Assis Lima
Assis Lima

GRANJA A MACABOQUEIRA

                                                    GRANJA A MACABOQUEIRA

Vila Macaboqueira

 

Granja, ao tempo do Siará Grande tinha terras pertencentes aos índios Tabajaras, Tapuios e Tremembés, até que a Missão jesuíta com o objetivo de catequizá-los construiu um templo para as orações.

O povoamento foi iniciado pelo desembargador Cristóvão Soares Reimão, quando aos 3 de agosto de 1702 foi medida uma sesmaria de cinco léguas de terra, por uma margem do Rio Coreaú, cujo alvará fora concedido aos irmãos Miguel e Domingos Machado freire, aos quais a história atribui-lhes o efetivo processo de habitação organizada.

Os colonizadores portugueses se estabeleceram ocupando toda a ribeira do Coreaú, de onde foram surgindo núcleos de moradores. Com a consolidação dos núcleos, por determinação de Dom Francisco Xavier Aranha (Bispo de Olinda), foi criada a freguesia com a denominação primitiva de “Curato da Ribeira de Coreaú” em 30 de agosto de 1757. A sede dessa freguesia foi inicialmente localizada em Santo Antonio do Olho D’água no Sopé da Serra de Ibiapaba, onde existia um Templo. Aí foi quando esse povoado recebeu a nomenclatura “São José da Macaboqueira”, denominação esta dada pelos portugueses da Missão Iapara.

Essa terra antigamente era chamada de “Santa Cruz do Coreaú e Macaboqueira”. Segundo os historiadores, recebeu esta última denominação por ter sido habitada por índios e os primeiros colonizadores terem encontrado forte resistência por parte dos indígenas que foram chamados de caboclos maus ou maus caboclos.

Foi elevada à categoria de Vila com a denominação de Granja, nome este advindo da Freguesia de São Brás da Granja (conselho de Mourão, distrito de Évora) na adjacência do Rio Faudelim em Portugal, afinal o colonizador além mar, tinha como critério adotar nominação pátria nas regiões onde se localizava.

Granja em 1824 passou a ser sede da Comarca e, conforme documento oficial da época (Arquivo Público do Estado) foi registrado o nome de Manuel da Costa Sampaio como seu primeiro Juiz municipal de Órgão. O Município passou a gozar foros de Cidade por força da lei nº. 696, datada de 3 de novembro de 1854, assinada pelo então Presidente da Província Cearense, Vicente Pires da Mota.

Em 1877-78 foram dois anos de terrível seca no Ceará. O Governo Provincial devido a intervenção do Senador João Lins Cansanção de Sinimbú (alagoano), atendeu aos reclamos do povo da Zona Norte do Ceará, assinando o decreto nº. 6.918 em 1 de junho de 1878, dando ordem para a construção de uma estrada de ferro que, saindo do porto de Camocim, passaria em Granja, Angica, Riachão, Pitombeiras, Massapê, Sobral e prosseguiria até a cidade de Ipú.

Aos 30 de junho de 1878 foi batida a primeira estaca em Granja inaugurando-se a exploração das obras pelo engenheiro José Privat. O grande desafio era o rio Coreaú, mas veio uma ponte metálica da Filadélfia – USA e, na mesma encomenda 5 locomotivas fabricadas pela “The Baldwin Locomotiva Works”, chegando essa material aos 28 de janeiro de 1880, quando a barca francesa “Fayre Belle” fundeou nas águas de Camocim.

A inauguração da estação ferroviária foi aos 15 de janeiro de 1881, com prédio assentado aos 8,910 metros acima do nível do mar. Referida solenidade inaugural, foi abrilhantada com a chegada da locomotiva nº. 1 “A Sinimbú”. No comboio, o diretor da Estrada de Ferro de Sobral, Engº. Luis da Rocha Dias, seu assessor Antonio Sampaio Pires Ferreira e várias autoridades que foram recepcionados pelo intendente municipal, pela família Ribeiro e uma multidão de curiosos recebendo aplausos.

Em 1911, o Município de granja já contava com sete distritos: Granja (sede), Angica, Ibaçu, Parazinho, Riachão e Ubatuba. Depois foi anexado o de Pitombeira (hoje Senador Sá).

Em 1957 foram desmembrados Angica e Riachão que passaram a ser Municípios. Os distritos atuais são: Granja, Pessoa Anta, Parazinho, Ibuguaçu, Timonha, Sambaíba e Adrianópolis.

Granja como foi relatado, foi beneficiária do trem. Exportou seus produtos agropecuários e transportou sua gente, mas aos 24 de agosto de 1977, a locomotiva nº. 611 (comandada por Raimundo Nonato de Castro e Aragão Tito) circulou em seus trilhos com destino a Sobral.

Em 1 de setembro do mesmo 77, o Ministério dos Transportes erradicaria o Ramal de Camocim.

O trem passou a ser saudade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Vi afinal a ponte, esse colosso da indústria moderna, incontestavelmente a mais linda, senão a mais gigantesca do império brasileiro. É trabalho americano, saído das oficinas de Phoenixville Bridge Works, perto de Filadélfia.

O vão total da ponte sobre o rio Camocim é de 112m, formado por dois vãos de 56 m cada um, tendo no meio um pilar de dois metros de grossura. Os encontros das margens são construídos de cantaria com argamassa de cimento, e ambas montam sobre rocha.

O pilar do centro com 6,70m de altura até as primeiras peças de ferro, além de uma sapata com 0,50m, acha-se colocado no lugar da antiga “Pedra do Meio”, a qual foi arrasada por não oferecer base suficiente. Esse pilar é construído de pedras de grande volume, tendo algumas mais de dois metros cúbicos. Seu volume total é de 150m e pesa 405 toneladas. Custou nos Estados unidos 46 contos. Tem ela de comprimento 56,46 m entre os pinos extremos, e acha-se fixa sobre o pilar do centro.

É na verdade aquele viaduto justo motivo de entusiasmo para os filhos de granja, e por isso ao visitante que aqui desembarca, logo depois de qualquer apresentação perguntam com certa ufania: Já viu a Ponte?

Com relação a esse melhoramento podem descansar que se avantaja às mais cidades da Província, direi mesmo ao resto do império”.

 Antonio Bezerra de Menezes

 

 

 

 

 

 

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