PRAIA DOS ARPUADORES

                                                        PRAIA DOS ARPOADORES

 O nome do local provém do fato de, no passado, ser possível arpoarem-se baleias. Assim, historiadores atribuem a origem do nome ”’Arpoador”’, ao fato de que, no período colonial, o local era utilizado por pescadores (“arpoadores”) para visualização e posterior pesca com arpões das baleias que se aproximavam do local.

Aos que desconhecem nossa Capital foi saindo da escuridão à custa do sacrifício de fauna marinha, hoje na lista de extinção. As baleias desapareceram da Costa Norte brasileira, pois, a iluminação pública da Fortaleza Provinciana, tinha como combustível, o azeite de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense, o Dr. Casimiro José de Moraes Sarmento

O registro da Praia dos Arpoadores, ou da Primitiva Vila de Pescadores, deveu-se a importância dessa caça às baleias naquele local. No Mucuripe tinha o farol, no Centro movimento de navegação que fundeavam no Poço das Dragas; existiam trapiches no Jacarecanga; aliás existiam navegações nos Rios Maceió (Meireles), Pajeú (Centro), Jacarecanga (mesmo nome) e o Rio Ceará (Na Barra). O local mais propício para esses grandes animais marinho se aproximar era a calmaria da Vila dos Pescadores, que com essa atividade pesqueira o Presidente da Província juntamente com o Intendente comprava o animal, e trazia as carnes em barcos até o Poço das Dragas.

O processamento era retirar toda a gordura das baleias; e as mesmas eram transformadas em azeite para a iluminação pública. A carne era doada para a caridade.

A família Boris em 1906, contratou um fotógrafo e o levou ao local para fazer esses registros que hoje subsidiam à posteriori.

Em 1975 tive o privilégio de ir na casa de alguns amigos que eram enfermeiros, e ainda palmilhei na areia frouxa desse bairro, por sinal uma construção desordenada, sob o sol escaldante. Foi quando cheguei perto da antena da estação transmissora da minha Rádio Escola: Iracema de Fortaleza.

Arpuadores hoje é uma praia incorporada ao Bairro Colônia, e o projeto Vila do Mar, tornou o local atrativo, e a coisa ficou sem expressão. Ainda existe hoje pescadores remanescentes, mas muitos nem sabem dessa história.

 

VERDADEIRO BAR AVIÃO

          BAR AVIÃO, PARANGABA E A ENTRADA DA SERRINHA

Inaugurado em 1941 por Antônio Paula Lemos com casa redonda, esta é a verdadeira fachada do Bar Avião. A inspiração pelo nome fora dada ao seu idealizador, que era um apaixonado por aviões. Era que o antigo Cocorote (lagoa da Palha que gerou a corruptela Opaia), tinha um campo de aviação, que se transformaria em 1952 no antigo aeroporto Pinto Martins.

No local do desaparecido Jóquei Clube, hoje hospital da mulher, sentido Oeste do Bar percorrendo em rumo ao Sítio Ipanema, fora construída uma base militar Norte Americana, no período da Segunda Grande guerra. O autor destas linhas fui um dos que conheceram a deteriorada pavimentação, que era a pista das aeronaves estrangeiras. (no local hoje,Estação da Cagece). Isso influenciou o nome ao Bar.

No bar em baixo existia uma bomba de gasolina com estacionamento. Em cima um terraço. A linha férrea da Estrada de Ferro de Baturité passava ao lado e, tinha uma ruela que depois seria alargada.

O Cotonifício Leite Barbosa S/A, aos 16 de junho também de 1941 comprou um terreno da família do Cel. Zacarias Gondim, onde fora construída a Fabrica Santa Cecília, porém, a indústria só funcionaria em 1944. (Unitextil). Assim surgiram as ruas Prof. Theodorico, 15 de Novembro, Dom Carloto Távora e por aí se ia para a Serrinha, que devido à ligação com distrito de Messejana, o bairro ficou descaracterizado.

A via que era a Estrada da Boa Vista, passou a se chamar Paranjana (Parangaba-Messejana), depois Dedé Brasil e hoje Silas Monguba. O maior referencial do Bairro da serrinha, por coincidência era um concorrente do Bar avião; era o Bar do Raimundão, com seu tradicional forró aos sábados. Ficava na esquina com a Rua Bruno Valente.

A lagoa da Rosinha e o Serrote que inspirou o nome SERRINHA perderam nomenclatura, afinal, o novo aeroporto nivelou a área que era propriedade do Ministério da Aeronáutica. Quem trafega pela Avenida Carlos Jereissati percebe a diferenciação pela topografia. Mas isso é outra história…

O Bar Avião apesar de ser lendário, mutilaram-no entregando-lhe anexo com plataforma e colunas fugindo ao original. Com o Metrô de Fortaleza, seu viaduto tirou a estética do entorno de modo à edificação se monstregar. Estão matando a Parangaba.

Volto ainda um dia para falar sobre a estação ferroviária que, também sofreu ameaça, e sobre a abandonada Casa de Intendência. Bem, borracharia e promiscuidade jamais. Tomara que uma boa ornamentação devolva ao local, um aconchego, mas o prediozinho aeronauta, não terá mais sua originalidade. Servirá apenas como ponto referencial. Destruíram um dos ícones de Fortaleza que um dia, sabe Deus, será bela.

A índia Iracema de José de Alencar, não teria mais coragem de tomar banho na bucólica lagoa de Porangaba. As famílias Ana Lemos, Monte Negro e os Pedra que o digam.

Bar Avião é Bar Avião.

 

 

JOSE DE ALENCAR UMA PRAÇA QUASE SEM SOSSEGO

                                JOSÉ DE ALENCAR UMA PRAÇA QUASE SEM SOSSEGO

 

Terminal dos ônibus oriundos da Praça do Ferreira

 

 

Antes de ser praça, no local que seria um dos logradouros mais movimentados da cidade era apenas um areal, e a urbanização teve sua gênese a partir do lançamento da pedra fundamental de uma igreja, que ocorrera aos 2 de fevereiro de 1850, cujo nome fora Nossa Senhora do Patrocínio graças a um voto devocional do alferes Luis de França Carvalho. A igreja começou as celebrações em 1855.

Aspecto primitivo da Praça olhando para a Igreja

Um ano após o funcionamento da igreja, surge em Fortaleza uma planta desenhada pelo padre Manoel Rego Medeiros já mostrando o campo com a igreja mas, sem nenhuma edificação de destaque. Com a movimentação, foi o espaço ganhando vida e consequentemente fora se urbanizando. Nessas condições é que, fora levada à Intendência uma proposta do vereador Coelho da Fonseca (hoje nome de Rua no Bairro Carlito Pamplona), e a Praça do Patrocínio como era chamada, em 1870, denominou-se “Praça Marquês do Herval”, como uma homenagem a Manuel Luís Osório, Patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro.

Batalhão da Policia Militar. 1906.

No local está o Theatro José de Alencar desde 1910.

 

Em 1903 era intendente de Fortaleza Guilherme Rocha que reformando a Praça, colocou um Coreto aformoseando-a com o Jardim Nogueira Acioly mas que, em 1912 foi mudado para Jardim Franco Rabelo. Depois, o coreto foi retirado e montado na Ponte metálica e lá se acabou. Começava assim as turbulências da Praça em epígrafe.

Existem vários documentários sobre praças de nossa cidade. Praça do Ferreira, Passeio Público. Imagens de época em filmes nos mostram as praças dos Leões, da Bandeira como, popularmente são conhecidas. A Praça José de Alencar, não.

Rádio Iracema de Fortaleza

A atual Praça que estamos descrevendo, é situada entre as ruas: Guilherme Rocha (antiga Rua da Municipalidade); Liberato Barroso (que já foi Rua das Trincheiras); General Sampaio (Da Cadeia) e a 24 de Maio (Rua da Lagoinha/ Do Patrocínio), tudo isso documentado pela planta do padre Medeiros.

Observemos: no canto Nordeste era a sede da Fênix Caixeiral (1905), que saiu para o canto Noroeste (1915), tomando o terreno onde estavam as ruínas da casa de Nogueira Acioly, incendiada em 1912. (Diz-se que entre os pertences do comendador estavam os projetos, plantas e as fotos da construção e inauguração do Theatro José de Alencar. Não sei se procede tal informação, mas em lugar nenhum encontramos tais registros). Quem disse que o segundo prédio da Fênix Caixeiral ainda está lá?

O quartel da Polícia fora demolido e vizinho, em 1910 fora inaugurado o supramencionado Theatro. A Escola Normal D. Pedro II, que após desativação acolhera as Faculdades de Ciências de Saúde, hoje é a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

Antiga Escola Normal que já foi Faculdade de Medicina e Odontologia

Hoje é a sede da Superintendência do IPHAN

Em 1954, numa apoteótica festa animada por César de Alencar, aos 9 de outubro era entregue ao público o novo prédio da Rádio Iracema de Fortaleza, batizado de Edifício Guarany, onde lá a emissora permaneceu até 1973. O belo edifício uma vez abandonado fora batizado por ignorantes cultural de “Mostrengo” desaparecendo anos seguidos. No mesmo quarteirão, na gestão Cesar Cals Neto fora montado o Shopping do Camelô que, por ocupar os camuflados cabarés do Centro, herdou a nomenclatura de uma ruela cheia de lâmpadas vermelhas, chamado de Beco da Poeira.

A Biblioteca Pública foi derrubada no canto Sudoeste e o industrial Pedro Philomeno construiu um residencial e o Lord Hotel, que mesmo se deteriorando, parece que vai sobreviver. No canto Sudeste tinha um Posto de Saúde e hoje é um jardim. Quanta tribulação!

Postos de gasolina em número de dois, sumiram. As lojas e os cafés estão desaparecendo. E os armazéns de tecidos? O terminal de ônibus que funcionou recebendo os coletivos da Praça do Ferreira, lá ficou até abril de 1988. Até o Instituto – IAPB, fora entregue ao Município, e tinha afluência de pacientes, com as redundantes reclamações. O mesmo está interditado.

Reformas e reformas, mas vai ficando a igreja, e a estátua do patrono da Praça. O monumento fora idealizado pelo jornalista Gilberto Câmara, esculpido pelo paulista Humberto Cozzo, e financiado pelo cônsul Francesco da Itália. Pelo menos esta equipe foi feliz, colocando a estátua do grande escritor José de Alencar sentado, pois, a memória do homenageado ainda teve de ficar de 1 de maio de 1929 até 1938, para a praça tomar seu nome.

Direto da Ponte Metálica para exposição em Fortaleza.

Veículos Primalt – USA 1941. 

 

Um logradouro sem rosto e de tanto futricarem tem-se mesmo que assistir sentado, para não desmaiar! E agora veio o Metrô que tirou o Beco da Poeira. Na gestão de Roberto Cláudio (2013-21) parece que houve um conclusivo, mas com uma roupagem sem graça com bancos desconfortáveis. Não existe alma nesse logradouro.

Jornalista Gilberto Câmara e o Escultor Cozzi em 1929.

Será que nossa geração não vai alcançar uma praça, bonita e dela se usufruir?

Fortaleza beleza, revitalização do Centro, na minha despretensiosa análise são retóricas, afinal, está aí a história para nos dizer…

 

 

O GUINDASTE TITAN

O Guindaste Titan 

Quando menino morava na Vila São José no Jacarecanga, meu bairro berço. Quem ia dessa Vila para a praia, palmilhava por um estreito calçamento de pedras toscas; de um lado as paredes da Fábrica de “Redes Philomeno” e do outro o paredão que sustenta a ponte da via férrea sobre o riacho Jacarecanga, verificando-s a separação dos trens: Um para Baturité e outro para Sobral e a bifurcação era na mercearia do Edmilson, que contemplava a passagem dos trens em ambos os sentidos.

Na ponta Noroeste do cemitério São João Batista pelo lado da Avenida Filomeno Gomes (outrora Thomaz Pompeu), ainda existia a abandonada casinha de força dos bondes da The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd”, extintos em 1947. A casinha desapareceu em 1971.

Entrando à esquerda e transpassando as linhas, aquele cinturão verde/azul me encantava. Era o mar. Após quase meio quilômetro de caminhada em declive, meus pés tocava nas areias frouxas quando, ainda existiam coqueiros e a cerca de arame farpado que, demarcava o limite do terreno da Escola de Aprendizes marinheiros, pois, ainda não existiam a Avenida Leste Oeste e nem tão pouco, o interceptor oceânico. O Clube Ipuense com cobertura tipo palhoça animava seus frequentadores nos fins de semana.

Em minhas aventuras pescava nas praias do Jacarecanga e Pirambu onde comprava anzol apelidado de “cara torta” no “Bar do Ferrim”, na mesma calçada da casa do pintor primitivista Chico da Silva. Como menino, Deus me livre de ir para o Cabaré Gozo do Siri (Mansão que pertenceu à família ilustre Moraes Correia).

Como toda criança curiosa, ficava a indagar: O que fazia aquela grande chave de abrir carne de lata por detrás do mar? Depois, em 1970 fui levado por meu pai numa das tardes de domingo, a um passeio no Caís do Porto. Eu tinha 12 anos de idade e pela primeira vez vi de perto um monstro de ferro.

Proveniente do Rio de Janeiro, sob o comando do capitão mineiro Nabucodonosor Ferreira, chegou a Fortaleza às 11.45 h do dia 26 de maio de 1939, o vapor da Cia. Costeira “Itapoan” cujas cento e oitenta toneladas de materiais, eram o possante guindaste Titan.

Essa gigante máquina, com o motor Caterpillar foi montada pela “Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas – Civilhidros” que também era a proprietária do guindaste. O descarregamento do material durou cerca 10 dez dias, pois, o navio retirou as ferragens na própria enseada do Mucuripe, com o auxílio de Alvarenga.  Referida máquina foi montada para ajudar nas obras do porto do Mucuripe, quando inicialmente foi construído o espigão para retenção das águas, no local que hoje é denominado: “Praia Mansa”.

No dia 3 de junho de 1940 o gigantesco Titan caiu no mar. Foi a mais sensacional notícia do dia, quando os moradores do Mucuripe em procissão marcharam ao local. O monstro de ferro ao levantar uma carga de 50 toneladas de pedra, tombou no mar a três quilômetros da praia. As obras que dependiam dele ficaram paralisadas até janeiro do ano seguinte.

Com a inauguração do Cais, o Titan ficou na ponta do espigão sendo um ícone, e foi quando em terra, lá da hoje Praça Marcílio Dias (Bairro Navegantes) despertou a curiosidade do menino que escreveu estas linhas. O guindaste já entregue às intempéries foi vencido pela corrosão, desabando parte de seu guincho. Em 1976 a Cia Docas resolveu destruí-lo com o uso de maçarico, e depois dinamitou suas bases.

O titan continua emoldurado apenas na lembrança dos enamorados da querida Fortaleza, nesse local onde o navegador espanhol Vicente Pinzon, pisou….

Inteiração:

“Material que veio no Itapoan para o Mucuripe”:

  • 2 vigas de madeira; 16 rodeiros de ferro; 8 motores elétricos; 5 vigas de ferro; 1 triângulo de ferro com coluna; 4 setores de ferro duplo (anel de orientação);
  • 4 setores de ferro duplo (suporte ,rolos com parafusos); 4 setores de ferro duplo (trilho base lança); 2 caixas de madeira com parafusos; 1 viga de ferro (conjunto triângulo); 1 base com rodeiros e rolos; 1 rodeiro fixo para máquinas; 1 caldeira à vapor; 3 secções de lança. Total: 53 volumes”.

(Jornal O Povo 27-05-1939).

ENERGIA ELÉTRICA DO CEARÁ

A ENERGIA ELÉTRICA 

 

Tudo o que é relacionado ao desenvolvimento, obedece a etapas e/ou estágios. Ao retornarmos ao passado, não implica em se sofrer atrasos, mas estamos resgatando merecimentos, afinal, o moderno hoje é o antigo amanhã. O moderno carro de injeção eletrônica não chegou antes daqueles, cuja partida era à manivela com carburação falha; o compacto celular em que localizamos as pessoas apenas no tempo, não podia chegar primeiro do que os aparelhos de telefonia à magneto, com sua extensão entre emissor e receptor não superior a 1000 metros; as aeronaves, os super-sônicos dar uma volta ao mundo em questão de horas, porém, Alberto Santos Dumont penou bastante para fazer subir o 14 BIS em 1906 na França.

Será que a iluminação e energia elétrica fora algo diferenciado? Fortaleza quando no dizer do poeta Otacílio Azevedo “Ainda Descalça”, foi saindo da escuridão a custa do sacrifício de fauna marinha, hoje na lista de extinção. As baleias desapareceram da Costa Norte brasileira, pois, a iluminação pública da Fortaleza Provinciana, tinha como combustível, o azeite de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense, o Dr. Casimiro José de Moraes Sarmento, o construtor do primeiro cemitério da cidade.

Usina de Usina

A exploração do serviço de iluminação de Fortaleza teve inicio, segundo o historiador João Nogueira, com a assinatura de um contrato com o Português Sr. Vitoriano Augusto Borges que tinha como atribuição, instalar lampiões em numero de  44. Essa luminária tinham quatro faces, sendo mais estreitas em baixo do que em cima, com fundo e tampa de metal. Eram suspensos com armações de ferro como se fosse uma forca, afixados nas esquinas e na posição que pudessem iluminar ruas e travessas. Eram limpos constantemente, e para acendê-los deveriam descer por isso eles pendiam de uma corda, que passava em duas roldanas. Tinha uma caixinha cheia de azeite de peixe com torcida de algodão. Era parecido com pequenos tachos de que trabalham os ourives para soldas à maçarico.

Gasômetro

Foi assim que surgiu o primeiro personagem popular de Fortaleza: “Chico Lampião”. Fortaleza bonitinha ficou sendo iluminada com azeite de Peixe até 1866 quando caducado o contrato com o Sr. Vitorino.

A tecnologia quando quer avançar não respeita era. Teria que surgir melhorias, e assim veio o Gás Carbônico sob a responsabilidade da “The Ceará Gaz Company Limited”.

Com o gás carbônico, as ruas de nossa cidade tiveram melhor qualidade na iluminação. Colocadas em ziguezague as luminárias obedeciam a uma distancia de apenas 30 metros uma da outra, e com uma altura de 2,40 metros. Ficava uma chama brilhante em forma de leque queimando o bem preparado gás, salientando que, o gasômetro ficava na Rua Senador Jaguaribe, ao lado da Santa Casa de Misericórdia olhando para a Praça do Passeio Público. Daí o antigo nome dessa rua ser “Rua do Gasômetro”.  A logística sempre transpassa o que quer ficar parado. O gasômetro já não atendia a demanda.

Entra em cena na extensão de seus serviços, a firma inglesa The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltd”, que explorava o transporte de bondes elétricos desde 1913, ganhando privilégio agora para o serviço de iluminação. A localização dos geradores da Light era na Rua Adolfo Caminha (Baixos do Passeio Público) e as suas caldeiras eram alimentadas com lenhas vindas do Horto Florestal de Canafístula (Antônio Diogo – distrito de Aracoiaba) trazidas em vagões gôndolas pertencentes a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité. Em 25 de outubro de 1935, portanto, foi retirado o último lampião à gás encerrando assim, o segundo período da iluminação de Fortaleza, a era do Gás Carbônico.

Experimentalmente, em 1933 foram colocadas quatro lâmpadas elétricas de 100 Watts na Rua Formosa (Barão do Rio Branco), entre as ruas Guilherme Rocha e Senador Alencar. Assim em 1934, fora rescindido o contrato da “Ceará Gás” e o Governo do Estado do Ceará sob a interventoria de Filipe Moreira Lima, nesse mesmo ano oficialmente, inaugurou-se na praça do Ferreira a energia elétrica. Aquele 8 de dezembro foi apoteótico.

Aos 19 de maio de 1947 circulou o último bonde elétrico em Fortaleza e, apesar da sobra de demanda, a energia da Light ainda era muito precária. A “The Ceará Tramway” por força do decreto Federal nº 25.232 de 15 de julho de 1948, é transferida para a Prefeitura Municipal de Fortaleza, sendo o Prefeito Acrisio Moreira da Rocha.

Usina Serviluz

Aos 20 de maio de 1954, saiu o decreto nº 803 criando o “Serviço de Luz e Força do Município de Fortaleza – SERVILUZ” quando ainda era prefeito, o radialista e advogado Paulo Cabral de Araújo. As novas instalações foram inauguradas em 8 de novembro do mesmo 54, ocupando o local onde funcionava o Escritório da extinta empresa de Bondes no Passeio Público, pela rua João Moreira. A Usina Termoelétrica fora instalada em maio de 1955 na Ponta do Mucuripe, inicio da Praia Mansa. Com modernos geradores Westinghouse, o Serviluz fora criado para resolver o problema da precária energia elétrica de Fortaleza.

As razões técnicas para a usina ficar distante do centro da cidade, segundo analistas da época, deveram-se a estratégica zona portuária com o surgimento de empreendimentos, tais como os já existentes: Shell Mex, Esso Standart do Brasil e moinhos de trigo. Além do mais, o equipamento roncava e aquecia demais e a ventilação praiana, favorecia a regulagem térmica.

O Serviluz é administrativamente transferido em 1 de maio de 1960 para a Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF (Estado da Bahia), a qual por sua vez, em 1 de abril de 1962 instala a Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza – CONEFOR que substituiu o Serviluz. Dois anos após, a rede elétrica proveniente da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso chegou a Fortaleza, com uma subestação em Mondubim.

Aí com as presenças do Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, do Governador do Ceará Virgílio Távora, do Prefeito de Fortaleza Murilo Borges e várias autoridades, em 1 de fevereiro de 1965 precisamente às 18.30 h, na Praça Libertadores, bairro Otávio Bonfim, era acessa a primeira lâmpada de iluminação pública com energia elétrica da CHESF.

Em 5 de julho de 1971, o Governo César Cal’s cria a Companhia de Eletricidade do Ceará – COELCE e encampa a Conefor, que após três anos em assembléia geral a extingue.

Como não era de se esperar, a história se repetiu. O comando do serviço de energia elétrica do Ceará saiu das mãos do Governo Estadual. A Coelce foi vendida, e aos 13 de maio de 1998 passou a pertencer a “Distriluz Energia Elétrica S.A.”, “Companhias Enersis S.A.”, “Chilectra S.A.”, “Endesa de España S.A.” e a “Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ”.

Hoje a concessionária é a Enel.

 

 

 

 

 

 

PRAIA DE IRACEMA

                                                                      Praia de Iracema

As obras do primeiro porto de Fortaleza foram iniciadas em dezembro de 1805 sendo concluída em 1807 no sítio chamado Prainha, em Fortaleza, com a construção de um trapiche.
Outros trapiches foram construídos mais tarde. Um deles pelo inglês Henry Ellery, o chamado trapiche do Ellery, a que se referem os historiadores e cronistas, e estava localizado na mesma área, construído provavelmente no ano de 1844. Existe documentação da construção de um terceiro trapiche concluído em 21 de junho de 1857, tendo como construtor Fernando Hitzshky, medindo 154m (cento e cinqüenta e quatro metros de comprimento) por 17,60m (dezessete metros e sessenta centímetros de largura), porém devido ao assoreamento por volta de 1870, já não havia mais condições de funcionamento em maré baixa, por isso devido as dragagens, o local foi batizado de Poço das Dragas.

Sir John Mawkshaw em 1875 propôs a construção de 670 m de extensão no antigo porto ligado ao litoral por um viaduto e, isto mobilizou também o Diretor em Chefe da Estrada de Ferro de Baturité (RVC – RFFSA), o engenheiro Carlos Alberto Morsing quando obteve aval do Imperador D. Pedro II e assim construir aos 17 de dezembro de 1878, um ramal ferroviário com o objetivo de comercialmente ligar o porto de Fortaleza (então Poço das Dragas) ao interior do provinciano Ceará, cuja finalidade era o escoamento das safras de café, algodão e o pastoreio.

Visando algumas vantagens, fora conseguida autorização do Ministério da Agricultura (à época), e o ramal prolongou-se até a alfândega sendo entregue ao tráfego no dia da pátria de 1879, quando passou a funcionar a Estação Ferroviária da Marítima. A extensão deste ramal era inicialmente 1,62 km numa tangente de 200 m, saindo da Estação Central pela Rua do Cemitério (Padre Mororó) cortando a propriedade da Família Torres, Arraial Moura Brasil, atual bairro dos Navegantes.

Em 1887 foi criado em Londres a companhia The Ceará Marbour Corpocition Limited que iniciou a construção do viaduto, conforme a proposta de 1875, mas aos 432 m as mesmas foram suspensas, pois datado o ano de 1897, o acúmulo de areias não permitia bom funcionamento.

Em dezembro de 1902 foram iniciadas as obras do Viaduto de Desembarque, a princípio com piso era de madeira. Havendo depois a substituição do piso por chapas de aço, a mesma recebera o apelido de Ponte Metálica, cuja inauguração oficial data de 26 de maio de 1906. As obras tiveram como responsáveis os engenheiros Hildebrando Pompeu (Cearense) e o escocês Robert Grow Bleasby. Os passageiros e cargas nesta ponte eram embarcados nos barcos e alvarengas até os navios que, ficavam ao largo.

Com sua estrutura comprometida, a ponte metálica em 1921 recebeu revestimento de concreto cobrindo toda a armação metálica. Depois o atual Dnocs que, na época era Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas – IFOCS resolveu reconstruir o Molhe de Desembarque, cuja responsabilidade foi do engenheiro Francisco Sabóia de Albuquerque. A reinauguração foi no dia 24 de fevereiro de 1929, com o nome de Viaduto Moreira da Rocha como uma homenagem ao ex-Presidente do Ceará. Os trilhos da RVC tiveram de sair da Rua da Praia (Pessoa Anta) e serem desviados por detrás do prédio da Secretaria da Fazenda (1927), e assim o trem passar a trafegar sobre a ponte metálica até um guincho que, existia na ponta do antigo porto. Os trilhos passavam defronte do Pavilhão Atlântico, restaurante situado na entrada da mesma.

Em 1908, a “Comissão Bandeira” realizou estudos com o objetivo de melhor localização do porto, onde teve como resultado a Ponta do Mucuripe.

O banho oceânico sempre favoreceu a atividade turística, por isso continua sendo cartão postal de Fortaleza a Boêmia Praia de Iracema, antiga Praia do Peixe, que no final do século XIX, os tradicionais chamavam Praia do Ceará. O nome Iracema só surgiu aos 07 de maio de 1925. O Restaurante Estoril havia sido construída em taipa no ano de 1920, como Vila Morena de propriedade do José Magalhães Porto. Na época da segunda grande guerra serviu de Point dos Norte Americanos e o Restaurante nesse período denominou-se USO United States Office. As mulheres frequentadores eram apelidadas de Coca – Colas.

Como Praia Passeio Público, existia o Restaurante Ramon e diversos empreendimentos, como por exemplo Estação Telegráfica.

 

                                                     A Ponte dos Ingleses

Com a finalidade de desafogar a Ponte Metálica, convém salientar de que, outro estudo sobre o porto havia sucedido como aconteceu em 1920, quando o Decreto n: ° 14.555, de 17 de dezembro do mesmo ano, aprovou o famoso projeto de Lucas Bicalho então Inspetor Federal de Portos, Rios e Canais. As obras portuárias foram contratadas com a sociedade inglesa Norton Griffith & Company Limited, e recebeu o nome Viaduto Lucas Bicalho. Os trabalhos de construção do que viria a ser chamada a Ponte dos Ingleses, ficaram a cargo do engenheiro J. H. Kirwood, assessorado por George Ivan Copo, Robert Grow Bleasby e Sebastião Flageli.
O início da construção ocorreu em março de 1923, contando a cerimônia com as presenças do Dr. Justiniano de Serpa, Presidente do Estado, Secretários, autoridades e convidados especiais.

Governava o país o Presidente Artur Bernardes da Silva que, posteriormente mandou suspender as obras, quando a mesma já estava com trezentas estacas de mar adentro, na alegativa da falta de crédito no orçamento e assim, a mesma fora entregue às intempéries. Portanto vamos este corrigir o segundo erro cometido com a história. A Ponte Metálica foi o antigo porto, e a Ponte dos Ingleses nunca funcionou.

Aos 4 de outubro de 1994 aí sim, foi inaugurada a Ponte dos Ingleses como um ponto de turismo e lazer. A abertura do evento contou com show dos músicos Elismário, Lucide e da Orquestra Tabajara que, fora regida pelo maestro Severino Araújo. Era governador tampão o Desembargador Francisco de Oliveira de Barros Leal (Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará), que tinha assumido o cargo após a efêmera administração de Francisco de Paula Rocha Aguiar (Chico Aguiar).

Hoje a Praia de Iracema com seu aterro, é um atrativo turístico de Fortaleza, onde anualmente Fortaleza vem comemorar seu réveillon, com no mínimo dez minutos de queima de fogos nas balsas que, ficam isoladas do povo em festa como medida de segurança.

 

 

Adendo: O Porto do Mucuripe

 

Em 1929, ao hábil engenheiro Augusto Hor Meyll foi dada pelo Departamento de Portos, Rios e Canais a tarefa de fazer o projeto do novo porto de Fortaleza. Após seis meses realizando novos estudos, ficou mais uma vez constatado ser imprestável o local em frente à cidade e que, a melhor localização do porto teve como resultado a Ponta do Mucuripe, afinal a enseada de Mucuripe oferecia vantagens extraordinárias, conforme os preliminares estudos da “Comissão Bandeira” grupo este que, havia sido enviado pelo Governo da União em 1908. Sendo assim o Dr. Hor Meyll apresentou, aos 21 de janeiro de 1930, o seu projeto de construção do porto do Ceará, em Mucuripe, dizendo a certa altura. “Ou temos o porto na enseada de Mucuripe, ou nunca teremos um porto em Fortaleza.”.

Em 20 de dezembro de 1933, através do Decreto nº. 23.606, foi outorgada ao Governo do Estado do Ceará a concessão para construção, aparelhamento e exploração do Porto de Fortaleza pelo prazo de 60 anos.

A Revista do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro lançou uma separata em março de 1936 com o titulo: O Porto do Ceará. Nela está registrada a conferencia do professor Mauricio Joppert (membro do Conselho Diretor) onde é revelado um estudo oceanográfico do novo porto de Fortaleza, bem como algumas fotos dentre as quais a dos trilhos da Rede de Viação Cearense – RVC, que lá chegaram no natal de 1933, e pasme o leitor: a via férrea era beirando o mar.

Finalmente o Presidente Getúlio Vargas com o Decreto-Lei nº. 544 de 7 de julho de 1938, decide sobre a localização do novo porto de Fortaleza, definindo a enseada do Mucuripe.

Assim os navios começaram a abandonar a Praia de Iracema a partir de 1948, ficando suas instalações entregue as intempéries. Quanto a ferrovia em 1941 a linha do mar fora desativada, passando os trens a circularem pela Parangaba.

Em 1995 a RFFSA desativou a linha da Ponte Metálica e Alfândega, mas a Praia de Iracema continua linda.

Enfim a beleza do litoral cearense favoreceu a atividade turística, por isso cada praia, continua sendo cartão postal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A HIDRÁULICA DE FORTALEZA E A PRAÇA DA BANDEIRA

 

A história deste local remota ao Siará Grande, e paginando bolorentos papeis no Arquivo Público do Estado Ceará, resgatamos que era um local habitado por índios, e que de lá a partir de 1836, quando os mesmos já não existiam, começou o processo de aberturas de artérias transformando-se em carroçáveis estradas para o interior da então Provincia. Existia uma ligação neste espaço até a outro campo no sentido Oeste (Praça Paula Pessoa), que foi atribuída aos indígenas. A via de acesso é a hoje Rua Meton de Alencar.

Até 1827, Fortaleza não tinha noção do que fosse abastecimento de água. O comerciante Abel Pinto vendia águas em carroças com entrega em domicílio, retiradas de fontes das nascentes localizada na Rua dos Quartéis (General Bizerril), defronte a Igreja da Sé.

Com autorização da Câmara Municipal de Fortaleza, foram iniciados estudos do projeto de Abastecimento pelo Engenheiro Berthot em 1861. Um ano após foi concedido privilégio ao José Paulino Hoonholtz, a fim de fazer o encanamento de seu sítio no Benfica, para espalhar a rede hidráulica pela cidade. Apesar de em 27 de maio de 1863, ter sido celebrado o contrato, e o início das obras verificado na tarde de 27 de março de 1867,  as Caixas de água da Praça da Bandeira, atual Praça Clóvis Bevilacqua, só foram concluídos no ano de 1924 e inauguradas em 1927, pela The Ceará North Brazil Company Limited.

O logradouro inicialmente já havia foi denominado de Visconde Pelotas por volta de 1870, em homenagem ao herói da guerra do Paraguai, Marechal José Antônio Correia da Câmara. Em 1926 teve o nome mudado para Praça do Encanamento em razão das Caixas D’água.

Em 1937 passou à Praça da Bandeira e finalmente o Prefeito Cordeiro Neto, atendendo aos reclames aos 10 de julho de 1959, decretou que o logradouro se chamasse Clovis Beviláqua, grande jurista brasileiro, e tendo em vista a Praça sediar a Faculdade de Direito da UFC.

A popular Praça da Bandeira, tinha uma formosura excepcional, aformoseamento invejável. Famílias que moravam no Benfica vinham em procissão desfrutar da beleza que era a Praça, tal qual o Passeio Público.

Foi aí que homenagearam o contraditório. Assim como destruíram a Praça do Ferreira(1968), aconteceu também com a Praça da Bandeira (1969), quando a mesma começou a ser uma caixa d’água subterrânea.

Mataram o local. Existiam possibilidades para construírem reservatórios em outros locais, mas retirar o povo de sua zona de conforto parecia ser melhor. O nome deste prefeito insensível que destruiu s duas praças, o fortalezense tem que engolir, pois é nome de Bairro.

Eita Fortaleza sem rosto !!!!!!

 

Beleza de Logradouro

Nota: A Praça das Caixas d’água foi privilegiada por receber a segunda emissora de Rádio do Ceará: “Rádio Educadora Cearense”, que ficava na esquina das Ruas Meton de Alencar com General Sampaio. O locutor chefe era o pernambucano Pierre Luz, que hoje é nome de rua em Fortaleza.

PALÁCIO DA LUZ

O RIACHO PAJEÚ SOB A LUZ DO LUAR

Fachada do Palácio pela Rua Sena Madureira.

Entrada do Palácio pelo Rua do Rosário.

 É uma tristeza saber que o nosso riacho Pajeú está sórdido, quebrando até o encanto de quem visita o Jardim do Paço Municipal.

Ele era tão volumoso, que abastecia os chafarizes daí a Rua José Avelino outrora ser chamada de Rua do Chafariz e a Sena Madureira (Rua da Ponte), e a Pessoa Anta (Rua do Mar), isso porque a cidade já impulsionava, mesmo no areal, uma mobilidade com tráfego de carroças.  O trem só chegaria em 1878 na alfândega e, o primeiro automóvel já na Ponte Metálica chegaria em 1909.

Pajeú era uma veia farta, abastecia o Forte, os três pavimentos do Passeio Público e servia com sua correnteza mesmo em pequena proporção, como lenitivo para os pacientes do Hospital da Caridade. A umidade relativa do ar era excelente, devido esse fluido maravilhoso que por ali tinha sua foz.

O Ribeiro do Pajeú como era conhecido em 1810, tinha zonas distintas; tinha conexão com a Lagoa do Garrote e nas grandes inundações, topograficamente ele era favorecido, recebendo água ao ponto de ocorrer grandes cheias inundando a Rua de Baixo (Atual Cond’eu).

Pode existir algo mais meditativo do que olhar uma correnteza de água, e mais romântico jogar uma flor? Como Foi belíssima essa cinética caudal, cortante do Morro Marajaitiba.

Foi com este espírito que o Capitão – Mor Antônio de Castro Viana resolver em 1790, a construir uma mansão em um terreno declinado o que lhe rendeu uma vivenda de dois andares, restando até no lado esquerdo, espaço para demarcar e construir seu jardim.

Com a morte do Capitão – Mor Viana, o Direito do Povo, (que era como se chamava o Senado da Câmara), comprou a propriedade aos 26 de dezembro de 1802, passando esse palacete a pertencer ao Governo.

Luís Barba Alardo de Meneses, que assumiu o Governo em 1808 foi o primeiro no Ceará a trocar sua casa, pela da Câmara. Agora, ainda não existia Ordem Régia para ser Sede Oficial do Governo e Casa do Governador, coisa que só ocorreria em 1814.

Essa propriedade de lado ia do arenoso local em que ergueram a Praça General Tibúrcio, até a Rua do Cajueiro (Pedro Borges) e de fundo da Rua do Rosário até a Rua de Baixo, como já falei Rua Cond’eu.

Com a Abolição da Escravatura em março de 1884, o Palácio do Governo por decreto do Presidente Sátiro de Oliveira Dias, passou a se chamar Palácio da Luz. Por lá passaram mais de 90 Governadores, dentre Capitães – Mores, Presidentes de Província, Interventores, sendo o Governador Plácido Aderaldo Castelo o último, ficando lá até 1971. O Palácio da Abolição absorveu o Gabinete do Governador. Entenderam a historicidade? Palácio da Luz, porque ocorreu a Abolição. Essa é a correlação em nomenclaturas.

E por que o Capitão-Mor Antônio de Castro Viana construiu sua Mansão naquele pedaço? Foi igual aos Ancestrais dos Távoras! Apreciar o perfumado rio correr e o espumar do encontro das águas cristalinas se chocar com alguma pedra no percurso. E poderiam emoldurar algo mais fascinante, do que ver o reflexo da luz cor de prata nas noites de luar, com o assobiar do vento fresco?!

Localização do Palácio referenciada pela Praça do Ferreira.

Fortaleza pousada sobre areia descalça e linda, refulgindo do alto sob o mago esplendor da lua cheia.”                  Gastão Justa.

Nota: O Palácio da Luz já sediou a Biblioteca Pública do Estado e hoje abriga a Academia Cearense de Letras.

 

 

PALÁCIO DO BISPO

O PALÁCIO EPISCOPAL

 

Aos 16 de fevereiro de 1699, veio de Portugal uma Ordem Régia que determinava a construção de uma igreja, que seria a primeira Capela-Mor da Matriz de Fortaleza. Localizada com a frente para a cidade, e com Riacho Pajeú passando a alguns metros por detrás. Sua construção foi iniciada somente 48 anos depois, sendo concluída em 1795.

Em 1820 essa edificação foi demolida, e com festa para a cidade Fortaleza, aos 2 de abril de 1854, foi inaugurada a Igreja de São José. Com a posse do primeiro Bispo do Ceará, Dom Luis Antonio dos Santos, a antiga Matriz aos 29 de setembro de 1861, foi transformada em Catedral. Esse templo ficou erguido até 1938, quando aos 11 de setembro foi realizada a última missa. Um ano após, foi lançada a pedra fundamental do majestoso templo, que depois de quarenta anos lá está.

Por detrás dessa igreja, no segundo quartel do século XIX, e nas margens do Pajeú, foi construído um palacete pela família do Comendador Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, na Rua das Almas, hoje Rua São José. Adquirido pela Igreja católica, esse palacete passou a ser abrigo dos Bispos, surgindo a partir de então a nomenclatura “Palácio do Bispo”, afinal o mesmo passou a pertencer ao episcopado, quando fora entregue aos 21 de junho de 1860.

(O Bispado já havia sido criado, conforme a lei estadual nº. 693 de 10 de agosto de 1853).

Esse prédio funcionava, além da residência do Bispo, como uma espécie de Secretaria de Ação Social, pois, diversos registros fotográficos e relatórios ratificam que os pobres se enfileiravam em busca de ajuda.

Manoel Cavalcante Rocha, jocosamente conhecido pela alcunha de Manezinho do Bispo, pernambucano, nascido em 12 de maio de 1856, foi porteiro por muitos anos do Palácio Episcopal, sendo rotulado como uma das figuras mais curiosas e populares da Fortaleza antiga.

Manoel Cavalcante Rocha, nasceu em 1856 e morreu aos 67 anos, em 1923. Valia-se da seção “Ineditoriais”, que a imprensa da época reservava às colaborações dos leitores, para publicar seus confusos escritos sobre religião e astronomia. O órgão de preferência era o Correio do Ceará, que os trouxe, de 1917 a 1922, sob a curiosa rubrica V + D, “Viva mais Deus”.

Bem, hoje são várias as modificações no local deste palácio, com pavimentação asfáltica, trânsito maluco; a Rua da Escadinha (Baturité) descaracterizada. O Riacho Pajeú, que outrora era uma veia significativa, está atualmente como um vaso capilar e poluído.

Isso pode ser um prenúncio de revitalização do Centro? O Gabinete do Prefeito para lá voltou.

Nota: Em 1974 o Palácio do Bispo havia sido adquirida pela Prefeitura de Fortaleza.

PRAÇA DO FERREIRA

                                                                

 

A Fortaleza antiga tinha os seguintes limites: Boulevard da Conceição (Avenida Dom Manuel), Boulevard do Livramento (Avenida Duque de Caxias) e o Boulevard do Imperador. No Norte é o mar. Daí o dizer-se centenariamente que A Praça do Ferreira é o coração da cidade.

A praça era um largo. Em dezembro de 1842, uma lei da Assembleia Provincial autoriza uma reforma do plano da cidade encabeçada por Antonio Rodrigues Ferreira, eliminando dela o Beco do Cotovelo.

A praça já tomou os nomes de:
 Feira  Nova: lugar onde se realizava as feiras semanais;

Largo das Trincheiras: Não se sabe bem se foi por uma batalha entre holandeses e portugueses, ou por causa de um Senador que vivia ali e se apelidava de “trincheiras”;

Pedro II: Em 1859 em homenagem ao imperador;

Municipal: Durou somente seis meses, depois retornou ao seu nome anterior;

Do Ferreira*: em 1871.

Além dessas denominações oficiais também era popularmente conhecida por “Da Municipalidade“, por estar defronte da Intendência Municipal.

A praça sofreu uma série de reformas ao longo do tempo. As mais significativas foram a construção do “Jardim 7 de Setembro” em 1902 por Guilherme Rocha, época em que existiam quatro quiosques denominados: “Café do Comércio, Café Iracema, Café Elegante e Café Java”, sendo este último mais antigo (1886) e que, se constituía principal ponto de reunião dos intelectuais da Padaria Espiritual.

Cajueiro da Mentira. 1905

Em 1920 por Godofredo Maciel então Prefeito, são demolidos os quiosques e, é construído um célebre coreto, considerado na época o coração cívico da cidade. Junto com essa reforma foi embora o Cajueiro Botador: “Cajueiro da Mentira” plantado por Guilherme Rocha. No inicio de 1933 foi demolido o coreto, a Praça pegou nova roupagem e foi construído no seu lugar a Coluna da Hora, com seu relógio que servia de orientação a toda cidade. Sua inauguração foi aos 31 de dezembro de 1933.

Na `Praça do Ferreira os intelectuais da cidade, religiosamente se encontravam, e devido aos grupos, os bancos receberam até nomes.

Existia um quarteirão com ao Norte Travessa Pará, ao Leste Floriano Peixoto, ao Oeste Major Facundo e no Sul a Praça do Ferreira. Neste retângulo tinha casas comerciais como a “Casa Mundlos”, a “Crysantemo”, “Livraria Edésio”, “Café Emydgio” além do sobradão que abrigava a Intendência.

Aos 26 de agosto de 1941 ocorreu um incêndio em uma das casas comerciais, e o fogo se alastrou destruindo grande parte do local. Na alegativa de que seria construída a Sede da PMF, ficou só o piso. Nunca fora concretizado tal projeto.

Na gestão Acrísio Moreira da Rocha, foi aberta uma licitação para construção no terreno do Centro, de um Abrigo (O Central), e quem ganhou a concorrência foi o Comerciante Edson Queiroz, que mesmo sofrendo alguns atrasos foi inaugurado aos 15 de novembro de 1949.

Praça do Ferreira em 1961.

No abrigo existiam boxes de vendas de discos, selos, livrarias, bilhetes lotéricos, tabacarias, café, etc. Servia também de ponto inicial das linhas de ônibus, transformando-o em um lugar dos mais movimentados da cidade. Referido Abrigo foi demolido em 1967 e na leva foi também a Coluna da Hora, cujo projeto havia sido do engenheiro José Gonçalves da Justa em estilo Arte-Déco com 13 metros de altura. Esse Relógio de quatro faces de origem norte americana, fabricado por Seth Thomas Clek Co. de Nova York,  foi o ícone mais representativo da cidade de Fortaleza durante toda sua existência e mesmo depois de sua demolição.

Praça Horrível.  1968 – 1990

A administração Jose Walter Cavalcante foi a responsável por essa destruição, e ainda nos deu de presente uma Praça, verdadeiro mostrengo que nunca foi aceita por ninguém.

Em 1991 estava Prefeito o médico Juraci Vieira de Magalhães que nos devolveu 80% da história da Praça, com o aditivo da descoberta da cacimba do século XIX. A Praça casada: uma coisa ereta e uma cavidade. Coluna e uma cacimba.

             Antonio Rodrigues Ferreira

 

*Antonio Rodrigues Ferreira nasceu em Niterói em 1801 e por volta de 1925 conhece a Antônio Caetano de Gouveia, Cônsul de Portugal, o qual o trouxe para o Ceará, como seu caixeiro.
Com 21 anos de idade e com adiantada prática de Farmacologia o Cônsul o ajudou a obter da Junta Médica de Pernambuco licença para montar uma botica e se estabelecer. Em pouco tempo, o boticário Ferreira tornou-se popular pela sua caridade e sociabilidade. Envolveu-se na política e viu-se continuamente eleito para a Câmara Municipal, sendo Presidente da Câmara. Dedicou-se inteiramente a política de Fortaleza, durante os 18 anos que foi vereador e procedeu ao levantamento da planta urbana da cidade de Fortaleza. Residiu em uma casa de três portas em local próximo ao logradouro ícone da Fortaleza.

Faleceu em 1859, sendo sepultado no Cemitério de São Casimiro, e seus restos mortais em 1880 foram transladados para o Cemitério São João Batista.

Referências:

  • Aderaldo, Mozart Soriano: História Abreviada de Fortaleza, UFC, Ano (0) ;
  • Cunha, Maria Noélia Rodrigues:  Praças de Fortaleza, IOCE, 1990;
  • Leitão, Juarez: A Praça do Ferreira, Livro Técnico, 2002.
  • Nota: As imagens deste post foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez,  gentilmente cedidas.