Assis Lima
Assis Lima

BONDE TEM HISTÓRIA E O JACARECANGA FAZ PARTE.

 

Bonde do Jacarecanga

 


  Bonde Soares Moreno.

 

 Jacarecanga como poucos bairros, teve o privilégio de emprestar seu solo para aquele tipo de transporte ferroviário, quando começou o seu serviço já na tração elétrica.

A Companhia Ferro Carril que tinha um prédio administrativo na Praça do Ferreira, foi inaugurada aos 24 de abril de 1880 com 4.210 metros de linhas para bondes de tração animal, cujo contrato para assentamento dos trilhos, remota ao mês de agosto de 1875.

 

 Ponto de Partida da Ferro Carril

Ficava na Rua da Intendência por detrás do Café Java

Praça do Ferreira

 

Bondes de Tração Animal

 

 

 

 

 

O ponto zero era na Praça do Ferreira de onde partia todos os bondes, sendo os primeiros para a Estrada de Messejana (Visconde Rio Branco) e para o Matadouro Público (Hoje Bairro Farias Brito), próximo onde funcionou a desaparecida Estação ferroviária de Otávio Bonfim, na Estrada do Barro Vermelho (Avenida Bezerra de Menezes).

 

Como surgiu o Bonde Elétrico em Fortaleza

Em 17 de junho de 1910, com a apoteótica inauguração do Theatro José de Alencar na então Praça Marquês do Herval, muitos europeus vieram para aglutinar os efusivos aplausos por a abertura dessa casa cultural.

 

O assunto de Bondes Elétricos foi ventilado por um grupo de ingleses em uma reunião de acolhimento em casa do Presidente do Ceará Antônio Pinto Nogueira Accioly; ao Intendente de Fortaleza Guilherme Cesar Rocha; ao Secretário da Fazenda Raymundo Leopoldo Coelho Arruda e ao Presidente da Assembleia Legislativa deputado Belisário Cícero Alexandrino.

 

Já que o Theatro havia sido inaugurado numa sexta-feira, o fim de semana foi aproveitado para esta conversa aparentemente amistosa mas, amadureceu quando saiu um protocolo de intensões. A casa do Presidente Accioly ficava na Rua da Municipalidade, esquina com Rua 24 de maio.

 

Casa de Nogueira Accioly

 

Então, no dia 08 de maio de 1911, cria-se a Usina de Luz e Força do Passeio Público, da firma The Ceará Tramway Light & Co. para alimentar os bondes, que eram de tração animal e passariam a ter tração elétrica. Assim caducaria o contrato com a Ferro Carril, que já pertencia a J. Pontes & Companhia.

 

O lançamento da pedra fundamental, da usina e casa das máquinas para bondes (Tramway) elétricos de Fortaleza, da The Ceará Tramway Light & Co.  no Passeio Público (Usina) ocorreu no dia 9 de maio de 1912. Já a Central foi localizada no chamado calçamento de Messejana, depois Boulevard Visconde do Rio Branco, entre as ruas Padre Valdevino e a Rua da Bomba (hoje Rua João Brígido).

 

A história dos bondes tanto tração animal, como a elétrica é extensa, por isso quero me deter ao Bonde do Jacarecanga, recapitulando apenas que aos 8 de maio de 1911, havia sido criado a usina de força e luz do Passeio Público, da Firma Ceará Tamway Light & Company, para alimentar a tração elétrica dos bondes, erradicando os de tração animal.

 

Dentre as eram onze linhas criadas pela Light, apenas duas serviam ao bairro Jacarecanga: Soares Moreno e o de Jacarecanga. Os bondes da linha Soares Moreno tinha o seguinte trajeto: Praça do Ferreira → Rua Guilherme Rocha → Rua Tereza Cristina → Rua Castro e Silva → Padre Mororó fazendo ponto final na esquina da Rua Francisco Lorda, na época Tijubana, e que já havia sido chamada de “Travessa Camocim”. O de Jacarecanga iniciado em 1914, fazia o mesmo percurso do Soares Moreno, com o seguinte aditivo: da Rua Guilherme Rocha, seguia para a Praça Fernandes Vieira (Atual Gustavo Barroso), fazendo o contorno até levarem os alunos na porta do Colégio Liceu e da Escola Fernandes Vieira.

 

Em 1926, o industrial Philomeno Gomes, junto com o Desembargador Moreira, usaram do prestigio e conseguiram com a direção da Light para que, a linha do bonde Jacarecanga fosse até defronte à recém inaugurada fábrica de tecidos São José, beirando a linha do trem da Rede de Viação Cearense.

 

O autor destas linhas ainda alcançou a abandonada casinha de força e uns velhos cabos elétricos caídos, e cortados num poste de ferro, no canto Noroeste do Cemitério São João Batista. Aqueles materiais entregues às intempéries foram os últimos detalhes que provaram às futuras gerações a existência de que, Jacarecanga teve bondes. Os detalhes desapareceram em 1969.

 

Bonde Jacarecanga entrado na Rua Guilherme Rocha.

 

 Rua Princesa Isabel com Guilherme Rocha

Transitava o bonde de Jacarecanaga e Soares Moreno que entrava na Rua Teresa Cristina

 

Rua Castro e Silva com Teresa Cristina

 

Avenida Philomeno Gomes em 1926.

 

Quando o bonde circulava a Praça do Liceu.

O casarão dos Morais Correia era o início da Av. Francisco Sá.

 

 

Os moradores antigos e os que moravam na Vila São José nos anos de 1960/70 ainda se lembram, que os ônibus do empresário Oscar pedreira quando vinham do Centro pela Rua Guilherme Rocha, contornavam a Praça do Liceu, e ficavam em tangente para entrar na Avenida Philomeno Gomes, só dependendo dos semáforos instalados em 1965. Achamos que aqueles ônibus seguiam a sombra dos bondes elétricos que transportaram nossos ancestrais, de 1914 até 1947, quando desapareceram de vez.

 

Não ficou um só exemplar para à posteriori, nem mesmo trilhos para contar a história, daí minha lamentação pelo desaparecimento da Casinha de Força, que nenhum mal fazia; apenas confirmava a história. Dentro do terreno de Cemitério, quem iria se incomodar, eita falta de visão histórica – cultural.

 

O pai do escritor, Valdemar de Lima, morando na Vila ainda fez uso do bonde para o Centro, e foi este fragmento por ele contado, que aqui foi descrito.

 

Ônibus da Manutenção Elétrica

 

Ponto de Partida dos Bondes Elétricos.

Praça do Ferreira

 

 Fonte:

Histórias da Vila São José, “O Jacarecanga que eu vivi”

Fotos: Álbum do Mr. Hull, Marciano Lopes e Arquivo Nirez.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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