Assis Lima
Assis Lima

CHARITO E O ENGENHEIRO JOÃO THOMÉ

 

Charito. Registro Quando a Estação Estava Terminal. 1911

 

O primeiro registro desta localidade de que se tem conhecimento, provém do Arquivo Público do Estado, quando é guardado em manuscrito como a “Sesmaria da Ipueira da Serra Azul”, registro concedido por o Capitão-Mor João Teyve Barreto e Menezes aos 12 de dezembro de 1744.

Até sua exploração, a Serra Azul era um linda pedra, muitas vezes reverenciada por a nação Tupi que era dividida em Tabajara e Tupinambás. Atraía também os Inhamun e outras tribos, que apesar de outra linhagem, não eram rivais, senão com os senhores das fazendas.

Localizada no Sul da Chapada da Ibiapaba, surgiram nesta região fazendas de gado, com diversos conflitos entres indígenas e fazendeiros; e entre fazendeiros da região dos sertões de Crateús. Deste núcleo agropecuário surge Ipueiras como centro urbano, e os distritos de São José, Alazans, América, Balseiros, Gázea, Engenheiro João Tomé (Charito), Livramento, Matriz de São Gonçalo, Nova Fátima, São José de Lontras, Barrocas e Nova Graça.

Recuemos um Pouco

Distrito criado com a denominação de Ipueiras, pela lei provincial nº 2036, de 25-10-1883, subordinado ao município de Ipu. Elevado à categoria de Vila com a denominação de Ipueiras, pela lei provincial nº 2037, e em 27 de outubro de 1883, desmembrando-se de Ipu, ficando a Sede com Ipueiras.

Dentre os distritos como já foi lido, estava Charito, na rota da Estrada de Ferro de Sobral, que em 1894 estava em Ipú, seguindo para Ipueiras, já que Pires Ferreira só surgiria em 1925. O trajeto sob o comando do Eng.º. João Franklin de A. Nogueira que era o Chefe da Via Permanente da EFS, contemplaria Ipueiras e seu Distrito de Charito, rumando para Oiticica.

Planta de Situação de Charito

 

Planta Baixa de Charito

Charito é uma forma coloquial e familiar de chamar uma mulher chamada Rosário (Rosarito). É também a maneira de chamar a prole da Rhea, que é um pássaro de execução semelhante do avestruz, mas que não fosse os predares em decorrência dos anos, ainda tinha seu habitat, pelo menos até a chegada do trem quando transformaram o lugar em uma pedreira.

 

Inaugurou-se Charito

Era Diretor da Estrada de Ferro de Sobral o Eng.º João Thomé de Saboya e Silva, quando, aos 3 de novembro de 1910 inaugurou a estação no Km 366,090 com 228,500 m acima do nível do mar. Por ter sido este o último feito da EFS com autonomia, a Rede de Viação Cearense em 1916 homenageou João Thomé como patrono da Estação. A Estrada de Ferro de Sobral passou a ser a 5ª divisão da RVC.

João Thomé em 1956

Casa do Agente Isaias Caldas em 1910.

 

Estiveram presentes no ato inaugural o diretor João Thomé, os engenheiros Antônio Sampaio Pires Ferreira, José Joaquim de Andrade Pinto júnior, conduzidos no trem especial, tracionado pela locomotiva Baldwin “Sinimbú”, sendo maquinista José Barbosa e o foguista Augusto Ferreira. O primeiro agente da estação foi o senhor Isaias Caldas que, juntamente com o prefeito de Ipueiras, Raimundo Rodrigues Lima recepcionaram a comitiva.

A Localidade Progrediu

 

Ipueiras na sua totalidade, a partir de 1910 passou a integrar no processo de desenvolvimento econômico do Estado do Ceará: Transporte de passageiros, muito gado, charqueadas, calcário, cotonicultura e a própria estrada de ferro que, passou a extrair brita da “Serra Azul” para os serviços de construção e prolongamento, mas agora com a supervisão da South American Railway Construction, firma inglesa que passou a administrar a ferrovia no Ceará, período este que durou cinco anos.

 

 

Engenheiro João Thomé

João Tomé de Saboia e Silva, (Sobral, 4 de agosto de 1870 — Rio de Janeiro, 27 de julho de 1945), foi engenheiro, Diretor Geral da Estrada de Ferro de Sobral e arrendatário, empresário e político brasileiro. Foi governador do Ceará de 1916 a 1919 e senador entre 1921 e 1930. Leva o nome do terminal rodoviário central de Fortaleza.

 

 

Referências:

Almanaque do Ceará, Instituto do Ceará, ano 1910;

Arquivo Público do Estado;

Instituto do Ceará, Revista de 1883;

Lima, Francisco de Assis Silva de Lima: O Ceará que Entrou nos Trilhos, Visual Gráfica, 2015;

As imagens contidas neste post, foram reproduzidas de originais pertencentes ao Arquivo Nirez, gentilmente cedidas.

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