Assis Lima
Assis Lima

JOSE DE ALENCAR UMA PRAÇA QUASE SEM SOSSEGO

                                JOSÉ DE ALENCAR UMA PRAÇA QUASE SEM SOSSEGO

 

Terminal dos ônibus oriundos da Praça do Ferreira

 

 

Antes de ser praça, no local que seria um dos logradouros mais movimentados da cidade era apenas um areal, e a urbanização teve sua gênese a partir do lançamento da pedra fundamental de uma igreja, que ocorrera aos 2 de fevereiro de 1850, cujo nome fora Nossa Senhora do Patrocínio graças a um voto devocional do alferes Luis de França Carvalho. A igreja começou as celebrações em 1855.

Aspecto primitivo da Praça olhando para a Igreja

Um ano após o funcionamento da igreja, surge em Fortaleza uma planta desenhada pelo padre Manoel Rego Medeiros já mostrando o campo com a igreja mas, sem nenhuma edificação de destaque. Com a movimentação, foi o espaço ganhando vida e consequentemente fora se urbanizando. Nessas condições é que, fora levada à Intendência uma proposta do vereador Coelho da Fonseca (hoje nome de Rua no Bairro Carlito Pamplona), e a Praça do Patrocínio como era chamada, em 1870, denominou-se “Praça Marquês do Herval”, como uma homenagem a Manuel Luís Osório, Patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro.

Batalhão da Policia Militar. 1906.

No local está o Theatro José de Alencar desde 1910.

 

Em 1903 era intendente de Fortaleza Guilherme Rocha que reformando a Praça, colocou um Coreto aformoseando-a com o Jardim Nogueira Acioly mas que, em 1912 foi mudado para Jardim Franco Rabelo. Depois, o coreto foi retirado e montado na Ponte metálica e lá se acabou. Começava assim as turbulências da Praça em epígrafe.

Existem vários documentários sobre praças de nossa cidade. Praça do Ferreira, Passeio Público. Imagens de época em filmes nos mostram as praças dos Leões, da Bandeira como, popularmente são conhecidas. A Praça José de Alencar, não.

Rádio Iracema de Fortaleza

A atual Praça que estamos descrevendo, é situada entre as ruas: Guilherme Rocha (antiga Rua da Municipalidade); Liberato Barroso (que já foi Rua das Trincheiras); General Sampaio (Da Cadeia) e a 24 de Maio (Rua da Lagoinha/ Do Patrocínio), tudo isso documentado pela planta do padre Medeiros.

Observemos: no canto Nordeste era a sede da Fênix Caixeiral (1905), que saiu para o canto Noroeste (1915), tomando o terreno onde estavam as ruínas da casa de Nogueira Acioly, incendiada em 1912. (Diz-se que entre os pertences do comendador estavam os projetos, plantas e as fotos da construção e inauguração do Theatro José de Alencar. Não sei se procede tal informação, mas em lugar nenhum encontramos tais registros). Quem disse que o segundo prédio da Fênix Caixeiral ainda está lá?

O quartel da Polícia fora demolido e vizinho, em 1910 fora inaugurado o supramencionado Theatro. A Escola Normal D. Pedro II, que após desativação acolhera as Faculdades de Ciências de Saúde, hoje é a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

Antiga Escola Normal que já foi Faculdade de Medicina e Odontologia

Hoje é a sede da Superintendência do IPHAN

Em 1954, numa apoteótica festa animada por César de Alencar, aos 9 de outubro era entregue ao público o novo prédio da Rádio Iracema de Fortaleza, batizado de Edifício Guarany, onde lá a emissora permaneceu até 1973. O belo edifício uma vez abandonado fora batizado por ignorantes cultural de “Mostrengo” desaparecendo anos seguidos. No mesmo quarteirão, na gestão Cesar Cals Neto fora montado o Shopping do Camelô que, por ocupar os camuflados cabarés do Centro, herdou a nomenclatura de uma ruela cheia de lâmpadas vermelhas, chamado de Beco da Poeira.

A Biblioteca Pública foi derrubada no canto Sudoeste e o industrial Pedro Philomeno construiu um residencial e o Lord Hotel, que mesmo se deteriorando, parece que vai sobreviver. No canto Sudeste tinha um Posto de Saúde e hoje é um jardim. Quanta tribulação!

Postos de gasolina em número de dois, sumiram. As lojas e os cafés estão desaparecendo. E os armazéns de tecidos? O terminal de ônibus que funcionou recebendo os coletivos da Praça do Ferreira, lá ficou até abril de 1988. Até o Instituto – IAPB, fora entregue ao Município, e tinha afluência de pacientes, com as redundantes reclamações. O mesmo está interditado.

Reformas e reformas, mas vai ficando a igreja, e a estátua do patrono da Praça. O monumento fora idealizado pelo jornalista Gilberto Câmara, esculpido pelo paulista Humberto Cozzo, e financiado pelo cônsul Francesco da Itália. Pelo menos esta equipe foi feliz, colocando a estátua do grande escritor José de Alencar sentado, pois, a memória do homenageado ainda teve de ficar de 1 de maio de 1929 até 1938, para a praça tomar seu nome.

Direto da Ponte Metálica para exposição em Fortaleza.

Veículos Primalt – USA 1941. 

 

Um logradouro sem rosto e de tanto futricarem tem-se mesmo que assistir sentado, para não desmaiar! E agora veio o Metrô que tirou o Beco da Poeira. Na gestão de Roberto Cláudio (2013-21) parece que houve um conclusivo, mas com uma roupagem sem graça com bancos desconfortáveis. Não existe alma nesse logradouro.

Jornalista Gilberto Câmara e o Escultor Cozzi em 1929.

Será que nossa geração não vai alcançar uma praça, bonita e dela se usufruir?

Fortaleza beleza, revitalização do Centro, na minha despretensiosa análise são retóricas, afinal, está aí a história para nos dizer…

 

 

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