CAUCAIA NA ROTA DO TREM

 

Caucaia na Rota da Ferrovia

Administrada pelos jesuítas, a antiga “Missão de Caucaia” foi elevada à categoria de Vila em 1758 cuja freguesia criada um ano após, denominou-se de Soure, nome advindo do bispado de Coimbra em Portugal. Caucaia é um termo do guarany Caa = mato + Caia = queimado, designando o nome de Mato queimado.

Soure juntamente com Arronches (Parangaba) tanto as Vilas como as Freguesias foram extintas em 1833 e 1835 respectivamente, sendo seus territórios novamente anexados à Capital.

Banhado pelo oceano atlântico ao Norte, os outros limites originais de Soure eram fluviais, pois, ao Leste ficava o Rio Ceará, ao Sul o Boticário em Santa Luzia de Maranguape e, ao Oeste Siupé pelo Cauípe.As várzeas eram cobertas por carnaúbas e tinha áreas montanhosas com cultura diversificada, dentre as quais, criatórios de bovinos.

Em 1860 a povoação de Soure era em torno de 6.000 habitantes que sobreviviam da agropecuária e pesca, constando de 40 fazendas, 50 lavras de café dentre produtos como mandioca e algodão. Com as noticias do surgimento do trem no Rio de Janeiro (1854), os Srs. comerciantes Antonio da Cruz Guimarães e José Joaquim Carneiro, assinaram com o Governo Provincial em 15 de abril de 1872, um contrato para a construção de uma linha férrea que, partindo de Fortaleza iria até Soure com um ramal para São Gonçalo do Amarante.O projeto ficou só na teoria.

Aos 4 de fevereiro de 1910, o Governo da União arrendou os serviços de exploração do transporte ferroviário do Ceará para uma firma inglesa denominada: “South American Railway Construction Company Limited”, de onde em uma das cláusulas do referido pacto, constou a Construção da “Estrada de Ligação” ou seja uma linha que saindo de Fortaleza fosse fazer junção na  Estrada de Ferro de Sobral, na cidade do mesmo nome.

O início das obras ferroviárias com destino à Soure, teve início em 1916 quando foi aproveitada uma ponta de linha existente no Morro do moinho(Onde saía o ramal da Alfândega pela beira da antiga praia Formosa). A linha teve o seguinte trajeto: saindo do pátio da estação central cortou a rua Tomaz Pompeu (Atual Filomeno Gomes); Em seguida transpassou a ponte sobre o riacho Jacarecanga, penetrando nos bairros Paiol da Pólvora, Floresta, Monte-picú (Presidente Kennedy), Cachoeirinha (Pe. Andrade), Barro vermelho (Antonio bezerra) e, por não poder prosseguir em tangente rumo ao Oeste devido ao território dos índios tapebas e a grande lagoa do Tabapuá, a via férrea teve de fazer um grande contorno na localidade de Jurema. Foi graças a essas impossibilidades de 1916 que, posteriormente os Conjuntos habitacionais de São Miguel, Ceará e o Araturi foram beneficiados pelo trem.

O trecho Fortaleza Soure foi concluído aos 12 de outubro de 1917, quando foram inauguradas as estações de Barro Vermelho (Antonio Bezerra) e Soure em duas a apoteóticas solenidades presididas pelos Engenheiros Henrique Eduardo Couto Fernandes (Diretor da Rede de Viação cearense) e Bernard Piquet Carneiro (Assistente). A linha prosseguiu em rumo ao Norte do Estado, porém só chegou na Cidade de Sobral em março de 1950.

O decreto estadual nº 1.114 de 20 de dezembro de 1943 mandou que, a Cidade de Soure passasse a se chamar “Caucaia”, restaurando assim o nome de seus primitivos habitantes.

Caucaia hoje é bem servida fazendo parte da Região Metropolitana de Fortaleza e, mesmo com sua estação ferroviária mutilada, o Metrô de Fortaleza está lá para abraçar seus usuários, com seus VLTs..

 

RADIO IRACEMA A EMISSORA DA ÌNDIA

RÁDIO IRACEMA

Praça José de Alencar

 Em 1 de agosto de 1945 foi constituída uma sociedade por José Barreto Parente, Flavio Barreto Parente, José Josino da Costa e mais 22 personalidades com o objetivo de criar uma emissora de rádio. A concretização ocorreu aos 9 de outubro de 1948, às 16. h, quando foi inaugurada pelos irmãos José e Flávio Barreto Parente a “Rádio Iracema de FortalezaZYR-7, cujo estúdio passou a funcionar no 2º andar do Edifício Vitória na Rua Guilherme Rocha, esquina com a Rua Barão do Rio Branco, no centro de Fortaleza em uma sala outrora ocupada pelo Partido Comunista do Brasil. Na entrada existia uma larga e bonita escada de degraus e corrimão com balaustres de madeira. O espetáculo inaugural realizado na Praça José de Alencar contou com apresentação de César de Alencar, cearense mas que atuava na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e fizeram-se presentes: Luiz Gonzaga “O Rei do Baião”, Heleninha Costa, Ruy Rey e sua orquestra, dentre outros.   

Edifício Vitória

A Estação Transmissora com equipamento da S/A Phillips do Brasil passou a irradiar das dunas do Bairro Urubu que, com a urbanização futura, se denominaria Rua Alberto de Oliveira nº. 140, no Jardim Petrópolis (atual Colônia). Tinha 10 KW de potência e uma torre de 82 metros, num terreno que ao lado passava o ramal ferroviário da Barra do Ceará.  José Josino Costa foi o locutor da abertura, e nos transmissores segurando a modulação o Sr. Osmar Castro.

A Iracema fez ponte com os cantores da Rádio Tupy, com “Astros” e “Estrelas” da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Devido o “Roof-Garden”, ou seja, um auditório de Cem cadeiras ao ar livre, no terrace (Terraço) do Edifício Vitória, a emissora da índia recebeu o slogan de “A mais popular”. O palco era coberto, porém a plateia ficando a céu aberto, inclusive com mesas onde os frequentadores assistiam aos “Shows” tomando wisky, cerveja, refrigerantes etc. Era chamada a “Turma da Caixa d’água” os que ocupavam a caixa d’água do prédio.

Novo Estúdio na Rua Bárbara de Alencar

 

Nos primeiros tempos o “Cast” era: Paulo Lopes Filho, Peixoto Alencar, Antonio de Almeida: No departamento esportivo Barbosa Filho e discotecário Hirano Meireles.

Em março de 1949 Armando Vasconcelos foi contratado, e fundou o departamento de jornais falados e reportagens bem com o “Grande Jornal Sonoro Iracema”. Armando era o seu redator e locutor. Esses jornalísticos foram consolidados devidos sua experiência, haja vista, Armando na época trabalhar no jornal “O Estado”. A parte de entretenimento ficou com Irapuan Lima que em estilo Chacrinha, animava as platéias com o programa “Rádio-Baile” nas Noites de sábados, e a “Garotada se Diverte”. O sonoplasta fazia efeitos, o que confundia os ouvintes que imaginavam tratar-se da retransmissão de uma animada festa de clube.

Em 1951 foi criado a Rede Iracemista pelos irmãos Parentes, e assim sendo aos 15 de novembro do mesmo 51 surgiu a Rádio Iracema de Juazeiro do Norte e um ano e sete dias após (22/11/52) apareceu a Iracema de Sobral, seguindo-se a de Iguatú. A Iracema de Maranguape seria inaugurada aos 15 de agosto de 1959, com os transmissores instalados no distrito de Taquara. Ainda no mesmo 1952, José Josino Costa foi substituído por José Pessoa de Araújo, de quem saiu o projeto do Edifício Guarany, na Praça José de Alencar em local privilegiado.

Eduardo Fernandes e o Fim de Semana na Taba

(Comandou de 1958 a 1962)

A pedra fundamental do edifício próprio da Rádio Iracema, fora lançada em 10 de dezembro de 1952 na Rua 24 de maio nº. 554 (Praça José de Alencar), contando o evento com as presenças de Raul Barbosa (Governador do Ceará), Paulo Cabral de Araújo (Radialista e Prefeito de Fortaleza), Henrique de La Roque (Presidente do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários – IAPC) e de José Barreto Parente (Diretor da Emissora).  O IAPC foi o financiador deste novo empreendimento.

Na data precisa de seis anos de fundação (9-10-1954) a emissora recebeu de presente o majestoso “Edifício Guarany” com seus três andares e no subsolo um restaurante. No primeiro andar além da recepção, tinha o escritório de publicidade do locutor Irapuan Lima; No segundo andar a sala da direção artística e a discoteca; No terceiro era o auditório e o estúdio.

José Parente Diretor-presidente da Rede Iracemista, lançou nas mãos de Armando Vasconcelos para inaugurar no atapetado auditório, o programa “Fim de Semana na Taba”, cuja primeira audição foi ao ar no dia da proclamação da República de 1954. Esse semanário era apresentado todos os domingos das 20 às 23 h, com auditório lotado e os homens em traje de passeio completo. Era cognominado “Programa Milionário do Rádio Cearense”, ou “Programa da Elite”. Distribuía prêmios de valor em suas muitas promoções e concursos. Eram até mesmo sorteadas viagens aéreas para Paris (França).

No concurso Miss Ceará, que nos anos 50 era uma promoção dos Diários Associados, a miss eleita comparecia ao “Fim de Semana” no programa seguinte à sua eleição.

Em 1958, o time do Bota Fogo do Rio, após o Brasil conquistar o primeiro campeonato mundial de Futebol, veio jogar aqui em Fortaleza com o Usina ceará (Dia 29 de Junho, placar 3×1 pro Bota), e toda delegação alvinegra carioca, fora recebida com aplausos os mais efusivos, no auditório da ZYR7, dentre eles os campeões Newton Santos, Garrincha, Didi e Zagalo.

O “Fim de Semana na Taba” que esteve sob o comando do animador Armando Vasconcelos de 1954/1958; foi passado as mãos de Eduardo Fernandes (Dudu), o qual por sua vez em 1963 transferiu para o cantor e radialista José Lisboa. Os cantores que abrilhantaram os microfones do FST, dentre tantos se destacaram: Zuila Aquiles com textos de Carlos D’álge, Vera Lucia, Salete Dias, Lúcia Elizabeth, Ayla Maria, Ivanilde Rodrigues, Celina Maria, Terezinha Nogueira, e o Solteiro. As grandes locutoras “Lady-speacker” foram Neide Maia, Orlys Vasconcelos, que compunha a parte comercial. Posteriormente veio Arleni Portelada com  todo carinho apresentando o “Iracema Mulher”, com patrocínio de Matuskela, de Sandrinha Calixto. Romantismo puro.

Os locutores dessa fase de ouro eram: Mattos Dourado, Eduardo Fernandes, Tarcísio Tavares, Edmundo Vitoriano (Assombração), Alan Neto, Haroldo Serra, José Lisboa, Terezinha de Jesus que também era do “Cast”.

A Rádio Iracema até fez transmissões em tempo real com repórteres a bordo de aeronaves, como exemplo, a vinda de Raul Barbosa vindo do Rio de Janeiro para assumir o governo do Ceará e Ademar de Barros em campanha presidencial, transmitindo a Iracema “in loco” a primeira entrevista ao presidenciável.  A outra foi a volta triunfal do Rio de Janeiro de Emilia Correia Lima, com o título de Miss Brasil 1955.

A crônica “Doa a quem doer” que começou com Armando Vasconcelos, passando para Robson Xavier. Essa narrativa passou mais de quinze anos no ar, e quando foi encerrada em 1972, estava na voz de Nonato Albuquerque ao meio dia. Era o grito de protestos dos que não tinham vez e voz. O programa de entrevistas chamava-se “O Direito de Defesa”. Outros programas dos anos 50 eram: “O Comprador de Melodias”, “Assembleia Protestativa”, “Álbum de Brasileiros Ilustres” (uma dramatização dos textos escritos por Waldery Uchoa).

A RIF na Praça José de Alencar marcou época neste local, tanto pela popular localização como, pela programação de estúdio, a exemplo da “Discoteca do Fã” com José Lisboa e os de auditório que ficaram até 1972. Com a televisão tomando espaço, e na euforia das cores, os programas de auditório pelo rádio, saíram do ar para entrar na história.

A Emissora da Índia tinha uma programação bem eclética chegando várias vezes em primeiro lugar na audiência. Ao sair do Edifício Guarany no dia 16 de fevereiro de 1972, o estúdio da Rádio Iracema foi instalado no 12º andar do edifício Senador, localizado na Rua Senador Pompeu nº. 1087 (centro), e foram apagados os programas de auditório. Posteriormente o estúdio foi para a Avenida Barão de Studart nº. 1864; depois Rua Bárbara de Alencar ambos na Aldeota. A estação transmissora saiu do Bairro da Colônia em 1983, e foi montada na rodovia CE 004 km 06 (Estrada de Fortaleza – Maranguape), e parou de transmitir em ondas tropicais popularmente chamadas de ondas intermediárias.

Após a saída da Rádio Iracema do Edifício Guarany (belo cartão postal) o mesmo ficou sem serventia.  Considerado pelos “modernistas” como “monstrengo”, após a Prefeitura Municipal de Fortaleza ter comprado o espaço visando unificar a priori as Praças José de Alencar com a da Lagoinha, o mesmo desapareceu. Em seu local é erguido o Shopping do Camelô popularmente conhecido como “Beco da Poeira”, nomenclatura herdada de um beco não urbanizado que ligava promiscuamente a Rua 24 de maio com a Avenida Tristão Gonçalves, porém com as obras da Estação Ferroviária do Metrô de Fortaleza, referido Shopping desapareceu.

A Rádio Iracema de Fortaleza, que já pertenceu ao ex-governador Adauto Bezerra, hoje é integrada ao Grupo do Empresarial Etevaldo Nogueira. Seu estúdio se encontra na Avenida Santos Dumont nº. 1687, e opera somente com ondas médias na mesma frequência de 1.300 kHz com o prefixo de ZYH 586. Os seus horários passaram anos arrendados à Igreja Pentecostal Deus é Amor.

Hoje com o projeto de migração de FM, não sei como está essa emissora querida.

 

PROGRAMAÇÃO DA IRACEMA EM 1972

(Ultimo Ano no Edifício Guarany)

 

05.00 às 06.20 h: Alvorada Musical (Rodrigo Neto);

06.20 às 06.30 h: Eternidade em Minutos (Pastor Ely Theodoro Batista);

06.30 às 08.00 h: A Bronca é livre (Allan Neto);

08.00 às 09.00 h: Discoteca do Fã 1ª audição (Jalmir Monteiro);

09.00 às 10.00 h: Show da CBS (………………….);

10.00 às 11.00 h: Manhã Musical (Carlos Branco);

11.00 às 11.15 h: Mistérios da Vida (Dr. Kardo Allikan);

11.15 às 12.00 h: Parada de Sucessos Odeon (Nonato Albuquerque e Ferrerinha);

12.00 às 12.05 h: Crônica Doa a Quem Doer (Nonato Albuquerque);

12.05 às 14.00 h: Festival de Orquestras (Nonato Albuquerque);

14.00 às 15.00 h: Discoteca do Fã 2ª Edição (Jalmir Monteiro);

15.00 às 16.00 h: Som Jovem 40 Graus (Carlos Branco);

16.00 às 18.00 h: Show dos Populares e Repórter Guarany (Nonato Albuquerque);

18.00 às 19.00 h: Superlativo Programa do Allan (Allan Neto);

19.00 às 20.00 h: A Voz do Brasil;

20.00 às 22.00 h: A Hora é de Som (Edson Silva);

22.00 às 24.00 h; (………………………………);

Obs. José Lisboa pouco antes de ir para a Rádio Assunção apresentar a Discoteca do Lisboa, comandou por muitos anos a Discoteca do Fã e o programa de auditório “Fim de Semana na Taba”.

Sonoplastas: José Dias Barbosa (soneca), Antônio Chaves de Assis, Francisco José de Almeida e o Geraldo Ceguim.

Direção Geral: Robinson Xavier, que depois fora substituído por Geraldo Fontenelle, onde havia feito profícua administração na Rádio Assunção Cearense.

 

Informações técnicas:

  1. a) Transmissores: Principal:S/A Phillips do Brasil, modelo HOZ 20124/61

Potência: 10 kw, código 1177/67

Auxiliar: S/A Phillips do Brasil, modelo 2147/B

Potência: 1 kw, código 0457/81

  1. b) 1 torre de 82 metros.

Tipo: Onidirecional (antiga monopolo vertical)

Sistema de terra: 120 radiais de 57,6 metros espaçadas de 3 em 3 graus;

  1. c) Coordenadas: 03º, 49’, 10” Sul

38º, 36’, 40” Oeste

ENERGIA ELÉTRICA DO CEARÁ

A ENERGIA ELÉTRICA 

 

Tudo o que é relacionado ao desenvolvimento, obedece a etapas e/ou estágios. Ao retornarmos ao passado, não implica em se sofrer atrasos, mas estamos resgatando merecimentos, afinal, o moderno hoje é o antigo amanhã. O moderno carro de injeção eletrônica não chegou antes daqueles, cuja partida era à manivela com carburação falha; o compacto celular em que localizamos as pessoas apenas no tempo, não podia chegar primeiro do que os aparelhos de telefonia à magneto, com sua extensão entre emissor e receptor não superior a 1000 metros; as aeronaves, os super-sônicos dar uma volta ao mundo em questão de horas, porém, Alberto Santos Dumont penou bastante para fazer subir o 14 BIS em 1906 na França.

Será que a iluminação e energia elétrica fora algo diferenciado? Fortaleza quando no dizer do poeta Otacílio Azevedo “Ainda Descalça”, foi saindo da escuridão a custa do sacrifício de fauna marinha, hoje na lista de extinção. As baleias desapareceram da Costa Norte brasileira, pois, a iluminação pública da Fortaleza Provinciana, tinha como combustível, o azeite de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense, o Dr. Casimiro José de Moraes Sarmento, o construtor do primeiro cemitério da cidade.

Usina de Usina

A exploração do serviço de iluminação de Fortaleza teve inicio, segundo o historiador João Nogueira, com a assinatura de um contrato com o Português Sr. Vitoriano Augusto Borges que tinha como atribuição, instalar lampiões em numero de  44. Essa luminária tinham quatro faces, sendo mais estreitas em baixo do que em cima, com fundo e tampa de metal. Eram suspensos com armações de ferro como se fosse uma forca, afixados nas esquinas e na posição que pudessem iluminar ruas e travessas. Eram limpos constantemente, e para acendê-los deveriam descer por isso eles pendiam de uma corda, que passava em duas roldanas. Tinha uma caixinha cheia de azeite de peixe com torcida de algodão. Era parecido com pequenos tachos de que trabalham os ourives para soldas à maçarico.

Gasômetro

Foi assim que surgiu o primeiro personagem popular de Fortaleza: “Chico Lampião”. Fortaleza bonitinha ficou sendo iluminada com azeite de Peixe até 1866 quando caducado o contrato com o Sr. Vitorino.

A tecnologia quando quer avançar não respeita era. Teria que surgir melhorias, e assim veio o Gás Carbônico sob a responsabilidade da “The Ceará Gaz Company Limited”.

Com o gás carbônico, as ruas de nossa cidade tiveram melhor qualidade na iluminação. Colocadas em ziguezague as luminárias obedeciam a uma distancia de apenas 30 metros uma da outra, e com uma altura de 2,40 metros. Ficava uma chama brilhante em forma de leque queimando o bem preparado gás, salientando que, o gasômetro ficava na Rua Senador Jaguaribe, ao lado da Santa Casa de Misericórdia olhando para a Praça do Passeio Público. Daí o antigo nome dessa rua ser “Rua do Gasômetro”.  A logística sempre transpassa o que quer ficar parado. O gasômetro já não atendia a demanda.

Entra em cena na extensão de seus serviços, a firma inglesa The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd”, que explorava o transporte de bondes elétricos desde 1913, ganhando privilégio agora para o serviço de iluminação. A localização dos geradores da Light era na Rua Adolfo Caminha (Baixos do Passeio Público) e as suas caldeiras eram alimentadas com lenhas vindas do Horto Florestal de Canafístula (Antônio Diogo – distrito de Aracoiaba) trazidas em vagões gôndolas pertencentes a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité. Em 25 de outubro de 1935, portanto, foi retirado o último lampião à gás encerrando assim, o segundo período da iluminação de Fortaleza, a era do Gás Carbônico.

Experimentalmente, em 1933 foram colocadas quatro lâmpadas elétricas de 100 Watts na Rua Formosa (Barão do Rio Branco), entre as ruas Guilherme Rocha e Senador Alencar. Assim em 1934, fora rescindido o contrato da “Ceará Gás” e o Governo do Estado do Ceará sob a interventoria de Filipe Moreira Lima, nesse mesmo ano oficialmente, inaugurou-se na praça do Ferreira a energia elétrica. Aquele 8 de dezembro foi apoteótico.

Aos 19 de maio de 1947 circulou o último bonde elétrico em Fortaleza e, apesar da sobra de demanda, a energia da Light ainda era muito precária. A “The Ceará Tramway” por força do decreto Federal nº 25.232 de 15 de julho de 1948, é transferida para a Prefeitura Municipal de Fortaleza, sendo o Prefeito Acrisio Moreira da Rocha.

Usina Serviluz

Aos 20 de maio de 1954, saiu o decreto nº 803 criando o “Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza – SERVILUZ” quando ainda era prefeito, o radialista e advogado Paulo Cabral de Araújo. As novas instalações foram inauguradas em 8 de novembro do mesmo 54, ocupando o local onde funcionava o Escritório da extinta empresa de Bondes no Passeio Público, pela rua João Moreira. A Usina Termoelétrica fora instalada em maio de 1955 na Ponta do Mucuripe, inicio da Praia Mansa. Com modernos geradores Westinghouse, o Serviluz fora criado para resolver o problema da precária energia elétrica de Fortaleza.

As razões técnicas para a usina ficar distante do centro da cidade, segundo analistas da época, deveram-se a estratégica zona portuária com o surgimento de empreendimentos, tais como os já existentes: Shell Mex, Esso Standart do Brasil e moinhos de trigo. Além do mais, o equipamento roncava e aquecia demais e a ventilação praiana, favorecia a regulagem térmica.

O Serviluz é administrativamente transferido em 1 de maio de 1960 para a Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF (Estado da Bahia), a qual por sua vez, em 1 de abril de 1962 instala a Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza – CONEFOR que substituiu o Serviluz. Dois anos após, a rede elétrica proveniente da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso chegou a Fortaleza, com uma subestação em Mondubim.

Aí com as presenças do Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, do Governador do Ceará Virgílio Távora, do Prefeito de Fortaleza Murilo Borges e várias autoridades, em 1 de fevereiro de 1965 precisamente às 18.30 h, na Praça Libertadores, bairro Otávio Bonfim, era acessa a primeira lâmpada de iluminação pública com energia elétrica da CHESF.

Em 5 de julho de 1971, o Governo César Cal’s cria a Companhia de Eletricidade do Ceará – COELCE e encampa a Conefor, que após três anos em assembléia geral a extingue.

Como não era de se esperar, a história se repetiu. O comando do serviço de energia elétrica do Ceará saiu das mãos do Governo Estadual. A Coelce foi vendida, e aos 13 de maio de 1998 passou a pertencer a “Distriluz Energia Elétrica S.A.”, “Companhias Enersis S.A.”, “Chilectra S.A.”, “Endesa de España S.A.” e a “Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ”.

Hoje a concessionária é a Enel.

 

 

 

 

 

 

ARACOIABA ANTIGA VILA CANOA

Aracoiaba Antiga Vila Canoa

 

 Onde existe água há vida e, assim em 1735 foi concedida ao Sr. Pedro da Rocha Maciel uma sesmaria contendo três léguas de frente e uma de fundo, às margens do Riacho Aracoyaba. (do tupi Ará=colher frutos +coy de incoen= banana + Aba= Em que, cuja tradução do termo indígena diz: “Lugar em que se colhe banana”).

Com a colonização dessas terras, houve prosperidade e, assim foi havendo atrativos para a migração de moradores de outros redutos. Em Aracoiaba, cujo nome primitivo era Canoa, tinha grande movimentação de transporte fluvial no Ceará, do Brasil colônia pelo famoso rio Aracoiaba. Havia intensa negociações com várias mercadorias tais como algodão, banana, arroz, cana de açúcar, milho, feijão, além da pecuária com rebanhos bovinos, suínos e aves.

Por conta da evolução do local, aos 18 de setembro de 1871 ocorreu a criação do seu primeiro distrito policial. Com a chegada da Estrada de Ferro de Baturité em Canoa cuja inauguração da estação ocorrera aos 14 de março de 1880, a exportação das mercadorias para Fortaleza se intensificou, aquecendo a economia. Para se ter uma idéia da localização estratégica de Aracoiaba (latitude 4°,22°,16 / longitude 38°,48°,51°) a linha férrea ao chegar em Canoa deveria seguir para a cidade de Baturité (sede do Município), por um ramal cuja autorização para construção data de 24 de setembro de 1879. A linha tronco saindo de Canoa deveria seguir para Riachão (Capistrano de Abreu), porém as pressões políticas da época fizeram a linha tronco passar por Baturité descartando, portanto a construção do ramal. Foi somente a partir de 1888 que a linha em construção seguiu na direção Riachão-Quixadá.

A elevação da povoação de Canoa à categoria de Vila, deveu-se por força do decreto nº 44 de 16 de agosto de 1890, quando oficialmente o local passou a se chamar “Aracoyaba” ocorrendo sua instalação na festa da proclamação da independência, no mesmo 1890. O Título de Cidade, como indicativo da total emancipação adveio quando aos 20 de dezembro de 1938 foi assinado pelo interventor Menezes Pimentel, o decreto-lei nº 448, desmembrando o distrito Aracoiaba de Baturité.

O Município de Aracoiaba tem uma área de 628,1 Km², representando 0,97% do Estado do Ceará, tem altitude de 107,10 m acima do nível do mar, com excelentes recursos hídricos tais como o rio do mesmo nome, Riacho do padre, Carguva, Barrinha e o dos Cavalos. A pluviometria registra em média 947 mm de chuva/ano. A população segundo o censo de 1999, registrou 24.750 habitantes com densidade demográfica de 35,83 hab/km².

Com 73 Km de separação da Capital, Aracoiaba vai sempre crescendo com sua agropecuária, indústria e rede de escolas.

Apesar da grande colaboração que a ferrovia deu para o crescimento de Canoa,  Aracoiaba hoje agradece, tendo cedido gentilmente seu solo para a passagem dos trens da Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN e Transnordestina Logística S/A.

A nova ferrovia Transnordestina por seu novo trajeto, não contempla Aracoiaba.

JAGUARIBE E O RAMAL DE CARIÚS: FERROVIA HÍDRICA

 

JAGUARIBE E O RAMAL DE CARIÚS: FERROVIA HÍDRICA

 

CARIHÚ: rio que nasce da serra de Santa Maria e do Brejo Grande, engrossa os Bastiões e despeja na margem direita do Jaguaribe, pouco abaixo de São Mathéos: Suas margens são muito férteis para legumes, mandioca, fumo e canna. Pompêo, Dic.Top. Cit. – Ety.: – O Visioneiro padre Francisco Telles de Menezes, na sua Lamentação Brasílica, descobrindo por toda parte thesouros escondidos, dá as duas: quaurijuba rio, corrente dobrada, ou corijuba alforge ou saco de ouro; porque, diz elle, à margem deste rio havia tanto ouro, que os índios o apanhavam em lascas para fazer preácas para suas flexas, tendo depois sepultado em sexos todo o que estava sobre a terra, em conseqüência de desgostos que tiveram. Desta versão, porém, toda filha de uma imaginação enferma, não se encontra mais noticia em parte alguma. O rio é tão pobre de ouro quanto o autor de critério. A verdadeira etymologia é: água sahida do mato, Caa-ry-hú, allusão às cabeceiras, que ficam n’uma serra das mais cobertas de mattas.” (Transcrito do Tomo n° I do Instituto do Ceará, pág. 257, ano 1887).

A Estrada de Ferro de Baturité chegou ao município de Iguatú em 1910. A Rede de Viação Cearense já estava sob o domínio da firma inglesa South American Railway Construction Company Limited, cuja sede era em Londres, na Inglaterra.

O trecho de Iguatú até a cidade de Lavras da Mangabeira perfazia um total de 76 quilômetros de percurso e, tendo em vista se dirigir para a fertilíssima Zona do Cariri era considerado o mais importante prolongamento em construção da RVC. Sofreu ostracismo, efeito de conflitos políticos no Estado do Ceará, dentre os quais a queda da “Oligarquia Acciolyna” e a “Sedição de Juazeiro”. A Companhia inglesa construiu a ponte sobre o Rio Jaguaribe em Iguatú e, iniciou no dia 12 de agosto de 1913 o ramal de Icó, suspendendo três meses depois. No inicio de 1914 apenas 400 operários trabalhavam em rumo a Fazenda Cedro. Sob o comando de um anônimo funcionário subalterno, a agitação política foi tanta que, cortaram o fornecimento de gêneros alimentícios e os serviços da estrada foram suspensos por completo.

Foi a grande sêca de 1915 que fez o Governo Federal assinar o decreto nº 11.692, declarando caducado o contrato entre o Ministério da Viação e Obras Públicas e a Firma Inglesa SARCCOL. Como medida de socorro público aos flagelados da seca, o Governo agiu assim, mantendo uma ação contra a calamidade efeito da seca, oferecendo trabalho na construção e prolongamento da Via Férrea; poupando a nação de perdas, em somas avultadas já empregadas nas obras que foram abandonadas pela South American.

Ramal de Cariús

Os trilhos seguiam na direção do Município de Crato quando, novamente arrebentou outra sêca no sertão Cearense. O Presidente da República era o paraibano Epitácio Pessoa que, sensibilizado com o sofrimento dos nordestinos, reorganizou a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) no dia 19 de julho de 1919. No mesmo ano, aos 25 de dezembro, por força do decreto nº 3.965 subordinou a Rede de Viação Cearense a já Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS). Essa Inspetoria perduraria até 28 de dezembro de 1945, quando o Ministro da Viação e Obras Públicas no Governo José Linhares, Dr. Mauricio Joppert, por força do Decreto n° 20.284 aprovou um regimento novo e a transformou em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS. Era estratégico, a ferrovia fazer parte na construção das “Grandes Obras do Nordeste” com as barragens de alvenaria, destinadas a armazenagem da água necessária à irrigação.

Um dos locais destinado a tais obras foi o Poço dos Paus (Cariús) que na época pertencia ao Município de São Mateus. O nome Poço dos Paus vem dos poços que são formados nas margens de vários morros de vegetação cerrada, daí alguns eruditos dizerem “Água Saída do Mato”. Situa-se o território do Município na zona do sertão do Salgado e Alto – Jaguaribe. O nome Cariús também é questionado “Rio de Cari”, de Cari= um peixe da água doce e Hu= Águas.

Cariús foi primitivamente habitada pelos índios Quixelôs e, a colonização foi feita com a instalação de currais de gado, que transformou o local em uma fazenda. Até 1919 Cariús era uma paisagem quase deserta. A história começa praticamente em 1920 quando consolidou a nomenclatura Poço dos Paus, devido ao grande açude público. Construído em 1922 pela a Firma norte americana Dwghtp P. Robinson & Company Incorporation, o reservatório tinha capacidade de armazenar um bilhão de metros cúbicos.

Foram nascendo assim pequenos comércios, e com a segregação, em 1938 o Arraial, pelo Decreto Lei n° 169 fora elevado à categoria de Vila Poço dos Paus. Em virtude da Lei n° 1.153 de 22 de novembro de 1951, foi criado o Município bem como os distritos de São Bartolomeu, São Sebastião e Caipu. A solene instalação oficial ocorreria aos 25 de março de 1955 quando, se desmembrou do Município de Jucás, outrora São Mateus. Seu primeiro prefeito foi o Sr. Silvestre Almeida Duarte .

A entrada do ramal ferroviário para Cariús foi ao Km 424,293 da linha Sul, quando os trabalhos de construção e prolongamento da RVC já estavam em Aurora. O trem ao sair de Iguatú podia ir para Cariús, trecho esse construído pela mão de obra dos retirantes da sêca de 1919. O Governo com isso estava aumentando os recursos hídricos e, socialmente assistindo o trabalhador com renda. Um homem fora do mercado de trabalho é uma família fora do mercado de consumo; é economia parada.

Aí vamos para o tema. Em toda bifurcação ferroviária em trecho deve existir uma estação, onde o seu agente controla o tráfego através do licenciamento de trens. A estação foi construída. Nada mais romântico do que se chamar Jaguaribe. Com altitude de 220,100 m, a mesma fora inaugurada em 31 de dezembro de 1922, ocasião em que o ramal passou a funcionar. Esteve na cerimônia de inauguração, O diretor da RVC Luciano Martins Veras, O Chefe de Obras, Engº Octávio Bonfim, e o Governador Justiniano de Serpa que representou o Presidente da República.

Essa foi a estação das águas: Construída inicialmente para atender os trens que conduziam o material para as barragens do açude Poço dos Paus, a linha férrea também saiu acompanhando o rio Jaguaribe. Existia um trem de passageiros que partindo de Iguatú, atendia esse ramal e conforme as necessidades, também trafegavam os de cargas. Tinha uma estação intermediária chamada Maurícia, ou seja, a parada de Quixoá oficializada três anos após.

A partir de 1974 o ramal já estava inserido como antieconômico, e dois anos após quando reformaram a estação de Iguatú, os trens já não trafegavam mais nesse trecho, por isso a estação desapareceu.

…Estação de Jaguaribe e Ramal de Cariús. São histórias hoje, somente contadas pela população ribeirinha. Os ferroviários parecem que as esqueceram.

Também acabaram com tudo !!!!

 

 

 

 

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DESCOBRINDO PACATUBA

DESCOBRINDO PACATUBA

Pacatuba era um distrito de Maranguape que em 1864, compreendia da Serra de Aratanha, lado setentrional e oriental e, a importante povoação do seu nome, assentada à raiz da serra. A formação toponímica de sua palavra é: Paca= mamífero roedor + Tuba= abundante, de onde extraímos do tupi: “Roedores em abundancia”.

Aquela localidade fora beneficiada em 1836 com o alargamento da carroçável Estrada de Baturité (hoje inicio da Avenida Godofredo Maciel), exatamente para a exportação de todo o seu café, cana de açúcar, contribuindo assim para a criação do município, que se deu pela lei nº 1.284 de 18 de outubro de 1869, cuja instalação ocorreu aos 26 de abril de 1873. o escoamento de toda a produção da zona de Pacatuba era feito por carroças e por via fluvial, pelos rios Pacatuba , pacotí e o Cocó.

Aos 9 de janeiro de 1876 foram inauguradas as estações de Monguba e Pacatuba, ocasião em que o capitão Henrique da Justa, um dos homens mais influentes da Pacatuba à época, recepcionou os convidados em sua residência. Na mesma festa inaugural, o Presidente do Ceará Dr. Heráclito Pereira da graça, oficializou a comunicação telegráfica no triangulo Fortaleza – Maranguape – Pacatuba. O trem a partir de então passou a transportar os produtos à granel e a população com conforto e rapidez iniciou suas viagens para a capital. Toda a extração mineral, a pecuária e a safra agrícola eram exportadas nos vagões de propriedade da então Companhia Cearense da Estrada de Ferro de Baturité S/A.

Todo povo tem sua história, e para resgata-la não é simplesmente acessar documentos autênticos de época, porém devemos entrevistá-lo contextualizando.   Assim nesse pequeno relato, compreendemos quando contemplamos a bonita estação ferroviária de Pacatuba, ainda bem conservada. É ícone para a cidade. É taça de vitória econômica, pois os moradores são gratos ao trem.

O nosso Ceará como um todo, é um Estado de potencial agrícola, mas parece que as crises climatéricas tiraram de nossos governantes essa força, por isso não tem mais parada para o trem em Pacatuba. Há quem defenda o latifúndio como sustentáculo da produção agropecuária no Brasil, mas isso é cultura lusa, pois se os índios não tivessem sido exterminados (o remanescente hoje é discriminado e sem expressão), com certeza haveria a lavoura de sobrevivência e as cooperativas de fomento. Assim a terra cumpriria sua função social, como sempre Deus que é o dono de tudo quis.

A vida é uma dinâmica, e a cidade de Pacatuba buscou alternativas com a instalação de empreendimentos os mais diversos. Quem quiser investir neste local, as autoridades e o povo agradecem e a história depois vai agradecer.

Sabe lá se o trem não volta!

 

 

 

 

 

“Pacatuba é terra de boa gente

Que se transformou em cidade,

E para matar a saudade

Quer o trem novamente;

 

O trem passa a desfilar

Sem atender o anseio,

Pois melhor é o passeio

Do que vê-lo passar”.

 

Assis Lima

 

ESTAÇÃO DE CARIRÉ

                             O TREM TAMBÉM FEZ DE CARIRÉ UMA CIDADE

 No exordial, denotamos que o lugar aonde chegaria os trilhos da Estrada de Ferro de Sobral (31-08-1885), Cariré que vem de uma corruptela “Cavivé”, chamava-se “Lagoa das Pedras”, e o terreno que seria construída a Estação outrora era denominada “Malha do Boi Preto”, devido a elevações topográficas, animais pastando.

Cariré já era pronunciado desde o século XVIII. Aos 12 de janeiro de 1707, o Capitão-mor Francisco da Costa doou ao fazendeiro Manuel Correia de Araújo 12 quilômetros de terras, na época Sesmaria do Cariré. (Vide documento original fac-similado no inicio deste artigo).

A formação toponímica, pelo menos ratifica o historiador Thomás Pompeu Sobrinho é uma palavra indígena: Cari= Peixe + do tupi guarani: Diferente. Cariré= Peixe Diferente. Agora que os estudiosos descubram que peixe era esse.

O marco inicial da história da cidade em epígrafe foi o prédio da estação ferroviária, cujo terreno em 1889 pertencia à família de Franklin Gomes Parente, que por certidão em vista dos inventários de seus pais foi vendida para a Estrada de Ferro de Sobral, pela quantia de 4.613 reis por hectare. Toda aquela região ainda pertencia a Sobral.

Após a construção e inauguração da estação de Cariré datada de 01 de novembro de 1893, foi construída a primeira casa para a residência do Mestre de Linha, Sr João Rodrigues dos Santos, e a Casa do Agente Sr Temístocles Navarro Leitão.

Existiam diversos fatores que levariam o trem a passar por Cariré. O calcário, cera de carnaúba, oiticica que, produzia até uma tonelada/mês. Tinha também mamona dentre outros produtos, e a exemplo dessa produção agrícola a ser transportado, consta a figura do Coronel Elísio Aguiar que em 1933 oficialmente, passou a manufaturar caroço de algodão, milho, arroz, atividade esta exercida desde 1916. Ao todo Cariré tinha 16 fazendas com profícua produção agropecuária, distribuídas nos seguintes povoados: Altos dos Honórios, Arariús, Tapuio, Cacimbas, Olho D’água, Angicos, Alto Feliz, Moquém, Anil, Jucá, Jaibaras e Almas.

Cariré ainda atraindo a construção de fábricas, por força da lei estadual nº 2.704 de 16 de setembro de 1929, passou a Município, porém, houve revogações devido à família de José Saboya de Albuquerque, que queria ser a dona de Sobral, tal quais certos municípios cearenses que são currais eleitorais de uma minoria de políticos nocauteadores. Em 1935 voltou a ser município novamente, agora pelo decreto de restauração nº 157 de 23 de setembro.

Assim Cariré cresceu, mas muita gente esqueceu o dia das coisas pequenas que impulsionaram ao seu próprio crescimento, por causa do rodoviarismo, e a escassez dos produtos agrícolas. Além de trens de cargas que ainda passam, interligando o Ceará ao Maranhão pela Transnordestina Logística, a assistência do trem de passageiros na fase áurea era diária nesta cidade. Voltando de Crateús passava as 09 h da manhã e o percurso para sobral era de uma hora, chegando a Fortaleza, às 16.30 h devido em Sobral serem atrelados dois carros que vinham de Camocim. As locomotivas até 1950 eram as Consolidation – Baldwin e depois, as Whitcomb. A partir de 1971 lentamente passaram a utilização das máquinas GE-U10B, 1000 HP. As locomotivas ALCO RSD 700 HP – 1957 não circulavam na linha Norte.

Mas o trem de passageiro foi por esquecimento. O cargueiro não tendo o que embarcar, também deixou de parar em Cariré. A solitária estação esteve em ruinas, mas foi restaurada, e creio até por sentimento cívico, já que a cultura passou por perto. A professora Roseni Soares Aguiar, primeira professora carireense a se diplomar ficaria hoje satisfeita. E a Adísia Sá, como deve ter visto isto?

PRAIA DE IRACEMA

                                                                      Praia de Iracema

As obras do primeiro porto de Fortaleza foram iniciadas em dezembro de 1805 sendo concluída em 1807 no sítio chamado Prainha, em Fortaleza, com a construção de um trapiche.
Outros trapiches foram construídos mais tarde. Um deles pelo inglês Henry Ellery, o chamado trapiche do Ellery, a que se referem os historiadores e cronistas, e estava localizado na mesma área, construído provavelmente no ano de 1844. Existe documentação da construção de um terceiro trapiche concluído em 21 de junho de 1857, tendo como construtor Fernando Hitzshky, medindo 154m (cento e cinqüenta e quatro metros de comprimento) por 17,60m (dezessete metros e sessenta centímetros de largura), porém devido ao assoreamento por volta de 1870, já não havia mais condições de funcionamento em maré baixa, por isso devido as dragagens, o local foi batizado de Poço das Dragas.

Sir John Mawkshaw em 1875 propôs a construção de 670 m de extensão no antigo porto ligado ao litoral por um viaduto e, isto mobilizou também o Diretor em Chefe da Estrada de Ferro de Baturité (RVC – RFFSA), o engenheiro Carlos Alberto Morsing quando obteve aval do Imperador D. Pedro II e assim construir aos 17 de dezembro de 1878, um ramal ferroviário com o objetivo de comercialmente ligar o porto de Fortaleza (então Poço das Dragas) ao interior do provinciano Ceará, cuja finalidade era o escoamento das safras de café, algodão e o pastoreio.

Visando algumas vantagens, fora conseguida autorização do Ministério da Agricultura (à época), e o ramal prolongou-se até a alfândega sendo entregue ao tráfego no dia da pátria de 1879, quando passou a funcionar a Estação Ferroviária da Marítima. A extensão deste ramal era inicialmente 1,62 km numa tangente de 200 m, saindo da Estação Central pela Rua do Cemitério (Padre Mororó) cortando a propriedade da Família Torres, Arraial Moura Brasil, atual bairro dos Navegantes.

Em 1887 foi criado em Londres a companhia The Ceará Marbour Corpocition Limited que iniciou a construção do viaduto, conforme a proposta de 1875, mas aos 432 m as mesmas foram suspensas, pois datado o ano de 1897, o acúmulo de areias não permitia bom funcionamento.

Em dezembro de 1902 foram iniciadas as obras do Viaduto de Desembarque, a princípio com piso era de madeira. Havendo depois a substituição do piso por chapas de aço, a mesma recebera o apelido de Ponte Metálica, cuja inauguração oficial data de 26 de maio de 1906. As obras tiveram como responsáveis os engenheiros Hildebrando Pompeu (Cearense) e o escocês Robert Grow Bleasby. Os passageiros e cargas nesta ponte eram embarcados nos barcos e alvarengas até os navios que, ficavam ao largo.

Com sua estrutura comprometida, a ponte metálica em 1921 recebeu revestimento de concreto cobrindo toda a armação metálica. Depois o atual Dnocs que, na época era Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas – IFOCS resolveu reconstruir o Molhe de Desembarque, cuja responsabilidade foi do engenheiro Francisco Sabóia de Albuquerque. A reinauguração foi no dia 24 de fevereiro de 1929, com o nome de Viaduto Moreira da Rocha como uma homenagem ao ex-Presidente do Ceará. Os trilhos da RVC tiveram de sair da Rua da Praia (Pessoa Anta) e serem desviados por detrás do prédio da Secretaria da Fazenda (1927), e assim o trem passar a trafegar sobre a ponte metálica até um guincho que, existia na ponta do antigo porto. Os trilhos passavam defronte do Pavilhão Atlântico, restaurante situado na entrada da mesma.

Em 1908, a “Comissão Bandeira” realizou estudos com o objetivo de melhor localização do porto, onde teve como resultado a Ponta do Mucuripe.

O banho oceânico sempre favoreceu a atividade turística, por isso continua sendo cartão postal de Fortaleza a Boêmia Praia de Iracema, antiga Praia do Peixe, que no final do século XIX, os tradicionais chamavam Praia do Ceará. O nome Iracema só surgiu aos 07 de maio de 1925. O Restaurante Estoril havia sido construída em taipa no ano de 1920, como Vila Morena de propriedade do José Magalhães Porto. Na época da segunda grande guerra serviu de Point dos Norte Americanos e o Restaurante nesse período denominou-se USO United States Office. As mulheres frequentadores eram apelidadas de Coca – Colas.

Como Praia Passeio Público, existia o Restaurante Ramon e diversos empreendimentos, como por exemplo Estação Telegráfica.

 

                                                     A Ponte dos Ingleses

Com a finalidade de desafogar a Ponte Metálica, convém salientar de que, outro estudo sobre o porto havia sucedido como aconteceu em 1920, quando o Decreto n: ° 14.555, de 17 de dezembro do mesmo ano, aprovou o famoso projeto de Lucas Bicalho então Inspetor Federal de Portos, Rios e Canais. As obras portuárias foram contratadas com a sociedade inglesa Norton Griffith & Company Limited, e recebeu o nome Viaduto Lucas Bicalho. Os trabalhos de construção do que viria a ser chamada a Ponte dos Ingleses, ficaram a cargo do engenheiro J. H. Kirwood, assessorado por George Ivan Copo, Robert Grow Bleasby e Sebastião Flageli.
O início da construção ocorreu em março de 1923, contando a cerimônia com as presenças do Dr. Justiniano de Serpa, Presidente do Estado, Secretários, autoridades e convidados especiais.

Governava o país o Presidente Artur Bernardes da Silva que, posteriormente mandou suspender as obras, quando a mesma já estava com trezentas estacas de mar adentro, na alegativa da falta de crédito no orçamento e assim, a mesma fora entregue às intempéries. Portanto vamos este corrigir o segundo erro cometido com a história. A Ponte Metálica foi o antigo porto, e a Ponte dos Ingleses nunca funcionou.

Aos 4 de outubro de 1994 aí sim, foi inaugurada a Ponte dos Ingleses como um ponto de turismo e lazer. A abertura do evento contou com show dos músicos Elismário, Lucide e da Orquestra Tabajara que, fora regida pelo maestro Severino Araújo. Era governador tampão o Desembargador Francisco de Oliveira de Barros Leal (Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará), que tinha assumido o cargo após a efêmera administração de Francisco de Paula Rocha Aguiar (Chico Aguiar).

Hoje a Praia de Iracema com seu aterro, é um atrativo turístico de Fortaleza, onde anualmente Fortaleza vem comemorar seu réveillon, com no mínimo dez minutos de queima de fogos nas balsas que, ficam isoladas do povo em festa como medida de segurança.

 

 

Adendo: O Porto do Mucuripe

 

Em 1929, ao hábil engenheiro Augusto Hor Meyll foi dada pelo Departamento de Portos, Rios e Canais a tarefa de fazer o projeto do novo porto de Fortaleza. Após seis meses realizando novos estudos, ficou mais uma vez constatado ser imprestável o local em frente à cidade e que, a melhor localização do porto teve como resultado a Ponta do Mucuripe, afinal a enseada de Mucuripe oferecia vantagens extraordinárias, conforme os preliminares estudos da “Comissão Bandeira” grupo este que, havia sido enviado pelo Governo da União em 1908. Sendo assim o Dr. Hor Meyll apresentou, aos 21 de janeiro de 1930, o seu projeto de construção do porto do Ceará, em Mucuripe, dizendo a certa altura. “Ou temos o porto na enseada de Mucuripe, ou nunca teremos um porto em Fortaleza.”.

Em 20 de dezembro de 1933, através do Decreto nº. 23.606, foi outorgada ao Governo do Estado do Ceará a concessão para construção, aparelhamento e exploração do Porto de Fortaleza pelo prazo de 60 anos.

A Revista do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro lançou uma separata em março de 1936 com o titulo: O Porto do Ceará. Nela está registrada a conferencia do professor Mauricio Joppert (membro do Conselho Diretor) onde é revelado um estudo oceanográfico do novo porto de Fortaleza, bem como algumas fotos dentre as quais a dos trilhos da Rede de Viação Cearense – RVC, que lá chegaram no natal de 1933, e pasme o leitor: a via férrea era beirando o mar.

Finalmente o Presidente Getúlio Vargas com o Decreto-Lei nº. 544 de 7 de julho de 1938, decide sobre a localização do novo porto de Fortaleza, definindo a enseada do Mucuripe.

Assim os navios começaram a abandonar a Praia de Iracema a partir de 1948, ficando suas instalações entregue as intempéries. Quanto a ferrovia em 1941 a linha do mar fora desativada, passando os trens a circularem pela Parangaba.

Em 1995 a RFFSA desativou a linha da Ponte Metálica e Alfândega, mas a Praia de Iracema continua linda.

Enfim a beleza do litoral cearense favoreceu a atividade turística, por isso cada praia, continua sendo cartão postal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A HIDRÁULICA DE FORTALEZA E A PRAÇA DA BANDEIRA

 

A história deste local remota ao Siará Grande, e paginando bolorentos papeis no Arquivo Público do Estado Ceará, resgatamos que era um local habitado por índios, e que de lá a partir de 1836, quando os mesmos já não existiam, começou o processo de aberturas de artérias transformando-se em carroçáveis estradas para o interior da então Provincia. Existia uma ligação neste espaço até a outro campo no sentido Oeste (Praça Paula Pessoa), que foi atribuída aos indígenas. A via de acesso é a hoje Rua Meton de Alencar.

Até 1827, Fortaleza não tinha noção do que fosse abastecimento de água. O comerciante Abel Pinto vendia águas em carroças com entrega em domicílio, retiradas de fontes das nascentes localizada na Rua dos Quartéis (General Bizerril), defronte a Igreja da Sé.

Com autorização da Câmara Municipal de Fortaleza, foram iniciados estudos do projeto de Abastecimento pelo Engenheiro Berthot em 1861. Um ano após foi concedido privilégio ao José Paulino Hoonholtz, a fim de fazer o encanamento de seu sítio no Benfica, para espalhar a rede hidráulica pela cidade. Apesar de em 27 de maio de 1863, ter sido celebrado o contrato, e o início das obras verificado na tarde de 27 de março de 1867,  as Caixas de água da Praça da Bandeira, atual Praça Clóvis Bevilacqua, só foram concluídos no ano de 1924 e inauguradas em 1927, pela The Ceará North Brazil Company Limited.

O logradouro inicialmente já havia foi denominado de Visconde Pelotas por volta de 1870, em homenagem ao herói da guerra do Paraguai, Marechal José Antônio Correia da Câmara. Em 1926 teve o nome mudado para Praça do Encanamento em razão das Caixas D’água.

Em 1937 passou à Praça da Bandeira e finalmente o Prefeito Cordeiro Neto, atendendo aos reclames aos 10 de julho de 1959, decretou que o logradouro se chamasse Clovis Beviláqua, grande jurista brasileiro, e tendo em vista a Praça sediar a Faculdade de Direito da UFC.

A popular Praça da Bandeira, tinha uma formosura excepcional, aformoseamento invejável. Famílias que moravam no Benfica vinham em procissão desfrutar da beleza que era a Praça, tal qual o Passeio Público.

Foi aí que homenagearam o contraditório. Assim como destruíram a Praça do Ferreira(1968), aconteceu também com a Praça da Bandeira (1969), quando a mesma começou a ser uma caixa d’água subterrânea.

Mataram o local. Existiam possibilidades para construírem reservatórios em outros locais, mas retirar o povo de sua zona de conforto parecia ser melhor. O nome deste prefeito insensível que destruiu s duas praças, o fortalezense tem que engolir, pois é nome de Bairro.

Eita Fortaleza sem rosto !!!!!!

 

Beleza de Logradouro

Nota: A Praça das Caixas d’água foi privilegiada por receber a segunda emissora de Rádio do Ceará: “Rádio Educadora Cearense”, que ficava na esquina das Ruas Meton de Alencar com General Sampaio. O locutor chefe era o pernambucano Pierre Luz, que hoje é nome de rua em Fortaleza.

PALÁCIO DA LUZ

O RIACHO PAJEÚ SOB A LUZ DO LUAR

Fachada do Palácio pela Rua Sena Madureira.

Entrada do Palácio pelo Rua do Rosário.

 É uma tristeza saber que o nosso riacho Pajeú está sórdido, quebrando até o encanto de quem visita o Jardim do Paço Municipal.

Ele era tão volumoso, que abastecia os chafarizes daí a Rua José Avelino outrora ser chamada de Rua do Chafariz e a Sena Madureira (Rua da Ponte), e a Pessoa Anta (Rua do Mar), isso porque a cidade já impulsionava, mesmo no areal, uma mobilidade com tráfego de carroças.  O trem só chegaria em 1878 na alfândega e, o primeiro automóvel já na Ponte Metálica chegaria em 1909.

Pajeú era uma veia farta, abastecia o Forte, os três pavimentos do Passeio Público e servia com sua correnteza mesmo em pequena proporção, como lenitivo para os pacientes do Hospital da Caridade. A umidade relativa do ar era excelente, devido esse fluido maravilhoso que por ali tinha sua foz.

O Ribeiro do Pajeú como era conhecido em 1810, tinha zonas distintas; tinha conexão com a Lagoa do Garrote e nas grandes inundações, topograficamente ele era favorecido, recebendo água ao ponto de ocorrer grandes cheias inundando a Rua de Baixo (Atual Cond’eu).

Pode existir algo mais meditativo do que olhar uma correnteza de água, e mais romântico jogar uma flor? Como Foi belíssima essa cinética caudal, cortante do Morro Marajaitiba.

Foi com este espírito que o Capitão – Mor Antônio de Castro Viana resolver em 1790, a construir uma mansão em um terreno declinado o que lhe rendeu uma vivenda de dois andares, restando até no lado esquerdo, espaço para demarcar e construir seu jardim.

Com a morte do Capitão – Mor Viana, o Direito do Povo, (que era como se chamava o Senado da Câmara), comprou a propriedade aos 26 de dezembro de 1802, passando esse palacete a pertencer ao Governo.

Luís Barba Alardo de Meneses, que assumiu o Governo em 1808 foi o primeiro no Ceará a trocar sua casa, pela da Câmara. Agora, ainda não existia Ordem Régia para ser Sede Oficial do Governo e Casa do Governador, coisa que só ocorreria em 1814.

Essa propriedade de lado ia do arenoso local em que ergueram a Praça General Tibúrcio, até a Rua do Cajueiro (Pedro Borges) e de fundo da Rua do Rosário até a Rua de Baixo, como já falei Rua Cond’eu.

Com a Abolição da Escravatura em março de 1884, o Palácio do Governo por decreto do Presidente Sátiro de Oliveira Dias, passou a se chamar Palácio da Luz. Por lá passaram mais de 90 Governadores, dentre Capitães – Mores, Presidentes de Província, Interventores, sendo o Governador Plácido Aderaldo Castelo o último, ficando lá até 1971. O Palácio da Abolição absorveu o Gabinete do Governador. Entenderam a historicidade? Palácio da Luz, porque ocorreu a Abolição. Essa é a correlação em nomenclaturas.

E por que o Capitão-Mor Antônio de Castro Viana construiu sua Mansão naquele pedaço? Foi igual aos Ancestrais dos Távoras! Apreciar o perfumado rio correr e o espumar do encontro das águas cristalinas se chocar com alguma pedra no percurso. E poderiam emoldurar algo mais fascinante, do que ver o reflexo da luz cor de prata nas noites de luar, com o assobiar do vento fresco?!

Localização do Palácio referenciada pela Praça do Ferreira.

Fortaleza pousada sobre areia descalça e linda, refulgindo do alto sob o mago esplendor da lua cheia.”                  Gastão Justa.

Nota: O Palácio da Luz já sediou a Biblioteca Pública do Estado e hoje abriga a Academia Cearense de Letras.