Assis Lima
Assis Lima

VELHO FAROL DO MUCURIPE TERRA À VISTA

 

Farol do Mucuripe em 1933

 

A Invenção do Farol

Farol é um indicativo aos navegadores de que estão prestes chegarem em terra. Segundo eruditos, surgiu com esforço dos fenícios em sinalizarem no campo de visão para as embarcações ancorarem e/ou fazer talingada, com segurança no destino correto.

Antes da criação da bússola, os robustos e primitivos homens do mar, conduziam suas embarcações olhando para a costa, e em período noturno tinha pontos sinalizados com fogo, que depois foram substituídos por luz tendo como combustível, azeite de peixe (gordura de baleia) e extrato de oliveira.

As fontes de alimentação da luz, segundo a Wikipédia “foram melhorando, tendo sido o azeite substituído pelo petróleo e pelo gás e posteriormente pela eletricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro”.

Dando historicidade a este aparelho tão importante para se navegar, este tipo de construções ganharam características temporais e sociais, sendo dotados de características distintas de uma zona para outra.

Farol de Hércules o mais antigo do Mundo

Apesar do farol mais antigo do mundo ter sido o de Hércules, situado na ponta Hermínia em Coruña (Espanha), o de maior destaque que se tem registro é o de Alexandria, construído durante o reinado Ptolomaico, entre os anos 280 a 247 A.C. na ilha de Faros. Daí o nome Farol, e foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Farol de Alexandria

O Farol do Ceará

A priori, o primeiro farol erguido no Brasil foi no Forte Santo Antônio da Barra na Bahia mas, resgatemos a história do farol no Ceará que. foi construído  em meio a uma circunstância política das mais acirradas, através de reivindicações de navegadores estrangeiros na destacada Confederação do Equador em 1825.

O Imperador atacou este movimento separatista e republicano, em dois pontos: Por o sertão de Pernambuco com Francisco Lima e Silva (Pai de Caxias), e pelo mar com o Britânico, Almirante Lord Thomas John Cochrane, Conde de Dundonald, Marquês do Maranhão. Garantiu seu lugar na história do Brasil pois, apesar de escocês adquiriu a confiança do imperador D. Pedro para operações bélicas, em milhas náuticas brasileiras.

Enseada do Mucuripe

Os navegantes que estavam no Ceará à serviço da Coroa, sentiram dificuldades em aportarem no trapiche de Fortaleza, que era no Poço das Dragas. Esta reivindicação foi levado para a Capital do Império com o aval do recém nomeado Presidente da Província Antônio Sales Belford. Um farol iria ser construído para aviso aos navegantes que vinham para o Ceará.

Dom Pedro aprovou um estudo feito e concluído aos 17 de agosto de 1826, tendo a ponta do Mucuripe como base de erguimento, tendo todo o protocolo licitatório terminado em outubro de 1838, e iniciado a construção em 1840.

Com a habilidade dos engenheiros Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Manoel de Albuquerque vindos do arsenal de Marinha do Maranhão, a construção fora foi concluído em 1846, tendo os testes sido operados pelo maquinista Trumbull, que era chamado de faroleiro.

O funcionamento do Farol ainda era precário, e quando arrebentou a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), o mesmo foi apagado retornando sua funcionalidade em 1871, e com novos recursos, como exemplo ser giratório. As autoridade marítimas temiam aproximação de navios invasores.

Belíssimo Farol

As coordenadas de nosso primeiro farol eram: Sul 3º, 45’, 10” e longitude Oeste de Greenwichh 38º, 35’, 9”, com sua luz visual a 24 quilômetros de distância, piscando a cada minuto. O foco luminoso elevava-se a 33 metros, em 26 ao preamar e contava com três faroleiros, isto é o que consta no relatório do Presidente da Província João Wilkens de Matos que conferiu in loco aos 29 de junho de 1872. O senhor João Rodrigues de Freitas foi o maquinista faroleiro, que virou mídia de plantão.

Em 13 de dezembro de 1958, com a inauguração da nova sede da Capitania dos Portos do Estado do Ceará, na Rua Dragão do Mar, nº160, foi também inaugurado o novo farol de Fortaleza, que havia sido construído em 1957 sob a supervisão do Capitão de Corveta Raimundo Burlamaqui da Cunha. A Marinha do Brasil estava em festa pela transcorrência de sua semana. Com farol novo no Mirante do Morro Santa Terezinha, o velho se apagou.

Visão panorâmica de Fortaleza no primeiro quartel do século XIX.

O velho farol, sem serventia para navegação, passou para a Secretaria de Patrimônio da União – SPU, e foi quando o Governador Coronel Cesar Cal’s solicitou ao Presidente General Garrastazu Médici para que fosse doado para a prefeitura de Fortaleza em regime de comodato. Feita a doação o prefeito de Vicente Cavalcante Fialho, o transformou no Museu do Jangadeiro. Depois o decreto nº 16.237 de 30 de novembro de 1983, fez seu tombamento municipal.

Referências:

► Arquivo da Marinha do Brasil, 3º DN, Natal – RN;

► Relatório do Presidente da Província João Wilkens de Matos (1872), Instituto do Ceará

► Lima, Francisco de Assis Silva: História da Navegação do Ceará, Visual Arte, 2004;

► Wikipédia;

As fotos do farol de Fortaleza, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

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