Assis Lima
Assis Lima

FORTALEZA HERDOU O ALPENDRE SERTANEJO

                                                                  Nada da Europa se construiu

Foi uma herança sertaneja,

Que com muita peleja

Realizada o povo sorriu;

Atribui-se a Belle Époque

Construção de bangalôs,

Isto são alôs

Que francês, é o sertão no toque;

 

 

O Alpendre do Sertão

O homem com suor ainda a cair

Vem para casa se recolher,

Depois ainda tem o que fazer

Vai ainda se reunir;

 

Palco da conversa dos sertanejos

No armador redes armadas,

No embalar contam-se piadas

De todos vêm gracejos;

Aí o gado rugindo já dentro do curral

As galinhas no poleiro adormecendo,

O dia já está morrendo

A labuta chegou ao final;

 

Com o cheiro da roça trabalhada

O vento assobiando no matagal,

Ao longe rugido de algum animal

Procurando ainda pousada;

 

Todo se reúne após a ceia

Para comentar como foi o dia,

No convívio quanta alegria

Nada de conversa feia;

Enfadados se recolhe o povo

O recanto fica melancólico,

Mas é efêmero e simbólico

Amanhã tem de novo;

 

Fica o grilo, e o barulho do vento

Estalando a folha seca do cajueiro,

É barulho corriqueiro

Tudo ao relento;

Depois a lua invade com imensidão

Trazendo sua luz prateada

Deixando a melancolia escanteada

Para o alpendre não ficar na solidão.

 

 

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