DESCOBRINDO PACATUBA

DESCOBRINDO PACATUBA

Pacatuba era um distrito de Maranguape que em 1864, compreendia da Serra de Aratanha, lado setentrional e oriental e, a importante povoação do seu nome, assentada à raiz da serra. A formação toponímica de sua palavra é: Paca= mamífero roedor + Tuba= abundante, de onde extraímos do tupi: “Roedores em abundancia”.

Aquela localidade fora beneficiada em 1836 com o alargamento da carroçável Estrada de Baturité (hoje inicio da Avenida Godofredo Maciel), exatamente para a exportação de todo o seu café, cana de açúcar, contribuindo assim para a criação do município, que se deu pela lei nº 1.284 de 18 de outubro de 1869, cuja instalação ocorreu aos 26 de abril de 1873. o escoamento de toda a produção da zona de Pacatuba era feito por carroças e por via fluvial, pelos rios Pacatuba , pacotí e o Cocó.

Aos 9 de janeiro de 1876 foram inauguradas as estações de Monguba e Pacatuba, ocasião em que o capitão Henrique da Justa, um dos homens mais influentes da Pacatuba à época, recepcionou os convidados em sua residência. Na mesma festa inaugural, o Presidente do Ceará Dr. Heráclito Pereira da graça, oficializou a comunicação telegráfica no triangulo Fortaleza – Maranguape – Pacatuba. O trem a partir de então passou a transportar os produtos à granel e a população com conforto e rapidez iniciou suas viagens para a capital. Toda a extração mineral, a pecuária e a safra agrícola eram exportadas nos vagões de propriedade da então Companhia Cearense da Estrada de Ferro de Baturité S/A.

Todo povo tem sua história, e para resgata-la não é simplesmente acessar documentos autênticos de época, porém devemos entrevistá-lo contextualizando.   Assim nesse pequeno relato, compreendemos quando contemplamos a bonita estação ferroviária de Pacatuba, ainda bem conservada. É ícone para a cidade. É taça de vitória econômica, pois os moradores são gratos ao trem.

O nosso Ceará como um todo, é um Estado de potencial agrícola, mas parece que as crises climatéricas tiraram de nossos governantes essa força, por isso não tem mais parada para o trem em Pacatuba. Há quem defenda o latifúndio como sustentáculo da produção agropecuária no Brasil, mas isso é cultura lusa, pois se os índios não tivessem sido exterminados (o remanescente hoje é discriminado e sem expressão), com certeza haveria a lavoura de sobrevivência e as cooperativas de fomento. Assim a terra cumpriria sua função social, como sempre Deus que é o dono de tudo quis.

A vida é uma dinâmica, e a cidade de Pacatuba buscou alternativas com a instalação de empreendimentos os mais diversos. Quem quiser investir neste local, as autoridades e o povo agradecem e a história depois vai agradecer.

Sabe lá se o trem não volta!

 

 

 

 

 

“Pacatuba é terra de boa gente

Que se transformou em cidade,

E para matar a saudade

Quer o trem novamente;

 

O trem passa a desfilar

Sem atender o anseio,

Pois melhor é o passeio

Do que vê-lo passar”.

 

Assis Lima

 

ESTAÇÃO DE CARIRÉ

                             O TREM TAMBÉM FEZ DE CARIRÉ UMA CIDADE

 No exordial, denotamos que o lugar aonde chegaria os trilhos da Estrada de Ferro de Sobral (31-08-1885), Cariré que vem de uma corruptela “Cavivé”, chamava-se “Lagoa das Pedras”, e o terreno que seria construída a Estação outrora era denominada “Malha do Boi Preto”, devido a elevações topográficas, animais pastando.

Cariré já era pronunciado desde o século XVIII. Aos 12 de janeiro de 1707, o Capitão-mor Francisco da Costa doou ao fazendeiro Manuel Correia de Araújo 12 quilômetros de terras, na época Sesmaria do Cariré. (Vide documento original fac-similado no inicio deste artigo).

A formação toponímica, pelo menos ratifica o historiador Thomás Pompeu Sobrinho é uma palavra indígena: Cari= Peixe + do tupi guarani: Diferente. Cariré= Peixe Diferente. Agora que os estudiosos descubram que peixe era esse.

O marco inicial da história da cidade em epígrafe foi o prédio da estação ferroviária, cujo terreno em 1889 pertencia à família de Franklin Gomes Parente, que por certidão em vista dos inventários de seus pais foi vendida para a Estrada de Ferro de Sobral, pela quantia de 4.613 reis por hectare. Toda aquela região ainda pertencia a Sobral.

Após a construção e inauguração da estação de Cariré datada de 01 de novembro de 1893, foi construída a primeira casa para a residência do Mestre de Linha, Sr João Rodrigues dos Santos, e a Casa do Agente Sr Temístocles Navarro Leitão.

Existiam diversos fatores que levariam o trem a passar por Cariré. O calcário, cera de carnaúba, oiticica que, produzia até uma tonelada/mês. Tinha também mamona dentre outros produtos, e a exemplo dessa produção agrícola a ser transportado, consta a figura do Coronel Elísio Aguiar que em 1933 oficialmente, passou a manufaturar caroço de algodão, milho, arroz, atividade esta exercida desde 1916. Ao todo Cariré tinha 16 fazendas com profícua produção agropecuária, distribuídas nos seguintes povoados: Altos dos Honórios, Arariús, Tapuio, Cacimbas, Olho D’água, Angicos, Alto Feliz, Moquém, Anil, Jucá, Jaibaras e Almas.

Cariré ainda atraindo a construção de fábricas, por força da lei estadual nº 2.704 de 16 de setembro de 1929, passou a Município, porém, houve revogações devido à família de José Saboya de Albuquerque, que queria ser a dona de Sobral, tal quais certos municípios cearenses que são currais eleitorais de uma minoria de políticos nocauteadores. Em 1935 voltou a ser município novamente, agora pelo decreto de restauração nº 157 de 23 de setembro.

Assim Cariré cresceu, mas muita gente esqueceu o dia das coisas pequenas que impulsionaram ao seu próprio crescimento, por causa do rodoviarismo, e a escassez dos produtos agrícolas. Além de trens de cargas que ainda passam, interligando o Ceará ao Maranhão pela Transnordestina Logística, a assistência do trem de passageiros na fase áurea era diária nesta cidade. Voltando de Crateús passava as 09 h da manhã e o percurso para sobral era de uma hora, chegando a Fortaleza, às 16.30 h devido em Sobral serem atrelados dois carros que vinham de Camocim. As locomotivas até 1950 eram as Consolidation – Baldwin e depois, as Whitcomb. A partir de 1971 lentamente passaram a utilização das máquinas GE-U10B, 1000 HP. As locomotivas ALCO RSD 700 HP – 1957 não circulavam na linha Norte.

Mas o trem de passageiro foi por esquecimento. O cargueiro não tendo o que embarcar, também deixou de parar em Cariré. A solitária estação esteve em ruinas, mas foi restaurada, e creio até por sentimento cívico, já que a cultura passou por perto. A professora Roseni Soares Aguiar, primeira professora carireense a se diplomar ficaria hoje satisfeita. E a Adísia Sá, como deve ter visto isto?