A cidade de Fortaleza surge em meio a percalços, quando arruadores, agentes municipais eram incumbidos do cumprimento fazendo realidade o Plano Diretor deixado por Antônio José Silva Paulet, conforme registros da Administração do Senador Alencar (1834-1837).
O Presidente da Câmara na gestão Provincial de Alencar era o Boticário Antônio Rodrigues Ferreira, a quem a cidade deve imensamente. Com uma fiscalização ostensiva, o mesmo colocava a Filantropia em primeiro lugar e a política em segundo. Quando ele chegou em Fortaleza foi morar em um casarão de três portas, no logradouro ícone que leva seu nome.
A demanda de pessoas enfermas era tanta, que sua casa não dava para atender; com esse mérito foi que o mesmo conseguiu espontaneamente cair na graça do povo.
A Fortalezinha crescia e se urbanizava com hercúleo esforço. A Capital da Província praticamente ficou plana, apesar de ser erguida sobre morros. A Rua da Amélia (Senador Pompeu) das areias na Praia Formosa vai em tangente até as primeiras serras, como Pacatuba e Guaiuba na hoje Região Metropolitana.
Nós fortalezenses tivemos a felicidade de ter edificações, mesmo passada por modificações as mais diversas. Tomou a feição dos arquitetos e da edilidade logo em suas primeiras casas, quando foram feitas. No sentido de acomodação sempre obedeceu uma estética, devido a traçados dos arruadores primitivos. Chamada de coração da cidade (Praça do Ferreira), de lá observamos as quadras de Ruas que foram elaboradas por Francisco de Paula e Adolfo Herbster.
As pessoas nos dias de hoje passam despercebidas pelo Centro fazendo compras, com cuidado nas bolsas e objetos manuais e/ou então reclamando da notória promiscuidade. Muito se reclamou, principalmente da Praça José de Alencar, cujo patrono vive sentado por se tratar de um logradouro que por anos ficou sem sossego.
Já é tempo da Gestão Municipal de Fortaleza, juntamente com o Estado tomarem providências quanto ao rejuvenescimento destes locais, senão o Centro vai morrer.
Aí minha mente volta para minha VILA SÃO JOSÉ, em que alcancei muitas quadras ajardinadas que o Coronel Philomeno, talvez em suas andanças pelo Passeio Público, resolveu dá como lazer duas pracinhas dentro da própria Vila aos seus inquilinos. Nós a chamávamos de Avenidinhas, em número de duas. Havia duas castanholas.
O matagal ainda existia noutras quadras não divididas, e tinha o Campo de Baturité para partidas de futebol de subúrbios. (Ainda assisti partidas entre Usina São José x Usina Ceará, Messejana x José de Alencar dentre outros. Tivemos um lado de infância selvagem, pois, até nossa comida era feita no local, tendo como combustível cascas de castanhas que levávamos para os matos, oriundas da lixeira da Caju do Brasil – Cajubraz, que subtraiu nosso espaço em 1965.
Restaram as quadras do Bar do Seu Telles com vários pés de Jurubeba, cujas raízes fazíamos lambedor para não gripar. Olhando para o Oeste e na diagonal uma estrada para pedestre que nos conduzia, à Casa Machado e a mercearia do Seu Abelardo, point da bebida Blimp, Crusch e Grapette. Depois meu pai me dava umas porradas. Era fiado na conta dele.
Hoje, chego à Vila e a impressão é que estou noutro local nunca visto. Casas diferentes, as ruas estreitaram e as quadra todas ocupadas, sem nada para apreciar.
A infância passa rápido, a mocidade é transitória. Agora é se preparar para a velhice, afinal quando ela chega é permanente. Todos querem envelhecer, mas ninguém quer ficar velho.
Cada coisa pertence ao seu tempo, só restando evocar as últimas palavra de José de Alencar no romance Iracema:
“Tudo passa sobre a terra”.