LIBERATO DE CASTRO CARREIRA MÉDICO DOS POBRES

Era filho do cirugião Luis da Silva Carreira, natural de LeiriaPortugal, e de Rita Apolinária de Castro Carreira, filha de José de Castro e Silva II, capitão-mor de Aracati, e de Joana Maria Bezerra de Meneses, logo, irmã de João Facundo de Castro MenesesJosé de Castro e Silva III, Manuel do Nascimento Castro e Silva e Vicente Ferreira de Castro e Silva.

Após concluir os estudos preparatórios em sua cidade natal, embarcou no paquete Brasília para o Rio de Janeiro, onde chegou em 18 de agosto de 1838, para estudar na Escola de Medicina, na qual se matriculou em março do ano seguinte, pela qual se graduou em 20 de dezembro de 1844. Retornou ao Ceará no ano seguinte, estabelecendo residência em Fortaleza.

Em 11 de setembro de 1844, casou-se com sua prima-germana Brasília Angélica de Castro e Silva, filha de seu tio Vicente Ferreira de Castro e Silva e de Firmina Angélica de Castro e Silva. O casal teve seis filhos.

Por portaria de 3 de abril de 1845, foi nomeado médico da pobreza pelo então presidente da província, Coronel Inácio Correia de Vasconcelos. No ano seguinte, foi nomeado substituto do juiz de direito, municipal e de órfãos dos termos reunidos da capital, de Aquiraz, de Cascavel e de Imperatriz, nomeação esta que foi renovada para os biênios de 1848 a 1850 e de 1850 a 1854. Por portaria de 2 de abril de 1847, foi nomeado médico-consultante do Hospital Militar; por decreto de 29 de julho de 1848, provedor da saúde do porto do Ceará, e membro da junta de higiene pública por portaria de 26 de julho de 1852.

Foi por duas vezes a Aracati comissionado pelo governo para tratar os mais carentes, uma por ocasião da epidemia de varíola, em 1849, e outra em 1851, por causa do aparecimento ali da febre amarela, e bem assim às cidades de Russas e Sobral por ordens de 4 de outubro e 10 de novembro do mesmo ano. Seus serviços valeram-lhe ser condecorado com a comenda da Imperial Ordem de Cristo.

Em 10 de dezembro de 1852, embarcou no vapor Imperatriz para o Rio de Janeiro, fixando residência em Niterói, onde foi nomeado, por portarias de 6 de setembro de 1854 e 23 de dezembro de 1858, primeiro suplente do delegado de polícia, e estando em exercício desse cargo, deu-se o fato notável de em tão longo período apenas um processo seguir os termos da lei, pelo motivo muito justificado de que todas as questões ele procurava sempre resolver amigavelmente, fazendo sentir às partes que o melhor da justiça é não ter ocasião de a experimentar, tomando como lição dos antigos o rifão que antes uma má composição do que uma bôa demanda, nas palavras do Barão de Studart.

Ofício de 30 de julho de 1855 nomeou-o para dirigir a enfermaria criada para o tratamento dos indigentes affetados de cólera em Niterói, e nessa comissão prestou serviços tão meritórios, que ao terminar os seus trabalhos foi condecorado com o hábito da Rosa.

Como acionista da estrada de ferro D. Pedro II, foi o autor da proposta para a nomeação da comissão que resolveu a questão do traçado da segunda secção, que levou a ferrovia até os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Dessa comissão ocupou o lugar de secretário e apresentou um importante e minucioso relatório que foi impresso e distribuído aos acionistas. Da discussão desse relatório resultou a retirada da maior parte da diretoria, que não estava de acordo com as suas conclusões.

Procedendo-se no Ceará, em 19 de março de 1867, a eleição para o preenchimento de duas vagas no Senado, foi o seu nome contemplado com 752 votos fazendo parte da lista sêxtupla apresentada à escolha imperial. Todavia, subindo ao poder o Partido Conservador, em 16 de julho e fazendo parte do ministério José Martiniano de Alencar, esta eleição foi anulada pelo Senado, e quando se mandou proceder a uma nova eleição, o Partido Liberal se manteve em completa abstenção, em virtude da reação exercida na província.

Conseguiu, por dec. de 1 de março de 1877, a aprovação dos estatutos do Banco Comercial e Hipotecário do Ceará, instituição de crédito que pretendia montar na capital da província, e que deixou de se realizar, tanto pelo aparecimento da seca, que assolou a província por três anos, como pelas mortes do senador Pompeu e do Visconde de Cauípe, seus principais auxiliares nessa empresa. Durante esse período, prestou importantes serviços à sua província natal. Através de uma série de artigos publicados no Jornal do Comércio, em que fez um histórico dos fatos ocorridos na província, conseguiu chamar a atenção da sociedade para a situação do Ceará e, aproveitando essa disposição, abriu-se uma subscrição em favor das vítimas da seca. Sendo aberta na capital, foi favoravelmente acolhida em todo o estado do Rio de Janeiro e em outros, e até receberam-se donativos da França e Inglaterra. Todo serviço foi feito na província por uma comissão de notáveis cearenses, tendo como seu presidente o bispo D. Luis.

Grassando, em 1873, a epidemia de febre amarela com intensidade no Rio de Janeiro, e tendo a Santa Casa de Misericórdia resolvido montar uma enfermaria homeopática para o tratamento dos doentes, foi ele o encarregado pelo provedor de sua direção.

Tendo a província de proceder, em 1878, a eleição para o preenchimento de duas vagas no Senado, seu nome não podia deixar de figurar na lista sêxtupla, e assim aconteceu ocupando ele o segundo lugar; a eleição, porém, foi anulada pelo Senado pela preliminar de haver sido feita na ocasião em que a província lutava com a calamidade da seca, e, por isso, só em 1880 foi ela realizada, em lista nônupla, pelo falecimento do senador Francisco de Paula Pessoa. Nessa eleição o seu nome foi adotado por todos os partidos, o que significa a maior prova de consideração e estima. Reconhecido por todos como merecedor do sufrágio dos seus concidadãos, e por isso teve quase a unanimidade de votos e ocupou o primeiro lugar. Escolhido, por carta imperial de 2 de maio de 1881, senador do Império, e sendo aprovado o parecer da Comissão de Constituição e Poderes no dia 23 de janeiro de 1882, tomou assento no Senado no dia 24. Durante seu mandato, empenhou-se sempre na consecução de verbas para o Ceará.

Discutiu também algumas questões, entre elas, as reformas da Caixa Econômica e organização das Tesourarias e apresentou um importantíssimo projeto sobre o serviço da higiene pública, no qual se reformava e dava completa organização a este ramo do serviço público. Este projeto logo foi aprovado, mas sendo dissolvido o Senado pelo golpe de 15 de novembro, ficou arquivado. Ocupava o lugar de terceiro secretário da mesa do Senado quando se deu o acontecimento.

Faleceu aos 82 anos na capital federal. Seu nome foi dado pelo prefeito Raimundo Girão à praça onde está localizada a estação da Estrada de Ferro de Baturité, em Fortaleza.

FONTE: WIKIPÉDIA

Liberato de Castro Carreira. Aracati, 24 de agosto de 1820 — Rio de Janeiro, 12 de julho de 1903. Foi um médico e político brasileiro. Teve participação ativa na administração da Estrada de Ferro de Baturité. Foi senador do Império do Brasil de 1882 a 1889″. Assis Lima

COUTO FERNANDES MARANHENSE QUE FEZ PELO CEARÁ

 

Engº Couto Fernandes Saindo para uma viagem de inspeção na linha de Baturité, ocasião em que inauguraria a Estação de Lavras da mangabeira. 01-12-1917. No trem um não identificado; ao lado de Couto Fernandes o Eng.  Theógenes Rocha recebendo instruções do Secretário adjunto Eng° Piquet Carneiro (de Barba) e do Agente da Central, Sr Manuel Barboza Maciel.

 

Foi a terrível seca de 1915 que fez com que o Governo Federal, como medida de socorro público, rescindisse os ciclos de arredamentos porque passava a nossa ferrovia cearense.

Atendendo aos reclamos dos cearenses agonizados com o flagelo, a União reassumiu todo o Parque Ferroviário do Ceará aos 25 de agosto de 1915, por força da lei nº 11.692 assinada pelo Presidente Wenceslau Braz.

A Rede de Viação Cearense – RVC ficou sendo comandada pelo maranhense, Engº Henrique Eduardo Couto Fernandes que desde abril já estava no Ceará, à serviço do Ministério da Viação e Obras Públicas, como Inspetor Federal de Estradas de Ferro.

Couto Fernandes fora designado para fazer a transição da Ferrovia cearense que estava nas mãos da arrendatária South American Railway Construction Limited que administrava as Estradas de Ferro de Sobral e Baturité.

A Companhia arrendatária não tinha o direito de transferir o presente contrato no todo ou em parte, sem o consentimento do Governo, porém, por conta de cláusulas contratuais havia sido criada em Londres a “Brazil North Eastern Railway Limited” (Estrada de Ferro Nordeste do Brasil – EFNB), para fins de exploração da Rede e que com a revisão contratual, serviria de representação perante o Governo brasileiro em tudo o que estivesse relacionado aos transportes. Essa Empresa foi subsidiária da “SARCCOL”, ou seja, enquanto a South American Railway executava as construções, a Brazil North explorava os serviços de transportes.

. As mesmas foram reestatizadas em agosto de 1915, passando em definitivo a se chamar Rede de Viação Cearense – RVC.

Couto Fernandes foi diretor da RVC de 1915 a 1922 sendo estes os destaques em sua profícua gestão:

► Inaugurou as seguintes estações na Linha Norte

ANTONIO BEZERRA, Barro Vermelho 7,506 12-10-1917 17,900
CAUCAIA, Soure 19,600 12-10-1917 21,940
BOQUEIRÃO 32,440 15-11-1920 53,600
GUARARÚ, Arara 35,620 15-11-1920 35,200

► Inaugurou as seguintes estações na linha Sul:

JOSÉ DE ALENCAR (Saída ramal de Orós) 436,984 30-03-1916 230,000
VÁRZEA DA CONCEIÇÃO 448,754 15-08-1916 224,000
MALHADA GRANDE 454,095 15-08-1916 242,000
CEDRO 467,819 15-11-1916 246,000
LAVRAS DA MANGABEIRA 491,036 01-12-1917 240,963
IBOREPI, Riacho Fundo 503,178 07-09-1920 250,580
AURORA 516,450 07-09-1920 264,820
PAJUÇARA, Acaracuzinho. 19,041 24-05-1918 28,064
ALFREDO DUTRA, Açudinho 112,446 23-12-1921 162,000
SALVA VIDAS 251,091 09-01-1921 213,210

Por último e não menos importante na gestão Couto Fernandes, foi a retirada dos trilhos do Centro da Cidade em 1920. Surgiu a chamada “Linha Nova”, saindo o trem da Central e indo para o Matadouro que a partir de 1926 denominou-se Octávio Bonfim.

Após transferir a direção da Rede de Viação Cearense (hoje Transnordestina Logística S/A) em abril de 1922 para Luciano Martins Veras, Couto Fernandes retorna para o Maranhão.

No Maranhão Couto Fernandes ajuda na Construção da estação de São Luís. Após aprovação pelo engenheiro Teixeira Brandão, então diretor da Estrada de Ferro São Luís-Teresina, a estação começou a ser construída em 14 de novembro de 1925, sendo inaugurada em 15 de novembro de 1929. CF como Inspetor do DNEF viabilizou recursos para a Ponte de Ligação e inaugura em 1937 a ligação Teresina – São Luís.

Na década dos anos de 1940 se aposentou e vindo a falecer em 1955.

 

LEMBRANÇAS DA TV CEARÁ CANAL 2

Prédio da TV Ceará em 1961.

 

 Fortaleza em 1959, ainda com respiração forçada devido a ressaca da grande seca do ano anterior, observava a intensa migração dos cearenses para a construção de Brasília, futura capital do País na vivencia do anos JK.

As pessoas comodamente sentadas em suas calçadas no embalar das conversas de vizinhos, passaram a temer os chamados “Rabos de Burro” que, de passeio em suas lambretas aprontavam com a mocidade. As ruas foram sendo proliferadas com os automóveis DKW-Vemag e os chouffers dos carros de aluguel passaram a se animar com os estudos dos taxímetros, onde tiraria de seus ombros, o velho cálculo de cobrar tarifas por quilometragem, aborrecendo passageiros.

A lamentação ainda era grande, pois, indelevelmente o incêndio no Hospital César Cal’s com a morte do estudante que foi herói e mártir, João Nogueira Jucá, marcou o fortalezense, mas a rádio Dragão do Mar, quinta emissora, ainda que na infância, ajudou o povo a levantar a auto-estima, apaixonando seus ouvintes.

Pois bem, os jornais da época e com exclusividade o Correio do Ceará, publicaram com ênfase as razões que garantiam a instalação da primeira Estação de Televisão no Ceará. A Ceará Rádio Clube PRE-9, emissora dos “Diários Associados”, e com a liderança que lhe era própria, divulgava o assunto com expressividade, afinal, tudo pertencia ao comando do Jornalista Assis Chateaubriand.

 

Terreno adquerido pelos Diários de Emissoras Associados

O terreno para o erguimento da TV ficava na Estância do Castelo em meio a um coqueiral, a 35 metros acima do nível do mar, e pertencia a Dionísio Torres, que com sua morte fora homenageado com o nome do bairro. A televisão sem dúvida valorizou o local, elitizando aquele pedaço: Barão de Studart → Antônio Sales → Desembargador Moreira.

 

Equipe Pioneira da Emissora

 

A construção foi em ritmo acelerado, e segundo relatórios, foi destacada a preocupação de Guilherme Neto (Diretor Artístico da PRE-9) quanto à formação da equipe para enfrentar as câmeras e o equipamento RCA, proveniente dos Estados Unidos da América. A torre auto suportável de fabricação Marconi que pesava 30 toneladas, media 108 metros, e dava para emitir imagens com alcance sem repetidora, em cerca de 100 quilômetros. Seus isoladores de porcelana para serem fixados nas bases de concreto, foram substituídos por blocos de ferro fundido, trabalho este executado nas oficinas da Rede de Viação Cearense – RVC, que já se chamava RFFSA. A montagem e os ajustes desta colossal obra estiveram sob o comando do engenheiro eletrônico, Igor Olimpiew, então diretor técnico dos Diários de Emissoras  Associados.

 

Avenida Antonio Sales

 

A casa ficou prontinha. Era um edifício de 2 andares, cor amarela com uma área de 5.808 m² e localizava-se entre as ruas Oswaldo Cruz e Visconde Mauá com a frente para a Avenida Antonio Sales. De chegada tinha a frase: “Tudo aqui é bem feito com amor”. Assis Chateaubriand.

 

 

Aí precisamente às 17 horas de sábado, 26 de novembro de 1960, Aderson Braz, com toda califasia, colocou oficialmente a TV Ceará Canal 2 no ar estando presentes no ato inaugural, Juraci Magalhães (Governador da Bahia), Wilson Gonçalves Governador em exercício do Ceará, prefeito de Fortaleza, General Cordeiro Neto e outras autoridades. Chateaubriand mandou um cabograma ao Capitão Tabajara, que era o Dr. Manuel Eduardo Pinheiro Campos (1923- 2007), a quem tanto o Ceará admirou. O parabenizou pela titânica obra realizada em tão pouco tempo.

 

“Programa Porque Hoje é Sábado”

 

Não era fácil fazer televisão naquela época, pois, não havia condições para efeitos especiais, nem mesmo vídeo tape. Tudo era ao vivo e bem ensaiado. As garotas propagandas se perfilavam defronte as câmaras e cumpriam expedientes. Stelinha Barbosa era um amor de pessoa.

 

Atriz Karla Peixoto 

Sob os Céus de Paris

Assis Lima e Karla Peixoto

 

No jornalismo tínhamos o Repórter Real, Repórter Cruzeiro, Correio do Ceará na TV, Noticiário Relâmpago, Política Quase Sempre que nos davam informações completas e imparciais graças ao trabalho de Aderson Braz, Candido Colares, Narcélio e Paulo Limaverde, Luciano Diógenes, Orlando Santos, Ciro Saraiva e etc…

Programas de auditório como o Show do Mercantil, Porque Hoje é Sábado, Romcy Gira a Sorte, Sete Dias em Destaque cujas apresentações eram com Augusto Borges, Gonzaga Vasconcelos, Matos Dourado…

 

Narcélio Limaverde

 

As telenovelas com João Ramos, Karla Peixoto, Ari Sherlock, Antonio Mendes (O Toinho), Emiliano Queiroz, Wilsom Machado, Cleide Holanda, Jane Azeredo…Na comédia Renato Aragão, Picanço, Wilson Aguiar, Praxedinho, com o Vídeo Alegre.  Como esquecer os 35 espetáculos do Contador de Histórias? Lembram do Lobo do Mar? Aí foi muito coisa.

 

Noticiário Relâmpago

Paulo Limaverde

 

Em 1965, chegou o Vídeo Tape, então passamos a ver filmes como: Bonança, Ratos do Deserto, Zorro, Chicote Negro, Caveira, Os Invasores, Viagem ao Fundo do Mar, Túnel do Tempo, Perdidos no Espaço, a “Deusa” de Joba, Império Submarino, Tarzan, Ilha dos Birutas, Meus Tres Filhos, Daniel Boone,  Jim das Selvas…Desenhos animados como Super 6, Os Impossíveis, Homem Aranha,  Super Heróis Estrela, Dino Boy, Frankstein Jr

 

Aderson Braz, Cândido Colares e Stelinha

Repórter Real

 

Assis Lima e Augusto Borges

 

As novelas da tupy como Um Anjo Marcado, Direito de Nascer, A Ré Misteriosa, Irmãos Corsos, Sangue do Meu Sangue, João Juca Junior… A transmissão de lutas livre (Telekate Montilla) que em respeito às crianças, era apresentada às 23 hs dos sábados.

 

Reis do Ringo

 

Romcy Gira a Sorte

 

Falar em TV Ceará Canal 2, é lembrar A Grande Chance e Um Instante Maestro com Flávio Cavalcante; A Grande Parada com Wanderley Cardoso, Jair Rodrigues e Rosymeire; Noite com As Estrelas, Clube dos Artistas. O Programa J. Silvestre… Perdoem-me por pecar nas omissões, afinal, não estou fazendo um resgate pleno da história, e sim lembrando o canal desaparecido, que é a televisão de minha infância, sem apelações ou tendências.

 

Os Primeiros Aparelhos Receptores

 

Aí em julho de 1980, a TV Ceará já na euforia das cores e afiliada da Rede Tupy, segundo Aderson Braz, por problemas administrativos e contextuais, saiu em definitivo do ar. Mas saiu apenas do ar e não da mente do telespectador, como eu que nada tinha a ver com isso.

Os Impossíveis

 

 Saiu do ar, mas não de nossa lembrança e nem do sangue dos que tanto trabalharam para nos oferecer entretenimento, informação e cultura. Quem conhece a história, não esquece aquele 26 de novembro que, segundo a história da comunicação televisiva, foi uma apoteose em Fortaleza, quando já existiam cerca de mil aparelhos receptores.

 

Cantor Ivon Cury 

 

O único impacto causado pela televisão em nossos costumes foi o recolhimento das cadeiras nas calçadas e, infelizmente agora, com imagens em que a família não fica mais à vontade para assistir. A televisão no inicio era outra, e na ficção é como disse Eduardo Campos: “Uma Fábrica de Sonhos”.

Seja como for, a televisão veio pra ficar.

 

Crédito: Leocácio Ferreira e coleção do autor.

PRAÇA DA ESTAÇÃO UM CAMPO HISTÓRICO

Praça em 1937

 

No terreno onde seria estabelecida a Cidade de Fortaleza, no século XVI ainda existia domínio indígena até que, os holandeses conseguiram em meio a massacres se estabelecerem. Matias Beck (comandante Flamengo) ergueu o Forte de Shoonemboorch, com a finalidade de se defender dos nativos aliados aos portugueses, às margens do Riacho Pajeú no monte Marajaituba (hoje 10ª Região Militar).

Pois bem, ao Oeste do Forte no mesmo nível, estava “O Morro Croatá” que serviu de base militar no século XVII, e que posteriormente em 1859 por ordem da Corte, fora construído um observatório astronômico.  Com o apelido de “Comissão borboletas. Estes cientistas enviados pelo Imperador D. Pedro II, tinham como missão estudar a causa das constantes secas.

Inicio da Rua 24 de Maio. Foto de 1911

Ao lado desse observatório ficava o “Campo da Amélia”, que inaugurado em 29 de junho de 1830, homenageou a II Imperatriz do Brasil, D. Amélia Leuchtthemberg. Foram plantados neste campo vários juazeiros e, um bonito gramado divido em quadras. Conta-se que foi de onde surgiu a redundante frase: “Não pise na grama”.

Ilustração atribuída a Comissão Borboleta

O assentamento da pedra fundamental para o início da construção da Estação Central, ocorreu no final da tarde de  20 de janeiro de 1872, estando presente  o Comendador João Wilkens de Matos, Presidente da Província, e também o seu antecessor, Conselheiro Barão de Taquari, Corpo Legislativo, autoridades civis e militares, funcionários públicos, Clero, Nobreza e Populares.

O engenheiro Jerônimo Luís Ribeiro, nomeado pela diretoria da Estrada de Ferro de Baturité, foi contratado por empreitada para os serviços do trecho Fortaleza a Pacatuba, incluindo um ramal que, saindo da Estação iria para o Porto e a Alfândega (hoje Praia de Iracema). Como reforço o Dr. Luis Ribeiro indicou o também engenheiro inglês Edmund Compton, que estava trabalhando no Maranhão para também tecnicamente assistir o início das obras.

O terreno total da Empresa era de 2.238 m² e desta área 91 m² destinou-se para a edificação do vasto salão para atendimento aos passageiros.

No beco onde seria a atual Avenida Tristão Gonçalves (Centro de Fortaleza) a Câmara de Vereadores, tinha autorizado as obras de alargamento em 40 palmos, destinando tal serviço à passagem da Via Férrea, cuja estaca havia sido batida em 1871. Com a abertura da estrada foram aparecendo casebres e consequentemente passou na época a chamar-se: “Rua Trilho de Ferro”.

A colocação da Empresa em terreno no Morro do Croatá, foi como mandou a tradição “Num ponto que também fosse vista para o mar, como era o forte, o hospital da misericórdia e a cadeia pública. Assim a estação obrigaria o navegante bem de longe aproximar-se com respeito”. (Compilado de João Nogueira, do livro Fortaleza Velha, 1954).

O Campo da Amélia que ficava defronte da Estação Central teve uma parte transformada em uma praça conhecida como “Praça da Estação”.

Em 1882 chamaram-na de “Senador Carreira”;

Aos 24 de maio de 1900 foi erguida a estátua do General Sampaio, e o local foi batizado de “Praça da Via Férrea”, pois a Rua da Cadeia teve o seu nome trocado para homenagear o General Sampaio, assim como a Rua do Patrocínio pelo dia 24 de maio.

Na gestão do Prefeito Raimundo Girão, aos 31 de dezembro de 1932, fora assinado a lei nº. 075 e a Praça da Estação ou Via Férrea, oficialmente passou a se chamar “Praça Castro Carreira”.

Em 1966 quando o prefeito era Murilo Borges, a estátua do General Sampaio, fora doada para o quartel do CPOR na Avenida Bezerra de Menezes. Referida praça fora cortada e calçamentada para ser terminal de ônibus. Os fícus benjamins plantados na primeira administração Álvaro Weyne (1928-1930), foram quase todos derrubados.

Neste local em que nasceu a conhecida “Feira dos Pássaros”, hoje extinta pelo IBAMA, o governador Gonzaga Mota por ocasião do centenário da libertação dos escravos no Ceará (25/03/1984), erigiu um monumento no mesmo local da estátua do General Sampaio. Com a implantação do Metrô de Fortaleza, muita coisa mudou.

Como sempre a popularidade prevalece: “Vamos à Praça da Estação!!!”.

Foto colhida por Luciano Carneiro. Década dos anos de 1930. 

 

 

FRUTAS E HORTALIÇAS NA FORTALEZA ANTIGA

 

 Vista Aérea da Avenida Alberto Nepomuceno 1937

Observa-se a arborização da Rua do Chafariz

Nossa Fortaleza sempre foi bucólica e sendo assim, não seria de estranhar os nomes antigos das avenidas e ruas que expressaram à posteriori os sentimentos existentes dos que viveram na época.

Todas as nomenclaturas tinham a ver com a natureza e/ou pontos de referência das ruas ainda descalças.

As ruas próximas aos rios caudalosos e aqui referindo-me ao Riacho Pajeú, tendem a sofrer infiltrações enriquecendo seu lençol freático. Esta abundância do liquido precioso favoreceu a lavoura, arborização e o ajardinamento.

Lagoa do Garrote em 1892.

A frente da Igreja do Coração de Jesus era virada para a Lagoa.

Toda água que abastecia a Fortaleza Antiga saía em carroças da Lagoa do Garrote (Parque das Crianças),da Rua dos Quarteis, da Lagoinha (Praça Capistrano de Abreu) e da Rua do Chafariz, atualmente José Avelino.

A Rua dos Chafarizes começava na Rua da Ponte (Alberto Nepomuceno) e terminava por detrás da casa de Mr Hull na ladeira da Prainha, onde o Bonde da Praia tinha seu terminal. Depois a Marinha do Brasil instalaria sua Agencia da Capitania dos Portos no logradouro existente em 1923.

Remotando o texto,

Até 1827, Fortaleza não tinha noção do que fosse abastecimento de água. O comerciante Abel Pinto vendia águas em carroças com entrega em domicílio, retiradas de fontes das nascentes localizada na Rua dos Quartéis, defronte a Igreja da Sé. (Rua General Bizerril).

Aspecto primitivo da Rua dos Quarteis.

Com autorização da Câmara Municipal, foram iniciados estudos do projeto de Abastecimento pelo Engenheiro Berthot em 1861. Um ano após foi concedido privilégio ao José Paulino Hoonholtz, a fim de fazer o encanamento de seu sítio no Benfica, para espalhar a rede hidráulica pela cidade.

Apesar de em 27 de maio de 1863, ter sido celebrado o contrato, e o início das obras verificado na tarde de 27 de março de 1867,  as Caixas de água da Praça da Bandeira, atual Praça Clóvis Bevilacqua, só foram concluídos no ano de 1924 e inauguradas em 1927, pela The Ceará North Brazil Company Limited..

Praça da Bandeira e as Caixas D’águas

A atividade de entrega de água em residências cessou: A Lagoa do Garrote ainda existe bem no Centro do Parque da Liberdade (Cidade da Criança); A Lagoinha fora aterrada, e a Estrada de Ferro de Baturité – RVC construiu no local, uma caixa d’água movida a cata-vento para abastecimento de suas locomotivas, que à época eram à Vapor. Depois da Praça ir se urbanizando em 1929 o Prefeito Álvaro Weyne trouxe da Alemanha a Fonte dos Cavalos, sabe-se lá se não foi uma homenagem para aquele solo em riqueza hídrica?

Outro ponto de água potável era como o próprio nome diz: Travessa das Hortas (Rua Senador Alencar), em local ao lado Sul onde o Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba) residia, casarão este demolido por não suportar o tempo. Em seu local é erguido uma agência bancária. Diz os historiadores que, existia lavouras de onde juntamente com as existentes na Rua José Avelino, abastecia Fortaleza com frutas e hortaliças.

Atendendo aos reclames, aos 18 de abril de 1897 foi inaugurado na Rua Pitombeira (Floriano Peixoto), o Mercado de Ferro por o Intendente Guilherme Rocha e o Governador Nogueira Accioly. No mesmo período foi inaugurado o Matadouro Público no que seria Bairro Otávio Bonfim. Nesta fase acabou também a matança clandestina de animais para consumo humano. Os animais eram sacrificados em terrenos marginais, com altos e baixos e daí até hoje, quando a carne é improcedente dizemos: “Carne da Moita”..

Aspectos do Mercado de Ferro

As residências da Rua José Avelino (Do Chafariz), passaram a usar a abundância de suas águas para o ajardinamento e arborização.

Hoje são vários mercados públicos, Supermercados e mercantis de esquina que vendem frutas e hortaliças, só que através da Central de Abastecimento – CEASA, mancha negra que ficou na história da gestão de Cesar Cal’s em 1973. Tudo ficou caro, para o Estado arrecadar mais.

Frutas e hortaliças já foram mais baratas, mas tudo começou como já foi descrito.

        Chafariz Antigo

 

 

 

 

ÁLBUNS DE FIGURINHAS NA VILA SÃO JOSÉ

 

Anos da década de 1960. A rural Willys cor verde com branco de propriedade do Sr. Queiroz da Publicitária Maracanã, adentrava as estreitas e organizadas ruas da Vila Operária dos trabalhadores da Usina São José, no ex-aristocrático Jacarecanga, meu bairro berço.

Modelo da Rural da Publicitária Maracanã

Na vila São José não Tem Menino”, era assim que o locutor dizia, e em seguida bradava: “Figurinhas, olha aí na bodega do seu Dioclécio”.

         Rua Dona Bela onde ficava a desaparecida Bodega do Seu Dioclécio

A vila do Coronel Pedro Philomeno, só tinha três mercearias. A do Seu João Lima Passos (com a calçada interrompida com um tonel de 100 litros de querosene), seu Dioclécio (com três portas verdes), e a do seu Assis do Gás  (avô do catita). Todos os moradores, eram unânimes, e nada de orgulho, pois era uma agregação proletária. A mercearia que recebia as figurinhas, era a do meio (Dioclécio), comércio esse que, em 1970 seria vendido para o Manuel Coreaú, marido da Judite, a mulher barriguda. Batizaram-na de “Bodega Nova”.

Voltemos às figurinhas ou cromos.

É o seguinte: educadamente o carro distribuidor, parava e aquelas pessoas de responsabilidade, ou que eles observavam, se economicamente eram ativos, ganhavam álbuns; os pacotes promocionais, a gurizada saia correndo atrás do carro. Faziam o rebolado de pacotes no ar, burburinho, que na brasileira era “Burbulinga”. Os pais olhavam o conteúdo dos álbuns.

Quando a criançada após correr, chegava os pacotes um tanto amassados, colheita que caía do carro. Assim começávamos a colecionar as figuras, e depois estava formado o clube de colecionadores, que se confraternizavam, com a troca de cromos repetidos. “Tenho, não Tenho”. E quando a figura era por demais conhecida, era batizada de “Figura Buga”. Colecionava-se, educava- se, e que lazer brincar o ganha, com bola de gude, e o bafo-bafo, com a mão na calçada, vendo quem virava as figuras.

As coleções eram: REIS DO RINGO, A NATUREZA E SUAS MARAVILHAS, OLÉ 69, MÉXICO 70, IDOLOS DO POVO, COISAS NOSSAS, IDOLOS DA TV, A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO, FAVORITOS DA JUVENTUDE, ARMAS E BANDEIRAS, RIM TIN TN, DEZ MANDAMENTOS, HEROIS DA TV, PERDIDOS NO ESPAÇO, OS MAIORAIS DO MUNDO, e por aí ia.

Saudade dos tempos que existia coisa boa pra se colecionar. Hoje, está mudado, nada mais a guardar. Álbum de quem?! Eu não teria coragem de guardar fotografias de gabolas, de quem só quer saber de seus próprios interesses. Civismo de quem? Ex – jogadores com declarações infelizes, que se diz que o dinheiro da saúde é para estádios, pois, não se faz partidas de jogo em hospitais. E ainda recebe o nome de fenômeno. Cantores que estão fazendo de nossos ouvidos pinico! Eu não me arrependi de ter colecionado, e nem de preservar minhas coleções, mas não tenho mais coragem intelectiva de gastar com imagens, que merecem serem deletadas.

Figurinhas, bons costumes não existem mais para um povo, que está sem memória, mesmo sabendo que ainda é tempo de não matar o passado, afinal, passado não é o que passa e sim o que fica do que passou. Meus álbuns merecem serem preservados.

Vez por outra encontro pessoas saudosas, como o professor Olavo de Lima com suas histórias, o Radialista Djair Nogueira que simplesmente tem um fantástico acervo musical (800.000 títulos). Em época mais remota tínhamos o Christiano Câmara e agora o Nirez. Os livros antigos é com o Cid carvalho.

PARANGABA A ANTIGA VILA ARRONCHES

Aspecto Primitivo da Rua 7 de Setembro

“(…) havia uma formosa lagoa no meio de verde campina. Para lá volvia a selvagem o ligeiro passo. Era a hora do banho da manhã; atirava-se à água e nadava com as garças brancas e as vermelhas jaçanãs. Os guerreiros pitiguaras que apareciam por aquelas paragens, chamavam essa lagoa Porangaba, ou lagoa da beleza, porque nela se banhava Iracema, a mais bela filha da raça Tupã. E desde esse tempo as mães vinham de longe mergulhar suas filhas nas águas da Porangaba, que tinha a virtude de dar formosura às virgens e fazê-las amadas pelos guerreiros (…) Só havia sol no bico da arara, quando os caçadores desceram de Pacatuba ao Tabuleiro. De longe viram Iracema, que viera esperá-los à margem de sua lagoa da Porangaba…” (Do livro Iracema, José de Alencar , maio de  1865, Ediouro Publicações S/A pág. 51).

Cedo aprendi que, devemos falar do que se sabe e não de onde estamos, por isso me atrevo a falar sobre Parangaba.

A formação toponímica de Parangaba vem de Porangaba, que significa em tupi-guarani “Lindeza” referindo-se a sua bela lagoa.

Em 1607, a antiga aldeia indígena Potyguara foi transformada num lugarejo fundado pelos jesuítas com o nome de Missão Porangaba, pois, nesse período teve inicio a evangelização das populações indígenas onde, foi profícuo o ministério do padre Francisco Pinto, a quem os nativos chamavam Pai Pina ou Amanaiara, “O Senhor das Chuvas”.

Durante a passagem de Martins Soares Moreno pelo Siará Grande (1612-1631), o célebre índio Jacaúna (irmão de Camarão) que, havia fixado sua tribo nas margens da lagoa de Porangaba protegeu e bastante, a Martins Soares, pois o tratou por filho. Jacaúna foi mais carismático do que os jesuítas, pois, os mesmos haviam dado uma parada em sua missão evangelizadora, reiniciando os trabalhos somente em 1694.

Quando Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) aos 14 de setembro de 1758, por Ordem Régia extinguiu a Companhia de Jesus, os portugueses com uma cartilha do bispado de Coimbra, nomearam o povoado da lagoa: “Arronches”. Aos 25 de outubro de 1759 passou a se chamar Vila Nova Arronches, quando a mesma passou à categoria de Vila e Freguesia.

Com uma distancia de légua e meia da capital, essa Vila tinha seis quilômetros em quadrado e era habitada por índios os quais, tinham a faculdade de plantarem na serra de Maranguape. Arronches era habitada por 1.080 índios, 693 extra-naturais e tinha cadeia e sua Casa de Câmara com intendente.

Uma separata da Revista do Instituto do Ceará publicada em 1898, diz que o Engº Português Antonio José da Silva Paulet (ajudante de obras do governador Inácio de Sampaio) chegando a Fortaleza em 1812, fez um levantamento, e constatou que a Vila estava quase em ruínas com apenas 13 índios, 12 extra-naturais e 25 casas dentre as quais só 13 em estado de habitação. O Dr. Paulet então sugeriu que a Vila Nova Arronches, se unisse à Fortaleza, coisa que, aconteceria em 1833 quando, o Conselho de Governo a extinguiu. Dois anos após, sua freguesia também veio para a Capital. (Fonte Arquivo Público do Estado).

Em 1836, o então Presidente da Província Cearense, Padre José Martiniano de Alencar (Senador Alencar) construiu a carroçável Estrada “Fortaleza – Baturité” e, depois relatórios deram conta de que em 1863, Arronches já era a feira do gado para consumo da Capital. (Daí o porquê da Avenida dos Expedicionários no antigo trecho Matadouro Modelo/Porangaba ter sido outrora chamada Estrada do gado). Arronches foi o primeiro distrito a constar no traçado da Estrada de Ferro de Baturité, cujo primeiro trem em caráter experimental chegou, pasmem a coincidência, também aos 14 de setembro de 1873, depois de 115 anos de emissão da ordem Régia de Portugal, criando sua Vila e Freguesia.

A circulação do primeiro trem oficialmente, data de 30 de novembro de 1873. Esse foi o primeiro transporte de massas que o interior do Ceará ganhou. Ainda sobre o projeto de o trem passar por Porangaba, João Brígido, enamorado de Fortaleza, publicou no jornal Unitário um artigo com o título Traçado da Estrada de onde extraí este pequeno trecho: “Muito em princípio a linha devia seguir um trajeto até Porangabuçu; daí noutra tangente até Arronches, mas o português Carneiro, muito influente na política do seu tempo, com terras por trás da lagoa de Arronches, obteve que se quebrasse a linha, para que esta inutilmente, chegando à extrema do seu sítio, fizesse a grande curva que apresenta cortando a Estrada empedrada para atingir a estação, com grande aumento de linha “(Edição 20.02.1908”).

Estação Ferroviária em 1911

O leitor agora pode compreender o porquê do trem que, partindo da Central ao sair da Estação de Couto Fernandes, faz uma grande curva à esquerda para depois compensar após a passagem do “bar avião” (marco inicial da Parangaba, cuja construção deveu-se a Antonio de Paula Lemos e inaugurado aos 23 de outubro de 1949). Referida Estrada Empedrada a que se refere João Brigido, é a hoje Avenida João Pessoa.

A grande reforma ocorrida no pátio ferroviário de Porangaba foi concluída em 28 de janeiro de 1941, quando o interventor Menezes Pimentel e o diretor da Rede de Viação Cearense, Dr. Hugo Rocha, inauguraram o ramal ferroviário Porangaba – Mucuripe, desativando assim o ramal da beira mar. O prédio da estação fora totalmente modificado, inclusive quanto à planta de situação e layout original.

Retroagindo.

Com o advento da República, havia sido cogitada a mudança da nomenclatura Vila Arronches, porém o nome lusitano permaneceu até 1944, quando o Decreto-lei nº. 1114 de 1 de janeiro de 1943, voltou ao antigo nome do aldeamento fundado pelo desaparecido padre Pai Pina: “Porangaba”, nome aliás que nunca deveria ter mudado, identificando sua lagoa. Os ingleses, por exemplo: proprietários da South American Railway Construction Company Limited, e que administraram a ferrovia cearense (1910-1915), tirou da estação o nome Arronches e colocou Porangaba. Coisas de europeus! Só em 1 de janeiro de 1945 era que, a RVC mudaria o nome de Porangaba, para Parangaba. Que descubram os entendidos o porquê da troca do “o” pelo “a”.

Retomemos, portanto. A ligação da Capital para Arronches, afora o trem, era por uma estrada, com cerca de 7.200 m de pedras toscas, de onde se fazia o percurso de carroças ou a pé.

Avenida João Pessoa em 1930

Em 1929 esta única artéria foi reconstruída e, coberta de concreto passando a se chamar “Washington Luiz” que era o então presidente do Brasil.

Ocorrendo a revolução de 1930, as placas da nova avenida foram arrancadas por populares, passando a partir de então a denominar-se “João Pessoa”, como uma homenagem ao Governador da Paraíba e que, como integrante da chapa perdedora de Getúlio Vargas, foi assassinado e o crime considerado de conotação política.

Até 1976 essa avenida era conhecida como “Avenida da Morte”, quando tinha duas mãos inclusive até para o tráfego de ônibus elétricos, já extintos. Então no governo do Cel. Adauto Bezerra, foi construída e inaugurada a atual Avenida José Bastos, e assim melhorou e muito, o acesso não só para parangaba, mas para bairros adjacentes, principalmente o Conjunto Ceará.

As provas de que Parangaba sempre fora privilegiada pelo progresso, constata-se pelas instalações de grandes complexos já desativados tais como: a Fábrica Santa Cecília, Usina Everest, Saronord…

Bar Avião 1941

Hoje esse populoso bairro é um cartão postal de Fortaleza. É uma mini-cidade com supermercados, indústrias, rede bancária, cartório, praças, hospitais, dois terminais de ônibus no sistema integrado.

Parangaba que, gentilmente cede passagem aos trens da Transnordestina logística S/A é assistida por suburbanos do Metrô com os TUEs – Trem Unidade Elétrica a cada 20 minutos.

E a lagoa? Continua bela, de onde se faz Cooper e observamos o desenho do lindo pôr-do-sol.

 

Nota: A lei nº. 1913 de 31 outubro de 1921, determina que o município de Parangaba seja anexada ao de Fortaleza, transformando-se em distrito, levando consigo o distrito de Barro vermelho.

 

MESSEJANA E SUA ESTRADA

 

# Aldeia de índios sob o nome de Paupina foi ereta em Vila Nova Real de Mecejana em 4 de janeiro de 1760. Messejana pelas cartilhas de Portugal já se chamou Vila e Freguesia de Beija; depois Freguesia Maxial no Distrito de Lisboa. Em local próximo a uma lagoa fora erigida uma Capela que dedicaram a N.S. da Conceição. O romantismo da lagoa nos é blindado por José de Alencar, romancista que deve ter tomando muitos banhos lá, pois ele fez essa conferência In-Loco, haja vista o local ter sido seu berço. #

Texto Compilado

Vamos lá.

A via que se transformaria em Rua Visconde do Rio Branco nasceu na lagoa do Garrote, quando o Senador Martiniano de Alencar, pai do romancista em 1836 havia construído a segunda artéria carroçável para o Sul da então Província, já que a primeira foi aproveitando a Estrada do Mondoig (Mondubim) construída pelos Holandeses. Depois esta estrada denominou-se Caminho do Arronches (Porangaba), Visconde Cahuype, e hoje Avenida da Universidade,

Lagoa do Garrote 1937

Aos que desconhecem a história desta Rua Visconde do Rio Branco ela de início saía do Boulevard do |Livramento, ia em tangente até a Vila Cazumba, atual Conjunto Tancredo Neves, beirando o Rio Cocó.

Como o movimento era menos e com carros pequenos, inclusive o transporte coletivo, cujo terminal era na Cidade da Criança, existia mão dupla. As vezes as coisas se intensificava, quando alguém ia para as compras no Centro da Cidade e de lá resolvia ir para o Cine Atapú, que ficava na esquina da hoje Avenida Pontes Vieira no lado Sudeste do cruzamento.

Busquemos recuar no tempo.

O lançamento da pedra fundamental, da usina e casa das máquinas para bondes (Tramway) elétricos de Fortaleza, da The Ceará Tramway Light & Co.  no Passeio Público (Usina) ocorreu no dia 9 de maio de 1912. A Central era localizada no chamado calçamento de Messejana, depois Boulevard Visconde do Rio Branco, entre as ruas Padre Valdevino e a Rua da Bomba (hoje Rua João Brígido).

A The Ceará Light & Power  Cº Ltd para incrementar seus serviços ainda fez uma extensão para  Messejana, utilizando tecnologia com tratores do tipo “Simplex” uma espécie de Bizarra de Tramway. A linha era de Fortaleza para Cajazeiras, mas com a implantação dos ônibus em Fortaleza houve o enfraquecimento desse tipo de transporte. Surgiram as Empresas “Dois Irmãos” depois Oscar Pedreira em 1928 e a Viação Iracema. Daí a Ligth com a evasão de passageiros entrou para o déficit.

Havia sido criada uma parada oficial no trecho Capital/Messejana que distava em 2 léguas e criou a Vila Cazumba (hoje Conjunto Tancredo Neves), quando passou a ser pousada obrigatória de viajantes e tropeiros que viviam em andanças pelos sertões. Era uma coisa extraordinária as carnaubeiras e mandacarus verdadeira flora, ornamentada pelo rio Cocó.

O bonde com essa concorrência ficou indo somente até o Cine Atapú, quando finalmente em 1947 desapareceram.

Ponte que Separava Alto da Balança e Vila Cazumba

Os fortalezenses saiam para Messejana por esse via em que sofrera modificações: em 1973 o Prefeito Vicente Fialho cortou a Estrada de Messejana com a Avenida Aguanambi, juntamente com a construção da Borges de Melo que era apenas uma via quase privada, pois só existia pavimentação até a Base Aérea de Fortaleza, fazendo bifurcação com a Estrada supra mencionada. Existia a Vila Militar e o Colégio Geny Gomes com a Capela ao lado da Base.

Hospital de Messejana

Circularam por o trajeto original da Rua Visconde do Rio Branco as linhas mantidas pela Autoviária Fortaleza: Djalma Petit, Aerolândia, Alto da Balança, Dias Macedo; para  Messejana só os da Viação Cruzeiro que atendia Vila Cazumba (Cajazeira), Sanatório fazendo ponto final na Praça do Distrito, após apreciação da ainda bela lagoa, onde Alencar tomou banho.

      Ônibus que faziam Linhas na Estrada.

Hoje Messejana é uma cidade, tal qual Parangaba até na aparência geográfica. Atualmente o Trecho a partir do Final da Avenida Aguanambi virou BR 116. Com o alargamento de 1981, tornou-se uma via de trânsito rápido por conta da realidade.

Lagoa de Messejana em 1919.

A Prefeita Maria Luiza Fontenelle deu nome ao Conjunto que fora Construído em local onde existia a Vila Cazumba, e homenageou o Presidente eleito Tancredo de Almeida Neves em 1986. Esses são fragmentos históricos que são levados pela poeira do tempo

Hoje Messejana ficou bem ali!

Messejana Antiga

  .

 

 

OTÁVIO BONFIM EXEMPLO DE LEGADO FERROVIÁRIO

 

(1884 – 1925)

Octávio Bonfim era Engenheiro Civil, formado pela Escola de Engenharia da Bahia e, ingressou nos quadros da Rede de Viação Cearense – RVC em 1920 por indicação do Dr. Piquet Carneiro, Secretário Adjunto do Diretor Henrique Eduardo Couto Fernandes. A homologação de sua admissão na ferrovia fora assinada pelo Inspetor Geral da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas – IFOCS (atual DNOCS), Engº Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, afinal, a Rede de Viação passou administrativamente a ser subordinada por força do decreto nº. 13.687 de 7 de abril de 1919 assinado pelo Presidente DR. Epitácio Pessoa.

Octávio Bonfim fora designado para assumir a 4ª. Divisão, ou seja, Departamento de Via Permanente. Na Chefia deste departamento ou divisão, Bonfim juntamente com o Engenheiro Residente em Iguatú, José Barreto de Carvalho (Engº. Barreto), conseguiu construir e inaugurar no final de 1922 os ramais ferroviários de Cariús e Orós.

Obras do Ramal de Orós

OB deixando em 1923 a Via Permanente assumiu a 2º Divisão (Tráfego).  O Dr. Luciano Martins Veras que substituiu Couto Fernandes na direção da Rede, nomeou uma comissão de estudos quanto à possibilidade de instalar as novas oficinas de Manutenção num terreno pertencente à União que, havia sido doado pelo Coronel Antonio Joaquim Carvalho Junior, visando a construção do Complexo Arquitetônico no Bairro Urubu (Atual Carlito Pamplona).

O projeto piloto foi idealizado por Octávio Bonfim que presidiu a seguinte comissão: João Franklin de Alencar Nogueira, Hugo Rocha, Emílio H. Baumgart e Alfredo Dollabela Portela.

Bonfim não pode ver concluídas as Oficinas do Urubu que seria inaugurada oficialmente em 30 de outubro de 1930, pois, acometido de infecção paratífica, veio a falecer precocemente em 30 de julho de 1925 com apenas 41 anos de idade.

 

Sede das Oficinas do Urubu

Projeto de Otávio Bonfim

 

ORDENAMENTOS URBANOS E A SAUDADE

 

A cidade de Fortaleza surge em meio a percalços, quando arruadores, agentes municipais eram incumbidos do cumprimento fazendo realidade o Plano Diretor deixado por Antônio José Silva Paulet, conforme registros da Administração do Senador Alencar (1834-1837).

O Presidente da Câmara na gestão Provincial de Alencar era o Boticário Antônio Rodrigues Ferreira, a quem a cidade deve imensamente. Com uma fiscalização ostensiva, o mesmo colocava a Filantropia em primeiro lugar e a política em segundo. Quando ele chegou em Fortaleza foi morar em um casarão de três portas, no logradouro ícone que leva seu nome.

A demanda de pessoas enfermas era tanta, que sua casa não dava para atender; com esse mérito foi que o mesmo conseguiu espontaneamente cair na graça do povo.

A Fortalezinha crescia e se urbanizava com hercúleo esforço. A Capital da Província praticamente ficou plana, apesar de ser erguida sobre morros. A Rua da Amélia (Senador Pompeu) das areias na Praia Formosa vai em tangente até as primeiras serras, como Pacatuba e Guaiuba na hoje Região Metropolitana.

Nós fortalezenses tivemos a felicidade de ter edificações, mesmo passada por modificações as mais diversas. Tomou a feição dos arquitetos e da edilidade logo em suas primeiras casas, quando foram feitas. No sentido de acomodação sempre obedeceu uma estética, devido a traçados dos arruadores primitivos. Chamada de coração da cidade (Praça do Ferreira), de lá observamos as quadras de Ruas que foram elaboradas por Francisco de Paula e Adolfo Herbster.

As pessoas nos dias de hoje passam despercebidas pelo Centro fazendo compras, com cuidado nas bolsas e objetos manuais e/ou então reclamando da notória promiscuidade. Muito se reclamou, principalmente da Praça José de Alencar, cujo patrono vive sentado por se tratar de um logradouro que por anos ficou sem sossego.

Já é tempo da Gestão Municipal de Fortaleza, juntamente com o Estado tomarem providências quanto ao rejuvenescimento destes locais, senão o Centro vai morrer.

Aí minha mente volta para minha VILA SÃO JOSÉ, em que alcancei muitas quadras ajardinadas que o Coronel Philomeno, talvez em suas andanças pelo Passeio Público, resolveu dá como lazer duas pracinhas dentro da própria Vila aos seus inquilinos. Nós a chamávamos de Avenidinhas, em número de duas. Havia duas castanholas.

O matagal ainda existia noutras quadras não divididas, e tinha o Campo de Baturité para partidas de futebol de subúrbios. (Ainda assisti partidas entre Usina São José x Usina CearáMessejana x José de Alencar dentre outros. Tivemos um lado de infância selvagem, pois, até nossa comida era feita no local, tendo como combustível cascas de castanhas que levávamos para os matos, oriundas da lixeira da Caju do Brasil –  Cajubraz, que subtraiu nosso espaço em 1965.

Restaram as quadras do Bar do Seu Telles com vários pés de Jurubeba, cujas raízes fazíamos lambedor para não gripar. Olhando para o Oeste e na diagonal uma estrada para pedestre que nos conduzia, à Casa Machado e a mercearia do Seu Abelardo, point da bebida Blimp, Crusch e Grapette. Depois meu pai me dava umas porradas. Era fiado na conta dele.

Hoje, chego à Vila e a impressão é que estou noutro local nunca visto. Casas diferentes, as ruas estreitaram e as quadra todas ocupadas, sem nada para apreciar.

A infância passa rápido, a mocidade é transitória. Agora é se preparar para a velhice, afinal quando ela chega é permanente. Todos querem envelhecer, mas ninguém quer ficar velho.

Cada coisa pertence ao seu tempo, só restando evocar as últimas palavra de José de Alencar no romance Iracema:

“Tudo passa sobre a terra”.