Assis Lima
Assis Lima

MEU DEUS ISSO FALA! A MAGIA DE FALAR AO TELEFONE

 

 A primeira ligação telefônica da história, com testemunho nas pontas de linha, ocorreu na tarde de 25 de junho de 1876, em Filadélfia – USA quando ocorria a famosa exposição por ocasião dos festejos do Centenário de Independência dos Estados Unidos da América. Alguém quase sussurrou distante da multidão, cerca de 150 metros: “To be or not To be…” (Ser ou Não Ser). Na outra ponta, alguém exclamou abismado: “My God! It talks” (Meus Deus Isso Fala). De um lado Graham Bell o inventor e do outro, D. Pedro II o Imperador do Brasil.

 

Graham Bell em 1876

A telefonia é a transmissão elétrica de sons, da fala, de palavras. A palavra compõe-se do grego “tele” que significa longe, distante, e de “fonia” também do grego que traduz a idéia de som, voz, fala.

O aparelho se compunha de um transmissor provado de disco ou diafragma de alumínio que, vibrando à ação da voz humana, produzia certos impulsos elétricos. Estes impulsos chegavam a um receptor onde eram transformadas em ondas semelhantes as do som original.

Dom Pedro era um vidrado em tecnologia e mantinha correspondências com os cientistas de meio mundo, entre os quais seu amigo, o escocês Alexander Graham Bell, radicado nos Estados Unidos.

Convidado para integrar a comissão científica de premiação dos melhores inventos da exposição do Centenário, D. Pedro II virou a estrela da mídia de plantão. Emprestando seu aval de Monarca ao invento de Bell, o Imperador ajudou o cientista ainda obscuro, a despertar o interesse da imprensa e do Governo.

Pedro II trouxe em sua bagagem o telefone para o Brasil e, a instalação com êxito deste serviço deveu-se por força do decreto nº 7.539 de 15 de novembro de 1879, quando foi autorizada a Organização da primeira Companhia Telefônica do Brasil.

Telefone no Ceará

A linha telefônica nº 1 de Fortaleza – Ceará, foi instalada aos 11 de fevereiro de 1883 no estabelecimento comercial de Confúcio Pamplona, na Rua Major Facundo nº 59 e a nº 2 na casa do Sr. José Joaquim de Farias, no Largo da Alfândega. Os aparelhos eram a manivela.

Confucio Pamplona

A primeira “Empresa Telefônica do Ceará” foi concedida aos irmãos Arnulfo e Confúcio Pamplona, cuja razão social era “Pamplona, Irmão & Cia”.  Por conta do decreto nº 1.290, aos 10 de setembro de 1891, começaram as conversações à distancia em Fortaleza, quando a Capital cearense tinha apenas 195 aparelhos. Depois essa empresa se transformaria na Companhia Telefônica de Fortaleza.

Os telefones com discagem, os chamados “Aparelhos automáticos” tiveram sua central inaugurada pelo Governador Meneses Pimentel e pelo Prefeito Raimundo Araripe, na Praça dos Voluntários em 1 de janeiro de 1938.

Exemplar de Um dos Primeiros Telefones Públicos

 Tinha Cabine Aberta e Dupla

  O telefone público nº 1 só seria inaugurado aos 5 de março de 1948 no Bairro Alto da Balança, pelo Prefeito Acrísio Moreira da Rocha. O Público nº 2 chegou à Praça de Messejana em 24 de julho do mesmo 1948. Os telefones de Fortaleza que só tinham quatro algarismos a partir de 1955, passaram a ter mais um.

Aos 11 de agosto de 1970, a Embratel implantou o sistema: Discagem Direta a Distancia – DDD, porém, o DDI somente apareceria em 3 de maio de 1976.

A Companhia Telefônica do Ceará – Cotelce foi criada pelo Governador César Cals por conta do decreto nº 9.510 de 10 de setembro de 1971. Foi absorvida a antiga Companhia Telefônica de Fortaleza – CTF. Depois essa empresa se transformou em Tele – Ceará, quando finalmente em abril de 1999 foi privatizada e recebeu o nome de Telemar. Parece que a história sempre se repete, e que tudo termina como começa.

Na Estrada de Ferro de Baturité, depois Rede de Viação Cearense, RFFSA e hoje Transnordestina logística S/A,  o antigo telefone à magneto  que,  havia sido introduzido por Ernesto Lassanse  Cunha em 1890, também passou por transformações, afinal o Centro de Controle Operacional – CCO que monitora a segurança do tráfego ferroviário, ganhou o Seletivo que, se comunicava com todas as estações. Os maquinistas mantinham contato de seus trens no trecho com o Centro de Controle através dos fios que, eram os mesmos do telégrafo.

Com a modernização dos aparelhos e serviços, a ferrovia cearense ficou com centrais próprias para serviços internos, porém, para os externos ficou dependente das Concessionárias de telecomunicações, afinal, a telefonia veio para aproximar as distancias e facilitar a vida.

Com o moderno Celular e a diversificação das Operadoras, localizamos as pessoas no tempo, porém, ficam “Lost in Space” (Perdidos no Espaço).

Prédio da Primeira Companhia Telefônica de Fortaleza. 1937.

Esquina das Ruas Pedro Pereira com Sena Madureira.

 

                                                                   Telefone à Magneto

                               Telefone Ericsson Antigo Preto.

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