O PALÁCIO EPISCOPAL
Aos 16 de fevereiro de 1699, veio de Portugal uma Ordem Régia que determinava a construção de uma igreja, que seria a primeira Capela-Mor da Matriz de Fortaleza. Localizada com a frente para a cidade, e com Riacho Pajeú passando a alguns metros por detrás. Sua construção foi iniciada somente 48 anos depois, sendo concluída em 1795.
Em 1820 essa edificação foi demolida, e com festa para a cidade Fortaleza, aos 2 de abril de 1854, foi inaugurada a Igreja de São José. Com a posse do primeiro Bispo do Ceará, Dom Luis Antonio dos Santos, a antiga Matriz aos 29 de setembro de 1861, foi transformada em Catedral. Esse templo ficou erguido até 1938, quando aos 11 de setembro foi realizada a última missa. Um ano após, foi lançada a pedra fundamental do majestoso templo, que depois de quarenta anos lá está.
Por detrás dessa igreja, no segundo quartel do século XIX, e nas margens do Pajeú, foi construído um palacete pela família do Comendador Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, na Rua das Almas, hoje Rua São José. Adquirido pela Igreja católica, esse palacete passou a ser abrigo dos Bispos, surgindo a partir de então a nomenclatura “Palácio do Bispo”, afinal o mesmo passou a pertencer ao episcopado, quando fora entregue aos 21 de junho de 1860.
(O Bispado já havia sido criado, conforme a lei estadual nº. 693 de 10 de agosto de 1853).
Esse prédio funcionava, além da residência do Bispo, como uma espécie de Secretaria de Ação Social, pois, diversos registros fotográficos e relatórios ratificam que os pobres se enfileiravam em busca de ajuda.
Manoel Cavalcante Rocha, jocosamente conhecido pela alcunha de Manezinho do Bispo, pernambucano, nascido em 12 de maio de 1856, foi porteiro por muitos anos do Palácio Episcopal, sendo rotulado como uma das figuras mais curiosas e populares da Fortaleza antiga.
Manoel Cavalcante Rocha, nasceu em 1856 e morreu aos 67 anos, em 1923. Valia-se da seção “Ineditoriais”, que a imprensa da época reservava às colaborações dos leitores, para publicar seus confusos escritos sobre religião e astronomia. O órgão de preferência era o Correio do Ceará, que os trouxe, de 1917 a 1922, sob a curiosa rubrica V + D, “Viva mais Deus”.
Bem, hoje são várias as modificações no local deste palácio, com pavimentação asfáltica, trânsito maluco; a Rua da Escadinha (Baturité) descaracterizada. O Riacho Pajeú, que outrora era uma veia significativa, está atualmente como um vaso capilar e poluído.
Isso pode ser um prenúncio de revitalização do Centro? O Gabinete do Prefeito para lá voltou.
Nota: Em 1974 o Palácio do Bispo havia sido adquirida pela Prefeitura de Fortaleza.