Assis Lima
Assis Lima

O JACARECANGA E O TREM

 

 

Entrada da Vila São José Antes de Ontem e Ontem. 

(1961 e 1982)

Via Estreita entre os Trilhos e o Muro da Fábrica.

 

A cogitação do Jacarecanga ser contemplado pela ferrovia, se deu ao fato da já existente Companhia da Via Férrea de Baturité, empresa que havia sido criada em 1870.

O trem que circulou no Centro da cidade pela Rua Trilho de Ferro (Tristão Gonçalves) rumo ao Sul do Estado, oficialmente desde 30 de novembro de 1873, deveria ser estendido seu trajeto para região Norte do Ceará.

Houve vários estudos sobre o ponto inicial. Relatórios que a empresa ferroviária enviava para o Ministério da Viação e Obras Públicas, dão conta de que na primeira década do século XX, a saída Oeste em rumo ao Norte do Estado, seria Parangaba, Mondubim ou a própria Estação Central.  Prevaleceu a Central, quando foram retirados milhões de metros cúbicos de areia, mutilando o Morro do Moinho e do Croatá sendo assentado os primeiros trilhos em janeiro de 1916. Foi construída uma ponte metálica para que fosse transpassado o Riacho Jacarecanga, e o trem seguiria em rumo ao Bairro Floresta. (Estações de Antônio Bezerra e Caucaia foram inauguradas em 1917, e posteriormente em 1926 a da Floresta, hoje Álvaro Wayne). Vide o Livro “O Ceará que Entrou nos Trilhos” de minha autoria.

 

 

Ponte sobre o Riacho Jacarecanga em 1912

O Trecho em Construção já Estava chegando na Floresta

Foto Colhida do Lado da Marinha

 

A ponte ferroviária iria passar pela primeira reforma a partir de 1919, quando não haveria mais condições dos trens trafegarem pelos perpendiculares à Avenida Tristão Gonçalves. Então obedecendo a um plano de mobilidade, o Doutor Henrique Eduardo Couto Fernandes conseguiu aprovação e o Ministério da Viação e Obras Públicas autorizou para que, os trilhos seguissem em sentido Oeste, e passassem numa curva à 90º por detrás da propriedade dos Philomeno Gomes.   O aparelho de mudança de via foi colocado a 150 metros após a transpassagem sobre a ponte do riacho, devendo os maquinistas fazerem parada obrigatória no local do aparelho. A partir de 1920 a RVC começou a construção e prolongamento dessa linha que ligaria, o Jacarecanga ao Matadouro (Otávio Bonfim).

 

Casa da Sra Isaura viúva do Primeiro Mestre de Linha

 

 

A Rede de Viação Cearense – RVC construiu uma casa na beira da linha, onde um Mestre de Linha era responsável por estas manobras, destinando os trens das linhas Norte e Sul. Não conseguimos o nome desse trabalhador da ferrovia, mas chegamos a conhecer a Sra. Isaura (velha Isaura) viúva do ferroviário. Agora espero ter desvendados para os amigos, o porquê daquela casa no meio, como divisória das Avenidinhas das castanholas.

 

 

 

 

 

Olhem o Quanto o Trem Cortava o Meu Jacarecanga!

 

 

A estação de Otávio Bonfim fora inaugurada em dezembro de 1922, mas devido o nome do Bairro ainda fora chamada de Matadouro.

Então começou o movimento ferroviário no Jacarecanga, e a Rede de Viação Cearense construiu uma Vila Operária sob a responsabilidade de Jacinto de Matos, em terreno hoje localizado defronte ao Centro de Saúde Carlos Ribeiro. Esse exemplo fora seguido por a firma José Pinto do Carmo, que em 1928 era Fábrica Baturité. Nascia a Vila São Pedro. Entendem meninada do meu tempo, por que o trem no triângulo passava cheirando as portas da casa do Gutemberg?

 

 

Reprodução do Álbum de Fortaleza – 1931.

Avenida Demosthenes Rockert 5 de Julho

Atual Francisco Sá

 

Foi assim que começou o movimento sobre trilhos no meu Jacarecanga. Com toda essa efervescência do trem como um potencial na economia, surgiu a Casa Machado, Usina São Judas Thadeu (óleo Paturi); lá mais adiante em rumo a Floresta o trem passou a atender a Brasil Oiticica e a Cia Ceará Têxtil; pela linha Sul a Siqueira Gurgel.

Ah! Jacarecanga fora contemplado pelo trem suburbano de Maracanaú, fazendo paradas na Avenida Francisco Sá, pois, até 1980 os moradores iam de trem para o Centro às 6.15 h e 13.15 h, retornando as 11.15 e às 18.30. À noite o trem prosseguia até ao hoje Município de Acarape.

 Pois bem, as linhas Norte e Sul faziam convergência na Estação Central e, no Jacarecanga como linha divisória, formou-se um triângulo, aonde trens cargueiros vindos de Otávio Bonfim para Álvaro Weyne entravam, no mesmo; serviu esse triângulo para as reversões de locomotivas e composições de passageiros. Eu cheguei a ser Buchecheiros junto com a meninada, como se diz: Pegávamos Bigus.

Mas, tudo o que é bom passa. As fábricas inexistem, e com a chegada do Metrô de Fortaleza, desde 2010 que o trem fora arrancado do Jacarecanga.

A Vila São José fica só a contemplar de modo amistoso, a passagem do Veiculo Leve Sobre Trilhos – VLT na linha Oeste, que nem se quer olha para minha Vila. Possa ser à posteriori.

O trem chorando por força do Metrô, abandonou a área e nunca mais passou….

 

 

 

 

Fontes:

  •  Álbum de Fortaleza, Paulo Bezerra, 1931.
  • O Ceará Que Entrou nos Trilhos, Francisco de Assis Silva de Lima, Gráfica Visual , 2015
  • História da Vila São José, O Jacarecanga que Eu Vivi, Idem, Gráfica Visual, 2019.

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