voltando.

No Elegante existia uma calmaria, e com ar mais puro, afinal, pela rua que ficava na esquina vinha o vento leste, trazendo a gostosa brisa do Riacho Pajeú e da lagoa do Garrote onde ainda existia águas bem límpidas.  A umidade relativa do ar era melhor.

No ângulo Sudeste, o quiosque ficava defronte à Funilaria São José, torrefação de Joaquim Sá e no American Kinema. Seus proprietário foi Arnaud Cavalcanti Rocha, e no seu início chamava Café Chic.  Já com o nome de Café Elegante foi passado para a firma Porto & Irmão. O Café Elegante, tinha a mesma estrutura do Café do Comércio: um segundo pavimento.

 

Vista Lateral do Café Elegante

 

Andar pelo Elegante, era fazer suas refeições com mais tranquilidade, e o público segundo eruditos, era mais seleto. Até os fiéis das Igrejas Presbiteriana e do Rosário, após as reuniões, ali paravam.

Em 1920 Godofredo Maciel estava Prefeito de Fortaleza, e foi quando ocorreu um nova reforma da Praça e os Quiosques foram retirados, e junto com eles foi derrubado o Cajueiro Botador e destruído o Jardim 7 de setembro. Adeus “Casas de Merendas”.

Com esta remodelação, a Praça do Ferreira perdeu atrativos, e os fregueses por amor à Praça, se dirigiram para os Cafés Emidgio e Riche, só para não abandonar o recinto.

Existia uma cacimba que servia para o trabalho dos jardineiros, mas que fora coberta com um Coreto, ao qual por sua vez em 1933 com a Primeira Coluna da Hora.

Comete injustiça com a história, quem proclama que a Praça do Ferreira a partir de 1991 ficou elegante. Uma geração que viu o Monstrengo na desastrosa “Gestão José Walter” pode até ter razão, mas muita coisa Elegante ficou pra trás.

 

 

Fontes:

 

A Praça do Ferreira, Juarez Leitão;

Fortaleza de Ontem e de Hoje, Miguel Ângelo de Azevedo, Nirez;

Fortaleza Velha, João Nogueira.

História Abreviada de Fortaleza, Mozart Soriano Aderaldo.

Fotos: Reproduzidas de Originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

 

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