FRAGMENTO DE PAPEL RESGATA HISTÓRIA DO TREM CEARENSE

 

 

“A primeira concessão para construção de Estradas de Ferro no Ceará, deu-se com o decreto nº 1983 de 3 de outubro de 1857, concedendo a companhia que organizasse Thomaz Dixon Lowdem. Para a exploração por um período de 50 anos no extremo norte da Província Cearense, esse empreendimento deveria construir e explorar uma Via Férrea a qual, partindo de Camocim e imediações de Granja, seguiria para o Ipú, passando por Sobral. Referido projeto, como outros demais no Brasil foram arquivados.

A história ferroviária cearense também se repetiu em 1868, quando Eng.º José Pompeu de Albuquerque Cavalcante estava em Recife para observar como se organizava uma Estrada de Ferro. Estando presente o Sr. John James Foster, o Dr. Pompeu por contrato associou-se com o mesmo e criou uma empresa de construção, para a primeira seção de uma via férrea no Ceará. No projeto a linha sairia de Fortaleza até a Vila de Pacatuba com um ramal para a cidade de Maranguape. A Lei assinada por Antonio Joaquim Rodrigues Junior, então presidente da província cearense em 14 de abril do mesmo 68, fora revogada pelo seu sucessor, Sr. Diogo Velho Cavalcanti Albuquerque”.

 

Arquivo Público do Estado

 

Nota: A “Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité S.A.” data de 25 de julho de 1870. A história do trem no Ceará é uma colheita de anos em que a locomotiva escreveu e a estação guardou. Apenas o autor penetrou nesse arquivo e a história do nosso trem saindo do silêncio, fica falando a você nas portagens as mais diversas.

                    Foto Raríssima. Locomotiva Inglesa Hunslet Leeds nas Obras

 

BARÃO DE MAUÁ UM EMPREENDEDOR MODELO

                                     Irineu Evangelista de Sousa “Barão de Mauá”

                                                                              (1813-1889)

O Barão de Mauá, patrono do Ministério dos Transportes, nasceu de família humilde, em Arroio Grande, Rio Grande do Sul.
Em 1845, à frente de ousado empreendimento construiu os estaleiros da Companhia Ponta de Areia, em Niterói, iniciando a indústria naval brasileira. Em 11 anos, o estabelecimento fabricou 72 navios à vapor e à vela. Entusiasta dos meios de transporte, especialmente das ferrovias, a ele se devem os primeiros trilhos lançados em terra brasileira. A estação de onde partiu a composição inaugural receberia mais tarde o nome de Barão de Mauá. A Estrada de Ferro Mauá, permitiu a integração das modalidades de transporte aquaviário e ferroviário, introduzindo a primeira operação intermodal do Brasil. Nesta condição, as embarcações faziam o trajeto inicial da Praça XV indo até ao fundo da Baía de Guanabara, no Porto de Estrela, e daí, o trem se encarregava do transporte terrestre até a Raiz da Serra, próximo a Petrópolis. A empresa de Mauá, que operava este serviço, denominava-se “Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis”.

Irineu foi um exemplo na família, nos negócios e no Brasil.  Morreu sem fortuna, mas honrou todos os seus compromissos.  

“Foi no ato de inauguração da primeira ferrovia brasileira que o imperador Pedro II a batizou de Baronesa, em homenagem à esposa do Barão de Mauá, Dona Maria Joaquina, e foi nesta oportunidade também, que o imperador conferiu a Irineu Evangelista de Sousa o título de Barão de Mauá.” Wikipédia

A INICIAÇÃO DAS ESTRADAS DE FERRO NO BRASIL

EF Conde d’eu (Parayba do Norte, hoje João Pessoa – PB)

         43.8 km, de extensão.  7 de setembro de 1883;

 

► The Recife and S. Francisco Railway – EF do Recife à Água Preta (Cinco Pontas – Cabo) 31.7 km, 9 de fevereiro de 1858;

► EF D. Pedro II – Hoje central do Brasil (Corte – Divisão Fluminense) 27.0 km, 29 de março de 1858;

►EF Bahia ao S. Francisco – (Calçada – Paparibe) 16.41 km, 28 de junho de 1860;

► EF Santos – (Santos -Jundiaí) SP 139.0 km, 16 de fevereiro de 1867;

► EF D. Pedro II (Santa Fé – Chiador, Minas) 11.1 km, 27 de junho de 1869;

► EF Alagoas (Jaguará – Bebedouro) 8.5 km, 19 de outubro de 1873;

EF Baturité (Fortaleza – Porangaba) 9.1 km, 30 de novembro de 1873;

►EF S. Leopoldo (Porto Alegre – Rio dos Sinos) 35.0 km, 14 de abril de 1874;

► EF Rio Grande do Norte (Natal – São José do Mipibu) 28 de setembro de 1881;

► EF Conde d’eu (Parayba do Norte, hoje João Pessoa – Mulungu, PB) 43.8 km, 7 de setembro de 1883;

► EF Curitiba – Paranaguá (Paranaguá – Morretes) 40.9 km, 17 de novembro de 1883;

► EF Paraíba (Belém – Benevides) 33.2 km, 10 de junho de 1884;

► EF Donna Thereza Christina (Imbituba – Minas de carvão de Santa Catarina) 416.0 km, 1 de setembro de 1884;

► EF Itapemirim (Cachoeira – Alegre) 71.0 km, 15 de setembro de 1887;

► EF Maranhão (Caxias – São Domingues) 68.0 km, 5 de abril de 1895;

► EF Madeira – Mamoré (Porto velho – Divisa AM/MT) 5.0 km, 30 de junho de 1910. Na época não existia o Território de Rondônia;

► EF Jaci – Paraná (Divisa AM/MT) 84,8 km, 30 de junho de 1910;

► EF Goiás (Divisa de Minas gerais – Goiandina) 41.5 km, 24 de fevereiro de 1913;

► EF Leste Brasileiro (Divisa Bahia – Aracajú) 158.0 km, 10 de setembro de 1913;

► EF Central do Piauí (Amarração – Bom Principio) 53.0 km, 1 de maio de 1922.

Outras concessões que até o final do século XIX foram outorgadas na bitola métrica, onde se destacando as seguintes:

 

Ferrovia
Data de Inauguração
Companhia Mogiana
03/05/1875
Companhia Sorocabana
10/07/1875
Central da Bahia
02/02/1876
Santo Amaro
02/12/1880
Paranaguá a Curitiba
19/12/1883
 Porto Alegre a Novo Hamburgo
14/04/1884
Dona Tereza Cristina
04/09/1884
Corcovado
09/10/1884

Estação de Belo Horizonte

Entre as bitolas menores vale citar ao Oeste das Minas Gerais, o primeiro trecho (Sítio, hoje Antônio Carlos) à São João-Del-Rey que foi aberto a 28/08/1881, com a bitola de 0,76 m.
Dentre as ferrovias citadas, salienta-se a implantação da Paranaguá – Curitiba, que se constituiu um marco de excelência da engenharia ferroviária brasileira, considerado à época por muitos técnicos europeus, como irrealizável. A sua construção durou menos de cinco anos, apesar das dificuldades enfrentadas nos seus 110 km de extensão. Em 17 de novembro de 1883 foi inaugurado para tráfego regular, o trecho Paranaguá-Morretes. Esta ferrovia possuía 420 obras de arte, incluindo, hoje, 14 túneis, 30 pontes e vários viadutos de grande vão, estando o ponto mais elevado da linha à 955 m acima do nível do mar. Ao trecho pioneiro da ferrovia juntaram-se outras interligações que possibilitaram o progresso dos atuais estados do Paraná e Santa Catarina.
Em 1884, concluiu-se a Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, pioneira na Província de Santa Catarina, com a extensão de 112 km, originária de uma concessão obtida pelo Visconde de Barbacena, com o objetivo de trazer o carvão de pedra das minas para o Porto de Imbituba.
Isto é apenas o começo. Continue navegando que vai encontrar muito mais.

Cédula de Cem Mil reis que circulou em 1854.

Homenageou a Implantação do trem no Brasil.

 

 

ENFIM O BRASIL AMADURECEU PARA CONSTRUIR FERROVIAS

 Até a chegada das ferrovias no Brasil, sempre é importante d

estacar que, o transporte terrestre de mercadorias se processava no lombo dos burros em estradas carroçáveis.

Estação Guia de Pacobaíba

Naquela época, os portos fluminenses de Parati e Angra dos Reis exportavam cerca de 100 mil sacas de café, provenientes do Vale do Paraíba. Em São Paulo, anualmente chegavam ao porto de Santos cerca de 200 mil bestas carregadas com café, e outros produtos agrícolas.

As ferrovias surgiram no Brasil num período em que, era uma exigência para o seu progresso possuir meios de circulação eficiente. O transporte de trem viria a ser uma inovação, mesmo tendo já encontrado algumas barreiras de inicio.

Sua implantação agora estava de acordo com estudos, em seu traçado implicado em uma espacialização do sistema agroexportador. Esta medida veria para amenizar as distâncias: o sertão e as cidades produtoras com a Corte, bem como os Centros Urbanos poderiam servir de refúgio migratório, tendo por fim que atender os flagelados em épocas de estiagem.

A partir de 1850 o Brasil passou a caminhar a passos acelerados para uma vida moderna.  Na segunda metade do século XIX foram criadas condições econômicas e sociais, possibilitando a estrada de ferro em solo brasileiro. A necessidade de escoamento do café do Vale do Paraíba além de outros produtos agropecuários em direção ao porto do Rio de Janeiro (para consumo interno), colocou na ordem do dia a criação da primeira ferrovia, afinal, durante esse período fundaram-se 52 empresas industriais, 14 bancos, 3 Caixas Econômicas, 20 companhias de navegação à vapor, 23 empresas de seguros e 8 de mineração.

Nesta sexta década, o progresso se desencadeou ostensivamente com marcas indeléveis. Na década dos anos 1850-60 os testemunhos do implante da “Linha Telegráfica Nacional” (1852) e da “Da Linha de Navegação Fluvial Pelo Amazonas” (1853) fora destaques.

A situação política do Brasil tornou-se mais estável. A ordem publica interna estava fortalecida, surgindo a “Lei das Terras” e a extinção do tráfego de escravos por conta da lei Eusébio de Queiroz desafogando a elite dominante com saldo de capitais, outrora empregados no comércio negreiro.

A verdade é que uma nova fase de desenvolvimento econômico se abriu para o Brasil. O Estado assim introduziu a noção capitalista do valor da terra e da circulação, alterando de modo rígido as relações anteriores pelas quais se dava a produção do espaço.

O ponto de partida da Viação Férrea no Brasil foi com a Lei nº 987 de 26 de junho de 1852, que alterando a Lei Feijó, garantiu aos novos concessionários favores mais sólidos e positivos, como o privilégio de Zona e garantia de melhores juros. O Governo Geral aprovou ato do presidente do Rio de Janeiro, Sr. Luiz Pereira de Couto Ferraz (Visconde Bom Retiro), concedendo a outras empresas o direito de construir Caminhos de Ferro que, partindo de Rio de Janeiro terminasse em ponto mais conveniente das províncias de Minas Gerais e São Paulo.

O Sr. Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá) ganhou privilégio exclusivo por 10 anos para navegação à vapor entre a Corte e um ponto da praia do município de Estrela. Foi fundada a “Imperial Companhia de Navegação à Vapor”, “Estrada de Ferro de Petrópolis”, mais conhecida como “Estrada de Ferro Mauá”.

No Brasil a mão de obra utilizada nas culturas cafeeiras na época era a escrava, porém a Lei de Concessão para Construção das Ferrovias (apesar de ter sido inspirada pela necessidade das lavouras cafeeiras) proibia o trabalho sem remuneração.

Aconteceu que a empresa contratada para a construção, indiretamente utilizou mão-de-obra escrava na execução das obras, como contenção de despesas por parte do concessionário. Escravos e trabalhadores assalariados compuseram o quadro de operários, trabalhando assim lado a lado na construção da Estrada de Ferro do Barão de Mauá.

Mauá em 1852 encomendou à Firma “Willian Fairbain & Sons” em Manchester na Inglaterra uma locomotiva que ao chegar ao Brasil, recebeu o título de “A Baronesa”, como uma homenagem a Sra. Maria Joaquina Machado de Souza, sua esposa. Referida máquina era do tipo “Single 2-2-2”.

Operários e diretores da Estrada de Ferro Central do Brasil, posando no momento da aposentadoria definitiva da baronesa em 1920, pois a mesma deixando de circular em 1886 fora recuperada para receber o Rei Alberto da Áustria. A mesma repousa no Museu de Engenho de Dentro – RJ e foi posteriormente Tombada Pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

A solenidade de inauguração da primeira seção da ferrovia nº 1 do Brasil, ocorreu no dia 30 de abril 1854. Foi um Domingo apoteótico, quando o Barão de Mauá, o Imperador Dom Pedro II, Comitiva Imperial e convidado especiais embarcaram no trem composto pela a Baronesa e três carros de passageiros. O trem inaugural que partiu do Porto de Estrela → Estação “Guia de Pacobaíba” → Mauá → Inhomirim → Fragoso → Raiz da Serra de Petrópolis, fez um percurso de 14,3 quilômetros em 23 minutos, chegando a atingir a uma velocidade de até 63 Km/h, coisa assombrosa para a época. Essa primeira seção, de 14,5 km tinha a bitola de 1,68m.

A ferrovia, amplamente divulgada na época como “O Caminho de Ferro”, estivera em alta. O ferro era o impulso da indústria, e é de ferro que é construída a ferrovia. Durante revolução industrial, este mineral foi colocado em primeiro plano, estando presente em todo o processo de produção, desde as máquinas até ao transporte das mercadorias. Enfim, o desenvolvimento ferroviário no Brasil dinamizou a vida urbana e alterou as relações entre as cidades, encurtando as distancias.

Porto de Pacobaíba.

TENTATIVAS SEM SUCESSO PARA O TREM NO BRASIL

Regente Feijó

Inventada a locomotiva e com as construções de estradas de ferro pelo mundo,  não tardou muito para que, estas questões relacionadas chegassem ao Brasil. Pode-se dizer que as primeiras iniciativas nacionais relativas à construção de ferrovias, remontam ao ano de 1828 quando o Governo Imperial autorizou por Carta de Lei a construção e exploração de estradas em geral. O propósito era a interligação das diversas regiões do País.

Foi a ligação ferroviária entre Liverpool – Manchester (Inglaterra) que despertou interesse no Governo Imperial brasileiro. O Regente Antonio Diogo de Feijó sancionou a lei geral nº 101 de 13 de outubro de 1835, concedendo privilégio a uma ou mais Companhias para a construção de Estradas de Ferro, que ligasse o Rio de Janeiro às Províncias de Minas Gerais, Bahia e também Rio Grande do Sul, perfazendo uma extensão de 5.500 quilômetros.

O sentido dessa iniciativa era formar em Londres (Capital berço do trem), uma companhia que empreendesse a construção dessas estradas, porém, a missão brasileira verificou que as províncias não ofereciam naquele momento, atrativos para investimento nesse campo.

Por que formar uma Companhia em Londres? Porque o trabalho dos técnicos nacionais ficava limitado a medições topográficas, comando de pessoal, aplanar terrenos e emitir opiniões sobre trajetos, afinal, eram engenheiros militares. O projeto restante tal como as linhas, pontes, drenagens, cortes e arrimos, túneis e estações ficavam com os ingleses, americanos, franceses e alemães especialistas em engenharia ferroviária.

Como Segunda tentativa, o Governo da Província de São Paulo, autorizou um plano de viação aperfeiçoado com sistemas de via férreas e fluviais, concedendo à firma “Aguiar Viúva, Filhos & Cia, Platt e Reid”. O privilégio para execução dessa obra tinha como meta de ligação ferroviária “Vila de Mogi das Cruzes à Vila de Santos”, via São Paulo.

                              Firma “Aguiar Viúva, Filhos & Cia, Platt e Reid

A Assembleia Provincial de São Paulo, após a promulgação da Lei Feijó em 1836, votou esse projeto que visava à combinação de Estradas de ferro, canais e rodovias. Seria um protótipo do que hoje, se chama “Sistema de Transportes Integrado”.  O projeto também não saiu do papel.

Depois a firma “Thomaz Conchrane” no ano de 1840 foi privilegiada para fazer uma ferrovia entre São Paulo e o Rio de Janeiro, mas após três anos, vencendo o prazo de construção, não se viu trilhos.

Na época da Lei Feijó, o País passava por conflitos do Período Regencial. A Cabanagem no Pará, a Farroupilha no Rio Grande do Sul, a Sabinada na Bahia e a Balaiada no Maranhão. Esses movimentos trouxeram turbulência governamental atemorizando os Presidentes das Províncias; Ferrovia era algo novo e revolucionário para o momento.

O CRONOLÓGICO DAS RAILWAYS

A IMPLANTAÇÃO DAS PRINCIPAIS FERROVIAS DO MUNDO

Ordem Cronológica

1825, Inglaterra (A Mãe do Trem); 1829 Estados Unidos da América; 1834 Irlanda; 1835 Alemanha, França e Bélgica; 1836 Canadá; 1837 Cuba; 1838 Áustria; 1839 Holanda e Itália; 1844 Espanha; 1845 Jamaica; 1846 Hungria; 1847 Suíça; 1848 Rússia; 1849 Iugoslávia e Índia; 1850 África do Sul; 1851 Peru; 1852 Chile; 1854 Brasil, Egito e Noruega; 1855 Austrália; 1856 Portugal e Suécia; 1857 Argentina; 1872 Japão; 1876 China; 1885 Vietnã e a última no século XIX, África Ocidental em 1895.

Esse demonstrativo das “Railways” não nos diz que, as coisas aconteceram da noite para o dia, pois, até que a prática fizesse as coisas funcionarem, a teoria corria lentamente pelas avenidas da burocracia, interesses pessoais e influências política.

 

O CONTEXTO QUE INCREMENTOU O TREM NO MUNDO

            Locomotiva a vapor: constru’da em 1804                                                        Richard Trevithick.

Ilustração da Revolução Industrial As nações se despertaram com o aparecimento do trem, efeito do processo histórico econômico-social da Revolução Industrial Inglesa. Foi isso que ampliou o interesse pela inovação nos engenhos, partindo da já mencionada máquina à vapor, que havia sido patenteada por James Watt em 1769. Foi essa revolução que transformou uma sociedade agrária onde o homem era a força motriz, numa comunidade industrial em que a máquina o substituiu. Foram os avanços proporcionados pela Revolução Industrial, que deram formas a se produzir um espaço dinâmico. A produção e a velocidade exigiram novos tempos, que precisariam ter um toque moderno para a sua época. É neste contexto de modernidade que surgiu o Trem de Ferro.

Em virtude do trem, os interesses de muitos foram abalados pois, o meio de transporte mais utilizado na época ainda era o de tração animal. Na França grande foi a resistência oferecida pelos carroceiros e donos de estalajadeiros. Seria o fim das tropas de muares.

Votada pelo legislativo francês apesar da resistência, houve autorização para a criação da primeira rede ferroviária francesa. O trem foi a resposta que a indústria precisava para redobrar as suas forças, e estender a produção aos diversos lugares do mundo.

         Modelo do primeiro trem a correr em território francês.

As instalações das ferrovias requereram elevados custos devidos aos cuidados que, se fizeram necessários e se fazem até hoje, para as suas implantações. Estes fatores econômicos constituíram uma limitação aos países que, desejaram implantar o trem como meio de transporte e não tiveram recursos suficientes. Apenas os poderosos países capitalistas da Europa e, os Estados Unidos avançaram de inicio na construção de ferrovias. Os Estados Unidos, por exemplo, já dispunham em 1860 de 50.000 km de vias, contra 10.600 da Grã-Bretanha, 6.000 da Alemanha e 3.000 da França.

Durante a Revolução Industrial, alguns países acumularam capitais abundantes para a construção de suas ferrovias sem contar que, os mesmos também dispunham de condições geográficas favoráveis para a implantação das mesmas por deter poder de produção da matéria-prima.  Os países da Europa que já dispunham no início do século XX de uma longa e densa rede ferroviária eram: Grã-Bretanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Suíça e Hungria. Na América, os Estados Unidos.

Aos países pobres restava pedir empréstimos aos países ricos para a implantação de suas ferrovias, cujos preços eram muito elevados deixando-os endividados por muito tempo, pois, nem sempre os governantes sabiam como explorar os benefícios, após a implantação de uma rede ferroviária. A saída era privilegiar concessionários estrangeiros.

O objetivo essencial da expansão ferroviária nos países capitalistas era deter, o monopólio comercial pelo resto do mundo. A necessidade de um meio de transporte compatível para expandir a sua produção, levou a indústria a produzir em larga escala.

Como social, a ferrovia foi largamente utilizada no transporte de passageiros de longas e médias distâncias, existindo carros diferenciados para a elite. Assim, consistia este tipo de transporte até meados do século XX, o mais importante e difundido no meio dos países capitalistas. A relevância é considerada até hoje, especialmente na Europa, na América destacando-se os Estados Unidos.

INGLATERRA DECLAROU AO MUNDO O SURGIMENTO DO TREM

A palavra Trem que vem do latim “Trahere” e do inglês “Train”, apesar de ser uma palavra pequena, tem uma interpretação híbrida, pois, é uma combinação de força motriz tracionando vagões sobre trilhos.

O ser humano desde a era patriarcal já era um palmilhador de estradas. Em sua gênese se locomovia, só que com seus utensílios sobre a cabeça aproveitando posteriormente a força animal, barcos e desafiando limites de percursos saindo do quadrado, inventando a roda e pondo uma tração para a mesma.

Cientistas gregos, no primeiro século da era cristã já tinha descoberto o vapor que gera força mecânica, e o que o mesmo poderia fazer para o progresso, ao ser utilizado pelo homem coisa que aconteceria na Revolução Industrial, como leremos em postagens

                                           Uma Máquina à vapor em seu aspecto original

A criação do primeiro motor à vapor (com aplicabilidade prática), devemos a Thomas Newcomem construído em 1712, o qual posteriormente fora aperfeiçoado pelo escocês James Watts. Seus estudos inovaram originando uma máquina mais compacta, com mais pressão e que no futuro seria utilizada em locomotivas, razão pela qual a Estrada de Ferro se tornaria um meio de transporte prático e poderoso.

As primeiras locomotivas do mundo foram sendo aperfeiçoadas, na medida em que os engenheiros concluíam seus estudos, o que levavam dezenas de anos, pois, para curiosidade nossa as primeiras máquinas à vapor sobre trilhos não se locomoviam, mas eram fixadas numa das extremidades do trecho e por meio de cabos, arrastavam vagões até os locais determinados.

A inicialização do que viria a ser uma locomotiva foi com Nicolas Josep Cugnot em 1769, que conseguiu transportar quatro pessoas com um veículo de forma triangular com três rodas, contudo não devemos deixar de fora esse registro: em 1800, Olivier Evans um operário de carretas da Filadélfia (USA), desfilou nas ruas de sua cidade com um automóvel criado por ele mesmo, apesar de sua simplicidade, sendo este o primeiro carro à vapor que o mundo viu.

                          Primeira Locomotiva de Richard Trevithick em 1804.

Na Inglaterra os mecânicos Richard Trevithick e Vivian, tomando conhecimento do carro de Evans expôs em 21 de fevereiro de 1804, o que foi considerado “Uma Locomotiva” que Pesava cinco toneladas, desenvolveu uma velocidade de 5 Km/h e na experiência rebocou cinco vagonetes com dez toneladas de ferro, e dez homens. A máquina era grande e cheia de engrenagens, sendo patenteada com o nome de “Diligência a Vapor em Estradas”. O transporte tinha força, mas não velocidade. Trevithick teve como desafio mostrar o seu potencial já como engenheiro mecânico. Com modificação nas engrenagens e na pressão das caldeiras em 1808, após vários testes, surgiu a “Cath Me Who Can (alcance-me quem puder)”.

 

 

Exibição da locomotiva de Richard Trevithick.

Cath Me Who Can em 1808.

(Alcance-me quem puder)

Willian Bruton em 1813 fez a sua máquina de tração e por fim George Stephenson, inglês de família humilde, após ter sido operário fogueiro, tornou-se engenheiro e construiu em 1814 a “Blucher” sua primeira locomotiva.

Stephenson foi o responsável pela construção do trecho ferroviário Stockton – Darlington e aí com a famosa LOCOMOTION aos 27 de setembro de 1825, declarou ao mundo a invenção oficial do trem.

 

                                                A Locomotion de George Stephenson

A FANTÁSTICA HISTÓRIA DOS TRILHOS PARA TREM

 

                                                Primitivas carruagens utilizadas em Minas.

A palavra Trem que vem do latim “Trahere” e do inglês “Train”, apesar de ser uma palavra pequena, tem uma interpretação híbrida, pois, é uma combinação de força motriz tracionando vagões sobre trilhos. (Vide Postagem sobre o Trem)

O ser humano desde a era patriarcal já era um palmilhador de estradas. Em sua gênese se locomovia, só que com seus utensílios sobre a cabeça aproveitando posteriormente a força animal, barcos e desafiando limites de percursos saindo do quadrado, inventando a roda e pondo uma tração para a mesma.

Na aurora das idéias de trilhos, estava na moda o termo “Carril”. Depois ficou mesmo como “Trilho”, que sendo irmão da “Trilha”, passou a designação de rastros repetidos pelo homem no mesmo chão. Contada em velhos alfarrábios, os mesmos advieram quando, nos confins da antigüidade, os carros puxados por animais se atolavam e para prosseguirem em viagem, colocavam-se com precárias condições, varas de madeira em numero de duas sob as rodas, tal como ainda hoje se faz em circunstâncias similares, afinal, já existiam nas antigas e estreitas estradas da Grécia trilhos côncavos para apoiar veículos. Tratava-se de pistas simples e de mão dupla, acontecendo vez por outra, confronto de veículos que circulavam em sentido oposto, cabendo ao condutor mais novo abrir passagem ao mais velho. Os romanos chamavam de “Estradas Trilhadas” aos sulcos de 8 a 10 cm de profundidade e aproximadamente 20 cm de largura. Com uma distante entre si de 1.40 a 1.45 m esses trilhos sulcados serviam de guia para as rodas de carros, proporcionando mais segurança.

Na Inglaterra no Condado de Durham, surgiram em 1555 os primeiros trilhos, que eram vigas paralelas de madeira, sendo utilizados nas minas de carvão que se localizavam entre a Escócia e Gales do Sul.  Trilhos de Carvalho foram fixados em dormentes e, serviam para o deslocamento de vagonetes tracionado à força humana e animal. Corria apenas um vagão de inicio, sendo posteriormente acrescentados outros, havendo interligação para aumentar volume.

Devido à fácil deterioração dos trilhos de madeira, no século XVII surgiu o revestimento de chapa de ferro, quando se iniciou o uso combinado de rodas com trilhos. O ferro fundido já com bordas salientes foi empregado a partir de 1739. Após as técnicas do engenheiro Frances Marc, todos os trilhos passaram a ser de aço.

Os primeiros trilhos que o Ceará recebeu para a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité (Hoje Transnordestina Logística S/A) vieram de Liverpool, Inglaterra. O vapor “lisbonense” atracou no Poço das Dragas (antigo porto de Fortaleza), aos 28 de março de 1872. Eram trilhos portáteis. A Segunda remessa, já de trilhos permanentes, foi recebida no ano seguinte, cujo assentamento em Fortaleza verificou-se no 1 de julho de 1873.

Era o início de um grande progresso. Os trilhos foram colocados na hoje Avenida Tristão Gonçalves que na época era denominada: Rua Trilho de Ferro.

Esse registro de 1902 nos mostra os primeiros trilhos.

 Foram assentados em 1873.

Praça da Lagoinha pela Rua Trilho de Ferro.

AS LOCOMOTIVAS WHITCOMB INICIARAM A ERA DIESEL,

 Vindas dos estados Unidos da América e, como produto de primeiro mundo para a época, essas locomotivas modernizaram o parque de tração de nossa Rede de Viação Cearense e, da Viação Férrea Leste Brasileira (Bahia). Em março de 1948 por concorrência pública o Ministério da Viação (Atual Ministério dos transportes) adquiriu inicialmente trinta unidades, quinze para cada ferrovia.

Fabricadas por “The Whitcomb Locomotive Company” de propriedade de George D. Whitcomb, essa companhia localizava-se na cidade de Rochelle, Illionis – USA.

Saindo da Montadora em Plataformas

Bem recebidas não foram pelos apaixonados por trens, pois, estas vieram para aposentarem as máquinas à vapor que tantas emoções trouxeram a nossa gente. A cantiga da Maria Fumaça executaria as últimas músicas arquivando em janeiro de 1963 seu cancioneiro, que os anos carregariam. Não sabemos o porquê da não preservação de tantas relíquias, tendo escapado apenas uma do tipo 0-4-0 de marca Baldwin com o nº. 30.

A locomotiva Whitcomb reconstituiu em pouco tempo a autoestima dos amantes da ferrovia, tendo como resultado a diminuição dos percursos e aumento na demanda dos transportes.

A solenidade de recebimento das primeiras unidades ocorreu aos 3 de outubro de 1949, que contou com as seguintes presenças: Presidente da República General Eurico Gaspar Dutra, Governador Faustino Albuquerque, do Diretor da RVC Dr. Hugo Rocha além de outras autoridades e a imprensa.

Desembarcaram quatro máquinas que receberam a seguinte numeração: 600, 601, 602, 603. Em seguida chegariam mais onze que de acordo com a ordem de colocação nos trilhos foram etiquetadas da 604 a 614. A partir de 1951 as outras quinze encomendadas foram chegando.

Desembarcando no porto do Mucuripe

 3 de outubro de 1949

A locomotiva 600 funcionou pela primeira vez aos 27 de janeiro de 1950. A última da primeira remessa (614) veio a funcionar 67 dias após. Relatórios da RVC e jornais da época afirmaram que essa demora no funcionamento deveu-se a falta de combustível e ajuste no sistema de climatização.

A primeira viagem da Whitcomb para o interior do Ceará ocorreu no dia 1 de fevereiro de 1950. Um trem com 11 vagões, 260 toneladas fez uma viagem experimental chegando na Cidade de Senador Pompeu na hora prevista, e nem mesmo a temida ladeira do Itapaí fora obstáculo para o percurso.

Aos 19 de março do mesmo 1950, Sobral recebeu o primeiro trem de passageiro pelo ramal de Itapipoca. Referido trem foi tracionado pela unidade 602 com 11 carros, sendo 1 destinado as autoridades, dentre as quais o Dr. Hugo Rocha.

Essas lindas locomotivas passariam a ser concorridas pelas da marca ALCO-RSD-1957, 700 HP, GE-U-5B 1961 500 HP e as GE-U10B-1971 1000 HP. Serenamente foram as Whitcomb desaparecendo tornando-se obsoletas, sendo entregues às intempéries.  A unidade 623 passou a puxar o trem dos operários desaparecendo em 1977. A 617 foi a última a ser destruída. Manobrou no pátio das oficinas do urubu até agosto de 1983. Até mesmo a 612 com a qual aconteceu o trágico acidente em Piquet Carneiro em dezembro de 1951, não é lembrada. Se for por causa do acidente é bom mesmo esquecer.

No matagal próximo a antiga fundição das Oficinas da hoje Transnordestina, existiu um cemitério de locomotivas onde repousou a 614, talvez reclamando à posteriori  de sua importância em ter enfrentado com êxito às locomotivas à vapor. A reclamação foi aceita e apesar de já ter sido colocada na  desativada Estação Professor João Felipe levaram-na de volta para as oficinas e entregue ao deus dará!!!!

Ficha Técnica da Locomotiva Whitcomb 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Locomotivas Whitcomb saindo da fábrica para o Porto com destino ao Brasil

 

 

 

 

 

 

 

r

Locomotiva nº. 3 defronte ao depósito diesel na Central em janeiro de 1950.

 

 

 

 

Whitcomb nº. 617 manobrando nas Oficinas Demósthenes Rockert (Urubu).

 

 

 

 

 

Apoteótica Exibição das Locomotivas Whitcomb.