Nada da Europa se construiu
Foi uma herança sertaneja,
Que com muita peleja
Realizada o povo sorriu;
Atribui-se a Belle Époque
Construção de bangalôs,
Isto são alôs
Que francês, é o sertão no toque;
O Alpendre do Sertão
O homem com suor ainda a cair
Vem para casa se recolher,
Depois ainda tem o que fazer
Vai ainda se reunir;
Palco da conversa dos sertanejos
No armador redes armadas,
No embalar contam-se piadas
De todos vêm gracejos;
Aí o gado rugindo já dentro do curral
As galinhas no poleiro adormecendo,
O dia já está morrendo
A labuta chegou ao final;
Com o cheiro da roça trabalhada
O vento assobiando no matagal,
Ao longe rugido de algum animal
Procurando ainda pousada;
Todo se reúne após a ceia
Para comentar como foi o dia,
No convívio quanta alegria
Nada de conversa feia;
Enfadados se recolhe o povo
O recanto fica melancólico,
Mas é efêmero e simbólico
Amanhã tem de novo;
Fica o grilo, e o barulho do vento
Estalando a folha seca do cajueiro,
É barulho corriqueiro
Tudo ao relento;
Depois a lua invade com imensidão
Trazendo sua luz prateada
Deixando a melancolia escanteada
Para o alpendre não ficar na solidão.