Assis Lima
Assis Lima

TREM NO CEARÁ MUITO ESPÍRITO CÍVICO PARA EMPREENDER

A INSPIRADORA ESTRADA DE BATURITÉ

                                      Estrada de Mondoig Atual Godofredo Maciel

 A natureza, obra das dadivosas mãos de Deus construiu uma bonita e fértil serra, e os primitivos habitantes, os índios Canindés e Jenipapos se dispuseram e, abriram caminho para pedestres com o objetivo de migrações e conquista de novas terras.

Antes da chegada dos colonizadores vindos da Europa, aqui no Brasil não existia nenhum meio de transporte, haja vista os animais tais como o burro, jumento, o boi, o cavalo terem sido trazidos por eles, juntamente com outros animais que se adaptaram ao nosso clima e hoje, anexados à nossa fauna. Ainda é desconhecida pelos historiadores de que algum outro animal in natura da fauna brasileira, tivesse sido domesticado pelos nativos para o transporte de cargas, o que alimenta a crença de que todo transporte do indígena dava-se por meio braçal, e na via fluvial através de canoas.  Essas estradas abertas pelos índios muito contribuíram para que aos 14 de abril de 1764, fosse criada a Vila com o nome de “Monte-Mor-o-Novo da América”, passando depois a se chamar “Baturité” onde etimologicamente provém de Ybatyra+etê= Serra por excelência.

Os geógrafos defendem a existência de três formas de ocupação do solo.  “A primeira é a Produtiva, que ocupa o solo através da agricultura e o pastoreio; a segunda é a forma Improdutiva que é a construção de casas e as estradas e a terceira é a destrutiva como a caça, a pesca e a mineração”. Com o maciço de Baturité não foi diferente, pois, os portugueses fizeram todas essas ocupações e, escravizaram na “Política do Bandeirantismo” os índios massacrando a muitos. A Serra de Baturité com toda sua riqueza em cafés, cana de açúcar e legumes os mais diversos, além da pecuária, levou o então Presidente da Província do Ceará, Padre José Martiniano de Alencar (Pai do Romancista) a que por volta do ano 1836 ampliasse uma Estrada, tornando o tráfego mais intenso para os veículos de tração animal. A via já dava para circulação em mão dupla, e com tal serviço a economia da região foi aquecida, pelo que depois fora decretada a lei nº 838 aos 9 de agosto de 1858 e a desenvolvida Vila de Baturité passou a ser Cidade.

O ponto zero da antiga Estrada de Baturité era onde seriam construídas as antigas caixas d’água do abastecimento de Fortaleza (Praça Clovis Beviláqua), seguindo no caminho do Arronches (Avenida João Pessoa), fazia o contorno Leste na Lagoa de Maraponga (Avenida Godofredo Maciel), cortando o matagal do Mondoig (Mondubim), assistindo ao Acaracuzinho (Pajuçara) e no ajustamento da mesma em 1864, essa artéria ficou com vários quilômetros em tangente.

A importância do café que se desenvolveu em Baturité, aumentou numa escala progressiva a zona de terrenos atravessados. Monguba, Pacatuba, Guayuba, Bahú, Sitio Água Verde, Acarape, dentre outras localidades todas de uma espantosa fertilidade, recomendaram a Estrada de Baturité e dali mais tarde (como realmente foi) até as regiões de exportações das imensas riquezas naturais do Vale Cariri.

  FUNDAÇÃO DA COMPANHIA CEARENSE DA VIA FÉRREA DE BATURITÉ S/A.

A viabilização de toda e qualquer obra que projetamos, atrela-se a estudos preliminares, onde detectamos fatores que motivam e os que influenciam. A carroçável Estrada de Baturité, assim motivou a construção da primeira Companhia Ferroviária do Ceará que já vinha a tempo, sendo estudada.

HOMENAGEM

 Fotografia mais Antiga do Senador Pompeu

Raridade de 1875.

Thomaz Pompeu de Souza Brasil (Senador), Bacharel Gonçalo Baptista Vieira (Barão de Aquiraz), Comerciante Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba), Henry Brocklehurst (inglês sócio da Singlehurst & Cia) e José Pompeu de Albuquerque Cavalcante (Engenheiro), unificaram propósito firmando aos 5 de março de 1870, um acordo associativo baseado no antigo projeto dos engenheiros  José Pompeu e  James Foster: Construir inicialmente um Caminho de Ferro da Capital cearense até Vila de Pacatuba, com um ramal para Maranguape, cidade hoje pertencente à região metropolitana de Fortaleza.

Henry Brocklehurst

A conotação jurídica, como já lemos, ocorreu aos 25 de julho de 1870, graças ao trabalho do advogado João Brígido, quando foi celebrado o contrato entre a Província do Ceará e a “Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité S.A.”. A resolução da Assembléia Provincial legislativa nº 1.132 de 11 de outubro do mesmo 70, aprovou contrato de construção, sendo instalado um ano após, o escritório técnico da companhia, sob a responsabilidade do Sr. João da Costa Weyne.

Consolidado o projeto de implantação da Estrada de Ferro de Baturité, por decreto do Imperador Dom Pedro II, as ações foram entregues aos interessados em 30 de agosto de 1871.

O traçado da Via Férrea foi dividido em Seções conforme a seguir:

Seção I          Central – Pacatuba

Subseção 1 – Central -Arronches (Parangaba)

Subseção 2 – Arronches – Maracanaú – Maranguape

Subseção 3 – Maracanaú – Pacatuba

* Seção II – Pacatuba – Acarape

* Seção III – Acarape – Baturité

Conforme J. C. Alencar Araripe no Jornal da Estante publicado pelo Instituto do Ceará em 1977: “Foi lenta a implantação da companhia de tal modo que, só aos 20 de janeiro de 1872, se iniciaram as obras compreendidas no trecho que ia de Fortaleza à povoação de Arronches, hoje Parangaba”. Segundo o historiador Octávio Memória em seu livro “A origem da Viação Férrea Cearense” o contrato de construção sofrera duas modificações: O primeiro em 4 de novembro de 1871 e o outro aos 18 de março de 1874, quando se ampliou o privilégio dos concessionários por ocasião do prolongamento da linha, quando a mesma atingisse a fronteira da província. Tal coisa não aconteceu, pois, a linha só chegaria às regiões do Araripe extremo sul da província cearense, em 1926.

Carregamento de Gôndolas com Café.

Propriedade de Alfredo Dutra

                                   FINS DA ESTRADA DE FERRO DE BATURITÉ

Além do já abordado, busquemos mais subsídios para a devida justificativa desse empreendimento de tamanha grandeza sócio-econômico.

Em 1892 era diretor da EFB em segunda gestão, o Dr. Ernesto Antonio Lassanse Cunha, o qual enviou para a famosa exposição em Chicago – USA um relatório manuscrito e sem paginação que fora denominado “Synopse Histórica da Estrada de Ferro de Baturité”. Em sua primeira folha são resumidos os objetivos que criaram a Companhia Cearense da Via férrea:

# A Estrada de Ferro de Baturité, é a artéria destinada a servir o Sul do Ceará, tendo por ponto inicial a Capital.

… Esta estrada preenche três fins diversos:

1º Ligar o Ceará ao Sul da República, por meio do Rio São Francisco;

2º Proporcionar o maior desenvolvimento, a lavoura e indústria do Estado do Ceará até então atrofiada pela falta de meios fáceis de transportes para a condução dos produtos do interior para a Capital;

3º É também uma estrada estratégica, permita-se a expressão para minorar os effeitos das sêcas periódicas que assolam este Estado.

Lassanse ratificando o 2º item dos objetivos faz um aditivo: “A grande produção de café e outros gêneros das serras de Baturité, Acarape, Pacatuba e Maranguape indicaram a necessidade urgente da construção de uma estrada de ferro que ligasse esses pontos ao litoral”. (Folha 1).

 Vide Fac-símile

 

Biblioteca Nacional de Portugal

Reconhecimento Parcial.

 Prolongamento da Estrada de Ferro de Baturité para o Rio São Francisco.

 

                              Vista Panorâmica da Cidade de Baturité em 1892.

 

Coronel Ribeiro Monte Negro.

Primeiro Agente da Estação de Baturité.

Juntamente com o Alfredo Dutra eram Cafeicultores. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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