Assis Lima
Assis Lima

NA VIDA SOCIAL ARACATIENSE UMA ASSEMBLEIA DE DEUS

 

 

   Assembleia de Deus. ( 1942). Rua Tereza Cristina nº 673

 

                                                             Pastor Adriano Nobre

O movimento pentecostal no Ceará foi fundado em 1914 na Fazenda Alagoinha, Município de Itapajé, por o Pastor Adriano Nobre. A Assembleia de Deus chegando em Fortaleza, esteve no Arraia Moura Brasil, e em salão alugado no Benfica; embora funcionasse num galpão na Rua Teresa Cristina nº 673, Centro de Fortaleza, a inauguração do primeiro templo da Assembleia de Deus, Ministério único, verificou-se em 1 de maio de 1942.

 

Na comitiva vinda do Sul do País para este monumental evento, estava a Missionária paulista Suliedade Celeste, vinda à convite do Pastor José Teixeira Rego. Em meio à apoteose na Capital cearense, e numa das reuniões em meio à Convenção que fora antecipada (era todo de 7 de setembro), o Pastor João Alves Viana a convidou junto com outros irmãos a missionária, para realizar um culto e reuniões de oração, em casa da família Barbosa na localidade chamada Boca do Forno, na época Município de Aracati.

Este foi o primeiro contato que o povo aracatiense teve com a Mensagem Evangélica Pentecostal, pois, a Assembleia de Deus em Aracati, nasceu assim, num ambiente de hostilidade.

Em face da receptividade, o Pastor Luiz Benedito vindo de Fortaleza passou a dirigir cultos na residência do senhor Abdom Paulo em Varzinha, porém, segundo o irmão Fernando Barbosa: “O trabalho foi oficializado em 1944, com a chegada do Pastor João Alves Viana”.

Foi construída uma casa no interior de um sítio que, distava 2 quilômetros de Boca do Forno, onde um pequeno templo em taipa era a Casa de oração. O afastamento era devido à perseguição que imperava contra os evangélicos, que até mesmo sofreram apedrejamento. O Evangelho Pentecostal não havia ainda penetrado na sede da Cidade do Município de Aracati. A boa semente era propagada somente pelo interior, afinal a religiosidade católica imperava, sob a administração eclesiástica do Padre Manuel  Antonio Pacheco, que  recebia diretrizes rígidas da Diocese de Limoeiro do Norte pois, tinha que ser imposta, não permitindo outra “Religião” chegar na cidade dos Bons Ventos.

Procedente de Areia branca – RN, Pedro Celestino, de família cristã, casou-se com a filha de Antônio Severiano que morava em Barreira de Icapuí, e assim ocorreram as primeiras conversões. Deus começou a mover as águas, fazendo com que o evangelho chegasse nas praias de Aracati.

Num avanço extraordinário, as boas novas chegaram na Praia de Redonda, atingindo famílias tradicionais do distrito, como as famílias Crispim e Braga (o evangelho veio para Redonda através de Francisco Crispim, pois, os cultos eram dirigidos em sua residência). Os obreiros de Areia Branca preocupados com o gradativo crescimento da obra de Deus, relataram ao então Pastor regional no Ceará José Teixeira Rego, a necessidade de um obreiro para apascentar os irmãos, que já haviam se convertido.

O Pastor José Teixeira Rego, designou João Alves Viana, que estava na área para estudar de perto a situação e pediu reforço.

Em 1950, proveniente da cidade de Morada Nova, Pedro Freitas de Brito (Pedro Ivo) assumiu o trabalho na Praia de Redonda sob forte oposição. Ai sim a Igreja foi consolidada, passando a pertencer a Junta Executiva das deliberações das Assembleias de Deus do Ceará em 1956.

João Alves Viana auxiliado por Pedro Ivo, começou pastorear o Campo de Aracati que era Boca do Forno, Varzinha, Cabreiro, Barreiras e a Praia de Redonda até 1950, quando o pastor Viana foi designado para a cidade de Jaguaribe.

Pedro Ivo assumindo o trabalho dedicou-se a expandir o evangelho pelas praias, e foi quando abriu trabalho em Ponta Grossa e Retiro Grande. Estas congregações foram pertencentes à jurisdição eclesiástica aracatiense até 1980, quando na gestão de Ademar Alves Bezerra a Convenção Estadual desmembraria, fazendo de Redonda a Sede e os trabalhos destas localidades seriam subordinados à mesma.

Pedro Ivo teve profícuo ministério nesses locais e, a sua gestão ficou ainda mais marcada pelo surgimento das congregações em Fortim, Maceió, Santa Tereza, tudo sendo auxiliado por José Ferreira que chegou ao município de Aracati em 1957. Pedro Ivo solicitou ao Pastor Presidente Armando Chaves Cohen que havia substituído José Teixeira, mais um cooperador.

 

O ano de 1961 for marcante.

Procedente de Chorozinho no ano supra citado, chegava à Cidade de Aracati o pastor João Gouveia Martins, que com espírito desbravador e destemido foi impulsionado pelo Espirito Santo e aceitou da parte de Deus, o desafio de quebrar o paradigma religioso.

A hegemonia católica que na época imperava e, a cidade emitindo certificado de Persona Non Grata a quem não fosse Católico Apostólico Romano, a penetração deveria ser uma manobra divina.

As perseguições foram amenizadas, quando no distrito de Icapuí hoje Cidade, numa procissão a cabeça de uma imagem não podia passar, tendo em vista um fio de energia elétrica não permitir pela altura necessária. O Pastor João Gouveia Martins, munido de uma vara, suspendeu o cabo de energia que ficava em frente à delegacia. A partir do dia 20 de janeiro de 1962, foram os evangélicos considerados como cristãos.  O padre José Ramalho Alercon Santiago fez esta declaração em público.

João Gouveia, vindo para Aracati, não conseguindo casa na cidade, foi morar no Porto Monteiro, pousando na residência do Sr. José Anselmo, que repartiu sua casa na beira do rio. Assim o homem de Deus fixou residência dentro da cidade de Aracati, em 1964.

Obreiro responsável pela aquisição do terreno.

 

Primeira Evangélica Pentecostal da Cidade de Aracati

Filha na fé de Pedro Ivo, Francisca Gondim, conhecida como Chiquinha de Rubens, era a única crente pentecostal da cidade. Pedro Ivo ainda ficou trabalhando no interior até 1970, mas a Convenção o transferiu tendo em vista a igreja, mesmo de modo precário, se organizar dentro as cidade. Ivo mesmo de longe, ainda dava suporte ao iniciante Raimundo Caetano, após a saída de João Gouveia como leremos.

Em Aracati a igreja se organizou com quatro crentes: Pastor João Gouveia, Leônia sua esposa, Chiquinha de Rubens e Antônio Mariano.

Quando chegavam pessoas estranhas na cidade, o povo logo se certificavam se eram “protestantes” e consultavam o vigário para saber como proceder com os visitantes. O clero não permitia que se alugasse casa aos protestantes, e quem assim fizesse seria descomungado da Igreja Católica.

 Um exemplo histórico desta descriminação foi quando, um médico estrangeiro doutor Cristóvão Mállet que foi acometido de Febre-amarela em 1856 e por não ser católico, foi sepultado fora do cemitério. Em protesto o jazigo ainda está ao lado da Igreja Matriz, e ficou para a posteriori, como argumento e prova históricas. O legado deste médico ainda surte efeito, afinal, a memória do justo é abençoada.  Por que o Largo da Matriz é tão procurado para realizações de eventos religiosos, os mais diversos?

Realização dos Primeiros Cultos

Os primeiros cultos foram realizados no Porto Monteiro na casa do Pr. João Gouveia Martins, e os primeiros bancos foram as laterais das camas.
A primeira congregação filha da cidade foi no Gurgurí, onde creram Raimundo Batista e Maria Batista.

O trabalho do Porto Monteiro foi para a travessa 13 de Maio, prosseguindo para a Infunca, no bairro de Fátima, onde funcionou por cinco meses.
Lá Joana Borges foi a segunda a receber o Batismo com o Espírito Santo, já que a Francisca Gondim havia sido a primeira.

Em 1967 o senhor José Rocha, alugou para a Igreja uma casa na Rua Coronel Alexanzito (Rua grande), casa esta onde nasceu o escritor Adolfo Caminha, por a quantia de Cr$ 11,00 (onze cruzeiros).

Primeiro Templo de Aracati. 1978

A Igreja Ganha Terreno Próprio

João Gouveia e seu auxiliar na época, Zacarias de Melo Barreto, conseguiram um vasto terreno, localizado na Rua 02 de novembro com Ricardo Nunes de Deus. O Prefeito Abelardo Gurgel Costa Lima gestor da cidade em 1969, doou este terreno para a Igreja numa reunião da criação do Clube de Mães, no Bairro Campo verde*.

  • Segundo a historiadora Socorro Matos: “Clube de Mães foi um movimento criado em Aracati, que destinava a qualificar as mães, preparando-as para o mercado de trabalho.  Foi um convênio entre o Sesi, a Paróquia do Rosário e o Município. tinha curso de culinário, Corte e Costura, Bordado e flores. Foram criados três clube de mães: Campo Verde, Gruta e B. de Fátima“.

Com o alicerce pronto, ocorreu o lançamento da pedra fundamental e assim consolidar a construção do Primeiro Templo da Assembleia de Deus em Aracati. O projeto era construir o templo e o restante do terreno deveria ser para asilar idosos, em uma casa de amparo.

João Gouveia, depois de abençoada labuta em 1969, sob lágrimas se despede como pastor, sentindo que combateu o bom combate, mas não acabando a carreira.

Segundo Templo. 1998

Transferido, em 1969 por determinação do Pastor Emiliano Ferreira da Costa, assumiu o Pastorado Raimundo Caetano de Vasconcelos, que continuou com os cultos na casa da Rua Grande.

Na convenção de 1970 e com o aval de Pedro Ivo, chegou em Aracati Francisco Alves Pinheiro, vindo de Orós. Pinheiro seria o responsável pelo erguimento do primeiro Templo, cujos primeiros cultos passaram a ser realizados a partir de 13 de novembro de 1974, com as paredes ainda sem reboco, quando sete pessoas aceitaram Jesus Cristo, se convertendo ao Evangelho Santo.

A inauguração do primeiro templo foi no sábado de 20 de julho de 1978.

Que Deus nos abençoe.

Adendo:

 

No Canto Direito doutor Ademir Siqueira Gonçalves (1951-1981). Foi  professor de nosso Seminário e meu primeiro Presidente de Mocidade (1974).. Meu eterno reconhecimento.

 

 

 

 

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