Assis Lima
Assis Lima

MASSAPÊ TERRA DE UM POVO BRAVO

Primitivamente, Massapê (Do tupi Solo Argiloso) chamou-se “Serra Verde” e, em 1700 era habitada pelos índios Tapuias cujo chefe da taba, o valente Cocochiní vivia em virgília, para repelir alguns ataques dos Areriús que dominavam às margens do Rio Acaraú.

Esses selvagens embora de uma mesma cultura e sendo inimigos e rivais, respeitavam seus limites. Assim viviam em guerra fria até que, em 1713 os colonos brancos pertencentes a uma segunda expedição Governamental os atacaram, tomando-lhes as terras, as roças e como se não bastassem, até as donzelas indígenas passaram a serem suas mulheres, numa verdadeira guerra “cultura x emoção”. Dessa mistura originaram-se na zona Norte os inúmeros caboclos de chapéu de palha e alpercatas, cujos remanescentes com os mesmos antigos costumes ainda habitam na Serra da Meruoca onde em 1930 nasceria minha mãe Nely, da família “Porfírio”.

Por volta de 1870 Massapê era uma simples fazendo do Município de Santana, Zona ribeira do Acaraú-mirim e pertencia a família do Capitão José Rodrigues de Lima. Essa propriedade rural não entrou em decadência, pois prosperou a olhos vistos, tornando-a sucessivamente distrito, Vila e finalmente Cidade.

Foram os dois anos consecutivos de secas (!877-78) que motivaram o Governo Imperial a construir uma estrada de ferro que, saindo de Camocim, iria para Sobral passando por Massapê.

Construída a estação ferroviária, as famílias vindas da cidade de Santana, das Vilas de Palmas (hoje Coreaú), de Meruoca, dos Remédios, São José, Oiticará, Aurora, Canafístula, passagem, Raiz, Contendas, Boiadas, Aiuá, Mumbaba, Cacimbinhas e outras foram atraídas para morarem em Massapê.

Com altitude de 76,010 metros, aos 31 de dezembro de 1881, foi inaugurada a estação de Massapê, cuja cerimônia fora presidida pelo Engº da Estrada de Ferro de Sobral, João da Cunha Beltrão quando, triunfalmente a locomotiva nº 3 parou na esplanada. Posteriormente essas máquinas seriam apelidadas de “monstros de ferro com olhos de fogo”.

Por esse novo caminho de ferro que urbanizou os sertões e criou-se Vilas, passaram a circular os trens da Estrada de Sobral, e aqui faço registro das três primeiras locomotivas à vapor,  todas  adquiridas na The Baldwin Locomotiva Work,  Filadélfia –USA. As mesmas tiveram as seguintes identificações: nº 1 “Sinimbú”; nº 2 “Viriato de Medeiros” e a nº 3 “Rocha Dias” (veio na inauguração).

A Estrada de Ferro de Sobral beneiciou Massapê, de onde exportou o seu algodão arbóreo, o herbáceo, milho e feijão. Na pecuária o gado bovino e o suíno.

Massapê foi elevado à Vila pela lei nº 398 de 25 de setembro de 1897 com o nome de Serra Verde, sendo instalada aos 5 de fevereiro de 1898. A elevação à categoria de Município, se deu por conta da lei nº 1.408 de 27 de agosto de 1917.

Como vários Municípios cearenses, a Vila Serra Verde, o atual Massapê deve sua consolidação à Estrada de Ferro de Sobral. O povo de Massapê é bravo, pois sofreu com a extinção do ramal ferroviário de Camocim em 1 de setembro de 1977. Ora se todo o progresso dessa cidade veio com o trem, é preciso muita garra para sobreviver sem ele.

Para o enobrecimento da sua história, a estação ainda está de pé, para meditação dos pesquisadores e orgulho dessa gente.

 

 

 

 

 

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