Vindas dos estados Unidos da América e, como produto de primeiro mundo para a época, essas locomotivas modernizaram o parque de tração de nossa Rede de Viação Cearense e, da Viação Férrea Leste Brasileira (Bahia). Em março de 1948 por concorrência pública o Ministério da Viação (Atual Ministério dos transportes) adquiriu inicialmente trinta unidades, quinze para cada ferrovia.
Fabricadas por “The Whitcomb Locomotive Company” de propriedade de George D. Whitcomb, essa companhia localizava-se na cidade de Rochelle, Illionis – USA.
Saindo da Montadora em Plataformas
Bem recebidas não foram pelos apaixonados por trens, pois, estas vieram para aposentarem as máquinas à vapor que tantas emoções trouxeram a nossa gente. A cantiga da Maria Fumaça executaria as últimas músicas arquivando em janeiro de 1963 seu cancioneiro, que os anos carregariam. Não sabemos o porquê da não preservação de tantas relíquias, tendo escapado apenas uma do tipo 0-4-0 de marca Baldwin com o nº. 30.
A locomotiva Whitcomb reconstituiu em pouco tempo a autoestima dos amantes da ferrovia, tendo como resultado a diminuição dos percursos e aumento na demanda dos transportes.
A solenidade de recebimento das primeiras unidades ocorreu aos 3 de outubro de 1949, que contou com as seguintes presenças: Presidente da República General Eurico Gaspar Dutra, Governador Faustino Albuquerque, do Diretor da RVC Dr. Hugo Rocha além de outras autoridades e a imprensa.
Desembarcaram quatro máquinas que receberam a seguinte numeração: 600, 601, 602, 603. Em seguida chegariam mais onze que de acordo com a ordem de colocação nos trilhos foram etiquetadas da 604 a 614. A partir de 1951 as outras quinze encomendadas foram chegando.
Desembarcando no porto do Mucuripe
3 de outubro de 1949
A locomotiva 600 funcionou pela primeira vez aos 27 de janeiro de 1950. A última da primeira remessa (614) veio a funcionar 67 dias após. Relatórios da RVC e jornais da época afirmaram que essa demora no funcionamento deveu-se a falta de combustível e ajuste no sistema de climatização.
A primeira viagem da Whitcomb para o interior do Ceará ocorreu no dia 1 de fevereiro de 1950. Um trem com 11 vagões, 260 toneladas fez uma viagem experimental chegando na Cidade de Senador Pompeu na hora prevista, e nem mesmo a temida ladeira do Itapaí fora obstáculo para o percurso.
Aos 19 de março do mesmo 1950, Sobral recebeu o primeiro trem de passageiro pelo ramal de Itapipoca. Referido trem foi tracionado pela unidade 602 com 11 carros, sendo 1 destinado as autoridades, dentre as quais o Dr. Hugo Rocha.
Essas lindas locomotivas passariam a ser concorridas pelas da marca ALCO-RSD-1957, 700 HP, GE-U-5B 1961 500 HP e as GE-U10B-1971 1000 HP. Serenamente foram as Whitcomb desaparecendo tornando-se obsoletas, sendo entregues às intempéries. A unidade 623 passou a puxar o trem dos operários desaparecendo em 1977. A 617 foi a última a ser destruída. Manobrou no pátio das oficinas do urubu até agosto de 1983. Até mesmo a 612 com a qual aconteceu o trágico acidente em Piquet Carneiro em dezembro de 1951, não é lembrada. Se for por causa do acidente é bom mesmo esquecer.
No matagal próximo a antiga fundição das Oficinas da hoje Transnordestina, existiu um cemitério de locomotivas onde repousou a 614, talvez reclamando à posteriori de sua importância em ter enfrentado com êxito às locomotivas à vapor. A reclamação foi aceita e apesar de já ter sido colocada na desativada Estação Professor João Felipe levaram-na de volta para as oficinas e entregue ao deus dará!!!!
Ficha Técnica da Locomotiva Whitcomb
Locomotivas Whitcomb saindo da fábrica para o Porto com destino ao Brasil
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Locomotiva nº. 3 defronte ao depósito diesel na Central em janeiro de 1950.
Whitcomb nº. 617 manobrando nas Oficinas Demósthenes Rockert (Urubu).
Apoteótica Exibição das Locomotivas Whitcomb.