Desenho da Rua Messias Philomeno entre ruas Júlio César e Leda.
Água é Vida”, e por ser um termo tão usado, parece ficar redundante. Estudos revelam que a doença hídrica não é pela água em si, mas devido o mau uso ou conservação. Existe o institucional que é voltado para recursos hídricos: Funceme, Cogerh, Cagece, os Institutos de análises além de setores de pesquisas de Universidades e/ou Faculdades.
Às vezes por faltar estudo técnico, certos projetos de edifícios, bem como conjuntos habitacionais sacrificam a Companhia fornecedora de água, porque se faz necessário a mesma atender as novas demandas.
Na Vila São José, o recurso hídrico só foi importado a partir de 1963, quando o Coronel Philomeno autorizou as vias de pedras toscas serem escavadas pelo Saagec (Serviço de Água e Esgoto do Estado do Ceará). Era chegada a famosa Água do Acarape. Chafarizes com cacimbões ao lado ou abaixo da base forneciam primitivamente, água para a Vila Operária.
O primeiro construído foi na Rua Maria Estela, primeira rua também construída em 1926. Recebia o líquido precioso da Fábrica São José, proveniente de um poço profundo defronte a estamparia de acabamento das toalhas. A tubulação de 100 mm, transpassava o riacho Jacarecanga. Era sustentado por duas bases de cimento armado.
Vista do Primeiro Chafariz da Vila Rua Maria Estela.
Depois na entrada da Vila, pelo lado Sul início da rua Dona Maroquinha, esquina com a rua Maria Isabel, a segunda caixa d’água. Era um reservatório de 20 mil litros, com altura de 15 metros. Tinha um espaço retangular onde tinha duas casas arredondadas parecendo duas ocas, de cor cinza, erguida com tijolos batidos e cobertas com telhas do Maracanaú.
Uma das casas era acompanhando a base do reservatório que deveria abastecer as residências por gravidade. A outra era conhecida como Casinha da Bomba. Tinha a bomba hidráulica impulsionada por um motor de 10 cavalos, alimentado com 380 Volts, puxados por uma correia de 1,5 metros. A chave elétrica era do tipo faca com fusíveis de cartucho ambos fabricados pela Westinghouse – USA. O bombeiro hidráulico era o Antônio e o eletricista seu Mozart. O Telles que herdaria aquele pedaço para fazer um bar, era o fiscal do Coronel proprietário. A cacimba era no meio da que seria avenidinha Sul, onde moraria o Chico sete cão.
Segundo o pai do escritor Valdemar de Lima, aquela primeira etapa funcionaria até 1966, porém, houve um aditivo para atender as construções da segunda etapa da Vila São José em 1946. O primeiro reservatório da segunda fase, foi na Avenidinha pelo Norte, ao lado da Via Férrea de Baturité, da RVC. O cacimbão localizava-se à sombra de uma das castanholeiras, que eram em número de duas. Dessas octogenárias árvores só uma existe, e a caixa d’água e a cacimba que era forma de disco voador, desapareceram.
Caixa D’água do Seu Telles
Do autor
Caixa d’água da Rua Leda
Do seu Telles na frente. De lado as Castanholeiras.
Foto colhida do Edifício único existente na Vila.
Na construção já mencionada e lá se foram 76 anos, tinha na rua Leda dois reservatórios. O autor não alcançou seu funcionamento, mas chegou a ver as instalações com canos vencidos pela corrosão e válvulas brecadas pelo desuso. Os motores já haviam sido retirados restando a base abandonada com parafusos ereto e ranhuras avariadas. Os poços para alimentar as caixas d’água da rua Leda era aonde posteriormente, se estabeleceu para comércio dona Francisca, a qual transferiu o comercio mercearia bar para o Olavo bigodão. Ainda lembro de um porte da Conefor que ficava ao lado pela rua Maria Estela, onde um caixa de madeira protegia a chave geral da iluminação pública da Vila. Ao escurecer vinha um funcionário da fábrica e ligava, se responsabilizando o mesmo a desligar com o clarear do dia. Eram várias arandelas com lâmpadas incandescentes que pastoravam as ruas para nós. Ainda era a Conefor, extinta em 1971. Depois a Vila fora beneficiada com lâmpadas fluorescentes, mas com manutenção já da Coelce e na tecnologia do Foto sensor.
Continuemos:
O poço na casa em que moraria o Chico Sete Cão na outra Avenidinha sentido Sul, (já foi escrito) era para auxiliar na demanda oferecida pela caixa d’água já mencionada na Rua Dona Maroquinha. Lá tinha um portão para a Rua Maria Isabel. (Vide contracapa onde vemos a caixa d’agua e o Poço mencionado).
Pessoas inteligentes criam oportunidades. Tomando conhecimento dessa demanda reprimida, um empresário cujo nome não me ocorre, começou a vender água em carros pipa vindas de um poço profundo do bairro Floresta. Os baldes de zinco com capacidade para dez litros e custavam Cr$n 0,50 (cinquenta centavos do cruzeiro novo), moeda que circulou tão logo fora criado o Banco Central do Brasil, no Governo Castelo Branco. Os caminhões GMC funcionavam à base de manivela, e as carrocerias eram tanques de madeira calafetada.
Ah! já ia me esquecendo! As carroças do Mestre Carlos, que por apelidar seus animais, tornou-se tipo popular na Vila São José. A carroça Pombo Roxo era tracionada pela margarida (burra branca); a Pombo Cardo era com a rosinha (burra avermelhada) e tinha o cavalo Gaspar que morreu. Os travessos Garotos ajudavam o Mestre Carlos naquelas entregas. O poço de abastecimento daquelas carroças ficava ao fim da Avenida Duque de Caxias, Morro do Ouro, olhando para o Cercado Zé Padre.
Essa é a atual Avenidinha lado Sul. O Poço da casa do Chico sete cão,
É hoje o sobrado com Portão de alumínio. Posando Jadiael filho do autor.
Sob a forma de Empresa de Economia Mista, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará – Cagece foi criada através da Lei 9.499, de 20 de julho de 1971, e absorveu o Saagec, bem como todas essas peripécias com água. O contingenciamento passou ao compasso de Estatal. Por pouco não se destruiu deste capítulo sua história.
Cesar Cal’s e Vicente Fialho modernizaram o sistema em todo o Jacarecanga, ao qual por sua vez, Adauto Bezerra fez a parte de esgoto. Na Vila o homem dos esgotos era o Pedro velho, um protagonista comparado aos carregadores de Quimoas, na Fortaleza antiga. Vide foto na página seguinte.
Retroagindo um pouco. Quanto ao tratamento e atendimento de águas das fontes da VSJ, nunca se ouviu falar em conta. Era uma cortesia do Coronel Philomeno aos seus operários.
A light/Conefor estas tinham, e com péssimo atendimento em um prédio histórico no Passeio Público. O Coronel tinha consciência da utilidade do líquido precioso, e dispensava de seus empregados.
Água era o que não faltava. A vila só não foi mais ornamentada, culpa dos moradores que pisavam na grama. A placa estava lá, mas servia de alvo para os travessos, com estilingue.
A Vila do Jacarecanga pobre, é rica em histórias.
É um anoitecer da história. Vejam o estado atual.
Esse é o monstrengo da que foi a caixa d’água Ícone da Vila.
Parada obrigatória para quem quer se usufruir do bar do Telles,
Mas para quem foi morador antigo; se parar vira o Muro das Lamentações.
Interação Histórica:
Álbum do Boris
Aspecto da Rua Pitombeira, atual Floriano Peixoto em 1906.
As caixas que vemos de madeira, eram os depósitos do material fétido das residências, pois, não havia saneamento. Os homens que trabalhavam naquilo eram chamados de quimoeiros. Eles levavam a caixa para a praia Formosa para descarregar e lavar os depósitos.
Na passagem pelas ruas, tiravam o povo das calçadas.