Assis Lima
Assis Lima

PRAÇA DO FERREIRA

                                                                

 

A Fortaleza antiga tinha os seguintes limites: Boulevard da Conceição (Avenida Dom Manuel), Boulevard do Livramento (Avenida Duque de Caxias) e o Boulevard do Imperador. No Norte é o mar. Daí o dizer-se centenariamente que A Praça do Ferreira é o coração da cidade.

A praça era um largo. Em dezembro de 1842, uma lei da Assembleia Provincial autoriza uma reforma do plano da cidade encabeçada por Antonio Rodrigues Ferreira, eliminando dela o Beco do Cotovelo.

A praça já tomou os nomes de:
 Feira  Nova: lugar onde se realizava as feiras semanais;

Largo das Trincheiras: Não se sabe bem se foi por uma batalha entre holandeses e portugueses, ou por causa de um Senador que vivia ali e se apelidava de “trincheiras”;

Pedro II: Em 1859 em homenagem ao imperador;

Municipal: Durou somente seis meses, depois retornou ao seu nome anterior;

Do Ferreira*: em 1871.

Além dessas denominações oficiais também era popularmente conhecida por “Da Municipalidade“, por estar defronte da Intendência Municipal.

A praça sofreu uma série de reformas ao longo do tempo. As mais significativas foram a construção do “Jardim 7 de Setembro” em 1902 por Guilherme Rocha, época em que existiam quatro quiosques denominados: “Café do Comércio, Café Iracema, Café Elegante e Café Java”, sendo este último mais antigo (1886) e que, se constituía principal ponto de reunião dos intelectuais da Padaria Espiritual.

Cajueiro da Mentira. 1905

Em 1920 por Godofredo Maciel então Prefeito, são demolidos os quiosques e, é construído um célebre coreto, considerado na época o coração cívico da cidade. Junto com essa reforma foi embora o Cajueiro Botador: “Cajueiro da Mentira” plantado por Guilherme Rocha. No inicio de 1933 foi demolido o coreto, a Praça pegou nova roupagem e foi construído no seu lugar a Coluna da Hora, com seu relógio que servia de orientação a toda cidade. Sua inauguração foi aos 31 de dezembro de 1933.

Na `Praça do Ferreira os intelectuais da cidade, religiosamente se encontravam, e devido aos grupos, os bancos receberam até nomes.

Existia um quarteirão com ao Norte Travessa Pará, ao Leste Floriano Peixoto, ao Oeste Major Facundo e no Sul a Praça do Ferreira. Neste retângulo tinha casas comerciais como a “Casa Mundlos”, a “Crysantemo”, “Livraria Edésio”, “Café Emydgio” além do sobradão que abrigava a Intendência.

Aos 26 de agosto de 1941 ocorreu um incêndio em uma das casas comerciais, e o fogo se alastrou destruindo grande parte do local. Na alegativa de que seria construída a Sede da PMF, ficou só o piso. Nunca fora concretizado tal projeto.

Na gestão Acrísio Moreira da Rocha, foi aberta uma licitação para construção no terreno do Centro, de um Abrigo (O Central), e quem ganhou a concorrência foi o Comerciante Edson Queiroz, que mesmo sofrendo alguns atrasos foi inaugurado aos 15 de novembro de 1949.

Praça do Ferreira em 1961.

No abrigo existiam boxes de vendas de discos, selos, livrarias, bilhetes lotéricos, tabacarias, café, etc. Servia também de ponto inicial das linhas de ônibus, transformando-o em um lugar dos mais movimentados da cidade. Referido Abrigo foi demolido em 1967 e na leva foi também a Coluna da Hora, cujo projeto havia sido do engenheiro José Gonçalves da Justa em estilo Arte-Déco com 13 metros de altura. Esse Relógio de quatro faces de origem norte americana, fabricado por Seth Thomas Clek Co. de Nova York,  foi o ícone mais representativo da cidade de Fortaleza durante toda sua existência e mesmo depois de sua demolição.

Praça Horrível.  1968 – 1990

A administração Jose Walter Cavalcante foi a responsável por essa destruição, e ainda nos deu de presente uma Praça, verdadeiro mostrengo que nunca foi aceita por ninguém.

Em 1991 estava Prefeito o médico Juraci Vieira de Magalhães que nos devolveu 80% da história da Praça, com o aditivo da descoberta da cacimba do século XIX. A Praça casada: uma coisa ereta e uma cavidade. Coluna e uma cacimba.

             Antonio Rodrigues Ferreira

 

*Antonio Rodrigues Ferreira nasceu em Niterói em 1801 e por volta de 1925 conhece a Antônio Caetano de Gouveia, Cônsul de Portugal, o qual o trouxe para o Ceará, como seu caixeiro.
Com 21 anos de idade e com adiantada prática de Farmacologia o Cônsul o ajudou a obter da Junta Médica de Pernambuco licença para montar uma botica e se estabelecer. Em pouco tempo, o boticário Ferreira tornou-se popular pela sua caridade e sociabilidade. Envolveu-se na política e viu-se continuamente eleito para a Câmara Municipal, sendo Presidente da Câmara. Dedicou-se inteiramente a política de Fortaleza, durante os 18 anos que foi vereador e procedeu ao levantamento da planta urbana da cidade de Fortaleza. Residiu em uma casa de três portas em local próximo ao logradouro ícone da Fortaleza.

Faleceu em 1859, sendo sepultado no Cemitério de São Casimiro, e seus restos mortais em 1880 foram transladados para o Cemitério São João Batista.

Referências:

  • Aderaldo, Mozart Soriano: História Abreviada de Fortaleza, UFC, Ano (0) ;
  • Cunha, Maria Noélia Rodrigues:  Praças de Fortaleza, IOCE, 1990;
  • Leitão, Juarez: A Praça do Ferreira, Livro Técnico, 2002.
  • Nota: As imagens deste post foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez,  gentilmente cedidas.

 

 

 

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