MINHA FORTALEZA BELEZA
#Parabéns Fortaleza minha
Tua memória não morrerá
O pesquisador te abraçará
Nunca ficarás sozinha#
Objetivando criar uma feitoria na Índia (Ásia) e garantir domínio português, foi organizada por Portugal uma respeitável esquadra com 13 navios e 1.500 homens, sob o comando de Pedro Álvares Cabral e que, deveria respeitar o TRATADO DE TORDESILHAS assinado entre Portugal e a Espanha. Havia limites aos territórios que a partir de então fossem descobertos pelos dois países, onde fora estabelecido uma linha imaginária em que, 370 léguas ao Oeste do arquipélago de Cabo Verde ficariam com a Espanha e, a Leste seria de Portugal.
A Europa tomou conhecimento da existência do Brasil, quando em 2 de janeiro de 1500, o olhar pioneiro do navegador espanhol Vicente Ianez de Pinzon captou as dunas do que seria o Siará Grande, porém, devido ao tratado de 1494, a descoberta oficial deveria ser dos portugueses, coisa que só aconteceria na Bahia aos 22 de abril de 1500. Pedro Álvares Cabral que, não era bom navegador, mas, era Cavaleiro da Ordem de Cristo comandava a esquadra portuguesa, que além da missão de estabelecer uma rota comercial com a Índia, ele deveria no caminho desviar-se para a direita no oceano atlântico, e foi quando chegou ao litoral do Novo Mundo.
À princípio as novas terras não despertaram muito interesse, porém, para garantir aos portugueses a posse da terra diante da ameaça representada pela presença dos navios estrangeiros, a partir de 1530 foi resolvida a colonização do Novo Mundo, através de um Governador Geral e a criação das Capitanias Hereditárias, cuja do Ceará, foi entregue ao donatário Antônio Cardoso de Barros que, nem chegou a tomar posse.
Naquele momento, a Coroa Portuguesa estava concentrada nas riquezas asiáticas e africanas, porém, no litoral descoberto, a presença do Pau-brasil da qual se extraia tintura para tecidos, oferecia uma das poucas possibilidades de exploração econômica para os comerciantes portugueses. Portugal logo estabeleceria o monopólio real sobre essa riqueza e, arrendou o direito de exploração a um grupo de comerciantes portugueses, liderado por Fernando de Noronha. Nasceu assim o bonito nome BRASIL, a terra mais rica do mundo.
Como pesquisador curioso, quero através deste opúsculo revelar um erro que é cometido com a nossa história. Cristóvão Colombo (italiano de Gênova) saiu e no caminho com um maremoto não sabia mais para onde ia; quando chegou não sabia onde estava e, quando voltou não soube onde esteve. Estando na América em outubro de 1492 pensou estar na Índia. Assim os verdadeiros nativos americanos, erroneamente foram chamados de índios.
Voltemos ao Vicente Pinzon. Tomás Pompeu Sobrinho e outros historiadores renomados afirmaram ser: “O Cabo de Santa Maria de La consolacion, o Rostro Hermoso como a Ponta Grossa ou, Jabarana no Município de Aracati”. Já o historiador Francisco Adolfo de Varnhagem defende que, o local visitado pelos espanhóis era a ponta do Macorie, nome este encontrado no mapa das Capitanias Hereditárias em 1574. Posteriormente a nomenclatura Macorie sofreu corruptela terminando em Mocoripe – Mucuripe. José de Alencar, o romancista diz que, essa palavra vem de Corib “Alegrar” e Mo vem do verbo Monhang, tornando o ativo passivo. Talvez Alencar referiu-se aos morros, por ter causado alegria aos navegantes. Alencar concordou com os estudos, ratificando as conclusões de Adolfo Varnhagem.
Em 1603, Pero Coelho de Souza, português natural de Açores, munido da bandeira de Capitão-Mor, chegando ao Ceará, não conseguiu se instalar no Rostro Hermoso tendo em vista, os nativos oferecerem resistência. Os habitantes primitivos da provável Ponta do Mucuripe, aos poucos foram sendo dominado pelos invasores e, com a imposição da cultura lusa, esse povoado foi se adaptando à civilização, porém, por amor aos morros, ao navegável Riacho Maceió e a calma oferecida pelo iodado vento leste, preferiram viver isoladamente, tendo a Caça e Pesca (nome de bairro) como produtos de consumo e exportação.
Aos 20 de janeiro de 1612, Martins Soares Moreno nas margens do Rio Siará (Barra do Ceará), fundou o Forte São Sebastião mas, a cidade só se expandiu com o estabelecimento da ocupação holandesa, que levou Matias Beck em 1649 construir na margem esquerda do Rio Pajeú, no monte Marajaituba (próximo a onde seria a Santa Casa e Passeio Público) um Forte que, recebeu o nome de Schoonemborch, como homenagem ao holandês Governador de Pernambuco. Talvez por falta de chamativo, ninguém nessa época se interessou pelo Riacho Jacarecanga já existente.
Aos 13 de abril de 1726, por ordem Régia foi instalada pelo Capitão-Mor Manuel Francês a “Vila da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção” do Siará Grande e, assim começou a crescer a “Loura de Sol e Branca dos Luares”, embora concordemos com o historiador Raimundo Girão que, a data seja 10 de abril de 1649, com o erguimento do Forte. Esse mais de meio século excluído, já foi motivo de polêmicas política e religiosa, pois, a Coroa portuguesa não admitia Fortaleza ser fundada por Matias Beck, que era holandês e Protestante (Calvinista). Com a expulsão dos holandeses em 1654, no local do Forte Schoonemborch, foi construído a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, que dá nome a Cidade.
Seja como for, é notório o engano de se comemorar a festa de Fortaleza, por um ato da Corte, e não porque a cidade nasceu.
Hoje quando se fala na história de nossa querida Cidade, todos correm para o Forte ao lado da 10ª Região militar, para o Passeio Público, Praça do Ferreira. Falam da existência da primeira Coluna da Hora, Velha Intendência, Abrigo Central, os Coretos, Jardins, e bancos que até eram nomeados. Tinham na Praça do Boticário quatro cafés: Do Comércio, Elegante, Iracema e o Java.
É sempre lembrado no começo de cada mês de abril, o Cajueiro da Mentira. Os cines Polytheama, Júlio Pinto, Majestic, Moderno, Diogo, São Luiz, o Rex, Jangada, Art. No Bairro Farias Brito (Octávio Bonfim) tinha na Rua Teófilo Gurgel o Cine Nazaré; quando foi fechado, aumentou a frequência do Cine familiar já na Praça do Bairro ao lado da Igreja Matriz, na Rua Dom Jerônimo. Em Parangaba Tinha o Cine Tupinambá, sem esquecer o Atapu, São Gerardo, dentre outros.
Os saudosistas recordam com tristeza, ao contemplar as transformações paisagísticas por conta da realidade, abominando os crimes contra a memória, que se opõem à sua geografia sentimental. Cadê os bondes da Tramway? Os ônibus do Oscar Pedreira instalados em 1928 desapareceram juntamente com a “Vila Quinquinha” e a Casa do Pedro Philomeno, mansões que se situavam no inicio da Avenida Francisco Sá. Onde foram parar os ônibus elétricos da CTC que, com nove carros atendiam a demanda das Avenidas Bezerra de Menezes e João Pessoa? Por que derrubaram a Vila Itapuca na Rua Guilherme Rocha, a Fênix Caixeiral e o Edifício Guarany (Rádio Iracema) na Praça José de Alencar?!
Fortaleza já foi palco de diversos acontecimentos cívicos e políticos, classificado como anarquia. Até já vaiou o sol na Praça do Ferreira, no dia 30 de janeiro de 1942. É uma cidade que deixou para trás a presença de personagens populares. Ao paginarmos esta história encontramos o “Bembém da Garapeira”, “Chagas dos Carneiros”, “Manezinho do Bispo”, “José Levi”, “Pilombeta”, “Maria Rosa, a velha Escrava”, “Pedro da Jumenta” e até mesmo o carisma que foi dispensado ao adestrado “Bode Iôiô”. Em um passado próximo tínhamos o “Pedão da Bananada”, “Feijão Sem Banha”, o “Burra Preta”, “Zé TáTá”, o “De Menor”, o “Deixa que eu Empurro” , “Bodinho Jornaleiro”, “José do Buzo”, “Coronel dos Bodes”, “O Waldo do Café”, “ O homem do facão”, “Casaca de Urubu, o cobrador”, “José de Sales, bandolinista”, “A Ferrugem”, “Maria Pavão”, “O furacão preto”, “Chico Tripa”, Zé Batata”, “O Cheiroso da Pipoca”, “O Fedorento do Picolé”, “Chapéu de Ferro”, “O Xaveta”, “O Boi sem Osso”, e tantos que os anos carregaram. Fortaleza era o Xen-iem-iem do saudoso radialista Wilson Machado.
Fortaleza tinha de tudo, e não foi por conta do advento dos planos urbanísticos e projetos de remodelação e aformoseamento. Mesmo recebendo novas técnicas e mudanças de uso do solo, não consegue esconder a segregação, revelando-se uma cidade real com situação desigual. É luxo, é lixo. Com esse crescimento desordenado, vão surgindo áreas de risco. Em locais que outrora fora ocupado por residências estão transformados em comércio, onde, diga-se de passagem, não oferece o menor conforto. O Shopping do Camelô que, por ocupar uma área não urbanizada, recebeu como herança o nome da própria vilela: Beco da Poeira. (Hoje é ocupado por uma Praça sem vida e no subsolo, passagem do Metrô).
Todo fortalezense se orgulha pelo que ainda resta no Centro, pelas belas praias, a ponte dos Ingleses e Estoril. Cantam com orgulho seu hino, e participam civicamente dos festejos alusivos a todo 13 de abril desde 1726.
Bem que podíamos fazer um bolo maior e aumentar o numero velinhas….
Diassis Lima