CASA VILAR

A Casa Vilar em Fortaleza nasceu por iniciativa do comerciante João da Silva Villar, aos 15 de agosto de 1854. Devido sua extensão, ocupava todo o quarteirão da Rua da Palma (Major Facundo) até a Rua Formosa, (Barão do Rio Branco).

Incidente Político na Casa Vilar

Antes de ser Casa Vilar era a residência do Major João Facundo de Castro Menezes, que sendo aracatiense aqui chegou em 1818, onde fez carreira militar e política..

Modificações na Política Cearense

Era o Vice-presidente da província na chapa do Brigadeiro José Joaquim Coelho, quando em 1841 foi assassinado na calçada de sua residência à tiros com arma de fogo, execução esta por pistoleiros de encomenda. A mansão passou tempos desocupada.

Registro de 1906

Na Casa Villar se encontrava tudo o que se precisasse em matéria de ferragens, peças de bondes, e até mesmo posteriormente peças de locomotivas da Estrada de Ferro de Baturité, que vinham da Inglaterra e Estados Unidos. Era bastante intensa as encomendas que chegavam no Poço das Dragas, importadas para esse comércio que ficou de 1854 até 1959.

Reclame de 1909

O RÁDIO – MANUSCRITO DE ANTHONY SANTIAGO

PRAT

 

Aureolado pela divulgação que antecedeu a minha chegada, dos meus conhecimentos de rádio e os meus sucessos em São Paulo, certa manhã a visita dos Srs. Francisco Riquet Nogueira e Silvio de Castro, respectivamente Presidente e Secretário do Ceará Rádio Clube, expuseram de maneira frenaz a razão de suas visitas e ao mesmo tempo em que historiaram asa dificuldades que enfrentavam naquela novel organização.

Adquirida a aparelhagem na Phillips do Brasil pelos irmãos Dummar, organizaram-se em sociedade, para cumprirem as exigências do regulamento que regia a exploração de divulgação em “broadcasting”.  A Phillips ao fornecer o transmissor cariou o seu técnico para efetuar a montagem e as experiências preliminares.

O Sr. Gonzalez, tudo fez, porém, não conseguiu fazer funcionar a estação, até que fracassado, regressou à sua sede, abandonando os interesses da companhia, e este com evasivas desonestas e fé embolsada também abandonou seus compromissos. Estava assim há 5 meses, uma aparelhagem em completa inutilidade e o anseio do povo cearense em ouvir a sua estação.

Por outro lado, os Dummar com os negócios de rádio sacrificados devido o grande estoque de aparelhos “Philco” importados e impossibilitados de vendê-los. Era uma situação de vexame e prejuízos comerciais.

Aceitando tal convite e sem nenhum entendimento sobre honorários, ali compareci para um detalhado exame, com testes rigorosos em tosos os órgãos do transmissor.  Tratava-se de um equipamento simples, pequeno e (..) de tamanho descomunal para impressionar certamente o leigo. Tudo que compunha os seus 500 watts, ½  kilo watts estava em perfeitas condições.

A antena apesar de precária, e grosseiramente instalada, como irradiante, poderia receber perfeitamente a sua carga.

O último exame foi na fonte de alimentação. Na época ainda não existiam os sistema de retificadores e válvulas e para o suprimento de alta tensão, utilizarem um grupo conversor esco(…) de 2.000 volts meus relhos similares – existindo uma bateria de flutuação, instalada erroneamente junto a tal grupo, as emeneções(…) do ácido sulfúrico ate(…) impiedosamente o induzido da alta tensão, provocando oxidação nas bobinas e lâminas de delicado ce(..), coisa que o Sr. Gonzalez não atinou.

Silenciei sobre o defeito, e já senhor da situação, acerquei-me dos proprietários e me comprometi fazer funcionar a estação dentro de poucos dias, contanto que me dessem certo (…) para agir e principalmente (…) de leigos como auxiliares bem como perguntinhas tolas.

Grande era o numero dos entendidos que ali se encontraram. Fui prontamente atendido em minhas exigências. Depois de uma trabalheira horrível, consegui localizar meu velho amigo, João Bezerra o mais competente técnico de motores e geradores ainda hoje existente em Fortaleza.

Depois de uma terapêutica exaustiva de varias horas, consegui liberta-lo de uma das suas (…) habituais. (…) comparecemos e depois de acurados exames, foi confirmado o meu diagnóstico, porém só estavam afetadas  2 bobinas.

Para proceder a um novo enrolamento, seriam necessários vários dias, então optei pela sua (…) de isolarmos as bobinas afetadas, em (…) com a redução de 160 volts na voltagem total, o que não prejudicaria em nada nem mesmo na potência do transmissor – pelo mesmo momento, fizemos a transferência para outro local da bateria de flutuações e depois de 5 horas de trabalho, estaremos vitoriosos. Liguei rapidamente a estação, retoquei a sintonia, observando que todos os controles atuaram perfeitamente.

Anunciei a diretoria, que no dia seguinte às 14 horas (sábado) entraria com a estação no ar. Por precaução, retirei o cristal e o guardei as escondidas.

No dia seguinte, ao chegar no local nos altos da Casa Mesiano, onde hoje funciona a Cimaipinto, encontrei uma verdadeira aglomeração dos “entendidos e técnicos” , que quiseram assistir meu fracasso.

Depois de 40 minutos, propositais sob as vistas de todos meus competidores, gritei para os estúdios para iniciarem a programação preparada.

Tudo correu bem e o comportamento das válvulas era perfeito. Em poucos minutos os telefones anunciaram a pureza e o volume das emissões.Caetano de Vasconcelos foi o primeiro locutor que operou no Ceará, e as irradiações se prolongaram até as 22 horas.

Despertei muito gente boa. (..) diretor técnico, função que ainda exerço, porquanto nenhum ato foi lavrado. Comemoraremos a minha vitória no restaurante Remar na Praia de Iracema, para (…) de muitos e decepções de muitos outros.

Os sírios Dummar, perfeitos representantes do nunca me pegaram, mas proporcionaram embora ótimas peixadas e muito whisky. Felizmente no encerramento dos programas, dois meses depois, aproveitando a passagem da comitiva presidencial, o Dr. Getúlio Vargas e o General Góis Monteiro, inauguraram oficialmente a PRAT e nessa ocasião, pela primeira vez na “minha vida” apertei a mão de um presidente da Republica.

Anos depois, já ausente, na reforma dos serviços de radiocomunicações, foi substituído o prefixo pelo atual de PRE-9.

Materialmente nada usufruí, mas em compensação, firmei um conceito que ainda hoje ecoando em todo território nacional, o meu nome é citado e certado.

Fizeram justiça!

 

Rio, 23.1.64

Assina: Anthony Santiago.

 

 

 

O RÁDIO NO CEARÁ

          -1924-

Já nos fins de 1924, era fundada em Fortaleza, o “Club Rádio do ceará”, tendo  sede o pomposo palacete dos “Diários” na rua Barão do Rio Branco.

A sua primeira diretoria era composta do Engº. Elesbão de castro Veloso, Desembargador Carlos Livino de Carvalho, Carlos Mesiano, Francisco Riquet Nogueira, Clovis Meton, Augusto Mena Barreto, Mister Watson e Henrique Soares.

Entre os inúmeros associados e fundadores, constaram os nomes de Antonio de Alencar Santiago Hit Moraes e Oswaldo Fernandes.

A fundação foi revestida de grande solenidade com fotografias, jornais, banda de música militar, sem faltar o pomposo e interminável discurso do Dr. Carlos Mota.

No centro do salão, numa mesa especial e coberta pelo pavilhão nacional, estava o primeiro receptor ali chegado, e de fabricação francesa, com 4  (…) , 3 baterias de acumuladores (a – b- c) , e um imponente auto-falante de corneta.

O momento do seu descortinamento, foi saudado por prolongada salva de palmas acompanhado do hino nacional.

Constara o receptor de uma caixa de tamanho descomunal, de madeira e um painel de ebonite com 4 “ dial”, cheia de algarismos com legendas indicadores em francês, e na porta exterior superior, espetados nos soquetes as 4 válvulas Lee Forest, de tamanho respeitável.

Imediatamente ocorreram para o seu lado, dando especificações técnicas o Carlos Mesiano, que daquilo nada entendia e o mulato Henrique Soares, arrasado em técnico de grandes Cebedzis(…)e acatado peos seus termos complicados e nebulosos, decorados na convitenoic do Mr. Watson. O “Monstro” imprimiu respeito pelo se(…). logo em seguida, procederam ante o expectativa e ansiedade geral, as experiências que se prolongaram até alta madrugada, e o bicho não “ piou”!.

Depois de todo encenação e dias depois chegaram a conclusão de que uma válvula não acendia, estava queimada. Substituída esta, retirada de uma caixa de sobre(…) que acompanho o aparelho, verificaram os “Técnicos”, que o  ocu(..) nariz sido devido uma troca dos fios “+” e “-“!

As sessões eram diárias e com muita assistência, feita e ligação correta, o bicho apitou e apitou alto! Alegria geral, satisfação estampada em todos, e “alguém” comentou: “ Deve ser o apito de algum trem, chegando na estação emissora”!. Esse alguém era o enfatuado Mena Barreto, coitado morreu sem nunca conseguir penetrar em rádio!

Henrique Soares, tomando os controles, iniciou uma série de apitos em várias tonalidades e isso foi prolongado até que cessou tudo. As baterias estavam esgotadas!

Novas decepções e novos experimentos nos dias seguintes e enquanto isso, os comentários e as opiniões Técnicas eram as mais desor(...)! predominando no entanto que a causa primordial era a antena inadequada .

Uma noite já muito tarde, resolveram ir a casa do Henrique Soares no Jacarecanga,  levando o “Bicho”, para experimentar uma das cinco antenas existentes e vários”Terras” construídos de acordo com as instruções.

Lá fomos à pé, conduzindo o pesado aparelho apoiado em duas tábuas. Os numerosos e confiantes acompanhantes, muito assemelharam a um cortejo fúnebre. Ninguém falara, só a esperança de todos no alto conceito técnico do Henrique! Não fomos de automóvel, para evitar trepidações, Mesiano não quis retirar as válvulas receado trocá-la de lugar! A salinha ficou apinhada; desciam do telhado vários fios etiquetados para identificarem as antenas e os terras.

Todos foram experimentados e sem resultados; somente apitos estridentes e “Alguém” loucamente disse: “Esse trem do mesma Barreto não para!”.

Na infância do rádio todos os aparelhos existentes eram regenerativos, e o apito era o efeito da capacidade. A aproximação das pessoas ocasionavam apitos e suas tonalidades. Verificaram que quando todos estavam distantes, cessavam ou diminuíam tais ruídos, e quando com os pés levantados se ouvia a razão. Convencionou-se, que todos fizessem de cócoras, em posições grotescas nos tamboretes que constituíam a mobília do Henrique! Figuras respeitáveis, naquelas posições devem uma impressão caricata e de operações nas necessidades fisiológicas. Resultado: Negativo.

A coisa foi esfriando, até que ficou muito reduzido o número de “aficionados”, e entre eles, eu, Oswaldo Fernandes e Carlos Mesiano, incessável e persistente que nunca desanimou.

Baixinho, gordinho, barrigudinho, carequinha, com um eterno colete preto, trazendo o azeite de doce o alho, e com sua gesticulação espalhafatosa, própria dos italianos, duas explicações as mais absurdas – presunçosa e pedante de Pedro Riquet, que dominando a assistência dizia: ! “Ou é KDKA ou WGY”, acentuando bem a pronuncia inglesa: “KA-DÊ-KUE-EI ou DABLIU-GI-UAI”… e acertou pela primeira e última vez na vida em mal(…) de rádio.

Mal sabíamos, que só existiam estas duas estações na América do norte.depois foi confirmada, era KDKA, e o “Peter” criou fama! Dias depois, foi escolhido outro local e este ficou definitivamente instalado na Praça de pelotas. Uma noite não funcionou! Expectativa geral. Defeito? Baterias? Antena? Chamaram o Henrique.

O mulato ao chegar examinou tudo – perfeito – e foi a janela.. Ventava muito. Virando-se para a assistência declarou doutrinalmente: “Hoje nada teremos-as ondas estão muito esparsas”! Aceitaram sua abalizada opinião. Santa ignorância.

Alvitrou trocas de locais – foi um Deus nos acuda as nossas peregrinações! “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

Uma noite, já tarde, no Centro Artístico, na Tristão Gonçalves, cedido pelo Cel. Antônio Diogo, o “Bicho” finalmente desentupiu. Que coisa estupenda! Quanta nitidez o volume! Uma musica suave estava sendo irradiada, não se sabe de onde! Chamaram o Cel. Diogo e família, e os telefones não pararam! Apareceu gente de toda parte. Ouvimos musicas até o esgotamento da bateria. Ficou ajustado que ninguém mexeria em nada até a noite seguinte. Todo Club, compareceu as 19. h e de imediato passamos a ouvir a mesma estação. Era uma questão de sintonia.

Os técnicos desconheciam o manejo ou ajuste dos “Diais”.

Alguém perguntou: “de onde é essa musica”? Ante o silêncio, ouvimos com ênfase a voz juntamente com Hil Moraes e Oswaldo Fernandes, fizemos uma rede de radiotelegrafia, utilizando bobinas Ford, e recebendo em galenos, com resultados surpreendentes.

Residindo na Volta da Jurema, cariava até mensagens dali! O Club tomou novo impulso e importou um transmissor de 25 watts, de fabricação francesa. Preparávamos um to(…) estúdio e fomos organizando programas e festivais , como speakers,  revezamos eu e Mesiano. Já possuindo conhecimentos seguros sobre rádio, a custa de livros e revistas manuseava diariamente, fui tomando gosto e discutindo com os entendidos.

Construí um receptor de 3 válvulas, utilizando o esquema do circuito Sohnell. Os diais eram confeccionados com velhos discos de gramofone, e as suas engrenagens milimétricas com rede de relógios velhos!

Henrique Soares, de técnico passou a vendedor de peças adquiridas não sei a onde e nem os meios.  Girou-se a vivalidade técnica entre eu e Hil Moraes. Este respondeu a minha montagem com outro, utilizando circuito: “Porry-Obliggs”. Com isso passamos a ser os entendidos e os procurados.

O comércio local, interessado no “vírus” que atendera a cidade, passou a importar o material, merecendo destaque a Casa Edisom,  de propriedade do Sr. Machado e Centro de discussões aceleradas, onde predominou os termos técnicos, decorados com sacrifícios das mais recentes publicações adquiridas a custa de sacrificadas e privações pessoais – Dr. Elesbão Veloso, meu Chefe importou da América, um “kit” completo, material de ótima qualidade.

Fui o encarregado da montagem. Caprichei e fiz construir numa boa marcenaria, uma caixa , pelo modelo americano. Depois de pronto e experimentado, foi posto em exposição na Livraria Americana, na Praça do Ferreira com um cartão de (…) gravado:

Propriedade: Engenheiro Elesbão Veloso;

Montagem: Anthony Santiago.

Juntou gente e criei fama.

Enquanto isso o meu amigo, Geraldo Fernandes, que explorava um varejo de cigarros, excelente instalação no Meison Art-noveaux , feliz miseravelmente com o desvio dos apurados na tentativa de manter um receptor o que infelizmente nunca conseguiu.

Foi esse o pioneirismo do rádio no Ceará, o meu entusiasmo pela técnica e os primeiros passos, será enfrentar a marcha vertiginosa da técnica eletrônica e os meus conhecimentos de hoje.

 

 

Rio 16.09.63.

Assina: Anthony Santiago.

 

      TRANSCRITO DO ORIGINAL PERTENCENTE AO ARQUIVO NIREZ, GENTILMENTE CEDIDO.

PIONEIRISMO DO RÁDIO CEARENSE

 

Aos 20 de janeiro de 1924, no Distrito Telegráfico (Os Correios), o Sr. Elesbão de Castro Velloso (engenheiro), reuniu em valia uma idéia inédita com outros companheiros também de engenharia. Criar a primeira entidade de Radiotelefonia na cidade de Fortaleza. Chamou-se Rádio Clube Cearense, com estatuto aprovado em 15 de fevereiro do mesmo 24, e cuja diretoria fora assim composta: Presidente: Engº Elesbão de Castro Velloso; Secretário: Dr. Carlos da Costa Ribeiro; Tesoureiro: Engº Antonio Eugênio Gadelha.

Os demais membros efetivos do Clube eram: Desembargador Carlos Livino de Carvalho, Carlos Mesiano, Francisco Riquet Nogueira, Clovis Meton de Alencar, Augusto Mena Barreto, Mister Watson e Henrique Soares. Entre os outros associados e fundadores, constaram os nomes de Anthony de Alencar Santiago (técnico pioneiro), Hit Moraes e Oswaldo Fernandes.

Diretoria e Equipamento

A diretoria do Rádio Clube Cearense queria colocar para funcionar com rapidez uma pequena estação emissora de 3 watts, para a operar experimentalmente ainda em março. Segundo técnicos da época, a potência deveria ser de pelo menos 30 watts. A receptora de 3 válvulas com circuito TSE e, acompanhada de alto-falante Ericsson supertone, fora instalada na sede da sociedade que, ficava em um salão da Phênix Caixeiral na época, esquina das ruas 24 de maio com Guilherme Rocha, na antiga Praça Marquês do Herval (atual José de Alencar).

Os receptores existentes em Fortaleza eram de propriedade dos associados Clovis Meton de Alencar, cujo circuito de reação com duas válvulas era por ele fabricado, tal qual o de Alfredo Euterpino Borges, fruto também de trabalho artesanal. Essa emissora não chegou a entrar no ar.

Como nova tentativa no centro do salão, numa mesa especial e, estava ali o primeiro receptor importado. Era de fabricação francesa, com um imponente autofalante de corneta. O momento do seu descortinamento foi saudado por prolongada salva de palmas acompanhado do hino nacional.

Constara o receptor de uma caixa de tamanho descomunal, de madeira e um painel de ebonite com 4 “dial”, cheia de algarismos com legendas indicadoras em francês, e na porta exterior por cima, encaixadas em soquetes,  4 válvulas Lee Forest,  de tamanho grande semelhante a uma garrafa de 600 ml.

Foi feito o primeiro procedimento e ante a expectativa e ansiedade de todos, as experiências que às vezes iam até altas horas se prolongaram e, o aparelho nem sequer chiava.

Problemas Técnicos

Após toda encenação e dias depois, chegaram a conclusão de que uma válvula não acendia, pois, estava queimada. Substituída por outra que estava numa caixa de reserva que acompanhava o aparelho, verificaram os “Técnicos” posteriormente, que os fios estavam invertidos.

Com muita assistência, foi feita a ligação correta; o bicho apitou e alto! A alegria foi geral, com satisfação estampada em todos.

Henrique Soares, tomando os controles, iniciou uma série de apitos em várias tonalidades e, isso foi prolongado até que cessou tudo. As baterias estavam esgotadas!

Novas decepções e novos experimentos surgiram nos dias seguintes e enquanto isso, os comentários e as opiniões Técnicas eram as mais desordenadas, predominando, no entanto que a causa primordial era a antena inadequada.

Em uma bela noite e já muito tarde, resolveram ir à casa de Henrique Soares no Jacarecanga, levando o “Bicho”, para experimentar uma das cinco antenas existentes, e vários “Terras” construídos de acordo com as instruções. O aparelho fora conduzido com apoio de duas tábuas. Todos apostavam no alto conceito técnico de Henrique! Referido equipamento foi levado à pé  para evitar trepidações. O Carlos Mesiano não quis retirar as válvulas receando trocá-la de lugar!

Em um dia ignorado, mas já no final de 1924, o aparelho funcionou. Foi no Centro Artístico Cearense, na Tristão Gonçalves, local cedido pelo Cel. Antônio Diogo de Siqueira.

Apoteose na Recepção

Foi uma apoteose pra época. Quanta nitidez o volume! Uma musica suave estava sendo irradiada, não se sabia de onde! Chamaram o Cel. Diogo e família, e os telefones não pararam! Apareceu gente de toda parte. Ouviu-se musicas até o esgotamento da bateria. Ficou ajustado que ninguém mexeria em nada até a noite seguinte. Todo Clube, compareceu as 19. h e de imediato passaram a ouvir a mesma estação. Era uma questão de sintonia. Os técnicos ainda desconheciam o manejo ou ajuste dos “Diais”.

Alguém perguntou: “de onde é essa musica”? Ante o silêncio, ouviu-se a voz juntamente com Hil Moraes e Oswaldo Fernandes, onde foi feito uma rede de radiotelegrafia, utilizando bobinas Ford, quando receberam em galenos, resultados surpreendentes.

 

Receptor Pioneiro do Rádio Cearense

                                      Um dos primeiros receptores a chegar no Ceará

O Radio Clube Cearense havia tomado um novo impulso e havia importado um transmissor de 25 watts, de fabricação também francesa. Havia sido preparado um estúdio em uma das dependências do prédio Phenix Caixeiral na Praça José de Alencar, e foi organizado programas e festivais, como speakers.

Receptores

Foram construídos receptores de 3 válvulas, utilizando o esquema do circuito Sohnell. Os diais eram confeccionados com velhos discos de gramofone, e as suas engrenagens milimétricas com rede de relógios velhos!

Henrique Soares era o técnico. O comércio local, interessado no “vírus” que atendera a cidade, passou a importar o material, merecendo destaque a Casa Edson, que aqui em Fortaleza era de propriedade do Sr. Machado. Dr. Elesbão Veloso, importou dos Estados Unidos um “kit” completo, material de ótima qualidade.

Foi construída numa boa marcenaria, uma caixa, pelo modelo americano. Depois de pronto e experimentado, foi posto em exposição na Livraria Americana, na Praça do Ferreira como um cartão.

Reunidos sempre na Phênix Caixeiral, a sociedade Rádio Clube Cearense com um equipamento receptor, sintonizava também em ondas curtas a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro” e, mesmo assim com um sinal de péssima qualidade.

Muitos pesquisadores do Broadcasting desconhecem este capítulo.  Foi esse o pioneirismo do rádio no Ceará, que por falta de condições para preservação dos equipamentos importados, insensibilidade cultural, escassez de recursos e a mão de ferro de Artur Bernardes então Presidente da República, essa história quase que se perde levado pelo vento de 1925.

Desejar é melhor do que possuir, afinal, posse é o prenuncio da morte do desejo.

Em uma das dependências da Fenix funcionou o Radio Clube Cearense. Podemos ver nesta foto da época o mastro da antena do transmissor de 25 watts.

Foto abaixo:

 Centro Artístico Cearense (hoje desaparecido). Ficava na esquina das Avenidas Duque de Caxias com Tristão Gonçalves. Foi neste teatro que se recepcionou a primeira transmissão radiofônica de Fortaleza.

  Antonio Diogo Incentivador e participante do Pioneirismo do Rádio Cearense

                                                  Coronel Antônio Diogo de Siqueira

 

 

COMO FUNCIONA O RÁDIO

Esse capítulo obrigou o autor a fazer compilação em obras de engenharia eletrônica, haja vista o mesmo não ser engenheiro, portanto, as informações a seguir de como funciona o rádio são de responsabilidade da enciclopédia pesquisada.

Transmissão. As partes essenciais para a transmissão radiofônica são:

    • O Microfone, que transforma as ondas sonoras em corrente alternada. As ondas sonoras fazem vibrar o diafragma do microfone, o qual modifica a intensidade da corrente elétrica, de maneira a corresponder, exatamente, às vibrações provocadas pelas ondas sonoras. Esta corrente alternada de audiofreqüência – ou seja, com a freqüência do som – flui, depois, através de válvulas amplificadoras e transformadoras.
    • Um Gerador de Rádio Freqüência, que produz corrente alternada de alta freqüência. Essa corrente é gerada por um oscilador especial, que emprega o efeito piezelétrico do quartzo. Um oscilador de cristal, sempre que mantido a temperatura conveniente, gera um sinal de freqüência constante. Isso é muito importante para as transmissões e de radioamadores.
    • Um Modulador, que combina a corrente alternada de audiofreqüência com a corrente alternada de radiofreqüência muito maior, de maneira que a corrente resultante oscile ainda, mas modificada para se adaptar ao sinal sonoro. Isto é obtido de duas maneiras: modificando a amplitude (intensidade) de onda, isto é, por modulação da amplitude, ou modificando a freqüência da onda, modulação de freqüência, processo usado nas transmissões de freqüência modulada (FM).
    • Uma Antena, que recebe a corrente modulada de alta freqüência e irradia ondas eletromagnéticas.

Ondas de Rádio

As ondas de rádio deslocam-se com a velocidade da luz, mas sua freqüência de oscilação, ou seja, o tempo que a corrente que as irradia requer para completar um ciclo completo, pode variar. De acordo com um convênio internacional, as emissoras de rádio empregam freqüência entre 550.000 ciclos (550 quilociclos) e 108.000.000 de ciclos por segundos (108 megaciclos). Note, porém, que a unidade ciclo por segundo se denomina atualmente hert, cujo símbolo é Hz. Assim, um ciclo por segundo corresponde a 1 Hz; 1.000 ciclos a 1 kHz, que se lê 1 quilohertz; um milhão de ciclos por segundo corresponde a 1 MHz, que se lê 1 megahertz. As faixas de freqüência das emissoras podem ser classificadas de diferentes maneiras.

Uma delas é a seguinte:

►Baixas Freqüências: 30 a 300 kHz- emissoras de navios, serviços policiais etc.

►Freqüências Intermediárias: 550 a 3.000 kHz emissoras de ondas médias, faixas tropicais etc.

►Altas freqüências: 3.000 a 30.000 kHz – emissoras de ondas curta, faixa de amadores, telegrafia a longa distância.

►Freqüências muito altas (VHF) e ultra-altas (UHF): 40 a 200 MHz – emissoras de freqüência modulada, televisão, radar, radioastronomia etc.

Recepção. Para receber as ondas eletromagnéticas irradiadas e transformadas novamente em sons, requer-se a seguinte aparelhagem:

  • Uma antena, para captação das ondas;
  • Bobinas de Indução e Condensadores, uma série para aumentar a corrente fraca detectada;
  • Um Circuito Modificador de Corrente para freqüência alternada em auditiva, constituído principalmente de:
  1. Um Tubo Retificador;
  2. Um Cristal, que faça fluir a corrente em uma direção;
  3. Um Circuito Amplificador do sinal de freqüência auditiva;
  4. Um Auto-falante, que transforme os sinais de freqüência auditiva em som.

 

 

uma transmissão radiofônica monstrando como funciona o radio

                                             Uma Transmissão Radiofônica

 

 

 

 

 

 

RÁDIO EDUCADORA CEARENSE OUTRO REGISTRO QUASE PERDIDO

A RÁDIO EDUCADORA CEARENSE

(Outro Registro Quase Perdido)

 

O Brasil havia experimentado o funcionamento do Rádio por ocasião da festa do centenário da independência quando, aos 7 de setembro de 1922 foi instalado no Corcovado, Rio de Janeiro, um equipamento transmissor e vários receptores em locais estratégicos da então Capital da República. Isso motivou o Sr. Edgar Roquette Pinto a fazer funcionar um ano depois a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, embora devamos fazer justiça ao estado de Pernambuco quando em Recife a sua “Rádio Clube” foi ao ar em 1919. No Ceará, apesar da euforia de 1924 com a beleza teórica e pouca aplicabilidade prática do “Rádio Clube Cearense” que de modo efêmero funcionou no prédio do Distrito Telegráfico (Fênix Caixeiral), Fortaleza ainda saboreou desta experiência.

Coincidência ou não, a segunda tentativa em Radiotelefonia cearense nasceu juntamente com o Jornal O Povo, com diferença apenas de dias. Em 1 de janeiro de 1928 O Céu da Fortaleza Antiga Foi novamente cortado pelas ondas hertzianas da “Rádio Educadora Cearense”. Aos 12 de janeiro de 1928, o Jornal O Povo em sua edição nº 6, traz a seguinte nota: “Esta nova sociedade de Rádio, ciosa de seus deveres de educar o povo de nossa terra, está promovendo um concurso que sobre os aspectos, é merecedor dos aplausos do público e dentro de pouco tempo saberemos qual o melhor Rádio telegrafista…”.

A sede da Rádio Educadora Cearense localizava-se na Rua General Sampaio nº 118, no local onde depois funcionaria o Instituto de Previdência do Município-IPM, esquina com a Rua Meton de Alencar, na Praça Clovis Beviláqua, que já foi “Praça da Bandeira” e na época se chamava “Visconde de Pelotas”.

Por todo o mês de janeiro (1928) e, durante os dias úteis de 19.00 até 21.00 h, ficaram abertas na sede da emissora, as propostas de matrículas aos interessados em fazerem o concurso para ficarem aptos, ao manuseio dos equipamentos da Rádio-Telegrafia. Essa estação radiofônica foi se impondo no conceito público pela sua programação e pelas suas altruísticas atitudes.

Em destaque o edifício da Radio Educadora Cearense. A Emissora apesar da informação, entretenimento e cultura ainda era com programação fechada, sem o ouvinte ter vez e voz.

O jornal “O Povo”, com menos de um mês de existência, já acompanhava todos os acontecimentos da cidade e publicou na edição de 23 de janeiro os nomes dos componentes da R.E.C. “Presidente: Dr. José Odorico de Moraes; Vice-presidente: Luiz Espíndola; 1º Secretário: Achiles Arraes; 2º Secretário: Pierre Pereira da Luz (Locutor); Adjunto tesoureiro: Antonio D’Oliveira Braum; Diretores fiscais: Flósculo Barreto, Benjamim Falcão e Oswaldo Fernandes”. Nessa mesma nota, o noticioso de Demócrito Rocha diz que o Sr. Antonio de Alencar Santiago (telegrafista), ficava como responsável pela a direção da Rádio, quando ausentes os diretores.

Naquela época era difícil se conseguir concessão do Governo para o serviço de comunicação, tanto pela dificuldade da aquisição dos equipamentos, o quanto pela a liberdade de expressão que era vigiada, talvez seqüelas deixadas pela “coluna prestes”.

Fortaleza assim sintonizava sua programação, mas ainda sem qualidade a gosto do ouvinte. Tinha o boletim informativo, músicas selecionadas. Nos fins de semana eram transmitidas para a elite (os receptores eram caríssimos) as partidas de futebol, de onde o poeta Pierre Luz, da janela do estúdio narrava os acontecimentos no campo, local este onde depois construíram a Faculdade de direito da UFC, afinal o Estádio do Prado só seria inaugurado em 1941.

A vida dessa emissora também foi curta, pois quando João Dummar criou “O Ceará Rádio Clube” a Rádio Educadora Cearense já havia saído do ar.

Teria sido a Revolução de 1930? Descubram os entendidos. 

         

 Aspecto da Praça da bandeira (atual Clóvis Beviláqua) e ao fundo o Prédio onde funcionou a Rádio Educadora Cearense

Locutor e Poeta Pierre Luz

Natural de Recife – PE

 

 

 

VERDES MARES A CAÇULA DOS ASSOCIADOS

A RÁDIO VERDES MARES

                                A Rádio Verdes Mares Nasceu no Edifício Pajeú.

                              A Caçula dos Diários Associados

 

Em todo empreendimento que venhamos a implantar, para o esperado sucesso, devemos analisar os fatores que influenciam e os que motivam. A Rádio Verdes Mares parece ter passado por esse critério, pois não se concebe um mesmo grupo empresarial fundar uma empresa, para concorrer com ela mesma. Em tese o rádio é para oferecer entretenimento, cultura e informação. O ouvinte era levado ao nível do rádio, muito diferente de nossos dias em que muitas vezes, para se conquistar audiência alguns locutores com um linguajar torpe, promovem um verdadeiro festival de baixarias ao som de músicas com duplo sentido.

Foi no clima de conquistar um novo público que, foi inaugurada aos 28 de julho de 1956, na freqüência de 1.410 quilociclos, a Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Com decoração do arquiteto Roberto Vilar, O estúdio foi instalado no 4º andar do edifício Pajeú (Rua Sena Madureira), e recebeu uma mesa de som importada dos Estados Unidos da América. Era um equipamento de alta fidelidade de fabricação Western Elétric.A estação transmissora fora instalada no bairro Nova Aldeota, local hoje próximo ao terminal rodoviário de integração do bairro Papicú com um excelente o transmissor de 10 kW, marca Phillips.

Esse foi mais um empreendimento da Cadeia dos “Diários Associados”, que resolveu oferecer uma programação diferente, acompanhando as transformações que a sociedade cearense da época reclamava. A Ceará Rádio Clube e a Rádio Iracema tinham uma programação voltada para auditórios, orquestras, apresentações artísticas, reportagens, produções. A verdinha como “Caçula dos Diários” foi ao ar, para o musical selecionado e o jornalismo. Depois o elenco desta emissora nova, seria enriquecido com a chegada de Wilson Machado que, vindo da Rádio Araripe do Crato, assumiria em 1957 a direção artística.

O que era interessante era que, os radialistas da Cadeia Associada, tanto atuavam no microfone da veterana PRE9, bem como no da Verdes Mares. Dentre outros atuaram de inicio na nova emissora: Wilson Machado, Antonio José de Alencar, Dílson Silveira e Narcélio Lima verde. Edilmar Norões passou a trabalhar a partir de janeiro de 57.

Por dois anos a Rádio Verdes Mares fora associada, quando na seca de 1958, o radialista Paulo Cabral de Araújo teve seu contrato rescindido com a “Cadeia dos Diários Associados” que, administrava as empresas do jornalista Assis Chateaubriand.  Recebeu como indenização pelos relevantes serviços, a Rádio verdes Mares. Sob nova direção, a rádio serviu como um canal a serviço daquele ano que era eleitoral. Paulo Cabral liderou um grupo de políticos ligados a União Democrática Nacional – UDN, onde emergiram nomes que se destacariam no cenário político como José Flávio Costa Lima, Hildo Furtado Leite e José Pontes de Oliveira.

Nesse período a emissora transferiu seu estúdio sendo anexado aos seus transmissores no Bairro Papicú, quando em julho de 1962 fora vendida para o grupo do empresário Edson Queiroz. A partir daí a emissora sob nova direção, experimentou incentivos conquistando a invejável posição que até hoje se encontra, graças ao trabalho do hoje saudoso Astrolábio Queiroz, cujo trabalho fora continuado por Mansueto Barbosa.

Toda emissora de rádio tem seu carro chefe ou trabalho que a destaca. A Ceará Rádio Clube tinha o “Matutino PRE-9” com Aderson Braz e cândido Colares e a “Festa na Caiçara”, com Augusto Borges no auditório; A Rádio Iracema tinha “Discoteca do Fã” com José Lisboa e o “Fim de Semana  na Taba” iniciado com Armando Vasconcelos, seguindo-se com Eduardo Fernandes (Dudu) e depois foi para as mãos também de José Lisboa, no auditório; a Uirapuru “Atendendo o Ouvinte” e “Peça o Que Quiser” com Heraldo Menezes: a Dragão do Mar com “A Dragão Dá o Bis no Som Maior do Sucesso” com Guilherme Pinho e “Dragão a Dona da Noite” com Jadir Jucá etc.

                                              Unidade Móvel da Praça José de Alencar

 

                                                               O Verdinho da Verdinha

  A Verdinha no meu entender foi além estúdio, e montou um serviço móvel de utilidade pública na Praça José de Alencar, e um veiculo que circulando a cidade era chamado Verdinho da Verdinha.  Estendeu-se aos bairros com prestação de serviços e, que o diga o dinâmico Narcélio Lima Verde, patrimônio da radiofonia cearense. E o quer dizer do Rádio Noticias Verdes Mares com o saudoso Mardonio Sampaio?

Sempre pecamos por omissão quando o negócio é menção de nomes, porém estiveram no microfone da Verdinha: Cirênio Cordeiro, Orlando Ramalho, Paulino Rocha, José Julio Cavalcante, José Santana, Almino Menezes, Paulo Lima verde, Edson Silva, Jurandi Mitoso, Nilton Sales, Euclides Costa, Ivan Prudêncio, José Rangel e Cid carvalho.

Um técnico de destaque fora Francisco Lourenço dos Santos que ficou de 1962 até 1980, quando com o surgimento da Televisão Verdes Mares Canal 10, teve que ceder para o Dr. Pedro Virgilio que assumiu a Chefia de Engenharia do grupo VM.

A Rádio Verdes Mares, agora operando com uma potencia de 50 kW e que desde 1980 saiu da freqüência dos 1410 para 810 kHz, pertence ao “Sistema Verdes Mares de Comunicação”. Esteve muitos anos sob o comando do Dr. Edilmar Norões;  com uma programação atualizada e eclética, o seu estúdio está localizado na Avenida Desembargador Moreira, anexado à Televisão do mesmo nome.

A Verdinha sempre vem inovando, e seguindo desafios, pois obedece a diretrizes, vivendo sempre no contexto empresarial. A família de Comunicação Verdes Mares cresceu, e além de outras emissoras, já conta com afiliadas no interior cearense. A sua história de luta, deixou marcas indeléveis de grata recordação, cuja radiofonia cearense registrará em seus anais.

As atividades do rádio são voltadas para a sociedade, e é isso que a verdinha, vem fazendo, na humilde e despretensiosa análise deste pesquisador.

                                                    

                                                     Estúdio da Rádio Verdes Mares em 1975.

 

                                                            Assis Lima e Tom Barros.

                                                    Do Radio Noticias Verdes Mares.

                                                                               

                                              Locutor Noticiarista Mardônio Sampaio

            Recebeu de Cid Carvalho o “Rádio Noticias Verdes mares”.

 

 Célio Cury, Edilmar Norões, Almino Menezes e Narcélio Lima Verde

 

                                                                         João Inácio Junior

    

               Fachada Atual da Rádio Mares na Avenida Desembargador Moreira

CEARÁ RÁDIO CLUBE – PRE9

      

 Interessado por assuntos de radiotelefonia, embora só com conhecimentos de experiências anteriores, João Dummar aos 28 de agosto de 1931, resolveu fundar o “Ceará Rádio Clube” (designação era masculina). Tratava-se de uma sociedade civil, para agregar os amadores da “Rádio-telefonia” cujo objetivo seria: promover relações entre os próprios amadores por meio de reuniões, irradiações e serviço de publicidade. Com equipamentos de transmissão da marca “Phillips”, tinha a estação onda longa devidamente autorizada pelo Governo e, onde os programas seriam irradiados com atrações de interesse geral. Recebendo o prefixo de “PRAT”, a emissora obteve licença para transmissões em 1932. A organização era presidida Francisco Riquet e secretariada por Silvio de Castro, embora de inicio o Clube historicamente já viesse enfrentando dificuldades.

João Dummar

Antenas da PRE9

A aparelhagem foi adquirida na Phillips do Brasil pelos irmãos Dummar, onde se organizaram em sociedade, para cumprirem as exigências do regulamento que regia a exploração de divulgação em “broadcasting”.  A Phillips ao fornecer o transmissor enviou um técnico para efetuar a montagem e as experiências preliminares.

Não fora de inicio que se conseguira fazer funcionar a estação, ocorrendo fracassos. Ficou cerca de cinco meses, uma aparelhagem em completa inutilidade e mais uma vez o povo cearense manteve ansiedade em ouvir uma estação de rádio.

José Cabral de Araújo

Por outro lado, os Dummar foram sacrificados com os negócios de rádio, devido o grande estoque de aparelhos “Philco” importados e impossibilitados de vendê-los. Era uma situação de vexame e prejuízos comerciais.

O transmissor era um equipamento simples, pequeno e de tamanho descomunal para impressionar certamente o leigo. Tudo que compunha os seus 500 watts (½ kilo watts) estava em perfeitas condições.

A antena apesar de precária, e rusticamente instalada como irradiante, poderia receber perfeitamente a sua carga.

O último exame foi na fonte de alimentação. Na época ainda não existiam os sistema de retificadores e válvulas para o suprimento de alta tensão. João Bezerra era o mais competente técnico de motores e geradores da época. Com apenas 160 volts e sem prejudicar a potência do transmissor, a sintonia foi retocada. As válvulas se comportaram perfeitamente. Foi anunciada por Antony Santiago e João Bezerra à diretoria que, a estação entraria no ar.

Jose Lima Verde Sobrinho

Pertenceu a Equipe pioneira da Velha PRE-9

 Tudo correu bem. Os Libaneses Dummar felizmente colocaram a PRAT no ar fato ocorrido aos 21 de julho de 1933, quando realizaram a instalação do Ceará Rádio Clube, na Rua Major Facundo nº 133 (Altos da Casa Misiana). Sob a vista de competidores, iniciaram a programação preparada. Em poucos minutos os telefones anunciaram a pureza e o volume das emissões. Caetano de Vasconcelos foi o primeiro locutor que operou no Ceará, e as irradiações se prolongaram até as 22 horas.

No próximo 21 de setembro (dois meses após) em passagem com comitiva pelo Ceará, o então Presidente da República Getúlio Vargas e, o General Góis Monteiro inauguraria oficialmente a emissora. À título precário fora autorizada a irradiar na onda de 330 metros com um transmissor de 500 watts e antena de dois mastros.

Posteriormente o estúdio foi transferido para a Rua Barão do Rio Branco nº 1172 e, com licenciamento definitivo aos 30 de maio de 1934 pela portaria 415, saiu a escritura com a Constituição definitiva da Ceará Rádio Clube S.A. O seu prefixo de PRAT é trocado por PRE-9.

A Ceará Rádio Clube instalou seus transmissores no Bairro das Damas e começou a manifestação de Broadcasting, quando a nomenclatura passou a ser feminina (deixou de ser um clube para ser uma emissora).

Em 1936, a empresa radiofônica promoveu o primeiro concurso para locutor, causando curiosidade no seio do público. A primeira geração de radialistas da CRC era composta de: Caetano Vasconcelos, José Júlio Cavalcante, José Cabral de Araújo, Raimundo Menezes, José Lima Verde Sobrinho, Luzanira Cabral, Silva Filho dentre outros.

Aos 28 de julho de 1937, os estúdios da Ceará Rádio Clube são instalados no mesmo local da Estação Transmissora (Damas), passando a operar na freqüência de 1.320 quilociclos com potencia de 2.000 Watts na antena, enviada por um equipamento Marconi. Pra abrilhantar a festa, foi convidado e recepcionado no Aeroporto que era na Barra do Ceará, o cantor Chico Alves, o “Rei da voz”.

Grande apoteose defronte a Estação Ferroviária Central.

Recepção do Presidente Getúlio Vargas Que desembarcou em Fortaleza de trem.

O mesmo vinha da Paraíba. 21/09/1933.

.               

Coreto na Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza. Em cima do mesmo um auto-falante

Para a população ouvir as transmissões do Ceará Radio Clube.

 A programação era um tanto fechada, pois quando o rádio fora adquirindo seu espaço, veio a ditadura Vargas o que limitou concessões e inserções; o povo não ouvia o que queria, porém marcou época José Lima Verde Sobrinho, com o programa “Coisas que o Tempo Levou” a Hora da Saudade. Depois foi substituído por Com o advento da segunda Grande Guerra, coincidência ou não, a direção da PRE-9 solicitou ao Governo autorização para operar em ondas curtas possibilitando, a Ceará Rádio Clube emitir sua programação ao Exterior, coisa que aconteceria em 29 de abril de 1941. As implicações técnicas do novo equipamento transmissor fizeram com que, a PRE-9 depois mudasse seus estúdios das Damas para, o oitavo e nono andares do Edifício Diogo no Centro de Fortaleza, e assim inaugurar o seu transmissor de ondas curtas no dia das crianças do mesmo 1941. Paulo Cabral de Araújo com o entusiasmo que lhe é próprio saudou a todos os ouvintes do Brasil e do mundo, na freqüência de 15.165 kCs. O transmissor foi registrado como: ZYN 6 de 49 metros. . O ZYN7 de 6.105 kCs, 19 metros só chegaria quando, a emissora foi para o edifício Pajeú como ainda leremos. No auditório a festa contou desta feita com o “Cantor das Multidões”, Orlando Silva.

O rádio, em seus anos de ouro era um verdadeiro assistente social. Servia até de refúgio nas horas vagas. Na hora do almoço fora criado no Edifício Diogo, um programa de auditório chamado “A Hora do Comerciário”, afim de que ao meio dia os trabalhadores das lojas não ficassem ociosos. A tarde tinha com João Ramos “Vesperal das Moças” outro programa de época.

Os anos 40 foram de renovações em que, a Ceará Rádio Clube foi substituindo gradativamente a antiga geração de locutores. Emergiram Paulo Cabral de Araújo, Aderson Braz, Mozart Marinho, Eduardo Campos, João Ramos, Edson Martins, seguindo-se depois com Narcélio Lima verde, Augusto Borges, Wilson Machado, Cândido Colares etc. O produtor artístico era Guilherme Neto e o discotecário Gerardo Barbosa Lima.

Aos 11 de janeiro de 1944, a Ceará Rádio Clube foi vendida para o Jornalista Assis Chateaubriand, passando a integrar a grande cadeia dos “Diários Associados”. Nas mãos desse empresário e jornalista paraibano, os trabalhos de melhoria nos serviços de comunicação continuaram.

Aderson Braz aproveitou a inspiração de José Lima verde que, intercaladamente lia notícias do jornal “Unitário” que era matutino, pois, os jornais circulavam à tarde.  Após ouvir a direção da Rádio Clube, com sua experiência de locutor noticiarista que, trouxe na bagagem vindo do Centro Regional de Publicidade (Serviço de Auto Falante de Juazeiro do Norte – CE), criou o famoso “Matutino PRE9” que ficou no ar religiosamente de segunda a sábado, das 6.30 as 7.00 h por quase trinta anos. Aderson fez dupla com Mozart Marinho e Cândido Colares.

Em 13 de maio de 1949, o estúdio da PRE-9 saiu do Edifício Diogo e foi instalado nos primeiro e segundo andares do Edifício Pajeú, cita-se à Rua Sena Madureira nº 1047. (hoje é a sede do Tribunal de Contas do Estado). A Ceará Rádio Clube, com as novas instalações ocupou dois pavimentos no mais moderno (à época) edifício de Fortaleza, “O Pajeú”. Reservou o primeiro andar para o auditório, que contava com cerca de 500 poltronas, construído segundo todos os requisitos da técnica: ótima acústica, nenhuma ressonância.  O segundo pavimento foi destinado à contabilidade, propaganda, direção geral, superintendência, redação, ensaios e, finalmente, discoteca, que contava com mais de 13 mil discos (todos os gêneros), com material absolutamente novo, tudo RCA. tinha  3 estúdios, com  5 microfones.

A inauguração das novas instalações da Ceará Rádio Clube foi um acontecimento marcante para o rádio brasileiro, dadas as características expostas. Esse brilhantismo reuniu, no auditório, o Desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, Governador do Ceará, D. António de Almeida Lustosa, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, o Dr. João Daudt d’Oliveira, Presidente da Confederação Nacional do Comércio, além do Dr. João Calmon, Superintendente dos Associados no Norte do país, e o Dr. Paulo Cabral, Diretor – geral da PRE-9.

Assis Lima e a Cantora Ayla Maria, Voz do orgulho do ceará.

A mesma fora revelada em 1954 no Programa “Clube Papai Noel”.

 A Ceará Rádio Clube tinha uma excelente equipe de radioatores, que fazia o teatro da mente. Laura santos, Maria José Braz, João de Medeiros Ramos, Antonio Mendes (Toinho) eram alguns que, compunha o casting. João ramos em 1955 foi o melhor do Ceará.

O rádio sempre foi um serviço público. Tinha cartazes do sul e de artistas locais. Era uma emissora como já dito, que tinha também ondas curtas que no Brasil era em numero de sete, e isso permitia alcance e correspondência. O volume de publicidade da Ceará Rádio Clube tinha uma ascensão fabulosa onde o faturamento era de Cr$ 1.600.503,00 no balanço 44/45 para Cr$ 3.896.497,70 no balanço 48/49.

No âmbito social a PRE-9 criava suas campanhas. Mais de 1 milhão de cruzeiros fora conseguido  numa campanha de 2 semanas em prol da Santa Casa de Misericórdia.

Em atendimento ao seu programa de prestação de serviços, foi criado o Natal dos Lázaros e o Clube Papai Noel. Dava assistência ao leprosário de Canafístula (Antonio Diogo), onde Silvo caldas com sua voz inimitável alegrava os pacientes. O radialista Paulo Cabral, seu diretor, recebeu do povo de Fortaleza como gratidão, o comando da Prefeitura na eleição de 1950.

A Ceará Rádio Clube era uma das cinco emissoras brasileiras mais bem instaladas, e tinha três freqüências própria, irradiava com 250, 49 e 19 metros. Dois equipamentos eram RCA Victor e um Marconi. Com as novas instalações da PRE-9, a mesma fora inserida entre as cinco mais bem cuidadas e, modernas instalações de emissoras existentes no Brasil.

Para entretenimento existiam vários programas de auditório dentre os quis se destacaram: “Noturno Pajeú”, “Divertimentos em Seqüência”, “O Céu é o Limite”, “Festa na Caiçara”…

Em 1960 a Ceará Rádio Clube se muda para a Avenida Antonio Sales, ficando ao lado da primeira e já extinta estação de TV do Estado: “TV Ceará Canal 2”, que era do mesmo grupo dos “Diários Associados”, porém em julho de 1980, ocorrera no Ceará a degringolagem dos Associados no Ceará. A PRE9 deixou de transmitir em ondas curtas. O Ceará perdeu sua primeira emissora de televisão, e junto no mesmo pacote deixou de circular os jornais “Correio do Ceará” e o “Unitário”.  A Ceará Rádio Clube ficou sozinha e para arcar, com as despesas deixadas pela degringolada.

Reclame da Apresentação de Ivanilde Rodrigues em Divertimentos em Seqüência

.A Ceará Radio Clube em 1980 retirou seus estúdios da Rua Oswaldo Cruz e foi para Av. Senador Virgílio Távora nº 2279 e, os transmissores saiu da Avenida dos Expedicionários (antigo Tauape) e foi para a margem do Km 19 da Via Férrea de Baturité, em Pajuçara.

Hoje operando na freqüência de 1200 quilohertz, e com prefixo ZYH 585, a CRC a emissora mais antiga no ar, está com os transmissores no anel viário “Parque Novo Mondubim”, Maracanaú – CE, e com o nome de “Rádio Clube”. Desde julho de 2008 passou a retransmitir a programação “Da Cadeia de Emissoras Associadas”.

                                                                  Cândido Olimpio Colares.

 

 

        Cartões Postais que a emissora enviava aos seus ouvintes.

Edifícios Diogo e Pajeú

 

                                                           Transmissor de Ondas Curtas

 

Estúdio da Ceará Rádio Clube na Rua Oswaldo Cruz ao lado da TV Ceará

  

A partir da esquerda: João Ramos, Dermival Costa Lima, Antonio Maria, José Julio Cavalcante, Manuelito Eduardo e Mozart Marinho.

 

                                               Estúdio no Velho Edifício Diogo. 1946.

 

                      Augusto Borges Entrevistando Alfredo Ramos Edifício Pajeú

Narcélio Limaverde e João Ramos

                                         Paulo Lima Verde, Filho de José Lima verde

Neide Maia

Jamais poderia esquecer-se de colocar a Imagem do Homem

Que ensinou Assis Lima a trabalhar em microfone

 

José Wilson Machado Borges.

(1927-2007)

60 anos de sua vida dedicou ao rádio.

  

Joaninha Pires.

Com “Sucessos de Sempre” para não deixar morrer a Jovem Guarda.

 

CRONOLOGIA DO RÁDIO NO MUNDO

A EMBRIONAGEM DO RÁDIO NO MUNDO

 

1600

William Gilbert inventa o “Eletroscópio” e realiza estudos sobre magnetismo. Ele estabelece uma ligação entre a eletricidade estática e o magnetismo.

1678

O matemático Huygens anuncia a teoria ondulatória da luz.

1729

Stephen Gray e Granvil Wheeler constroem a primeira linha elétrica (na Inglaterra). Neste feito, utilizam uma corda de cânhamo umedecido, com 200 metros de comprimento.

1745

  1. van Musschenbroek de Leyden descobre com a famosa garrafa de Leyden, o primeiro condensador.

1780

Luigi Galvani faz experiências com Ranas sobre eletricidade animal.

1799

Alechandre Volta descobre a pilha.

1800

Von Ritter observa os efeitos químicos da eletricidade.

1819

Hans Christian Oersted (Dinamarca) observou as propriedades magnéticas de uma corrente elétrica.

1821

André Marie Ampère (França) estabeleceu a relação entre a eletricidade e o magnetismo.

1825

Georg Simon Ohm (Alemanha) estabelece a lei que leva seu nome “OHM”. Propôs a relação R=V/I que se tornou conhecida como a lei de OHM – A corrente que circula em um circuito com resistência de 1 Ohm submetida a uma tensão de 1 Volt é de 1 Ampere.

1831

Michael Faraday (Inglaterra) e Joseph Henry (EUA) descobrem a “indução eletromagnética” entre dois circuitos separados. A publicação dos trabalhos de Faraday em novembro de 1931 precedeu a de Henry em alguns meses.

1835
Samuel F.B. Morse (EUA) exibe e testa o primeiro aparelho telegráfico com fios a uma distância de 500 metros.

1838

  1. A. Steinheil de Munich mostra que um dos dois fios usados na telegrafia poderia ser dispensado com o uso de um fio “terra “. Ele olhou bem à frente, a um tempo em que o segundo fio também poderia ser eliminado, e ‘ telegrafia sem fios’ poderia ser usada.

1840

Morse cria um novo alfabeto telegráfico.  Joseph Henry produz oscilações de alta freqüência e comprova que a carga de um condensador é oscilante.

1842

Joseph Henry chama a atenção para as descargas oscilatórias da “garrafa de Leyden”, ou condensador (O efeito notado por Henry era provavelmente devido à indução com um pequeno ou nulo efeito da radiação eletromagnética).  Alexander Bain (Inglaterra) inventou o telégrafo de gravação eletroquímica que estabeleceu os princípios da gravação do Fac-símile.

1844

Samuel F.B. Morse envia, em 24 de Maio, a primeira mensagem a distância através do Telégrafo – aproximadamente 40 milhas.
A mensagem -“Que Deus seja louvado!” O Telégrafo através de fios e o Código Morse é o primeiro sistema de comunicação a longa distância que o mundo conheceu.

1846

Faraday sugere que a luz e a eletricidade podem ser diferentes manifestações da mesma força.

1850

Daniel Ruhmkoff, mecânico Alemão, constroe um aparelho de indução que transforma a baixa tensão de uma pilha em alta tensão. Foi utilizado como primeiro emissor de ondas eletromagnéticas.

1853

Julius Wilheim Gintl, físico australiano, demonstra que é possivel enviar através de uma linha telegráfica, várias mensagens simultaneamente.

1858

Entra em funcionamento o primeiro cabo submarino transatlântico. Este cabo falhou após algumas semanas de funcionamento. O primeiro cabo com sucesso foi lançado em 1866.

1863

Em Cambridge, Inglaterra, James Clerck Maxwell, professor de física experimental, demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas, sem constatação prática.
Foi o primeiro a estabelecer o conceito fundamental de ondas eletromagnéticas por pura dedução matemática. Do seu trabalho resultaram em 1864 as Equações de Maxwell que indicavam a existência de ondas eletromagnéticas que mais tarde foram demonstradas em laboratório por Hertz.
Através destas equações, Maxwell demonstrava a velocidade da luz que estabeleceu em 3 x 1010cm/s.   Maxwell acreditava que a luz era uma forma de radiação eletromagnética.

1864

James Clerk Maxwell formula as “Equações de Maxwell” que trata das ações das ondas eletromagnéticas.

1865

Mahlon Loomis transmite mensagens telegráficas sem fios entre duas montanhas em Virgínia.

1867

Werner Siemens constroe o primeiro dínamo.

1870

Von Bezold descobre que a descarga de um capacitor produz interferência.

1872

Em 30 de julho, é concedida Patente no 129,971 a Mahlon Loomis pelo Governo dos Estados Unidos para uma forma de comunicação sem fios.

1874

Branly faz a primeira transmissão de energia, acendendo de Paris, a iluminação de Londres.  Karl Ferdinand Braun demonstra que a circulação de corrente através de um cristal de “carborundun” é menor em um dos sentidos.

1875

Estabelecido o primeiro serviço permanente de notícias por cabo.  Alechandre Graham Bell inventa um microfone (transdutor magnético) que podia trabalhar também como auricular. Werner Siemens mostra que a eletricidade caminha ao longo de um fio com uma velocidade aproximadamente igual ao de luz.

1876

Alechandre Graham Bell demonstra o telefone

1877

Emile Berliner inventa o microfone.  Hughes descobre um tipo de detetor, possibilitando a demonstração prática do “Cohesor”.  Thomas Alva Edison registra o som em cilindros. A primeira gravação – “Mary tem um pequeno cordeiro”.

1878

Thomas Alva Edson começa a trabalhar no invento da luz elétrica

1879

A Academia de Ciências de Berlim oferece um prêmio para o cientista que puder demonstrar experimentalmente que um campo elétrico variável gera um transiente de campo elétrico passageiro, e vice-versa. O desafio é levado a sério por, entre outros… Heinrich Hertz.  Hughes inventa o microfone a carvão.

1882

Dolbear obtém a primeira patente sobre um aparelho para transmitir sinais sem fios, conseguindo estabelecer comunicação entre dois pontos distante 1000 metros entre si.  Thomas Alva Edison descobre o efeito “Edison” nas lâmpadas incandescentes, possibilitando o início das válvulas termiônicas.

1883

O Efeito Edison é descoberto enquanto Thomas Edison tentava achar um modo para manter o interior das suas luzes elétricas livre de fuligem. Ele na verdade colocou um prato de metal dentro do bulbo e conectou um fio, com isto criando um diodo! Infelizmente, ele não percebeu as implicações – ou não teve tempo para estudar na ocasião, por causa de outros interesses. Edison patenteia o Fusível.

1885

Edouard Branly começa seu trabalho investigando a transmissão de impulsos nervosos. A sua pesquisa durante os próximos anos resultará no que será chamado depois de ‘ Coherer– um dispositivo para detectar ondas Hertzianas.   Edson obtém a patente nos 465.971 sobre um sistema de comunicações sem fio.

Preece efetua uma comunicação telefônica entre dois lugares distantes 750 metros.

1887

Heinrich Hertz prova a teoria de Maxwell que a eletricidade pode viajar pelo espaço em forma de ondas. Ele demonstrou que estas ondas compartilham as mesmas propriedades físicas da luz.

Hertz detectou, fazendo saltar faíscas através do ar que separavam duas bolas de cobre, o princípio da propagação radiofônica. As ondas antigamente identificadas como “quilociclos” passam a se denominar “ondas hertzianas”. Heaviside consegue estabelecer comunicação entre a superfície da terra e uma câmara subterrânea.

1890

Branly constroe seu detetor de ondas eletromagnéticas, posteriormente conhecidas como “Cohesor.”

Michael Pupin estuda as descargas em válvulas, e inventa um ressonador elétrico. Até seu falecimento em 1935 ele recebeu 34 patentes, usadas em telefonia e telegrafia.

1892

Preece estabelece comunicação entre dois pontos por indução e condução. Thompson obtêm do governo francês a patente nos 500.630 sobre um sistema de transmissão por arco em altas freqüências. Popov, baseado em informações de Branly, melhora o cohesor, adicionando-lhe um vibrador.

1893

Padre Roberto Landell de Moura,  um brasileiro, realizou a primeira transmissão de palavra falada, sem fios, através de ondas eletromagnéticas.  Fitzgerald sugere um procedimento para a geração de ondas eletromagnéticas através do espaço.

1894

Sir Oliver Lodge melhora o detetor Branly chamado de cohesor usando-o para transmitir mensagens em código Morse a uma distância de 50 metros, inaugurando a “T. S.F.” (Transmissão Sem Fios). Guglielmo Marconi lê sobre a descoberta de Heinrich Hertz sobre ondas eletro magnética.

1895

No mês de abril, Popov leva ao conhecimento da Sociedade Russa de Física e Química, um aparelho por meio do qual, obtém registros das descargas elétricas atmosféricas, dando origem posteriormente à antena.

1896

Marconi, baseando-se em trabalhos de Hertz, Popov e Branly, consegue comunicar-se a uma distância de dois kilômetros, utilizando-se para tal feito, espelhos parabólicos.  Marconi transporta a sua invenção “transmissor de sinais sem fios” para a Inglaterra. Durante a entrada no país, funcionários da alfândega nervosos esmagam o aparelho sob suspeita de ser parte de um enredo anarquista italiano. É Patenteado seu sistema de “T. S. F.”, constituindo-se a primeira patente do gênero. (RADIO). “Aparelho de transmissão de impulsos elétricos e de sinais”.

1897

Marconi forma a “Wireless Telegraph & Signal Company” constituindo-se na primeira sociedade comercial de rádio.  Marconi consegue estabelecer comunicação entre Bath e Salisbury na Inglaterra.  O. J. Lodge inventa um sistema de sintonia que permite receber várias emissoras em um único receptor.  É instalado por Marconi em novembro, a primeira estação comercial de “T. S .F.” na ilha de Wight, Inglaterra.  Joseph John Thompson descobre a existência do “Elétron”.

1898

Primeira utilização da Radiotelefonia por um periódico em Dublin, Irlanda. Ducretet estabelece comunicação sem fio entre a torre Eifel e o Panteão -4 km-. Marconi instala o primeiro serviço de rádio do mundo na ilha Rathlin, costa da Irlanda.

1899

O sistema de comunicação sem fios de Marconi é adotado comercialmente em barcos.  É formada a primeira companhia de transmissão telegráfica sem fios nos EUA com o nome de “American Wireles Telegraph Company”.  Marconi estabelece comunicação através do canal da Mancha (50 Km) e manda a seguinte mensagem: “O Sr. Marconi envia ao Sr. Branly seus respeitosos cumprimentos pelo estabelecimento da telegrafia sem fio através do canal da Mancha; estes resultados se devem em grande parte aos trabalhos do Sr Branly“.  Comunicação sem fios entre navios de guerra ingleses a uma distância de 85 milhas ( 135 Km ).  Marconi chega a Nova Iorque com seus equipamentos de transmissão de sinais sem fios para emitir relatórios de rádio em um raid de iate.

1900

Arthur Lee de Forest obtem várias patentes nos EUA sobre sistemas de radiação.  Reginald Fessenden teoriza que um alternador, como o desenvolvido por Tesla, poderia gerar uma onda eletromagnética capaz de levar voz e música. Ele usa um gerador de faísca para enviar a voz humana à distância de cerca de uma milha.

1901

Marconi estabelece em 12 de dezembro comunicação telegráfica entre St. Johns e Poldhu (Cornualha) situados a 1800 milhas de distância, recebendo a letra “S” (usou um transmissor de faísca de 35 K W ). John A. Fleming estava no transmissor na Inglaterra. É formada a empresa “’American Telephone & Telegraph Company” nos EUA pelo Dr. Gehring. Karl Ferdinand Braun introduz o uso do cristal detetor nos receptores.

1902

Poulsen desenvolve o transmissor de arco. Fessenden obtem nos EEUU a patente de no706. 647 sobre um sistema de modulação por onda persistente.  Reginald Fessenden inventa o ‘Detetor Eletrolítico’.  O detector magnético é inventado por Marconi. Comunicação de 2099 milhas entre o “Philadelphia”, um navio da América do norte e Poldhu.

1903

É criada pela Siemens e AEG, a Sociedade Telefunken na Alemanha. No dia 23 de agosto é inaugurada as transmissões regulares em código Morse desde Poldhu, na freqüência de 2800 metros. Wehnelt obtem a patente de no 157.845 sobre uma lâmpada diodo de dois elementos.

1904

  1. A. Fleming trabalha como consultor científico na companhia de Marconi, e projeta muitas peças de aparelhos transmissor de sinais sem fios. Ele é encarregado em desenvolver um novo detetor para sinais de telegrafia sem fios. Fessenden trabalha na GE no desenvolvimento de um alternador de alta freqüência. F. W. Alexanderson é posto no projeto. John Ambrose Fleming inventa a primeira válvula, a “Válvula” de Fleming, ou como ele a chamou Oscillation Valve. Fessenden inventa a recepção por Heterodinação

1905

  1. W. Pickard utiliza o primeiro cristal (retificador) de silício.

1906

É concedido na Inglaterra as primeiras 68 licenças experimentais para radioamadores. Arthur Lee de Forest obtem nos EEUU a patente no 841.378 sobre a lâmpada “Audion”. Primeira válvula amplificadora (Triodo). Duwood descobre as propriedades retificadoras do “Silício”. O Alternador Alexanderson é entregue à estação de Fessendon’s. Na Véspera do Natal de 1906 ele transmite voz e música para os surpresos operadores de navios. Ele transmite em 42 Quilohertz com a potência de 1 quilowatt. A programação inclui uma voz feminina cantando alegremente uma canção de Natal, um solo de violino por Fessenden, e um convite para fazer a reportagem de recepção. Henry H.C. Dunwoody patenteia o uso do Carborundum em detetores.

1907

  1. W. Pickard aperfeiçoa o detector a cristal e solicita uma patente para o uso de silício em detectores. É realizado testes com transmissão de sinais pré gravado. É estabelecido o primeiro serviço comercial de transmissão de sinais de rádio em transatlânticos por Marconi com estações em Clifden, Irlanda e Baía Glacê, Nova Escócia.

1908

Fessenden estabelece comunicação entre Brant Rock (Mass.) e Washington (a cerca de 300 Km ) com modulação de voz.  É adotado internacionalmente o sinal de socorro S O S (.. . – – – . . . ).

1909

A United Press International estabelece um serviço a cabo submarino com a Telegraph News Japonesa. Braun e Marconi compartilham o prêmio Nobel de física por seus trabalhos no desenvolvimento da telegrafia sem fios.  Charles’ Doc Herrold começa um horário regular de radiodifusões em San Jose, CA. S.S. Republic afunda depois de uma colisão. Duas vidas são salvas com a ajuda da telegrafia sem fios

1910

Comunicação sem fios a 15.000 km entre um navio americano e sua base.  É inaugurado em Paris, um serviço de divulgação do tempo e da hora com os sinais sendo irradiados da torre Eifel em código Morse, tornando esta cidade o centro das atenções na divulgação deste tipo de serviço no mundo.

1912

E H. Armstrong descobre a regeneração (reação).  Graças aos equipamentos de transmissão sem fios “T. S. F.” instalados no navio Titanic e aos sinais de socorro transmitidos pelo telegrafista Jack Philips, salvam-se 760 pessoas.  É adotado em Londres, o código “Q”, modificado posteriormente na convenção de Washington.

1913

A estação alemã de Nauen transmite sinais em código Morse  e recebidos a uma distância de 1550 milhas em 16,900 metros ou aproximadamente 18 quilohertz (na faixa do alcance da audição ). Armstrong solicita uma patente para usar a válvula como um oscilador.  De Forest, Pierce Y. Langmuir,  aplicam o sistema de acoplamento direto usando uma lâmpada Triodo. Alexanderson obtem a patente de no 1.173.079 sobre um circuito de duas etapas sintonizadas. Langmuir obtém uma patente nos EEUU de no 1.282.439 sobre um sistema de deteção de grade, utilizando um condensador e uma resistência de escape ou fuga.

1914

Conversão do código Morse em Teleprinter.  A Companhia Marconi inicia suas transmissões experimentais faladas da “Marconi House” de Londres. Round melhora o Radiogoniômetro de Bellini-Tossi com a utilização da lâmpada triodo. Round obtem a patente inglesa de no 24.480 sobre um sistema de recepção por variação de freqüência com o intuito de eliminar os sinais parasitas ( base da atual modulação de freqüência de Armstrong). Meissner obtem a patente francesa de no 467.747 sobre o mesmo sistema de Round. É efetuada uma experiência entre Paris e Washington de acordo com seus respectivos governos, para comprovar a diferença de velocidade que poderia existir entre as ondas luminosas e as ondas eletromagnéticas.  Armstrong obtem a patente sobre o circuito de recepção “Regenerativo”.

1915

Primeira retransmissão transatlântica de radiodifusão de Arlington a Paris.

1916

Schottky obtem na Alemanha a patente de no 305.535 sobre o acoplamento por impedância e resistência. David Sarnoff – um empregado da Companhia Marconi – propõe ‘ caixas de música de rádio ‘ para as residências como uma oportunidade empresarial potencial… e foi ignorado

1917

Aparece o nome BROADCASTING, introduzido por Charles D. Herrold

1918

Armstrong inventa o circuito Super-heteródino, Dr Frank Conrad.   Surge em 17 de outubro a RCA.

1920

Engenheiros da Westinghouse dedicam-se a ampliar os recursos do bocal do telefone, que resultou na invenção do microfone como conhecemos atualmente.  A companhia Westinghouse instala a primeira emissora de broadcasting com potência de 100 watts na freqüência de 360 metros, tornando os E. U. A. a verdadeira pátria da radiodifusão.  É anunciado o primeiro circuito “Super-heteródino”por Armstrong.

1922

Para proteger a indústria radioelétrica inglesa, é criado o selo “BBC” que devia ser aplicado em todos os aparelhos ingleses pelo Post Master General.  É concedido nos EEUU, 670 licenças para emissoras de radiodifusão.  Aparecem os primeiros auto-falantes.  No Rio de Janeiro, dia 7 de setembro, na comemoração do centenário da Independência do Brasil, ocorreu a primeira transmissão radiofônica oficial brasileira, transmitindo o discurso do Presidente Epitácio Pessoa.

Edwin Armstrong inventa o receptor ‘Super-Regenerativo’.

1923

Haseltine obtem nos EEUU a patente do circuito Neutrodino. Hartley e Nichols desenvolvem um interessante sistema de transmissão com portadora suprimida (conhecido atualmente como SSB) de grande valor para as comunicações secretas.  Van Lieben introduz o uso da bateria “C” para polarização de grade de controle.  Edgard Roquete Pinto considerado “O pai do rádio brasileiro” e Henry Morize fundam em 20 de abril, a primeira rádio brasileira: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Surge o termo/conceito rádio sociedade ou rádio clube, em que os ouvintes, associados contribuíam com mensalidades capazes de acorrer aos custos operacionais e de manutenção. Era voltada a cultura sem fins comerciais.  Novos aparelhos de rádio tornam-se obsoletos entre 3 e 6 meses.  São produzidos 500.000 aparelhos neste ano nos EEUU.

1924

É regulamentada a atual faixa de ondas médias de 550 kHz. a 1550 kHz.

1925

Os problemas criados pelo crescimento das estações emissoras obrigam a criação da “União Internacional de Radiodifusão”

1926

O físico japonês Hidetsugu Yagi, inventa a antena direcional que leva seu nome.  A Britsh Broadcasting Company é dissolvida e criada a Britsh Broadcasting Corporation. John Baird realiza as primeiras transmissões de imagens.

1927

Uma empresa da Philadelphia produz o primeiro rádio para carro.

1931

Inauguração da BBC.  São vendidos os primeiros rádios com o nome das estações no dial.

1933

O americano Edwing Armstrong demonstrou o sistema FM para os executivos da RCA.

1935

As empresas Alemãs AEG e I. G. Farben criam uma cinta de plástico revestida de óxido de ferro magnetizante proporcionando um grande impulso nas gravações magnetofônicas.  É realizada na Alemanha, a primeira emissão oficial de TV.

1936

Em Londres é inaugurada a estação regular de TV da BBC.

1937

Em 20 de Julho, morre Marconi.  É lançada nos EEUU, a válvula Olho Mágico. Gabinetes com este tipo de componente é moda neste ano.  O dirigível, Hindenburg cai em chamas em Lakehurst, N. J. Em 6 de maio de 1937 – a tragédia foi registrada e transmitida em um rádio ao vivo.

1938

Começa a funcionar a televisão na Rússia.

1939

O americano Edwin Armstrong inicia operação da primeira FM em Alpine, New Jersey.

1940

Peter Goldmark inventa a televisão a cores.

 

1945

O FCC muda a banda de FM de 50 MHz para os atuais 88 – 108 MHz

1946

Em Dezembro, é divulgado o descobrimento do Transistor, realizado por Walter Brattain, William B. Shockley e John Bardeen que revolucionará a indústria eletrônica. O rádio ganha maior agilidade, com o surgimento dos gravadores de fita magnética.  Retificadores de selênio começam a substituir as válvulas retificadoras.

1950

A TV BBC de Londres realiza a primeira transmissão de imagens para além do Canal da Mancha

É inaugurada oficialmente a primeira emissora de televisão brasileira: TV Tupi de São Paulo, dia 18 de setembro.

1951

É inaugurada a TV Tupi no Rio de Janeiro.

1954

Em Dezembro é lançado o REGENCY TR1, primeiro rádio transistorizado do mundo pela I.D.E.A. nos EEUU.  O sistema de televisão a cores entra em funcionamento. Gravadores magnéticos são demonstrados na gravação de programas de televisão pela RCA.

1957

A empresa Alemã Grundig lança seu super Grundig, o primeiro de uma série de receptores profissionais para Ondas Curtas.

1958

Gravações estéreo são realizadas e comercializadas.
Aparece o termo “som Hi FI”.

1960

A Star Corp, do Japão se une à Radio Victor Company dos EUA e lançam no mercado japonês a marca Japan Radio Company.

1961

As emissoras de FM são autorizadas a transmitir em estéreo. A holandesa Philips lança seu primeiro receptor profissional de SW, o Magnavox AL990, que não foi aceito pelo mercado por ser incompatível aos padrões da época.

1962

É realizada a primeira transmissão via satélite.  Em um esforço para reproduzir telas coloridas nos tubos preto e branco das televisões, é lançada uma tela de sobrepor que simula um tubo de TV colorido com azul em cima, e verde em baixo.

1965

O Brasil é integrado no Sistema Intelsat.  Receptores valvulados são quase inexistentes nos EEUU, em seu lugar, aparecem os rádios transistorizados.

1967

É criado o Ministério das Comunicações, dia 25 de fevereiro.

1968

A Sony lança seu primeiro receptor da Série ICF, portátil simples e confiáveis, com o modelo ICF 6000. Voltado apenas para o mercado japonês foi o seu maior recorde de vendas até hoje.

1969

A Barlow Wadley lança seu primeiro receptor multibanda na África do Sul, o XCR-30. Adaptação de outro modelo de uso doméstico.

1971

Em Julho de 1971 surge o Clube Internacional DX do Brasil, sediado na cidade paulista de Jundiaí, coordenado pelos dexistas Rogério Reis da Silva e Zanoni C. da Silva. No mês de dezembro do mesmo ano, surge o The International DX Club of Pará, coordenado pelo dexista Djaci Franklin Silva.

1972

A Tandy Corp lança seu modelo Radio Shack Realitic DX 150, analógico, mas o preferido pelos dexistas americanos da época. Em 1974 lança o modelo Realistic DX 160 e conquista o mercado de receptores de até 100 dólares.

1979

A Sony lança a série de receptores ICF 7600, fabricados até hoje. Uma das maiores séries em receptores do mercado mundial de Ondas Curtas.

1980

A Sony lança no mercado japonês seu receptor semi-portátil ICF 2001D, com Ondas Curtas e VHF. O preço de lançamento de apenas US$ 220 implacou o receptor no mercado que o mantém até hoje.

1981

Em 17 de Outubro de 1981 é fundado na cidade de São Carlos, SP, o Dx Clube Paulista, iniciativa dos dexistas Samuel Cássio Martins e Márcio Ferreira Bertoldi. Clube que se tornou referência nacional em dexismo técnico para a época.

1983

O dexista Raimundo Leonardo Bezerra lança o clube “Globo DX”, clube que até os anos 90 reuniu a maior quantidade de associados já vistos até aquela época. Quase 400 sócios em menos de 10 anos.

1986

Em 01 de Novembro era transmitido o primeiro programa “Encontro DX” pela Rádio Aparecida, iniciativa do dexista Raimundo Leonardo Bezerra, com apoio do Pe. Ronoaldo Peliaquim.

1988

A Sony monta um rádio do tamanho de um cartão de crédito. A cidade de Aparecida/SP, sedia o Enbradex 88, um dos encontros de maior destaque do dexismo brasileiro, uma realização do Clube Globo DX, coordenado pelo dexista Raimundo Leonardo Bezerra.

 

Busquemos Resumir

 

Não se podem elogiar avanços no campo televisivo, sem antes não se fazer justiça à história dos que com esforço labutaram para o aperfeiçoamento do rádio. Em 1600 surge o eletroscópio pelas mãos de Willian Gilbert e através desses estudos sobre o eletromagnetismo, facilitou Lee De Forest ao qual é atribuído a primeira transmissão de ópera pelo rádio.

O físico inglês Michael Faraday fez a excelente descoberta da indução magnética em 1831, descoberta essa que subsidiou James Clerck Maxwell matematicamente provar a existência das ondas eletromagnéticas, diferenciando em tamanho, das ondas de luz, mas com a mesma velocidade (300.000) trezentos mil quilômetros por segundo, velocidade que seria confirmada por Albert Einstein.

O cenário se abriu. O leque na história das comunicações à distancia, já havia começado com Samuel Morse que em 1835 havia inventado por código o Telegrafo, mas com fio.

Outro personagem que marcou a história das comunicações foi Thomas Alva Edison quando em 1880 descobriu que se colocando em uma ampulheta de cristal um filamento e uma placa de metal separada entre si e ligando-se o filamento ao negativo de uma bateria e a placa ao positivo, constatava-se a passagem de uma corrente elétrica da placa para o filamento e nunca em sentido contrário.

O alemão Henrich Rudolph Hertz que era professor de física comprovou na prática em 1890, a existência das ondas eletromagnéticas, chamadas hoje de “Ondas de Rádio”. Suas experiências basearam-se na teoria de Maxwell. Essa foi a primeira transmissão radiofônica que a história registrou.

Hertz descobriu que ao fazer saltar uma chispa em seu aparelho oscilador, saltavam também chispas entre as pontas de um arco de metal colocado a certa distância denominado ressonador. Hertz demonstrou com essa experiência que as ondas eletromagnéticas têm a mesma velocidade que as ondas de luz. Em sua homenagem, as ondas de rádio passam a ser chamadas de “Ondas Hertzianas”, usando-se também o “HERTZ” como unidade de freqüência.

Foi uma equipe e tanto que trabalhou, ao longo dos anos, e muitos nem sequer chegaram a se conhecerem, e aí está a história do rádio aperfeiçoado para a transmissão e recepção dos sinais eletromagnéticos. O Professor Pupim em 1887 descobriu a “Sintonia Elétrica” usada em quase todos os aparelhos de rádio; Branly em 1892 descobriu seu famoso ‘COHESOR; Popoff idealizou uma forma de agregar um vibrador elétrico ao Cohesor de Branly melhorando seu funcionamento.

O italiano Guglielmo Marconi em 1896, utilizando um oscilador tipo “Hertz” e um cohesor de “Branly – Popoff”, realizou a uma pequena distancia a transmissão e recepção de sinais. Marconi colocou em prática as teorias, idéias e descobertas de Faraday, Maxwell, Edison, Hertz, Branly e Popoff.

No final do século 19 as atenções do mundo eram voltadas (após a revolução industrial inglesa) ao campo das comunicações. Os inventos de seus cientistas e pesquisadores com grandes descobertas estavam sendo realizadas em curto intervalo de tempo envolvendo grandes perspectivas. Como o caso poderia render dinheiro e muito por causa da patente, certos países queriam manter em segredo esse serviço para uso militar, tal qual o computador quando chegou ao Brasil, em pleno regime (1964-1985). Desta forma é muito difícil afirmar com absoluta certeza quem foi o inventor do Rádio.

Existe uma corrente mundial que concede esse crédito a Guglielmo Marconi, porem não podemos nos esquecer do físico russo Alexander Stepanovitch Popov (1859-1906) que no dia 7 de maio de 1895, transmitiu, recebeu e decifrou a primeira mensagem telegráfica sem fios com sucesso. O cientista russo Alexander Popov tinha enviado uma mensagem de um navio da Marinha russa distante 30 milhas no mar, para seu laboratório em St. Petersburg, Rússia. Era um feito incrível, mas o mundo não tomou conhecimento. A intenção da Marinha russa era monopolizar esta tecnologia poderosa, incitando Popov a não dar qualquer notícia de suas descobertas. Considerado como um fantástico segredo de estado, Popov perde qualquer chance de fama mundial.

Existe uma polêmica da invenção do rádio que se compara à da invenção do avião, no início do século XX, em que o Primeiro Mundo credita aos irmãos Wright, dos EUA, a invenção do veículo aéreo, embora tenha sido o mineiro Alberto Santos Dumont seu pioneiro (os Wright não registraram imagens de suas experiências de vôo, enquanto Dumont realizou testes com seu 14-Bis diante de multidões em Paris, França, em 1906).

Vejamos outro exemplo de brasileiro. O padre Roberto Landell de Moura do assunto em epígrafe, era gaúcho, nascido em 21 de janeiro de 1861. Comete-se uma injustiça a este renomado cientista brasileiro, predecessor de Marconi e de outros.

O padre-cientista construiu diversos aparelhos que expôs ao público na capital paulista em 1893, tais como: – o Teleauxiofono (telefonia com fio); o Caleofono (telefonia com fio); o Anematófono (telefonia sem fio); o Teletiton (telegrafia fonética, sem fio, com o qual duas pessoas podem comunicar-se sem serem ouvidas por outras); o Edífono (destinado a dulcificar e depurar as vibrações parasitas da voz fonografada, reproduzindo-a ao natural).

Nesta ocasião, estabeleceu os princípios básicos em que se fundamentaria todo o progresso e a evolução das comunicações, tal como conhecemos hoje, afinal, suas teses, firmadas antes de 1890, previram a “telegrafia sem fio”, a “radiotelefonia”, a “radiodifusão”, os “satélites de comunicações” e os “raios laser”.  No ano de 1900, enquanto o grande feito de Marconi não ultrapassava a distância de 24 quilômetros, o Padre Landell de Moura obtinha do governo brasileiro a carta patente nº 3279, reconhecendo-lhe os méritos de pioneirismo científico, universal, na área das telecomunicações.

Em 1901, o Padre Landell de Moura, embarcou para os Estados Unidos e em fins de 1904, o The Patent Office at Washington concedeu-lhe três cartas patentes: para o telégrafo sem fio, para o telefone sem fio e para o transmissor de ondas sonoras. Poderia se considerar o Padre Landell de Moura o precursor nas transmissões de vozes e ruídos outros. Suas patentes afirmam isso.

Nesse inicio do século passado, aconteceu o grande salto nas descobertas e modernização, quando em 1904 John Ambrose Fleming, grande cientista britânico inventa a válvula elementar, conhecida como “Válvula de Fleming” que era constituída de Placa e Filamento, embora a Marinha brasileira ainda realizasse, em 01 de março do ano seguinte, diversos testes de mensagens telegráficas no encouraçado Aquidabã, (navio de guerra) com equipamento do Padre.

Baseado nas descobertas de Fleming, o Dr. Lee De Forest constrói no mesmo 1905 a válvula Audion que transformou por completo a indústria do rádio. Essa válvula se compunha de Filamento, Placa e Grade, substituindo os transmissores de chispas de Marconi por essa nova tecnologia. Assim, transmitiam-se não só os sinais como também a voz e a música pelas ondas Hertzianas. Então, coube a De Forest a honra de ter sido o primeiro a transmitir música de ópera pelo rádio diretamente de sua estação na Califórnia. Ele foi o primeiro a transmitir programas humorísticos pelo rádio.

Com o fim da 1a Guerra Mundial (1914 – 1918), a indústria americana Westinghouse ficou com um grande estoque de aparelhos de rádio fabricados para as tropas na guerra. A radiodifusão nasceu meio por acaso, quando se instalou uma grande antena no pátio da fábrica para transmitir música, e por meio desse “Marketing”, comercializar os aparelhos “encalhados” para os habitantes do bairro.

Obteve-se desta forma a Westinghouse Eletric Co. A honra de ter sido promovida como a primeira difusora comercial do mundo que foi a bem conhecida “K. D. K. A.” de Pittsburgh. Ela começou a funcionar regularmente em 1920 e daí dia após dia vem aumentando cada vez mais o número de estações de rádio pelo mundo.

Todavia, o Primeiro Mundo reconhece o cientista Guglielmo Marconi como o “Pai do rádio”. Marconi, natural de Bolonha, Itália, realizou em 1895 testes de transmissão de sinais sem fio pela distância de 400 metros e depois pela distância de dois quilômetros. Ele também descobriu o princípio do funcionamento da antena. Em 1896 Marconi adquiriu a patente da invenção do rádio, enquanto Landell só conseguiria obter para si a patente em1900. Marconi, em 1899, concebeu a radiotelegrafia através de uma mensagem de socorro transmitida pelo Atlântico. Nesse evento se populariza a sigla S. O. S. – Save Our Souls, “salvem nossas almas” em português -, em todo o mundo, mesmo em países que não falam a língua inglesa que concebeu a sigla.

1919-1923 – Outra polêmica envolve o surgimento da primeira emissora de rádio no Brasil. Oficialmente se credita à Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (na época Capital Federal) o pioneirismo, em março de 1923. Mas a Rádio Clube de Pernambuco (até hoje no ar e que chegou a ser propriedade de Assis Chateaubriand, a exemplo da Super Rádio Tupi), de Recife, quatro anos antes já realizou suas primeiras transmissões radiofônicas.

Em 1922, em caráter experimental, funcionou no Corcovado (o Cristo só apareceria em 1931) um transmissor de Rádio por empréstimo da Westinghouse Eletric Co, alugado pelo presidente da República Epitácio Pessoa para transmissão dos festejos do Centenário da Independência do Brasil em 07 de setembro. Houve discursos e a exibição da ópera o Guarany de Carlos Gomes. A população ainda não compreendia o que era aquilo, por isso muitos não gostaram.

 

                                                            Vemos o Corcovado em 1906.

        Esse Coreto serviu para instalar o Equipamento Transmissor de Rádio

Após 1922 quando terminou as Transmissões

O belo coreto fora derrubado para a construção

 Da estátua do Cristo inaugurada em 1931.

                                                 

A idéia ficou pairada em alguns e foi quando o Professor Edgard Roquete Pinto, considerado o “Pai do Rádio Brasileiro” em março de 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Mesmo não sendo exatamente o pioneiro, considerando a Rádio Clube de Pernambuco como a primeira rádio do país, Roquete Pinto teve sua prestigiada importância histórica em prol da comunicação e educação no rádio. Em homenagem a ele, foi criada uma fundação com o seu nome, que existe até hoje.

A década dos anos 20 foi um tempo em que o rádio funcionava sem fins comerciais. Não havia ainda a chamada publicidade no rádio, que só viria em 1927 e ganharia fôlego nos anos 30, contando o Brasil já com 21 emissoras. Antes disso, havia as chamadas “Rádios Clubes” ou “Rádios Sociedades”, ou seja, rádios com programação elitista e raio de irradiação limitada, organizada por pessoas da alta burguesia, que além de sustentarem as emissoras, forneciam suas coleções de discos, geralmente de música clássica.

Finalmente o decreto-lei nº 21.11 de 1º de março de 1932, autorizou a veiculação dos  comerciais em aberto, e a coisa sendo comercial, foi que a programação das emissoras alcançaria os lares, e assim o ouvinte se sentir prestigiado com um poderoso veiculo de comunicação. No Ceará foi a partir de 30 de maio de 1934. Então Justiça histórica para o passado, Tecnologia pro futuro; hoje Cultura, Entretenimento e Informação. O rádio foi fruto de muito trabalho, por isso veio pra ficar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UIRAPURU A EMISSORA DO PÁSSARO

                           

Edifício Arara. A Uirapuru começou nesse Arranha Céus.

Edificio do Rádio Praça da Bandeira

 Ainda hoje se comenta a fase dos anos de ouro do Rádio cearense vividos brilhantemente, onde se procurou ressaltar que a época foi de pioneirismo, das rádios-novelas, dos programas de auditório, enfim, de tanta coisa marcante e vivida pelo Rádio no Ceará antes do aparecimento da televisão. O surgimento da Rádio Uirapuru trouxe aos cearenses uma inovação do que até então haviam feito as emissoras que a antecederam.

                                                                           Afrânio Peixoto

 

Aécio de Borba

 

Inaugurada em 16 de junho de 1956, sua fundação fora resultado de uma labuta dedicatória e porque não dizer audaciosa de José Pessoa de Araújo e Aécio de Borba de Vasconcelos, com pacto associativo de amigos dentre os quais se destacaram José Julio Cavalcante, Luiz Crescêncio Pereira e Afrânio Peixoto.

Em todo projeto audaz devemos analisar os fatores que motivam e os que influenciam e neste clímax, nasceu a “Emissora do Pássaro”, a “Casa do Esporte”, “A Boazinha”, como bem frisaria depois o grande radialista Cid Carvalho. A rádio uirapuru na época de sua criação precisaria de novidades, bem como outras emissoras, e foi isso que fez com que o rádio não morresse, quando surgiu em novembro de 1960, a TV Ceará canal 2, a maior concorrente na história do rádio. Após a revolução pacífica, o rádio encontrou seu próprio rumo.

Edifico Gellatti

A Rádio Uirapuru tinha uma programação moderna e variada onde manteve de maneira diversificada, o entretenimento para os ouvintes, mas voltando-se para mantê-lo informado e prestando seus serviços aos que a prestigiavam com sua audiência.

Cid Carvalho

 

Heraldo Menezes

Foram firmados convênios com a Mayrink Veiga e Nacional do Rio de Janeiro e os grandes programas humorísticos da época passaram a serem apresentados também em Fortaleza em gravações. A esse estilo de programação se juntaram as produções locais, como “Almanaquinho do Ar” com Tarcísio Tavares, “Revistinhas da Cidade” com Ivan Lima; “Despertador Musical” com Juarez Silveira e “Nos Bastidores policiais” com Cidrak Ratts, que marcou época

O forte na programação da ZYH-25 haveria de ser o esporte, a noticia e a informação de um modo geral. E que para tudo isso viesse a funcionar com melhor qualidade, para aqui veio o extraordinário Fernando Jacques, da Rádio Nacional do Rio que acabara de retornar ao Brasil, após estágio na BBC de Londres.

Uirapuru diz respeito a um pássaro raro, pequeno, com penas castanhas e cinzas e seu porte é algo em torno de 200 g. Segundo os amazonenses, seu canto bonito e nostálgico só é ouvido quinze minutos por ano. Que bela inspiração do empresário José Pessoa de Araújo.

A instalação do estúdio inaugural foi no décimo primeiro andar do Edifício Arara (IAPC), na Rua Pedro Pereira no centro de Fortaleza. A Estação Transmissora fora colocada no antigo Santa Rita (atual Maraponga), considerado um dos bairros mais arborizados da capital. Cada emissora que surgia, notadamente procurava ganhar o seu espaço, pois a televisão como já foi dito ainda não existia. As famílias se reuniam em suas respectivas salas de estar e, nas cantoneiras sintonizavam o Rádio.

O bom do rádio antes da TV era que, o ouvinte trabalhava com sua imaginação querendo descobrir quem era aquela voz, ou desenhava na mente, como seria aquele locutor ou Radioator.

A Rádio Uirapuru em 1957 mudou seu estúdio para o “Prédio do Rádio”, edifício que a direção mandou construir na esquina das ruas Clarindo de Queiroz com General Sampaio, na antiga praça da Bandeira. O formato da edificação era realmente de um aparelho receptor que serviu de ícone, tal como: “Guindaste Titan” no Mucuripe; o “Bar do Avião” na Parangaba; a “Palhoça do Raimundão” na Serrinha; o “Atapu” no Joaquim Távora; a “Vila Cazumba” na estrada de Messejana; o “Muro do Colégio Santa Isabel” no antigo Alagadiço e as “Oficinas do Urubu” no Carlito Pamplona.

´Guajará Cialdine

Alguns que marcaram época nos microfones da Uirapuru foram: Em gravação, o Reverendo Celsino Gama com o Cada Dia, Programa da Igreja Presbiteriana. Silvino Neves com forró na Madrugada; as manhãs eram descontraídas com Guajará Cialdine com “Guajará no Varandão”; na brilhante voz do jornalista e advogado, Dr. Cid Saboya de Carvalho ao meio dia “Antenas e Rotativas”. Heraldo Menezes que era o dono da tarde com os programas: Atendendo o Ouvinte e o Peça o que Quiser; Edison Silva aos domingos com Nós na Fossa.

Foi registrado muito ecletismo e pouca vaidade na emissora do pássaro, que convém salientar a passagem de Cesar Coelho com “Romances de César Coelho”, dramas diário; Carvalho Nogueira que como poeta e jornalista, tinha a alma de seresteiro.

Atuaram dentre outros também: Baman Vieira, Carlos Alberto, Lúcio Sátiro, Orlando Viana, Barroso Damasceno, Gilvan Dias, Cauby Chaves, Vicente Alencar, Almir Pedreira, Lúcio Brasileiro…

Em 1975, a Uirapuru mudou de freqüência, passando de 1340 para 760 kHz e no prefixo de ZYH 588. O estúdio depois que saiu da Praça da Bandeira, esteve na Rua Quintino Bocaiúva (Benfica), no edifício da Gellati na Avenida Barão de Studart e, atualmente é localizado na Rua Marcondes Pereira, no bairro Joaquim Távora.

Pouco antes de ser vendida, a administração da Uirapuru estava sob o comando de José Pessoa Filho, Wagner Jucá e Vânia Pessoa.

Adquirida pela Igreja Universal do reino de Deus, a Boazinha passou uma temporada com o nome de “Record”, porém ao integrar a Rede Aleluia, voltou ao original: “Rádio Uirapuru de Fortaleza”.

Com modernos transmissores jogando 25 kw na antena de 110 metros, os céus do Nordeste são rasgados com 24 horas de programação evangélica.

 

 

Aos amigos não poupo elogios; aos inimigos ainda que os tivesse, pouparia qualquer crítica”. José Pessoa de Araújo.

MINHA FORTALEZA BELEZA

MINHA FORTALEZA BELEZA

 

#Parabéns Fortaleza minha

Tua memória não morrerá

O pesquisador te abraçará

Nunca ficarás sozinha#

 

  Objetivando criar uma feitoria na Índia (Ásia) e garantir domínio português, foi organizada por Portugal uma respeitável esquadra com 13 navios e 1.500 homens, sob o comando de Pedro Álvares Cabral e que, deveria respeitar o TRATADO DE TORDESILHAS assinado entre Portugal e a Espanha. Havia limites aos territórios que a partir de então fossem descobertos pelos dois países, onde fora estabelecido uma linha imaginária em que, 370 léguas ao Oeste do arquipélago de Cabo Verde ficariam com a Espanha e, a Leste seria de Portugal.

A Europa tomou conhecimento da existência do Brasil, quando em 2 de janeiro de 1500, o olhar pioneiro do navegador espanhol Vicente Ianez de Pinzon captou as dunas do que seria o Siará Grande, porém, devido ao tratado de 1494, a descoberta oficial deveria ser dos portugueses, coisa que só aconteceria na Bahia aos 22 de abril de 1500.  Pedro Álvares Cabral que, não era bom navegador, mas, era Cavaleiro da Ordem de Cristo comandava a esquadra portuguesa, que além da missão de estabelecer uma rota comercial com a Índia, ele deveria no caminho desviar-se para a direita no oceano atlântico, e foi quando chegou ao litoral do Novo Mundo.

À princípio as novas terras não despertaram muito interesse, porém, para garantir aos portugueses a posse da terra diante da ameaça representada pela presença dos navios estrangeiros, a partir de 1530 foi resolvida a colonização do Novo Mundo, através de um Governador Geral e a criação das Capitanias Hereditárias, cuja do Ceará, foi entregue ao donatário Antônio Cardoso de Barros que, nem chegou a tomar posse.

Naquele momento, a Coroa Portuguesa estava concentrada nas riquezas asiáticas e africanas, porém, no litoral descoberto, a presença do Pau-brasil da qual se extraia tintura para tecidos, oferecia uma das poucas possibilidades de exploração econômica para os comerciantes portugueses. Portugal logo estabeleceria o monopólio real sobre essa riqueza e, arrendou o direito de exploração a um grupo de comerciantes portugueses, liderado por Fernando de Noronha. Nasceu assim o bonito nome BRASIL, a terra mais rica do mundo.

Como pesquisador curioso, quero através deste opúsculo revelar um erro que é cometido com a nossa história. Cristóvão Colombo (italiano de Gênova) saiu e no caminho com um maremoto não sabia mais para onde ia; quando chegou não sabia onde estava e, quando voltou não soube onde esteve. Estando na América em outubro de 1492 pensou estar na Índia. Assim os verdadeiros nativos americanos, erroneamente foram chamados de índios.

Voltemos ao Vicente Pinzon. Tomás Pompeu Sobrinho e outros historiadores renomados afirmaram ser: “O Cabo de Santa Maria de La consolacion, o Rostro Hermoso como a Ponta Grossa ou, Jabarana no Município de Aracati”. Já o historiador Francisco Adolfo de Varnhagem defende que, o local visitado pelos espanhóis era a ponta do Macorie, nome este encontrado no mapa das Capitanias Hereditárias em 1574. Posteriormente a nomenclatura Macorie sofreu corruptela terminando em Mocoripe – Mucuripe.  José de Alencar, o romancista diz que, essa palavra vem de Corib “Alegrar” e Mo vem do verbo Monhang, tornando o ativo passivo. Talvez Alencar referiu-se aos morros, por ter causado alegria aos navegantes. Alencar concordou com os estudos, ratificando as conclusões de Adolfo Varnhagem.

Em 1603, Pero Coelho de Souza, português natural de Açores, munido da bandeira de Capitão-Mor, chegando ao Ceará, não conseguiu se instalar no Rostro Hermoso tendo em vista, os nativos oferecerem resistência. Os habitantes primitivos da provável Ponta do Mucuripe, aos poucos foram sendo dominado pelos invasores e, com a imposição da cultura lusa, esse povoado foi se adaptando à civilização, porém, por amor aos morros, ao navegável Riacho Maceió e a calma oferecida pelo iodado vento leste, preferiram viver isoladamente, tendo a Caça e Pesca (nome de bairro) como produtos de consumo e exportação.

Aos 20 de janeiro de 1612, Martins Soares Moreno nas margens do Rio Siará (Barra do Ceará), fundou o Forte São Sebastião mas, a cidade só se expandiu com o estabelecimento da ocupação holandesa, que levou Matias Beck em 1649 construir na margem esquerda do Rio Pajeú, no monte Marajaituba (próximo a onde seria a Santa Casa e Passeio Público) um Forte que, recebeu o nome de Schoonemborch, como homenagem ao holandês Governador de Pernambuco. Talvez por falta de chamativo, ninguém nessa época se interessou pelo Riacho Jacarecanga já existente.

Aos 13 de abril de 1726, por ordem Régia foi instalada pelo Capitão-Mor Manuel Francês a “Vila da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção” do Siará Grande e, assim começou a crescer a “Loura de Sol e Branca dos Luares”, embora concordemos com o historiador Raimundo Girão que, a data seja 10 de abril de 1649, com o erguimento do Forte. Esse mais de meio século excluído, já foi motivo de polêmicas política e religiosa, pois, a Coroa portuguesa não admitia Fortaleza ser fundada por Matias Beck, que era holandês e Protestante (Calvinista). Com a expulsão dos holandeses em 1654, no local do Forte Schoonemborch, foi construído a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, que dá nome a Cidade.

Seja como for, é notório o engano de se comemorar a festa de Fortaleza, por um ato da Corte, e não porque a cidade nasceu.

Hoje quando se fala na história de nossa querida Cidade, todos correm para o Forte ao lado da 10ª Região militar, para o Passeio Público, Praça do Ferreira. Falam da existência da primeira Coluna da Hora, Velha Intendência, Abrigo Central, os Coretos, Jardins, e bancos que até eram nomeados. Tinham na Praça do Boticário quatro cafés: Do Comércio, Elegante, Iracema e o Java.

É sempre lembrado no começo de cada mês de abril, o Cajueiro da Mentira. Os cines Polytheama, Júlio Pinto, Majestic, Moderno, Diogo, São Luiz, o Rex, Jangada, Art. No Bairro Farias Brito (Octávio Bonfim) tinha na Rua Teófilo Gurgel o Cine Nazaré; quando foi fechado, aumentou a frequência do Cine familiar já na Praça do Bairro ao lado da Igreja Matriz, na Rua Dom Jerônimo. Em Parangaba Tinha o Cine Tupinambá, sem esquecer o Atapu, São Gerardo, dentre outros.

Os saudosistas recordam com tristeza, ao contemplar as transformações paisagísticas por conta da realidade, abominando os crimes contra a memória, que se opõem à sua geografia sentimental. Cadê os bondes da Tramway? Os ônibus do Oscar Pedreira instalados em 1928 desapareceram juntamente com a “Vila Quinquinha” e a Casa do Pedro Philomeno, mansões que se situavam no inicio da Avenida Francisco Sá. Onde foram parar os ônibus elétricos da CTC que, com nove carros atendiam a demanda das Avenidas Bezerra de Menezes e João Pessoa? Por que derrubaram a Vila Itapuca na Rua Guilherme Rocha, a Fênix Caixeiral e o Edifício Guarany (Rádio Iracema) na Praça José de Alencar?!

Fortaleza já foi palco de diversos acontecimentos cívicos e políticos, classificado como anarquia. Até já vaiou o sol na Praça do Ferreira, no dia 30 de janeiro de 1942. É uma cidade que deixou para trás a presença de personagens populares. Ao paginarmos esta história encontramos o “Bembém da Garapeira”, “Chagas dos Carneiros”, “Manezinho do Bispo”, “José Levi”, “Pilombeta”, “Maria Rosa, a velha Escrava”, “Pedro da Jumenta” e até mesmo o carisma que foi dispensado ao adestrado “Bode Iôiô”. Em um passado próximo tínhamos o “Pedão da Bananada”, “Feijão Sem Banha”, o “Burra Preta”, “Zé TáTá”, o “De Menor”, o “Deixa que eu Empurro” , “Bodinho Jornaleiro”, “José do Buzo”, “Coronel dos Bodes”, “O Waldo do Café”, “ O homem do facão”, “Casaca de Urubu, o cobrador”, “José de Sales, bandolinista”, “A Ferrugem”, “Maria Pavão”, “O furacão preto”, “Chico Tripa”, Zé Batata”, “O Cheiroso da Pipoca”, “O Fedorento do Picolé”, “Chapéu de Ferro”, “O Xaveta”, “O Boi sem Osso”, e tantos que os anos carregaram. Fortaleza era o Xen-iem-iem do saudoso radialista Wilson Machado.

Fortaleza tinha de tudo, e não foi por conta do advento dos planos urbanísticos e projetos de remodelação e aformoseamento.  Mesmo recebendo novas técnicas e mudanças de uso do solo, não consegue esconder a segregação, revelando-se uma cidade real com situação desigual. É luxo, é lixo. Com esse crescimento desordenado, vão surgindo áreas de risco. Em locais que outrora fora ocupado por residências estão transformados em comércio, onde, diga-se de passagem, não oferece o menor conforto. O Shopping do Camelô que, por ocupar uma área não urbanizada, recebeu como herança o nome da própria vilela: Beco da Poeira. (Hoje é ocupado por uma Praça sem vida e no subsolo, passagem do Metrô).

Todo fortalezense se orgulha pelo que ainda resta no Centro, pelas belas praias, a ponte dos Ingleses e Estoril. Cantam com orgulho seu hino, e participam civicamente dos festejos alusivos a todo 13 de abril desde 1726.

Bem que podíamos fazer um bolo maior e aumentar o numero velinhas….

Diassis Lima