UIRAPURU A EMISSORA DO PÁSSARO

                           

Edifício Arara. A Uirapuru começou nesse Arranha Céus.

Edificio do Rádio Praça da Bandeira

 Ainda hoje se comenta a fase dos anos de ouro do Rádio cearense vividos brilhantemente, onde se procurou ressaltar que a época foi de pioneirismo, das rádios-novelas, dos programas de auditório, enfim, de tanta coisa marcante e vivida pelo Rádio no Ceará antes do aparecimento da televisão. O surgimento da Rádio Uirapuru trouxe aos cearenses uma inovação do que até então haviam feito as emissoras que a antecederam.

                                                                           Afrânio Peixoto

 

Aécio de Borba

 

Inaugurada em 16 de junho de 1956, sua fundação fora resultado de uma labuta dedicatória e porque não dizer audaciosa de José Pessoa de Araújo e Aécio de Borba de Vasconcelos, com pacto associativo de amigos dentre os quais se destacaram José Julio Cavalcante, Luiz Crescêncio Pereira e Afrânio Peixoto.

Em todo projeto audaz devemos analisar os fatores que motivam e os que influenciam e neste clímax, nasceu a “Emissora do Pássaro”, a “Casa do Esporte”, “A Boazinha”, como bem frisaria depois o grande radialista Cid Carvalho. A rádio uirapuru na época de sua criação precisaria de novidades, bem como outras emissoras, e foi isso que fez com que o rádio não morresse, quando surgiu em novembro de 1960, a TV Ceará canal 2, a maior concorrente na história do rádio. Após a revolução pacífica, o rádio encontrou seu próprio rumo.

Edifico Gellatti

A Rádio Uirapuru tinha uma programação moderna e variada onde manteve de maneira diversificada, o entretenimento para os ouvintes, mas voltando-se para mantê-lo informado e prestando seus serviços aos que a prestigiavam com sua audiência.

Cid Carvalho

 

Heraldo Menezes

Foram firmados convênios com a Mayrink Veiga e Nacional do Rio de Janeiro e os grandes programas humorísticos da época passaram a serem apresentados também em Fortaleza em gravações. A esse estilo de programação se juntaram as produções locais, como “Almanaquinho do Ar” com Tarcísio Tavares, “Revistinhas da Cidade” com Ivan Lima; “Despertador Musical” com Juarez Silveira e “Nos Bastidores policiais” com Cidrak Ratts, que marcou época

O forte na programação da ZYH-25 haveria de ser o esporte, a noticia e a informação de um modo geral. E que para tudo isso viesse a funcionar com melhor qualidade, para aqui veio o extraordinário Fernando Jacques, da Rádio Nacional do Rio que acabara de retornar ao Brasil, após estágio na BBC de Londres.

Uirapuru diz respeito a um pássaro raro, pequeno, com penas castanhas e cinzas e seu porte é algo em torno de 200 g. Segundo os amazonenses, seu canto bonito e nostálgico só é ouvido quinze minutos por ano. Que bela inspiração do empresário José Pessoa de Araújo.

A instalação do estúdio inaugural foi no décimo primeiro andar do Edifício Arara (IAPC), na Rua Pedro Pereira no centro de Fortaleza. A Estação Transmissora fora colocada no antigo Santa Rita (atual Maraponga), considerado um dos bairros mais arborizados da capital. Cada emissora que surgia, notadamente procurava ganhar o seu espaço, pois a televisão como já foi dito ainda não existia. As famílias se reuniam em suas respectivas salas de estar e, nas cantoneiras sintonizavam o Rádio.

O bom do rádio antes da TV era que, o ouvinte trabalhava com sua imaginação querendo descobrir quem era aquela voz, ou desenhava na mente, como seria aquele locutor ou Radioator.

A Rádio Uirapuru em 1957 mudou seu estúdio para o “Prédio do Rádio”, edifício que a direção mandou construir na esquina das ruas Clarindo de Queiroz com General Sampaio, na antiga praça da Bandeira. O formato da edificação era realmente de um aparelho receptor que serviu de ícone, tal como: “Guindaste Titan” no Mucuripe; o “Bar do Avião” na Parangaba; a “Palhoça do Raimundão” na Serrinha; o “Atapu” no Joaquim Távora; a “Vila Cazumba” na estrada de Messejana; o “Muro do Colégio Santa Isabel” no antigo Alagadiço e as “Oficinas do Urubu” no Carlito Pamplona.

´Guajará Cialdine

Alguns que marcaram época nos microfones da Uirapuru foram: Em gravação, o Reverendo Celsino Gama com o Cada Dia, Programa da Igreja Presbiteriana. Silvino Neves com forró na Madrugada; as manhãs eram descontraídas com Guajará Cialdine com “Guajará no Varandão”; na brilhante voz do jornalista e advogado, Dr. Cid Saboya de Carvalho ao meio dia “Antenas e Rotativas”. Heraldo Menezes que era o dono da tarde com os programas: Atendendo o Ouvinte e o Peça o que Quiser; Edison Silva aos domingos com Nós na Fossa.

Foi registrado muito ecletismo e pouca vaidade na emissora do pássaro, que convém salientar a passagem de Cesar Coelho com “Romances de César Coelho”, dramas diário; Carvalho Nogueira que como poeta e jornalista, tinha a alma de seresteiro.

Atuaram dentre outros também: Baman Vieira, Carlos Alberto, Lúcio Sátiro, Orlando Viana, Barroso Damasceno, Gilvan Dias, Cauby Chaves, Vicente Alencar, Almir Pedreira, Lúcio Brasileiro…

Em 1975, a Uirapuru mudou de freqüência, passando de 1340 para 760 kHz e no prefixo de ZYH 588. O estúdio depois que saiu da Praça da Bandeira, esteve na Rua Quintino Bocaiúva (Benfica), no edifício da Gellati na Avenida Barão de Studart e, atualmente é localizado na Rua Marcondes Pereira, no bairro Joaquim Távora.

Pouco antes de ser vendida, a administração da Uirapuru estava sob o comando de José Pessoa Filho, Wagner Jucá e Vânia Pessoa.

Adquirida pela Igreja Universal do reino de Deus, a Boazinha passou uma temporada com o nome de “Record”, porém ao integrar a Rede Aleluia, voltou ao original: “Rádio Uirapuru de Fortaleza”.

Com modernos transmissores jogando 25 kw na antena de 110 metros, os céus do Nordeste são rasgados com 24 horas de programação evangélica.

 

 

Aos amigos não poupo elogios; aos inimigos ainda que os tivesse, pouparia qualquer crítica”. José Pessoa de Araújo.

MINHA FORTALEZA BELEZA

MINHA FORTALEZA BELEZA

 

#Parabéns Fortaleza minha

Tua memória não morrerá

O pesquisador te abraçará

Nunca ficarás sozinha#

 

  Objetivando criar uma feitoria na Índia (Ásia) e garantir domínio português, foi organizada por Portugal uma respeitável esquadra com 13 navios e 1.500 homens, sob o comando de Pedro Álvares Cabral e que, deveria respeitar o TRATADO DE TORDESILHAS assinado entre Portugal e a Espanha. Havia limites aos territórios que a partir de então fossem descobertos pelos dois países, onde fora estabelecido uma linha imaginária em que, 370 léguas ao Oeste do arquipélago de Cabo Verde ficariam com a Espanha e, a Leste seria de Portugal.

A Europa tomou conhecimento da existência do Brasil, quando em 2 de janeiro de 1500, o olhar pioneiro do navegador espanhol Vicente Ianez de Pinzon captou as dunas do que seria o Siará Grande, porém, devido ao tratado de 1494, a descoberta oficial deveria ser dos portugueses, coisa que só aconteceria na Bahia aos 22 de abril de 1500.  Pedro Álvares Cabral que, não era bom navegador, mas, era Cavaleiro da Ordem de Cristo comandava a esquadra portuguesa, que além da missão de estabelecer uma rota comercial com a Índia, ele deveria no caminho desviar-se para a direita no oceano atlântico, e foi quando chegou ao litoral do Novo Mundo.

À princípio as novas terras não despertaram muito interesse, porém, para garantir aos portugueses a posse da terra diante da ameaça representada pela presença dos navios estrangeiros, a partir de 1530 foi resolvida a colonização do Novo Mundo, através de um Governador Geral e a criação das Capitanias Hereditárias, cuja do Ceará, foi entregue ao donatário Antônio Cardoso de Barros que, nem chegou a tomar posse.

Naquele momento, a Coroa Portuguesa estava concentrada nas riquezas asiáticas e africanas, porém, no litoral descoberto, a presença do Pau-brasil da qual se extraia tintura para tecidos, oferecia uma das poucas possibilidades de exploração econômica para os comerciantes portugueses. Portugal logo estabeleceria o monopólio real sobre essa riqueza e, arrendou o direito de exploração a um grupo de comerciantes portugueses, liderado por Fernando de Noronha. Nasceu assim o bonito nome BRASIL, a terra mais rica do mundo.

Como pesquisador curioso, quero através deste opúsculo revelar um erro que é cometido com a nossa história. Cristóvão Colombo (italiano de Gênova) saiu e no caminho com um maremoto não sabia mais para onde ia; quando chegou não sabia onde estava e, quando voltou não soube onde esteve. Estando na América em outubro de 1492 pensou estar na Índia. Assim os verdadeiros nativos americanos, erroneamente foram chamados de índios.

Voltemos ao Vicente Pinzon. Tomás Pompeu Sobrinho e outros historiadores renomados afirmaram ser: “O Cabo de Santa Maria de La consolacion, o Rostro Hermoso como a Ponta Grossa ou, Jabarana no Município de Aracati”. Já o historiador Francisco Adolfo de Varnhagem defende que, o local visitado pelos espanhóis era a ponta do Macorie, nome este encontrado no mapa das Capitanias Hereditárias em 1574. Posteriormente a nomenclatura Macorie sofreu corruptela terminando em Mocoripe – Mucuripe.  José de Alencar, o romancista diz que, essa palavra vem de Corib “Alegrar” e Mo vem do verbo Monhang, tornando o ativo passivo. Talvez Alencar referiu-se aos morros, por ter causado alegria aos navegantes. Alencar concordou com os estudos, ratificando as conclusões de Adolfo Varnhagem.

Em 1603, Pero Coelho de Souza, português natural de Açores, munido da bandeira de Capitão-Mor, chegando ao Ceará, não conseguiu se instalar no Rostro Hermoso tendo em vista, os nativos oferecerem resistência. Os habitantes primitivos da provável Ponta do Mucuripe, aos poucos foram sendo dominado pelos invasores e, com a imposição da cultura lusa, esse povoado foi se adaptando à civilização, porém, por amor aos morros, ao navegável Riacho Maceió e a calma oferecida pelo iodado vento leste, preferiram viver isoladamente, tendo a Caça e Pesca (nome de bairro) como produtos de consumo e exportação.

Aos 20 de janeiro de 1612, Martins Soares Moreno nas margens do Rio Siará (Barra do Ceará), fundou o Forte São Sebastião mas, a cidade só se expandiu com o estabelecimento da ocupação holandesa, que levou Matias Beck em 1649 construir na margem esquerda do Rio Pajeú, no monte Marajaituba (próximo a onde seria a Santa Casa e Passeio Público) um Forte que, recebeu o nome de Schoonemborch, como homenagem ao holandês Governador de Pernambuco. Talvez por falta de chamativo, ninguém nessa época se interessou pelo Riacho Jacarecanga já existente.

Aos 13 de abril de 1726, por ordem Régia foi instalada pelo Capitão-Mor Manuel Francês a “Vila da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção” do Siará Grande e, assim começou a crescer a “Loura de Sol e Branca dos Luares”, embora concordemos com o historiador Raimundo Girão que, a data seja 10 de abril de 1649, com o erguimento do Forte. Esse mais de meio século excluído, já foi motivo de polêmicas política e religiosa, pois, a Coroa portuguesa não admitia Fortaleza ser fundada por Matias Beck, que era holandês e Protestante (Calvinista). Com a expulsão dos holandeses em 1654, no local do Forte Schoonemborch, foi construído a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, que dá nome a Cidade.

Seja como for, é notório o engano de se comemorar a festa de Fortaleza, por um ato da Corte, e não porque a cidade nasceu.

Hoje quando se fala na história de nossa querida Cidade, todos correm para o Forte ao lado da 10ª Região militar, para o Passeio Público, Praça do Ferreira. Falam da existência da primeira Coluna da Hora, Velha Intendência, Abrigo Central, os Coretos, Jardins, e bancos que até eram nomeados. Tinham na Praça do Boticário quatro cafés: Do Comércio, Elegante, Iracema e o Java.

É sempre lembrado no começo de cada mês de abril, o Cajueiro da Mentira. Os cines Polytheama, Júlio Pinto, Majestic, Moderno, Diogo, São Luiz, o Rex, Jangada, Art. No Bairro Farias Brito (Octávio Bonfim) tinha na Rua Teófilo Gurgel o Cine Nazaré; quando foi fechado, aumentou a frequência do Cine familiar já na Praça do Bairro ao lado da Igreja Matriz, na Rua Dom Jerônimo. Em Parangaba Tinha o Cine Tupinambá, sem esquecer o Atapu, São Gerardo, dentre outros.

Os saudosistas recordam com tristeza, ao contemplar as transformações paisagísticas por conta da realidade, abominando os crimes contra a memória, que se opõem à sua geografia sentimental. Cadê os bondes da Tramway? Os ônibus do Oscar Pedreira instalados em 1928 desapareceram juntamente com a “Vila Quinquinha” e a Casa do Pedro Philomeno, mansões que se situavam no inicio da Avenida Francisco Sá. Onde foram parar os ônibus elétricos da CTC que, com nove carros atendiam a demanda das Avenidas Bezerra de Menezes e João Pessoa? Por que derrubaram a Vila Itapuca na Rua Guilherme Rocha, a Fênix Caixeiral e o Edifício Guarany (Rádio Iracema) na Praça José de Alencar?!

Fortaleza já foi palco de diversos acontecimentos cívicos e políticos, classificado como anarquia. Até já vaiou o sol na Praça do Ferreira, no dia 30 de janeiro de 1942. É uma cidade que deixou para trás a presença de personagens populares. Ao paginarmos esta história encontramos o “Bembém da Garapeira”, “Chagas dos Carneiros”, “Manezinho do Bispo”, “José Levi”, “Pilombeta”, “Maria Rosa, a velha Escrava”, “Pedro da Jumenta” e até mesmo o carisma que foi dispensado ao adestrado “Bode Iôiô”. Em um passado próximo tínhamos o “Pedão da Bananada”, “Feijão Sem Banha”, o “Burra Preta”, “Zé TáTá”, o “De Menor”, o “Deixa que eu Empurro” , “Bodinho Jornaleiro”, “José do Buzo”, “Coronel dos Bodes”, “O Waldo do Café”, “ O homem do facão”, “Casaca de Urubu, o cobrador”, “José de Sales, bandolinista”, “A Ferrugem”, “Maria Pavão”, “O furacão preto”, “Chico Tripa”, Zé Batata”, “O Cheiroso da Pipoca”, “O Fedorento do Picolé”, “Chapéu de Ferro”, “O Xaveta”, “O Boi sem Osso”, e tantos que os anos carregaram. Fortaleza era o Xen-iem-iem do saudoso radialista Wilson Machado.

Fortaleza tinha de tudo, e não foi por conta do advento dos planos urbanísticos e projetos de remodelação e aformoseamento.  Mesmo recebendo novas técnicas e mudanças de uso do solo, não consegue esconder a segregação, revelando-se uma cidade real com situação desigual. É luxo, é lixo. Com esse crescimento desordenado, vão surgindo áreas de risco. Em locais que outrora fora ocupado por residências estão transformados em comércio, onde, diga-se de passagem, não oferece o menor conforto. O Shopping do Camelô que, por ocupar uma área não urbanizada, recebeu como herança o nome da própria vilela: Beco da Poeira. (Hoje é ocupado por uma Praça sem vida e no subsolo, passagem do Metrô).

Todo fortalezense se orgulha pelo que ainda resta no Centro, pelas belas praias, a ponte dos Ingleses e Estoril. Cantam com orgulho seu hino, e participam civicamente dos festejos alusivos a todo 13 de abril desde 1726.

Bem que podíamos fazer um bolo maior e aumentar o numero velinhas….

Diassis Lima

 

 

 

 

MONDUBIM TEM OUTRAS HISTÓRIAS

Mondubim tem outras Histórias

 

 

A antiga e carroçável estrada que ligava Fortaleza à Cidade de pacatuba, partia do bairro Benfica e chegando no distrito de Arronches (atual Parangaba), contornava a Lagoa de Maraponga tomando rumo ao Sertão.

Com movimentação nas Vias é comum as famílias se organizarem nas beiras das estradas e explorarem a área economicamente, quer seja para subsistência ou para atender os transeuntes, formado assim os distritos. Foi assim que os nativos na zona de Mondoig (nome dado pelos holandeses) cresceram e fundaram o Mondubim. (Mondubim, Mundubim, do Guarany, corruptela de Mendobi, Mandubi=Está em montão).

Mondubim ao se organizar como distrito, tornou-se uma zona de exportação de madeiras e tijolos de alvenaria, levando então os Srs. diretores da então Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité (que já foi RVC, RFFSA e hoje Metrô) a construírem uma estação no Km 13,2 com altitude de 23,46 m, cuja inauguração ocorrera aos 14 de janeiro de 1875 quando, lá chegou o primeiro comboio sendo recebido pelo Chefe nº 1 da estação, Sr. Nelson Brígido dos santos. Assim os madeireiros e proprietários de olarias desde então, passaram a exportar seus produtos por trem e, os passageiros comodamente iniciaram suas viagens.

Mondubim em 1940, ainda era uma réplica do refrescante vento praiano; O trem suburbano chegava junto com o pôr-do-sol, de onde se observava no pátio ferroviário o Valdemar Caracas (nos deixou em 2012) que, mesmo sendo secretário do diretor da RVC, dava suas recomendações em campo. O seu Oscar Sá benevides, agente da estação, se alegrava com a afluência dos passageiros e dos tradicionais visitantes.

Hoje, o bairro ainda é muito arborizado, mas o alargamento das ruas, o trânsito agitado e a proliferação de empreendimentos por conta da realidade, tiraram do local aquele naturismo.

A bonitinha estação ícone da zona desapareceu em 1981.

 

 

 

 

 

 

 

CONJUNTO CEARÁ ANTIGO CARNAUBAL DA VENEZA

                                                            SINTESE HISTÓRICA DO CONJUNTO CEARÁ

 

 

O ANTIGO CARNAUBAL DA VENEZA

Não para de crescer o Conjunto Ceará

Que se transformou em mini-cidade,

Que traz tanta felicidade

E só construir, conservar, amar…

Do autor

 

Era 1970.

Enquanto o mundo científico discutia com otimismo, a conquista do homem na lua, o Brasil era destaque na dimensão esportiva, com o primeiro título de Tri-campeão mundial de futebol, com o Jairzinho camisa sete. Ele foi o furacão, tendo em vista ter sido o artilheiro, daquela inesquecível copa que foi a copa da minha meninice e, diga-se de passagem, a primeira transmitida ao vivo pela televisão brasileira, ainda que em preto e branco.

Em Fortaleza, apesar dos chamados pichadores ocuparem os muros com a trivialidade “Abaixo a Ditadura”; o clima era de antagonismo a tudo o que se passava. Apesar de ter sido um ano eleitoral, ainda hoje o Nordeste não tem peso político para as grandes decisões nacionais. O título Terra da Luz foi uma bravura que, a história anexou aos grandes feitos, mas foi no passado, passou…

Foi no governo chamado por muitos “Os Anos Negros da Ditadura”, que se iniciou uma política habitacional, através de recursos, do já extinto Banco Nacional de Habitação. O presidente Emilio Garrastazu Médici que havia assumido a Suprema Magistratura da Nação em 30 de outubro de 1969, foi um homem que, mesmo com o Congresso Nacional mutilado, conseguiu assistir ao homem do campo, hoje o inverso. Não estou para defender regime autoritário.

O presidente Médici criou o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Pró-Rural). Pergunta-se: Quem criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL? Quem criou o FUNRURAL, hoje o maior distribuidor de renda para o homem do campo? A história está ai para fazer justiça aos seus criadores.

A história do pomposo Conjunto Ceará nasceu neste contexto. Os cearenses sempre foram vitimas de constantes secas, e não é novidade migrações. O êxodo rural incha as cidades grandes, e os flagelados começam a se refugiarem em áreas isoladas formando favelas, e consequentemente com a instalação de casebres em locais indevidos, surgem as chamadas áreas de risco, ou indústria da miséria.

O problema é que, com o retorno da estação chuvosa, os refugiados já estão adaptados ou se adaptando com a vida urbana através do mercado de trabalho, até mesmo com a mão de obra não qualificada e permanecendo no mesmo local. Quando um homem entra no mercado de trabalho, aí sua família entra no mercado de consumo. O interior fica esquecido.

Foi a hiper-população da Capital cearense que fomentou e tornou urgente, a aprovação do projeto do Governo Federal para a construção de casas populares, e o Conjunto Ceará fora inserido neste programa. A área escolhida, para melhor compreensão do leitor, foi de uma baixada após o Campo da Granja (hoje Praça da granja Portugal) até a beira da Via Férrea de Sobral, onde abrigaria as suas 4 etapas. O terreno onde foram construídas as primeira, segunda, e terceira etapas denominava-se Estivas, e após o canal, que um dia foi braço do rio Maranguapinho e uma verdadeira riqueza em carnaúbas, havia tomado a nomenclatura de Veneza, pois eram terras que na época das sesmarias foram herdadas pela a família de Manuel Francisco da Silva Albano, dentre os quais um fora agraciado como Barão de Aratanha (nome de rua no centro da cidade de Fortaleza).

O local já pertencente ao Município de Caucaia, denominou-se Parque Albano. Ali o trem da antiga Rede de Viação Cearense – RVC (depois RFFSA, hoje Metrô / Transnordestina) de 1917 até 1931, fazia parada no km 11, tanto para recebimento de gado, exportações e o envio de pequenas encomendas. O prestígio da família era grande perante a administração da Companhia Ferroviária. O trem suburbano do distrito de Barro Vermelho (Antonio Bezerra) ia direto para Soure (Caucaia). Foi aí que a população ribeirinha do Genibaú e da Jurema reivindicaram paradas para o trem suburbano.  O trem ficou parando no km 10 (hoje São Miguel) e Jurema a partir de 1945. A quarta etapa do Conjunto Ceará apesar de ter sido a última, parece que pela etnologia topográfica tem uma história mais rica.

Situada essa zona Oeste para o Conjunto Ceará, a área havia sido demarcada ainda na gestão de Plácido Castelo, que em cumprimento ao programa estabelecido pelo governo Federal, as obras de infra-estrutura só foram iniciadas no final do “Governo da Confiança”, ou seja, em 1974 quando o governador César Cal’s estava prestes a passar o governo para o Cel. Adauto Bezerra.

Cognominado a Capital da Periferia, o Conjunto Ceará começou a receber as famílias em sua primeira etapa com 966 casas, cuja solenidade de inauguração ocorrera aos 10 de novembro de 1977. Referido evento contou com as presenças de várias autoridades, dentre as quais o Governador Adauto Bezerra, que estrategicamente construiu a Avenida José Bastos para o devido escoamento de veículos que, para o Conjunto viria. A Avenida João pessoa não comportaria a demanda.

A segunda etapa ficou pronta em 1978, com 2.516 unidades, a terceira em 1979, e a quarta em 1981. A RFFSA (Metrô e antiga RVC) desde a inauguração do Conjunto já havia começado a parar o seu trem no km 12, mas a inauguração oficial da estação data de 19 de fevereiro de 1982. A estação Parque Albano só iria ser inaugurada em 1995.

Pois bem, assim como bola de neve, os moradores de um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina, foram triplicando, e lógico, cada um com seus empreendimentos libertando-se parcialmente assim do comércio do Centro e os Shoping. Acompanhada pela equipe de Assistentes Social da extinta Cohab, os moradores foram se adaptando.

Hoje o bairro cuja oficialização foi por conta da lei nº. 6.504 de 11 de novembro de 1989, conta com mais de 130 mil habitantes, que vivem em torno de 15 mil residências. Conta o CC com 11 Unidades de Vizinhança (UV’s), 12 avenidas, um hospital maternidade, um Posto de Saúde da Família (Maciel de Brito), duas Vilas Olímpicas, um terminal rodoviário do sistema de integração, três linhas de transportes alternativos, Várias autoescolas, posto da ABCR, Um Liceu, Creches, mais de 50 escolas públicas e particulares, uma delegacia distrital, um contingente militar que forma a 4ª Cia. do 6º BPM, Bombeiros, um juizado de Pequenas Causas, o Centro da Cidadania Lúcio Alcântara (antigo CSU), três agencias bancárias, serviço de Correios, escritórios da Enel e Cagece, Centro Cultural Patativa do Assaré, além do Pólo de Lazer Luiz Gonzaga. Na área religiosa as igrejas são as mais diversas: Católicas, Evangélicas dentre, as afro-brasileiras.

Aqui termino com duas reivindicações de todos os moradores: a Instalação de um Cartório Legal, e uma linha de ônibus Conjunto Ceará-Parangaba.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FORTALEZA E SEU TAPETE DO ASSENTAMENTO

                          FORTALEZA E SEU TAPETE DO ASSENTAMENTO

 Fortaleza, loura do Sol e branca dos luares é um verdadeiro arquivo topográfico que, por mais que se pesquise, sempre fica algo para ser descoberto, o que não esgota a mão de obra de futuros pesquisadores. Ninguém na íntegra conhece a história de nossa linda, porém, inquieta Fortaleza. Toda cidade fica em seu padrão, mas a Capital alencarina nunca falta o que fazer. A exemplo temos, a Praça José de Alencar, era um arborizado terminal de ônibus, e na gestão Maria Luíza, derrubaram todo quarteirão da Família Mamede, e com ele foi embora o Edifício Guarani (Rádio Iracema), permanecendo o Beco da Poeira, depois Shopping do Camelô e, já se vão trinta e cinco anos e a Praça agora é que se aquietou em 2020.

Isso é só um exemplo que tem pessoas que nasceram em 1986, e até hoje não usufruíram da praça, nem como transeunte. Possa ser agora.

Voltemos à nossa temática. Quem está em Fortaleza ver tudo plano, mas quando nos dirigimos para a Orla Marítima, aí nos deparamos com os declives, muitos acentuados como o da Santa Casa de Misericórdia, primeiro hospital de Fortaleza.

A resposta está nos escritos do inglês Henry Koster, que por aqui passou e do alto mar só viu muitos morros, e uma Vila bastante desenvolvida com cerca de 2.000 habitantes. O arruamento e ordenação urbanista tiveram inicio no quartel Militar, daí surgindo a Rua do Quartel que hoje tem o nome de General Bizerril. Esse processo começou com Luís Barba Alardo de Menezes, mas a concretização foi com Manuel Ignácio de Sampaio, auxiliado por Antonio José da Silva Paulet por volta de 1815.

Os mais antigos conservam a nomenclatura de Morros, e a ratificação é Morro de Santa Terezinha (Mucuripe); Morro Meireles (Palácio da Abolição); Marajaituba (Passeio Público); Croatá (Estação Ferroviária); Moinho (Padre Mororó); Japão (Noroeste do Pirambú).

Adentrando na cidade ao sul, ainda restam Alto da Balança na saída pela hoje BR 116 vizinho ao Bairro Aerolândia e, entre as Avenidas Bezerra de Menezes e Sargento Hermínio, topograficamente nota-se a diferença de Nível por detrás do North Shopping: é o bucólico Monte picú, nome pouco conhecido, e eu muito andava lá, pois, tinha o meu Tio José Porfírio que, lá se estabeleceu nos anos da década de 1950. Hoje é o Bairro Presidente Kennedy.

Quando estamos no Palácio da Abolição (Governadoria do Estado), e queremos ir para a praia é como se estivéssemos em queda livre. Quem está na Estação Ferroviária e/ou Igreja dos Navegantes defronte ao Hall da Escola de Aprendizes Marinheiros, contemplamos os verdes mares com 15 metros de altitude.

Nesse tapete/solo existem cortes hídricos que outrora navegáveis, hoje são capilares inexpressíveis, “Graças” a especulação imobiliária e o desordenamento promíscuo, as chamadas Áreas de Risco. Três são os que desaguam no mar: Maceió no Mucuripe; Pajeú no Centro e o Jacarecanga do mesmo nome do Bairro. Podemos citar outros rios como o Cocó, Riacho Parreão e o Aguanambí. A expressão Aguanambí Agua+Nambí vem do hibrido Português e Tupy que quer dizer “Só tem um braço”. Traduzindo um rio que só tem um curso.

a gestão Vicente Fialho, que mesmo sendo filho de Tauá, aqui em Fortaleza por pertencer ao partido dominante, Arena, foi nomeado pelo Governador Cesar Cal’s como Prefeito da Capital. Pense leitor amigo, numa Fortaleza sem saída Sul, e foi nessa visão de mobilidade urbana que, em 1973 essa importante Avenida Chamada Aguanambí foi inaugurada, concomitantemente com o Terminal Rodoviário Eng.º João Thomé.

Para quem queria ir para Messejana, numa via sem pavimentação asfáltica nos obsoletos ônibus da extinta Viação Cruzeiro, agora ver o quanto esses homens (Cesar e Fialho) tinham visão de futuro. Lamentamos a especulação ter que desviar e afunilar curso de importantes rios, mas com um pouco de educação, não é possível que Fortaleza um dia não tenha sossego!

É impossível Fortaleza voltar a ser descalça, mas por que não transformá-la numa metrópole modelo? Quase que conseguíamos no ano 2000, mas no meu entender, impensadas obras do Metrô desassossegaram moradores e transeuntes motorizados, afora transtornos no comércio.

Muito fácil: a Avenida Tristão Gonçalves poderia ter recebido pilares, o que tornava a viagem do novo trem panorâmica, as obras eram barateadas, teria ficado mais lindo. São boas as coisas modernas e estéticas, mas devemos construir para usufruir e não para posteriori. Custo hoje, Benefício só Deus Sabe?

Na Avenida Aguanambí o encontro de gerações: o Rio e a Mobilidade Urbana.

Quanto ao tapete/solo, gerações vêm e passam e por cima. É vencedor da idade. É imutável. Desde Vicente Pizzon (Janeiro de 1500) ao José Sarto tem que ficar como a natureza criou.

CEDRO E AS RECORDAÇÕES

                                                                                     CEDRO E RECORDAÇÕES

 Corria o ano de 1915.

O Ceará ainda de ressaca das turbulências da Sedição de Juazeiro e, traumatizado com os rumores da primeira grande guerra, agora amarga uma assoladora seca. Em toda extensão do território cearense campea a miséria infrene, e o abutre da fome que assalta os lares com garras afiadas, produz miséria, meche na autoestima dos infelizes retirantes, que emerge dos mais diversos pontos da cidade de Iguatu. Nas praças, ruas e em cercados, cerca de 15.000 indigentes amontoados, formam um verdadeiro mar de cabeças humanas; A caridade particular se esgota; a varíola em virtude da aglomeração de imigrantes, na falta absoluta de higiene não espera, porém, graças às medidas enérgicas que se tomam, isolam-se os pestosos e aplica-se a vacina com a valiosa cooperação do Benemérito Farmacêutico Rodolpho Theóphilo que, abandonou o vacinogênio no Bairro Jacarecanga em Fortaleza – Capital e, passa a trabalhar gratuitamente na intenção de ser útil aos cearenses.

Pois bem, agora o sertanejo aspira veemente e vê o término do seu sofrimento ao saber que, aos 23 de novembro do mesmo quinze, inicia-se o primeiro alistamento para uma frente de serviços. É chegado o momento do inicio dos trabalhos de prolongamento da Estrada de Ferro de Baturité, cuja estação terminal é na cidade de Iguatu, de onde paginando fontes segura, narro estes lamentáveis acontecimentos. Os trilhos rumam agora para o município de Lavras da Mangabeira, via Cedro.

É Sobre Cedro que agora escrevo.

Cedro era uma simples fazenda de criação de propriedade do Sr. João Cândido da Costa, localizada no território dos municípios de Várzea Alegre e de Lavras da Mangabeira, banhada pelo Rio São Miguel, afluente do Rio Salgado.

Na assistência governamental, prestada aos flagelados da seca de 1915 (isto eu já narrei) com o aproveitamento da mão de obra não qualificada, utilizada no prolongamento da Via Férrea de Baturité para atingir o Sul do Estado, o traçado topográfico cortaria a Fazenda Cedro e por conveniência foi assim, afinal a água do subsolo era ali abundante uma vez que abastecia as locomotivas movidas a vapor. A terraplanagem da Estrada de Ferro chegou à Fazenda Cedro no fraco inverno de 1916 e os apoteóticos serviços ferroviários contagiou a localidade. A civilização sem opinamento àquele meio tipicamente sertanejo, por completo transformou sua feição secular.

Não demorou muito e o Núcleo Rural desenvolveu-se com espantosa rapidez concorrendo para tanto, sem dúvida, a posição geográfica em que ficou situada a referida fazenda. A Estação Ferroviária foi inaugurada aos 15 de novembro de 1916, no km 467, 819, com 246,000 m de Altitude, Latitude – 6° 36′ 24″ Sul e Longitude de – 39º  3′ 44″ W. Paris.

O Porto Ferroviário agora aberto escoava a produção do Vale Rio Machado e mais ainda, serviu de porta acessível ao Vale do Cariri, riqueza agrícola do estado. O crescimento de Cedro também foi influenciado devido à proximidade do Estado da Paraíba, pois, passou a entreposto comercial das duas unidades federadas. Foi extraordinário como essa fazenda em menos de meio século, transformou-se em núcleo populacional e centro de grande produção agrícola, notadamente a cotonicultura.

A Lei Estadual n° 1.725 de 02 de julho de 1920 criou o município e o termo judiciário de Cedro, desmembrando-o dos vizinhos municípios de Várzea Alegre, Lavras da Mangabeira, Icó e Iguatu. Apesar de ter sido criada a freguesia aos 07 de setembro de 1921, com paróquia pertencente ao bispado de Iguatu, Cedro religiosamente foi bem assistida onde, cito os exemplos dos Pastores Natanael Cortez e Francisco Varela que construíram o primeiro templo presbiteriano. Hoje tem também as Igrejas Pentecostais.

A elevação da Vila de Cedro à categoria de cidade, deveu-se ao decreto nº. 2.255 de 19 de agosto de 1925, sendo seu primeiro prefeito, o Sr. José Gabriel Diniz.

Cedro deve todo seu desenvolvimento à Rede de Viação Cearense. Quem se encontra na Esplanada da Estação percebe pela grandeza nas estruturas os relevantes serviços de outrora. Como tomou efervescente a economia; Comerciantes, Agropecuaristas, pequenas encomendas; Muita exportação. Era o trem da feira, o Paraibano, trem para Fortaleza. O ânimo para viagens era total. Vinha gente do São Vicente, da Telha, Juá, Jacu, fora os de Malhada grande e Várzea que tinham o trem na porta. Cedro tinha de tudo, até mesmo locomotivas reservas, bufando vapor na válvula, esperando o momento do ajudar os trens cargueiros a subirem a rampa sentido sertão Arrojado.  O girador, sempre lubrificado. Quanta movimentação no depósito. Cedro sediava o 8° distrito de via permanente. Na década de 50 empregava 275 pessoas nas mais diversas atividades.

Em 01 de janeiro de 1963, a Rede Ferroviária aposentou em definitivo as locomotivas a vapor. O Engº José Walter Barbosa Cavalcante, diretor na época da RVC/RFFSA, por portaria de 03 de julho de 1963, desativou o depósito das locomotivas do Cedro, criando na cidade de Iguatu o Posto de Lubrificação de Transporte (PLT) que ficou até novembro de 1969, e todos os trabalhadores de Cedro ex-oficio foram para a cidade de Iguatu. Cedro apelou para alternativas.

Mas à semelhança da natureza, os trilhos falam! O apelo por eles emitido às gerações futuras fizera com que na gestão do Ilmo. Sr. Prefeito João Viana Araújo, surgisse a Lei nº. 056 de 17 de setembro de 1999, criando “O Dia ­Municipal do Ferroviário – 20 de outubro”. Na ocasião foi inaugurado o Museu Ferroviário de Cedro.

Bom, devido o novo trajeto da Transnordestina Logística S/A, os trilhos ficassem ao relento. Moreny Lopes, abnegado ferroviário e responsável pelo Museu do Trem em Cedro, nos deixou,

Para os cedrenses trem agora só no lendário, observando as edificações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ACARAPE TERRA REDENTORA

Acarape  Terra Redentora

 

Era o toque final do clarim da vitória,

Que ecoava da cidade aos longínquos desertos.

Uns riam de prazer – outros a extinta escória

Dos déspotas, depois, achincalham, libertos!

…………………………………….

Foi um dia de festa e regozijo. As praças

Regurgitavam. É o grande ideal que venceu…

Do instante mais feliz que Acarape viveu!

…………………………………

E os seus cabelos, salamândricas serpentes,

Que se estorcem venenosas, pelo chão,

Semelhavam, depois, as tétricas correntes

Cujos elos quebrou, sozinha, Redenção.

Trecho de um poema de Otacílio de Azevedo

(Filho de Redenção que chegou a Fortaleza em 1910, e falecera em 1978).

Com apenas cinco anos de existência, a estação de Acarape tornou-se um marco histórico em todo o Império do Brasil. O dia de Acarape abria ao Ceará, um novo calendário, cuja última hora iria ser a da meia noite de 25 de março de 1884. Um trem especial conduziu os abolicionistas e, a meia légua do desembarque o local Acarape de Cima passou denominar-se Redenção, devido à libertação dos escravos e, como o Ceará foi o primeiro do Império a fazer tal, tem a nomenclatura de “Terra da Luz”. O lugarejo do ponto do traçado da estrada de ferro e a estação ferroviária continuaram com o nome de Acarape, sendo até num passado não distante distrito de Redenção.

Em Fortaleza, as lojas comerciais anunciavam os seus artigos para esse 25 de março, e um dia antes a coisa foi acelerada na Praça Castro Carreira (da Estação), e fora aproveitado o pavilhão do Grande Circo Americano, ou seja, a Companhia Eqüestre e Ginástica de propriedade de João Gomes Ribeiro que estava localizado na esquina das ruas da cadeia (General Sampaio) e Travessa das Flores (Castro e Silva).

Debaixo desse armado no centro do logradouro, após a chegada do trem com a comitiva, houve a realização da solenidade oficial da libertação escravagista tudo sob a orientação de Jose Correia do Amaral, Dr. Henrique Théberge, Heráclito Sousa Leão, José Severiano de Oliveira, Francisco Cerqueira Mano e Cândido Alves Maia. A cidade não coube dentro dessa concha nos desabafos e júbilo. A Praça da Estação fora apoteoticamente visitada, pois, Fortaleza nesse marco histórico parou. Todos se dirigiam para a estação ferroviária Central popularmente conhecida como Baturité. Os registros fotográficos antigos que o leitor conferirá, foi graças ao patrocínio da Sociedade Perseverança e Porvir, movimento precursor do Centro Abolicionista Cearense.

Acarape tem a seguinte formação toponímica: Acará= Peixe + Pe = Por em ou No, donde se conclui por “No caminho dos Acarás”.

A riqueza do solo de sua zona era o cal, que já foi considerado o melhor do Estado, além da cultura de cana de açúcar que foi atravessado pela ravina Acarape. As águas dessa ravina foram represadas por uma barragem de argila situada fora da Cidade.

A estação de Acarape foi situada por conveniência do traçado, a três quilômetros da então fluorescente cidade do mesmo nome, encravada no meio de um grande povo, cuja inauguração data de 26 de outubro de 1879 com 76,437 m acima do nível do mar.

“Quando encampada a Baturité*, por magnanimidade e influencia direta do Imperador, nova pendência se levantou em que o Ceará teve de ser vencido. Ao aproximar-se de Acarape, a estrada devia chegar até as imediações da cidade e dali seguir ou por Itapaí à mercê de um túnel ou contornar a serra de Cantagalo, a fim de aproveitar a estrada já existente para piões e comboios até a cidade de Baturité. A má vontade do engenheiro Julius Pinkas à população da cidade de Acarape fez a linha tomar outra direção. Seguiu de calaboca e numa rampa de cinco quilômetros, a dezoito por mil, vingou a montanha de Itapaí, com aterros, cortes… e curvas repetidas até Canoas. Esta ascensão de Itapaí mereceu que o sábio engenheiro Capanema, indignado, dissesse que aquilo não era um erro, mas um crime de engenharia”. João Brígido sobre o traçado da Estrada de Ferro de Baturité (Jornal Unitário 20-2-1908). * julho de 1878. Convém salientar que, a cidade de Acarape de que fala João Brígido é hoje o território da cidade de turismo histórico Redenção.

As novas gerações desconhecem a importância que esta estação teve no desenvolvimento da economia local, pois, a intensa operação dos trabalhos que efetuou a colocava em competição com as demais estações da antiga Rede de Viação Cearense. Devido ao aclive acentuado em serpentina da Serra do Itapaí, Acarape tornou-se uma estação recompositora, de onde as composições que vinha de Fortaleza com destino ao sertão central, tinham que sofrerem reduções em suas tonelagens. Boa parada, pois, o açude Acarape do Meio que tinha a melhor água da região, abastecia as locomotivas que, até 1950 eram todas à vapor. As lenhas com boa qualidade tinham como certas a sua venda para dois grandes clientes: A própria RVC e a The Ceará Tramway Power Light, que as utilizavam em suas caldeiras e nos fogões domiciliares.

A economia local movimentava um bom número de vagões que eram despachados com algodão, açúcar, além dos produtos de inicio tais como calcário, couros salgados, peles curtidas, madeiras de construção, café e aguardente, vindos dos mais diversos locais dentre os quais menciono o Exu, Pau Branco e o Sitio Garapa.

Aos 9 de maio de 1962 surgiu a Usina São João de Bezerra Lima & Cia. que, somou com a Usina Cariri carregando em seus desvios particulares os seus produtos tais como: algodão beneficiado, Óleo vegetal, sabão in natura… Tudo isso sem por em conta os trens de passageiros P1/P4 que deslocava todo aquele pessoal. Muitos se deslocavam para o lado de Baturité e a maioria para Fortaleza, e mais, desde 1963 tinha um comboio suburbano de freqüência diária que lá pernoitava, saindo as 4.40 h o e retornando às 18.30 h.

O povo de Acarape agora sobrevivendo com transportes rodoviários olha para sua estação porém, não assiste mais o desfile dos trens cargueiros da Companhia Ferroviária do Nordeste, depois Transnordestina Logística S/A.

A vida continua.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAJUÇARA PEQUENA ESTAÇÃO UMA GRANDE HISTÓRIA

PAJUÇARA PEQUENA ESTAÇÃO UMA GRANDE HISTÓRIA.

Ferrovia Antes de Ontem e Ontem.

A sesmaria da Lagoa do Acaracu ficava na Sapupara vizinho à Maranguape, e foi concedida ao Capitão-Mor Gabriel da Silva Lago em 25 de fevereiro de 1707. Chamou-se Acaracuzinho, em virtude de existir outro Acaracu bem maior.

Sapupara vem do Tupy – Guarany e tem a seguinte formação etimológica: Raiz Torta. Çapó = Raiz + Apara = Torta. Transliterando Cana de açúcar. Depois os indígenas passaram a chamar Pajussara / Pajuçara. Isso porque denominaria Lugar Alto, com relação a uma grande lagoa ali existente.

Os trilhos da Estrada de Ferro de Baturité, sob o comando do engenheiro Jerônimo Luís Ribeiro passaram por Pajuçara em 1874, saídos de Mondubim até Maracanaú. A locomotiva Hunslet Leeds começou a chegar com pranchas lisas, cujo carregamento era trilhos Vignoli tipo 19,8 kg.

Foram muitos os operários alistados para o trabalho de terraplanagem e assentamento de trilhos e os demais serviços braçais. A estação de Maracanaú foi inaugurada em 14 de janeiro de 1875, e o ramal de Maranguape no dia da Pátria do mesmo 75.

Foi o escoamento da cana de açúcar e horto de lenhas que justificou uma parada do trem no Km 19,041 da linha Sul. A demanda dessa Sapupara, passou a incomodar as autoridades de Maranguape. O trem deveria ir para Maracanaú, adentrar o Ramal de 7,046 m para poder atender a exportação da cana de açúcar. Quem conhece a história sabe que, no pátio de Maranguape não tinha triângulo de reversão e sim um círculo balão, como se fosse pitstop. Então toda a colheita da cana de açúcar, bem como a cotonicultura seguiam de carroças para Maranguape, para abarrocar os armazéns da estação.

Então isso inquietou, e os reclames começaram a surgir. Por sugestão do agente chefe da estação de Maranguape sr. João Gaspar de Oliveira, a Câmara Municipal de Maranguape sob a Presidência do Cel. Afro Tavares e os oito Edis componentes juntamente com Prefeito Cel. Manuel de Paula Cavalcante, reivindicaram à direção da Rede de Viação Cearense uma estação na Pajuçara, única e exclusivamente para atender essa demanda. O deputado Alfredo Dutra de Souza, que era cafeicultor em Baturité, mas que estava Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, também fez parte da comissão Junto à administração da RVC.

Saiu a ordem de serviço, e em pouquinho tempo a estação Pajuçara começou a ser construída. O Doutor Henrique Eduardo Couto Fernandes, pediu autorização ao Ministro da Viação e Obras públicas Augusto Tavares Lira e dentro de poucos meses, Junuviano Augusto Pereira Chefe da Linha Telegráfica e seu ajudante Enéias Fructuoso de Paiva, colocaram o aparelho Morse em funcionamento.

Aos 25 de maio de 1918 parou o primeiro trem na Pajuçara, sendo atendido por Jose Correia de Alencar, seu primeiro agente.

Pajuçara ontem atendia a Cana de Açúcar e a cotonicultura, e hoje já como distrito de Maracanaú tem sua importância, como pátio de manobras da Transnordestina logística S/A e ou como Parque Industrial. Ao tempo da CBTU, em 1991 trabalhei uma única noite nessa estação, olhando para a Estação transmissora da Ceará Rádio Clube que ficava ao lado.

Obs.: Sapupara é marca famosa de aguardente e em Maranguape tem o Museu dessa bebida alcóolica.

ANTONIO BEZERRA ERA BARRO VERMELHO

  DISTRITO DE BARRO VERMELHO

 Localizado na Estrada do Soure, hoje Avenida Mr. Hull, Barro Vermelho era uma verdadeira Floresta, onde ficava o Sítio do escritor e historiador Antonio Bezerra, verdadeiro enamorado de nossa Fortaleza Antiga, a Belle Époque.

Findando-se o Bairro Alagadiço (São Gerardo é o nome da Igreja), iniciava o então distrito de Barro Vermelho. Com o crescimento populacional, o espaço geográfico fora inchado e, assim deixaram de existir nas grandes cidades os chamados distritos, tais como de Parangaba (que já teve casa de Câmara e Intendência), Messejana etc.

A Rede de Viação Cearense – RVC ao fazer o traçado de construção da Estrada de Ferro Fortaleza – Itapipoca – EFFI incluiu a localidade Barro Vermelho, cuja estação fora inaugurada aos 12 de outubro de 1917, no km 7,506 com 17,099 metros acima do nível do mar. Essa foi uma estação destinada a atender o povoado, para o movimento de encomendas e gado bovino.

Devido o aumento da demanda de transportes e falta de espaço no pátio da Estação Central, a partir de 1922, as locomotivas e vagões imprestáveis passaram a serem colocadas num desvio na Estação Barro Vermelho que, passou a funcionar como um Cemitério de ferro velho.

Em 1 de janeiro de 1945, a direção da RVC mandou que a estação Barro Vermelho passasse a se chamar Antonio Bezerra. (Vide cronologia). Observemos o quanto as estações influenciam e são influenciadas pelos bairros e lugares onde são construídas. Os exemplos vêm do Bairro Farias Brito que devido à estação ficou sendo Chamado de Octávio Bonfim (Hoje desaparecida); O Bairro das Damas é conhecido como Couto Fernandes; a Estação Floresta, que já foi “mestre Rocha” foi influenciada pelo nome do bairro e agora é Álvaro Weyne; e a de Barro Vermelho, Antonio Bezerra.

Com o aparecimento do Frigorífico Industrial de Fortaleza – Frifort aos 24 de julho de 1959 foi construído um desvio no km 10 da Via Férrea de Sobral (Atual Conjunto São Miguel), com objetivo de receber os animais para o abate. Existia também na curva acentuada da linha quase na passagem de nível da Estrada de Soure, (o viaduto só foi construído em 1977), outro desvio destinado a uma empresa que manufaturava o Calcário, que também construía portes utilizados para rede elétrica. Toda a arrecadação, e supervisão do tráfego ferroviário eram sob, a responsabilidade da Estação de Antonio Bezerra.

Antonio Bezerra e Sua Estação

Foram os conjuntos construídos pelo programa habitacional do Governo na cidade Oeste, e o povoamento nas adjacências da hoje Avenida Mr. Hull, que transformaram o bairro Antonio Bezerra num dos Bairros mais populosos de Fortaleza, o que também viabilizou o projeto da já extinta RFFSA com a implantação da Coordenadoria de Transporte Metropolitano – CTM, que fez desaparecer a bucólica Estação de Antonio Bezerra em fevereiro de 1982. Referido projeto em 1988 fora entregue a Companhia Brasileira de Transporte urbanos – CBTU, e desde de 2002 está sob a administração da Companhia Cearense de Transporte Metropolitano- Metrô de Fortaleza.

 

Pequena Cronologia do Bairro Antonio Bezerra

A lei nº. 1913 de 31 outubro de 1921 determina que o município de Parangaba seja anexada ao de Fortaleza, transformando-se em distrito, levando consigo o distrito de Barro vermelho;

A Cavalaria do Quartel da Força pública foi inaugurado em 1 de janeiro de 1927;

A capela e Cemitério de Barro Vermelho foram inaugurados aos 5 de abril de 1936 com a presença do prefeito Álvaro Nunes Weyne e do Interventor Francisco Menezes Pimentel;

Em 28 de junho de 1937, saiu a lei nº. 79, que manda se chamar Antonio Bezerra o Bairro até então designado de Barro Vermelho;

Em 14 de julho de 1940, o Bairro Barro Vermelho é referendado pela Câmara Municipal de Fortaleza e oficialmente denominou-se Antonio Bezerra.

Aos 25 de março de 1942, a Policia militar mudou-se para Antonio Bezerra ficando até 1946, com o objetivo de alojar em seu prédio sede (no Bairro José Bonifácio) o 29º Batalhão criado por conta da Segunda Guerra;

Aos 11 de agosto de 1945, foi instalado o primeiro posto médico de Antonio Bezerra, mantido pela Arquidiocese de Fortaleza;

Em 27 de janeiro de 1946, foi inaugurada pelo lazarista Geraldo Godinho a paróquia de Antonio Bezerra;

Aos 18 de abril de 1948 ocorreu a inauguração do Grupo Escolar de Antonio Bezerra;

Em 27 de setembro de 1951 instala-se a subprefeitura de Antonio Bezerra, à frente o Bacharel Raimundo Delmino Evangelista;

Aos 5 de dezembro de 1951, é inaugurada a Praça José Acioli na qual fica a estação ferroviária, entre as rua Cândido Maia e José Aurélio;

Em 4 de janeiro de 1974, é fundada a Associação Desportiva Estação Antonio Bezerra, localizada defronte a estação do trem;

Em 1977 inicia-se em Fortaleza a circulação de ônibus inter-bairros, quando foi inaugurada a linha Parangaba – Antonio bezerra;

O Prefeito Evandro Aires de Moura inaugurou em 9 de março de 1978 a Unidade periférica Hospitalar, Evandro Aires de Moura, (Frotinha);

Em 1992 Antônio Bezerra e Messejana receberam os primeiros terminais de integração dos ônibus. Um ano após é que surgiria para complementar o serviço os terminais de Papicu, da lagoa, Parangaba e Conjunto ceará. O de Siqueira fora o último em 1995.

Aos 11 de dezembro de 2000, inaugura-se o terminal rodoviário de Antonio Bezerra que substitui a popular Rodoviária dos Pobres;

Antonio Bezerra tem Cartório Legal, uma rede bancária, Shopping, Terminal de ônibus do sistema integrado, complexo industrial, igrejas católicas e evangélicas, hospitais e templo de cultos afros.

É uma Fortalezinha.

 

CAMOCIM INICIO DE UM GRANDE CAMINHO

                             CAMOCIM INICIO DE UM GRANDE CAMINHO

 O ancoradouro, denominado pelos nativos de Camocim, constou do levantamento cartográfico com o nome de Rio da Cruz ou foz do rio Coreaú, no percurso extensivo ao atual Município de Granja.

Pero Coelho de Souza aos 19 de outubro de 1604 aportou no Ancoradouro do Rio da Cruz, sendo essas as primeiras referências que datam, quando cartograficamente identificou-se a nomenclatura costeira, a começar de Tutóia no Maranhão aos limites finais entre Ceará e Rio Grande do Norte, quando Pero partiu no dia seguinte rumo a Ibiapaba.

Em 1656, esteve em visita o Padre Antônio Vieira à Ibiapaba, e o Governador do Maranhão autorizou a construção de Forte em Camocim, na suposição de que os Índios Tabajaras não recebessem pacificamente o ilustre visitante. O Forte não passou de simples projeto.

O novo aldeamento do Rio Cruz, instalado no extremo-sul da foz do Coreaú, se presume tenha sido no final da extensão Granja – Camocim, pois, no começo do Século XVII, o padre Ascenço Gago havia instalado várias tribos, retiradas da Missão da Tabainha, na foz do rio. A povoação dominada por índios Tremembés sofria assédios, por embarcações em tráfego querendo pousada. Assim nasceu Camocim que tem na Toponímia a seguinte tradução indígena: “Comucim = Buraco para enterrar mortos”. Nascida no berço de Granja, Camocim que já tinha sido “Povoado Rio da Cruz”, foi elevada à categoria de Vila por força da lei nº. 1.786 de 23 de dezembro de 1778, com o nome de Barra do Camocim, cuja instalação se deu em 8 de janeiro de 1783.

Foram os estudos da Construção da Estrada de Ferro de Sobral em 1878 que motivou o desmembramento de Camocim da jurisdição de Granja, por conta da lei nº. 1.849 de 29 de setembro de 1879. A primitiva capela, dedicada ao Bom Jesus dos Navegantes, teve início de obras em 1880, obedecendo a planta e orientação do engenheiro José Privat, responsável pela construção da Ferrovia Camocim – Sobral.

Com a EFS em pleno funcionamento com cargas e transporte de passageiros, numa perfeita conexão com a próspera cidade de Sobral desde 1882, o Presidente da Província cearense Henrique Francisco D’ávila, após a visita Ilustre do Conde D’eu (esposo da Princesa Isabel) e que esteve em Camocim, autorizou segundo a lei nº. 2.162, a que aos 17 de agosto de 1889 Camocim se transformasse em Município.

Camocim que, teve todo o seu atrativo econômico concomitante com Aracati, tinha portos melhores do que Fortaleza.

Camocim, bem como os municípios vizinhos em direção à Sobral, e que eram servidos por ferrovia, foram bruscamente interrompidos com a erradicação de seu trem.

Mas o que é bonito deve ser conservado e, Camocim com a ilha do amor, e suas belas praias sobrevive tanto do turismo histórico e ecológico, bem como da indústria e comércio. Lá é a terra de Euclides Pinto Martins e de tantos ilustres.

Visitando Camocim conheceremos muitas histórias, e a do trem nem falar, pois, o racional torna-se emotivo.