Arsenal da Marinha no Rio de janeiro
Marinha do Brasil no Contexto
No Brasil, o primeiro documento oficial que se conhece referente à formação de engenheiros é a carta régia de 15/01/1699, de Portugal ao Governador Geral do Rio de Janeiro, determinando a criação de uma aula de fortificação, “para que assim possa nesta mesma Conquista haver engenheiros“. Note-se que paisanos podiam seguir aquela aula, que preparava, conjuntamente, engenheiros militares (ou fortificadores) e artilheiros. O ensino era certamente precário e não se conhecem programa e duração dos estudos.
Escola de Engenharia da Marinha
Em 1738, esta formação consolidou-se na Aula do Terço – depois Regimento – de Artilharia do Rio de Janeiro, aulas estas lecionadas por cerca de 30 anos pelo mais famoso engenheiro militar, português, de nosso período colonial: José Fernandes Pinto Alpoim.
O curso obrigatório para a promoção de oficiais, tinha a duração mínima de cinco anos. Não se conhece sua grade curricular, mas pelo menos na segunda metade do século XVIII, naquelas aulas, também citadas como Academia Militar, se abordavam assuntos de engenharia civil: estática, hidráulica, portos, canais, pontes etc. A Academia Militar foi transformada em Escola Central, permitindo o estudo de civis e militares (1860). Foi aí o ingresso de José da Rocha e Silva para estudar engenharia mecânica, febre advinda da Revolução Industrial.
Companhia Inglesa de Locomotivas
John Towlerton Leather
The Hunslet Company Engine Co. Ltd é uma companhia britânica, fabricante de locomotivas fundada por John Towlerton Leather em 1864 em Jack Lane, localizada na Cidade de Leeds. Leather era um engenheiro civil empreiteiro, que nomeou James Campbell (filho de Alexander Campbell, engenheiro em Leeds para ser seu gerente de obras.
Primeiro Registro de Locomotiva Hunslet, Rio de janeiro.
Óleo de 1866.
A Marinha do Brasil adqueriu algumas máquinas deste fabricante para seu arsenal em 1865. Mauá que havia trazido o trem para o Brasil, em 1852 encomendou à Firma “Willian Fairbain & Sons” em Manchester na Inglaterra uma locomotiva que ao chegar ao Brasil, recebeu o título de “A Baronesa”, como uma homenagem a Sra. Maria Joaquina Machado de Souza, sua esposa. Então, à posteriori Mauá negociou com a The Hunslet Leeds locomotivas pequenas para pedreiras e serviços internos em empresas, sendo algumas para Marinha.
Em 1871 era Ministro da Marinha, Manuel Antônio Duarte de Azevedo, que era muito próximo do Senador Pompeu, diretor da recém criada Estrada de Ferro de Baturité. O mesmo intercambiou a aquisição destas máquinas, que aliás foi um maquinário bem utilizado no mundo todo de 1865 até 1901, quando a concorrência norte americana se fez presente com a The Baldwin Locomotive Work e a American Locomotive Co (1901). Na Estrada de Ferro de Baturité a penetração da Baldwin passou já a partir da Encampação ocorrida em 1878, chegando as primeira unidades norte americanas em 1879.
Chegada de Locomotivas no Porto
Trabalhando em Monguba
Em Obras no Orós.
José da Rocha e Silva
Nasceu no Rio de janeiro 1841. Engenheiro mecânico formado no Arsenal da Marinha do Brasil no Rio de janeiro, sendo companheiro de turma do José Privat. Veio para o Ceará Montar e ajustar as máquinas Hunslet, que chegaram em território cearense em março de 1873. Operou a primeira locomotiva que levou o nome de A Fortaleza, e treinou a primeira equipe de maquinistas e foguistas. Após esta árdua tarefa, em 1888 foi ser o Mestre geral das Oficinas da EFB.
Uma coisa ele se arrependeu na vida: ser o ordenança na incineração de todo o acervo documental da empresa recém administrada novamente pelo Governo da União. A fundição das oficinas engoliu boletim de pessoal, catálogos de locomotivas, fichas funcionais e, uma série de documentos administrativos tais como relatórios e fotografias. Destruiu a sua própria história. O Mister Francis R. Hull ajuizou uma demanda contra a administração de Henrique Eduardo Couto Fernandes na RVC, afinal acusaram que havia sido a mando dos ingleses pouco antes da entrega. José da Rocha foi peça chave, e disse que tinha sido por determinação de Couto Fernandes. Mr Hull ganhou até indenização por danos moral da ferrovia. Este documento estava entre os seus pertences ainda bem conservados pela Ofipro – Oficina de projetos do hoje saudoso José Capelo Filho – Pepe.
No ostracismo e sendo retaliado por Piquet Carneiro, requereu sua aposentadoria, coisa que ele deveria ter feito desde a greve de 1912, porém a administração reconsiderou a falha e em reconhecimento aos seus préstimos não permitiu. O maquinista pioneiro em 1925 se aposentou passando a Chefia das Oficinas para o engenheiro Manuel Arthur. Após sua merecida aposentadoria, se recolheu ao seu sítio em Bahú, Guayuba onde veio a falecer em 1927.
O autor destas linhas, em conversa reservada como o neto do biografado Sr. Eurico da Rocha confirmou esta conversa, através de um assentamento que existia no Arquivo Geral, que estava sob a responsabilidade do ferroviário Djalmir, que me franqueou a transcrição.
Quando transferiram o Arquivo Geral (baixos da eletrotécnica) para o Chalé, destruíram vários documentos e este foi no meio, aí fica tudo no mesmo quadrado. Constrói, derruba. constrói, queima, queima, e nem minha história existe mais, só as que o autor, do seu assentamento, fez cópia. Toda documentação do tráfego foi rebolada fora juntamente com a do Serviço Social.
A pasta do autor foi levada para a CBTU em Natal, se é que ainda existe.
Da esquerda para a direita: no cabo nº 1 A Fortaleza, nº 2 Maranguape, nº 3 Pacatuba, nº 4 José Júlio e nº 5 Acarape.
Referencias:
– Arquivo Geral da RFFSA;
– Arquivo da Marinha do Brasil – RJ;
– Lima, Francisco de Assis Silva de Lima: O Ceará Que Entrou Nos Trilhos, Visual Gráfica,2015.
– The Golden Years of Trains, 1830 – 1920. England, The Hamlyn Publishing Group
Limited/Phoebus Publishing Company, 1977;