PEDRO PHILOMENO FERREIRA GOMES UM VISIONÁRIO

Pedro Philomeno Ferreira Gomes natural de Sobral, nascido aos 7 de junho de 1888, filho de Francisco Philomeno Ferreira Gomes e Maria Isabel Carneiro F. Gomes. Chegou em Fortaleza com seis anos de idade e após viagem ao Sul do País, tornou-se sócio com seu pai de uma fábrica de cigarros, e com seu espírito empreendedor, ampliou suas atividades para os ramos de usinas têxtil, imobiliário e da industrialização do caju.

 

 Industrial Pedro Philomeno

Na indústria de beneficiamento de algodão, foi um dos sócios fundadores da Siqueira Gurgel, Gomes & Cia Ltda. No setor têxtil, implantou em Fortaleza, a Fábrica de Tecidos São José em 1926, tendo como sócios Antônio Diogo de Siqueira e Raimundo Frota. O objetivo da sociedade é a indústria de fiação e fabricação de tecidos através da instalação da Fábrica de Tecidos São José, localizada no bairro de Jacarecanga em Fortaleza.

Logo em 1927, os sócios A.D. Siqueira & Filho retiram-se da sociedade que passa a se chamar Frota & Gomes Ltda. Em 1928, com a morte de Raymundo Silva Frota, recebe a denominação de Gomes & Cia Ltda. No que diz respeito à sua natureza jurídica somente em 1961 transforma-se em Sociedade Anônima com o nome de S/A Philomeno Ind. E Comércio. (Foi meu primeiro emprego formal em 1973, e a lei permitia menor trabalhar em serviços não qualificados).

A imobiliária Pedro Philomeno Ltda, foi a pioneira na implantação de hotéis turísticos no Ceará. Foram de sua responsabilidade a construção do “Iracema Plaza Hotel”, o primeiro a ser construído na orla marítima, e o “Lord Hotel”, tradicional hotel do Centro da cidade. Foi igualmente inovador, quando montou a ‘Fazenda Guarany”, em cujas terras plantou inicialmente duzentos mil pés de caju, fruto que se transformaria numa das maiores fontes de riqueza do Estado.

Pedro, no entanto, destacou-se como pioneiro em diversos ramos de atividade. Antes da criação da fábrica de tecidos, produzia o antisséptico cognominado ASSEPTOL. Homem de muita visão.

Faleceu em 1983.

BARÃO DE MAUÁ UM EMPREENDEDOR MODELO

                                     Irineu Evangelista de Sousa “Barão de Mauá”

                                                                              (1813-1889)

O Barão de Mauá, patrono do Ministério dos Transportes, nasceu de família humilde, em Arroio Grande, Rio Grande do Sul.
Em 1845, à frente de ousado empreendimento construiu os estaleiros da Companhia Ponta de Areia, em Niterói, iniciando a indústria naval brasileira. Em 11 anos, o estabelecimento fabricou 72 navios à vapor e à vela. Entusiasta dos meios de transporte, especialmente das ferrovias, a ele se devem os primeiros trilhos lançados em terra brasileira. A estação de onde partiu a composição inaugural receberia mais tarde o nome de Barão de Mauá. A Estrada de Ferro Mauá, permitiu a integração das modalidades de transporte aquaviário e ferroviário, introduzindo a primeira operação intermodal do Brasil. Nesta condição, as embarcações faziam o trajeto inicial da Praça XV indo até ao fundo da Baía de Guanabara, no Porto de Estrela, e daí, o trem se encarregava do transporte terrestre até a Raiz da Serra, próximo a Petrópolis. A empresa de Mauá, que operava este serviço, denominava-se “Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis”.

Irineu foi um exemplo na família, nos negócios e no Brasil.  Morreu sem fortuna, mas honrou todos os seus compromissos.  

“Foi no ato de inauguração da primeira ferrovia brasileira que o imperador Pedro II a batizou de Baronesa, em homenagem à esposa do Barão de Mauá, Dona Maria Joaquina, e foi nesta oportunidade também, que o imperador conferiu a Irineu Evangelista de Sousa o título de Barão de Mauá.” Wikipédia

CHICO DA SILVA PINTOR PRIMITIVISTA

Francisco Domingos da Silva (1910 – 1985)

Descendente de uma cearense e um índio da Amazônia peruana. Viveu até os dez anos de idade na antiga comunidade de Alto Tejo. Em 1934, a família de Chico da Silva embarcou para o Ceará, indo morar em Fortaleza. Semi-analfabeto, teve diversas profissões não relacionadas à arte (consertava sapatos e guarda-chuvas, fazia fogareiros de lata para vender, entre outras), mas sempre desenhava pelos muros da cidade com carvão e giz. Era autodidata.

Chico da Silva foi descoberto pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz, que notou um destes graffitis, em meados da década de 1950 na praia do Pirambu, em Fortaleza, onde costumava desenhar em paredes e muros do bairro. Antes de ser conhecido, era chamado pelos moradores de “indiozinho débil mental“.

Chabloz, que o tomou como discípulo, ensinou-lhe as técnicas do guache e do óleo. Logo passou a expor seus trabalhos na cidade, no Rio de Janeiro e na Suíça. Em 1966 recebeu menção honrosa na XXXIII Bienal de Veneza. Três anos depois, Chabloz cortou relação com Chico, afirmando mais tarde em uma entrevista que estava insatisfeito com a qualidade do artista.

Pintura do Chico da Silva

Seu estilo é incomparável. Seus desenhos surgiam de forma espontânea, como involuntários impulsos de sua imaginação. Chico não teve nenhuma influência de outros estilos nem muito menos de escolas de pintura. Seus traços, inicialmente feitos a carvão, impressionavam pela riqueza de detalhes e abstração. Eram dragões, peixes voadores, sereias, figuras ameaçadoras e de grande densidade e formas.

Pintor de lendas, folclore nacional, cotidiano e seres fantásticos.

Na Europa ele é conhecido como o índio de técnica apuradíssima e traços autodidatas de origem inerente à visão tropical da vida na floresta.

Para alguns especialistas seus trabalhos são individuais, mas comunitários, pois, muitos dos seus quadros foram apenas assinados por ele, o que na verdade estes teriam sido pintados por seus filhos e parentes para aumentar a produção (já que a procura era cada vez maior). Uma pesquisa estimou que 90%, dos quadros posteriores a 1972, eram falsos. Tal acontecimento cercou o artista de aproveitadores que vendiam essas falsificações em qualquer lugar por pequenos preços.

Chico da Silva participou de várias exposições em países como França, Suíça, Itália e Rússia. Algumas de suas pinturas foram expostas em Manaus, a cidade mais próxima de sua terra natal aonde os seus trabalhos chegaram.

Aos 27 de dezembro de 1974, a Prefeitura de Fortaleza em reconhecimento ao trabalho do artista inaugura a CASA DE CHICO DA SILVA, no Bairro Pirambú defronte ao local em que funcionou o Kartódromo na Avenida Presidente Castelo Branco, onde se fez presente o Governador Cesar Cal’s e o Prefeito Vicente Fialho.

Faleceu em Fortaleza aos 6 de dezembro de 1985 com 75 anos de idade.

COMPILAÇÃO COM WIKIPÉDIA

ÁLVARO WEYNE PREFEITO URBANIZADOR

                                                                                  ÁLVARO WEYNE

 

Álvaro Nunes Weyne, nasceu em Fortaleza aos 11 de Novembro de 1881. Filho do Tenente-Coronel Alfredo da Costa Weyne e Antonia Nunes de Melo Weyne. Estudou no Ginásio Cearense e no Instituto de Humanidades.

Prefeito de Fortaleza por dois períodos: (1928-1930 e 1935-1936). A ele Fortaleza deve a urbanização de nossas Praças.

Weyne foi Secretário da Fazenda no Estado do Ceará no Biênio 1944-45.

O comerciante faleceu aos 4 de julho de 1963.

 

Nota: Saiu no Diário Oficial do Município nº. 3.277, o texto da lei nº. 3.013 de 17 de setembro de 1965, de autoria do Vereador René de Paiva Dreyfus, onde a partir de 23 de setembro de 1965, o Bairro da Floresta passou a denominar-se Álvaro Weyne.

A Rede Ferroviária Federal S/A após este decreto, homenageou este ilustre atendendo o pedido do Governador Virgílio Távora. A Estação Mestre Rocha passou para o nome do Bairro.

 

Estação de Álvaro Weyne demolida em 1985.

CARLITO BENEVIDES POLÍTICA E FILANTROPIA

CARLOS EDUARDO BENEVIDES

Filho de Artur Feijó Benevides e Maria do Carmo Eduardo Benevides. Nasceu a 13.12.1904, no distrito de Água Verde, município de Pacatuba/CE (hoje Guaiúba). Casado com Antonia Cabral Benevides (Nenzinha) e pai de Carlos Mauro Cabral Benevides, Myrtes Benevides Amaro e Mauricio Cabral Benevides. Faleceu a 20.03.1997, em Fortaleza. Era Farmacêutico.

Em 1920 transferiu residência para a cidade de Pacatuba, onde foi gerente e depois proprietário da Farmácia Silva.

Em 1926, veio residir em Fortaleza, e comprou de Artur Memória, com o apoio e aval de seu tio e grande amigo, Dr. José Eduardo Espíndola, a Farmácia Popular, na Rua 24 de Maio.

Em 1927, deslocou-se à cidade de Salvador, na Bahia, para realizar o indispensável curso, exigido pela legislação de então, denominado de Oficial de Farmácia, titulação que lhe permitiu aviar as prescrições dos médicos em exercício na nossa cidade, naquela época.

Em 1929, com o bom êxito da farmácia, ele a transferiu para um prédio maior, de dois andares, na Rua General Sampaio, esquina com General Clarindo de Queiroz, denominando-a, a partir de então, de Farmácia Belém, que posteriormente foi transferida para a Rua Pedro Borges, na Praça do Ferreira.

Em 1934, ao candidatar-se a Deputado Estadual, entregou a direção da farmácia ao seu irmão Fernando que se interessou pelo ramo, chegando a formar-se em Farmácia. Carlito, como era conhecido, elegeu- se pela Liga Eleitoral Católica e, em 1936, foi um dos votos decisivo na eleição de Francisco de Menezes Pimentel (amigo particular de seu tio Dr. José Augusto Espíndola que o apresentou), ao disputar com José Acioly, a Presidência do Estado. Isto he custou várias tentativas de assassinato, por envenenamento e, à bala, inclusive. Esteve na iminência de ser morto, sutilmente, quando seus adversários políticos tentaram envenená-lo durante um almoço oferecido por seus amigos e correligionários. Ele, porém, escapou sempre, e tudo enfrentou com altivez e dignidade, sem represálias.

Obteve expressiva votação nos municípios de Pacatuba, Cascavel e Pacajus (esta, antes denominada de Guarani). Juntamente com o seu colega Ubirajara Índio do Ceará, identificou-se com os postulados da Ação Integralista Brasileira, fundando núcleos de representação em seus municípios, assumindo posição de relevo na estrutura estadual do movimento.
Com o fechamento da Assembléia Legislativa, por força da implantação do Estado Novo, Carlito Benevides voltou às suas atividades empresariais, nas Farmácias Belém e Teodorico (esta, adquirida de Alberto Eloy, em 1950).  Foi, portanto, um dos pioneiros das atuais redes de estabelecimentos farmacêuticos.
A partir de 1946, filiou-se ao PSD (Partido Social Democrático), juntamente com o seu irmão Eduardo Benevides, eleito três vezes Prefeito de Pacatuba.
Em 1949, fundou a Cooperativa de Crédito do Comércio Popular Ltda., na Rua Major Facundo, 780, no centro da cidade, contando com as parcerias empresariais de seus grandes amigos Clóvis Arrais Maia e José Ibiapina de Siqueira, a qual gerenciou até 1969.
O seu retorno à vida legislativa somente ocorrera nas eleições de 15 de novembro de 1974, quando se elegeu deputado Estadual pela legenda do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), em substituição a seu filho Carlos Mauro Cabral Benevides, (político consagrado em todo o Estado, e que havia sido Presidente da Assembléia Legislativa do Ceará 1963 -1965) ajudando a eleger o mesmo, a Senador da República.
A continuidade política do nome de Carlito Benevides prossegue até os dias atuais, através das brilhantes atuações dos seus netos, Deputado Mauro Filho, um dos mais destacados parlamentares do Poder Legislativo da atual geração, e Régis Benevides, Vereador da Câmara Municipal de Fortaleza, além do ex-Senador e Deputado Federal pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Mauro Benevides, seu ilustre filho. Ao Mauro Benevides, dispensa-se comentários.

A fé em Deus resume todo o sentido da Vida”. Carlito Benevides, patriarca.

 

 

 

 

 

 

VIRGÍLIO TÁVORA POLÍTICA E PAIXÃO

Virgílio de Morais Fernandes Távora nasceu em Jaguaribe-Mirim, hoje conhecido por Jaguaribe. Filho de Manuel do |Nascimento Fernandes Távora e e Carlota Augusta de Morais Távora. Ingressou na Escola Militar de Realengo no Rio de Janeiro em 1938 influenciado pela carreira militar de Juazrez Távora , seu tio. Passou pela Escola de Estado Maior do Exército  pela Escola Superior de Guerra chegando a Coronel em 1960.

Eleito deputado federal pela UDN em 1950 e 1954 . Foi o representante da oposição ao governo Juscelino Kubitschek na diretoria da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (1959-1961) e membro do Conselho Nacional do Serviço Social Rural (19601961). Ministro da Viação e Obras Públicas no gabinete parlamentarista de Tancredo Neves e deixou o cargo para disputar o governo do Ceará em 1962..

À frente de uma coligação chamada “União pelo Ceará” reuniu em torno de si a UDN e o PSD pacificando a cena política local lançando as bases do que seria a ARENA após a decretação do bipartidarismo via Ato Institucional Número Dois em 1965.

Em seu governo a energia da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso chegou progressivamente a todo o Estado e assim foi incrementada a infraestrutura local e implantado o Distrito Industrial. Em sua gestão aplicou o chamado “Plano de Metas do Governo” (PLAMEG). Em 1966 foi eleito para o seu terceiro mandato de deputado federal.

Ao lado de César Cals e Adauto Bezerra formou o triunvirato de coronéis que dominou a política cearense durante todo o Regime Militar de 1964 sendo que Virgílio Távora foi eleito senador em 1970 e indicado governador do Ceará pelo presidente Ernesto Geisel em 1978.

Filiado ao PDS ex –Arena foi eleito para o seu segundo mandato de senador em 1982 com uma votação recorde até então. Permaneceu no partido mesmo com o surgimento do PFL em 1985.

Virgilio Távora, no Senado Federal foi o responsável pela aprovação do particular uso de computadores no Brasil, coisa que era restrita às Forças Armadas.

Foi vitimado pelo câncer na próstata quando de sua internação no Hospital Albert Einstein na capital paulista, vindo a falecer em 3 junho de 1988. Era constituinte, mas não chegou a assinar a promulgação da Nova Carta Magna da Nação acontecida em outubro do mesmo 1988.

 

“São as paixões e não os interesses, que constroem”. Virgilio Távora.

 

 

MANUEL SÁTIRO ADVOGADO E JORNALISTA

Manuel Sátiro era Bacharel em Direito. Natural de Jaguaruana, antiga União, nasceu aos 3 de maio de 1880.vindo para Fortaleza, iniciando sua vida como Guarda –livros da firma Dias & Porto.

Depois de ter cursado o Seminário até o último ano, o que lhe proporcionou sólida cultura humanística, ingressou no Jornalismo ao lado de João Brígido e de Agapito dos Santos, seus mestres mas pugnas da imprensa.

Seguindo para Recife como funcionário dos Correios, cursou a faculdade de Direito pela qual saiu Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1912.

De regresso ao Ceará continuou a exercer funções na antiga administração dos Correios como Contador e, com a fusão dos serviços postais – Telegráficos, as de Chefe de Seção econômica, tendo assumido por mais de uma vez, interinamente o cargo de Diretor Geral dos Correios e Telégrafos .

Após ter assento na Assembléia Legislativa, foi eleito Deputado Federal em duas legislatura pelo Partido Republicano Conservador, do qual era um dos mais acatados e prestigiosos próceres.

Já agropecuarista foi proprietário de muitas terras em Fortaleza no antigo Parreão (hoje local que se acha erguido a estação Rodoviária João Thomé.), e na lagoa da Palha (Opaia), hoje Vila União.

Casou em janeiro de 1909 com a Sra. Angelzinda dos santos e já estava aposentado, quando organizou com seus filhos uma empresa Imobiliária.

A Rede de Viação Cearense, hoje Metrô de Fortaleza havia inaugurado uma para de trem suburbano em 1945 por força do nome do bairro.

Faleceu em Damas, às 23.45 h do dia 20 de fevereiro de 1945 vitima de um segundo Acidente Vascular cerebral.

Devido aos relevantes serviços prestados e seu espírito Público, o Bairro Santa Rita (no quadrilátero Maraponga/Parque são José/Bom Sucesso/Parangaba), recebeu seu nome.

 

JOÃO FELIPE ENGENHEIRO MODELO

A Transnordestina Logística S/A (Ex – CFN) e a Companhia Cearense de Trens Metropolitano – Metrô são empresas oriundas de uma só organização: Rede Ferroviária Federal S/A  – RFFSA, que já se denominou Rede de Viação Cearense – RVC.

Quando surgiu originalmente em 1870,  tinha a nomenclatura: Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité S/A (Estrada de Ferro de Baturité).

Quando o Brasil se tornou República (1889), o Governo da União fez a necessária reforma na máquina pública para que, as Províncias passassem a funcionar como Estado. Assim o Governo cortou muitos recursos no orçamento das pastas ministeriais e o Ministério que ainda não era da Viação e sim Agricultura, Comércio e Obras públicas, sofreu esse efeito. As ferrovias começaram a mergulhar em déficits.

No Ceará com a queda do Império, os que iam chegando ao poder encontraram dificuldades na missão de reorganizar a Terra da Luz, nos postulados da República.

Havia uma divisão de grupos com correntes opostas. Os civis exigiam de imediato uma assembléia constituinte optando pela figura do primeiro ministro, como contida no sistema parlamentarista; por outro lado os militares reivindicavam uma ditadura e a substituição das Juntas Governativas Estaduais, por governadores.

O beato Antonio Conselheiro, protagonista de Canudos, estava em choque com setores conservadores da igreja, e isso tornava repugnante a separação entre a Igreja e o Estado, o Casamento Civil, a Liberdade de Culto e outras medidas do novo governo que, apareciam como sacrilégio a ser combatido, o que gerou conflito direto com a nova ordem do País.

Fortaleza apresentava uma população de 50 mil habitantes e já contava com equipamentos e serviços que já condizia com o urbanismo de uma cidade qualificada à médio porte, a exemplo do bonde de tração animal, iluminação à gás carbônico, fábricas têxteis, ruas do centro com calçamento e as redes telegráfica e telefônica, sendo gestor municipal o Capitão Teófilo Gaspar de Oliveira.

Foi neste contexto que ingressou no quadro de funcionários da Via Férrea Cearense, João Felipe Pereira, engenheiro civil formado na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, porém, cearense de Tauá, nascido aos 23 de março de 1861. Como encarregado do setor de obras da EFB, em 1890 juntamente com os também engenheiros Julius Pinkas e Carlos Morsing teve participação significativa na construção e prolongamento da Estrada de Ferro de Baturité, no trecho Baturité – Quixadá.

Não era fácil fazer traçado naquela época, afinal a engenharia ainda não tinha ao dispor, silhuetas por foto aérea. Era coisa complexa fazer desapropriações em terrenos que, tiveram de ser ocupados pelo leito de prolongamento de trilhos e suas dependências, bem como indenizar proprietários das benfeitorias existentes.

Todo cearense de pé na estrada conhece a bonita ponte metálica na cidade de Quixeramobim, porém, muitos desconhecem o trabalho que houve do recebimento das estruturas no trapiche do Poço das Dragas (primitivo Porto de Fortaleza), limite das Praias Formosa e a do Peixe (Iracema).

Foi o professor João Felipe quem esteve no porto e acompanhou desde o descarregamento do vapor, da partida do trem sob à tração da Locomotiva Amarílio, da circulação das gôndolas de sertão adentro, até que os duzentos metros de estrutura metálica para serem divididas em quatro vãos, chegassem às margens do rio Quixeramobim, no município de mesmo nome.

Ponte de Quixeramobim

Em fevereiro de 1893, João Felipe se desligou da EFB e foi assumir à convite, o Ministério das Relações Exteriores no governo Floriano Peixoto. O País estava em crise, pois, havia estourada a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, quase ao mesmo tempo com a revolta Armada (Marinha) que, era controlada por partidários da extinta monarquia. A dupla rebelião foi esmagada pelo presidente da República (Marechal de ferro) que contou com a confiança do seu recém-nomeado Ministro João Felipe Pereira, no caso de crises diplomáticas.  Depois João Felipe assumiria a pasta da Indústria Viação e Obras públicas.

Em 1897 devido a sua significativa intervenção junto ao Ministério da Indústria Viação e Obras Publicas já na pessoa de Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda (Sebastião Lacerda), o nobre cearense conseguiu recursos o que permitiu livrar a Via Férrea do Ceará de um iminente colapso, viabilizando assim transferir em 1898, a abalada Estrada de Ferro de Baturité para a iniciativa privada, em regime de arrendamento.

Sobre a Estação do Centro, convém salientar que, o terminal ferroviário de Fortaleza desde sua inauguração aos 30 de novembro de 1873, sempre fora chamada de Estação central até que, o Decreto Lei n° 3.599 de 6 de setembro de 1941 assinado pelo Presidente Getúlio Vargas, mandou que a mesma se denominasse “Estação Fortaleza”. Com a saída de Vargas em 1945, e como o Brasil estava sob a ditadura do “Estado Novo”, assumiu a presidência da República, o presidente do Supremo Tribunal Federal, o cearense de Baturité, Dr. José Linhares. Aí com um novo DL sob o nº. 8.836 de 26 de janeiro de 1946, o Chefe da Nação atendeu a uma reivindicação do Dr. Hugo Rocha (Grande diretor da RVC) e a Estação Fortaleza, passou ao nome de Estação Professor João Felipe.

Essa foi uma das mais belas homenagens, afinal, o Dr. João Felipe em Fortaleza foi o autor do projeto de abastecimento de água em Fortaleza, depois de Ministro de Estado, presidiu no Rio de Janeiro o Clube de Engenharia; dirigiu a Repartição dos Telégrafos, além de assumir a prefeitura.

Faleceu em 15 de maio de 1950.

Esse é um dia não lembrado, assim como os comandantes da Ferrovia Cearense nunca lembraram o nome de Hugo Rocha a quem a Via Férrea deve tanto, pois, para quem conhece a história da ferrovia cearense, deve deixar consignado como imperativo de justiça a gratidão de ter Hugo Rocha como patrono de uma estação. Se o leitor amigo não soube quem foi esse grande homem, porque não perguntaram ao Valdemar Cabral Caracas? Agora já é tarde, afinal, Caracas nos deixou em 2012.

 

LIBERATO DE CASTRO CARREIRA MÉDICO DOS POBRES

Era filho do cirugião Luis da Silva Carreira, natural de LeiriaPortugal, e de Rita Apolinária de Castro Carreira, filha de José de Castro e Silva II, capitão-mor de Aracati, e de Joana Maria Bezerra de Meneses, logo, irmã de João Facundo de Castro MenesesJosé de Castro e Silva III, Manuel do Nascimento Castro e Silva e Vicente Ferreira de Castro e Silva.

Após concluir os estudos preparatórios em sua cidade natal, embarcou no paquete Brasília para o Rio de Janeiro, onde chegou em 18 de agosto de 1838, para estudar na Escola de Medicina, na qual se matriculou em março do ano seguinte, pela qual se graduou em 20 de dezembro de 1844. Retornou ao Ceará no ano seguinte, estabelecendo residência em Fortaleza.

Em 11 de setembro de 1844, casou-se com sua prima-germana Brasília Angélica de Castro e Silva, filha de seu tio Vicente Ferreira de Castro e Silva e de Firmina Angélica de Castro e Silva. O casal teve seis filhos.

Por portaria de 3 de abril de 1845, foi nomeado médico da pobreza pelo então presidente da província, Coronel Inácio Correia de Vasconcelos. No ano seguinte, foi nomeado substituto do juiz de direito, municipal e de órfãos dos termos reunidos da capital, de Aquiraz, de Cascavel e de Imperatriz, nomeação esta que foi renovada para os biênios de 1848 a 1850 e de 1850 a 1854. Por portaria de 2 de abril de 1847, foi nomeado médico-consultante do Hospital Militar; por decreto de 29 de julho de 1848, provedor da saúde do porto do Ceará, e membro da junta de higiene pública por portaria de 26 de julho de 1852.

Foi por duas vezes a Aracati comissionado pelo governo para tratar os mais carentes, uma por ocasião da epidemia de varíola, em 1849, e outra em 1851, por causa do aparecimento ali da febre amarela, e bem assim às cidades de Russas e Sobral por ordens de 4 de outubro e 10 de novembro do mesmo ano. Seus serviços valeram-lhe ser condecorado com a comenda da Imperial Ordem de Cristo.

Em 10 de dezembro de 1852, embarcou no vapor Imperatriz para o Rio de Janeiro, fixando residência em Niterói, onde foi nomeado, por portarias de 6 de setembro de 1854 e 23 de dezembro de 1858, primeiro suplente do delegado de polícia, e estando em exercício desse cargo, deu-se o fato notável de em tão longo período apenas um processo seguir os termos da lei, pelo motivo muito justificado de que todas as questões ele procurava sempre resolver amigavelmente, fazendo sentir às partes que o melhor da justiça é não ter ocasião de a experimentar, tomando como lição dos antigos o rifão que antes uma má composição do que uma bôa demanda, nas palavras do Barão de Studart.

Ofício de 30 de julho de 1855 nomeou-o para dirigir a enfermaria criada para o tratamento dos indigentes affetados de cólera em Niterói, e nessa comissão prestou serviços tão meritórios, que ao terminar os seus trabalhos foi condecorado com o hábito da Rosa.

Como acionista da estrada de ferro D. Pedro II, foi o autor da proposta para a nomeação da comissão que resolveu a questão do traçado da segunda secção, que levou a ferrovia até os estados de São Paulo e de Minas Gerais. Dessa comissão ocupou o lugar de secretário e apresentou um importante e minucioso relatório que foi impresso e distribuído aos acionistas. Da discussão desse relatório resultou a retirada da maior parte da diretoria, que não estava de acordo com as suas conclusões.

Procedendo-se no Ceará, em 19 de março de 1867, a eleição para o preenchimento de duas vagas no Senado, foi o seu nome contemplado com 752 votos fazendo parte da lista sêxtupla apresentada à escolha imperial. Todavia, subindo ao poder o Partido Conservador, em 16 de julho e fazendo parte do ministério José Martiniano de Alencar, esta eleição foi anulada pelo Senado, e quando se mandou proceder a uma nova eleição, o Partido Liberal se manteve em completa abstenção, em virtude da reação exercida na província.

Conseguiu, por dec. de 1 de março de 1877, a aprovação dos estatutos do Banco Comercial e Hipotecário do Ceará, instituição de crédito que pretendia montar na capital da província, e que deixou de se realizar, tanto pelo aparecimento da seca, que assolou a província por três anos, como pelas mortes do senador Pompeu e do Visconde de Cauípe, seus principais auxiliares nessa empresa. Durante esse período, prestou importantes serviços à sua província natal. Através de uma série de artigos publicados no Jornal do Comércio, em que fez um histórico dos fatos ocorridos na província, conseguiu chamar a atenção da sociedade para a situação do Ceará e, aproveitando essa disposição, abriu-se uma subscrição em favor das vítimas da seca. Sendo aberta na capital, foi favoravelmente acolhida em todo o estado do Rio de Janeiro e em outros, e até receberam-se donativos da França e Inglaterra. Todo serviço foi feito na província por uma comissão de notáveis cearenses, tendo como seu presidente o bispo D. Luis.

Grassando, em 1873, a epidemia de febre amarela com intensidade no Rio de Janeiro, e tendo a Santa Casa de Misericórdia resolvido montar uma enfermaria homeopática para o tratamento dos doentes, foi ele o encarregado pelo provedor de sua direção.

Tendo a província de proceder, em 1878, a eleição para o preenchimento de duas vagas no Senado, seu nome não podia deixar de figurar na lista sêxtupla, e assim aconteceu ocupando ele o segundo lugar; a eleição, porém, foi anulada pelo Senado pela preliminar de haver sido feita na ocasião em que a província lutava com a calamidade da seca, e, por isso, só em 1880 foi ela realizada, em lista nônupla, pelo falecimento do senador Francisco de Paula Pessoa. Nessa eleição o seu nome foi adotado por todos os partidos, o que significa a maior prova de consideração e estima. Reconhecido por todos como merecedor do sufrágio dos seus concidadãos, e por isso teve quase a unanimidade de votos e ocupou o primeiro lugar. Escolhido, por carta imperial de 2 de maio de 1881, senador do Império, e sendo aprovado o parecer da Comissão de Constituição e Poderes no dia 23 de janeiro de 1882, tomou assento no Senado no dia 24. Durante seu mandato, empenhou-se sempre na consecução de verbas para o Ceará.

Discutiu também algumas questões, entre elas, as reformas da Caixa Econômica e organização das Tesourarias e apresentou um importantíssimo projeto sobre o serviço da higiene pública, no qual se reformava e dava completa organização a este ramo do serviço público. Este projeto logo foi aprovado, mas sendo dissolvido o Senado pelo golpe de 15 de novembro, ficou arquivado. Ocupava o lugar de terceiro secretário da mesa do Senado quando se deu o acontecimento.

Faleceu aos 82 anos na capital federal. Seu nome foi dado pelo prefeito Raimundo Girão à praça onde está localizada a estação da Estrada de Ferro de Baturité, em Fortaleza.

FONTE: WIKIPÉDIA

Liberato de Castro Carreira. Aracati, 24 de agosto de 1820 — Rio de Janeiro, 12 de julho de 1903. Foi um médico e político brasileiro. Teve participação ativa na administração da Estrada de Ferro de Baturité. Foi senador do Império do Brasil de 1882 a 1889″. Assis Lima

COUTO FERNANDES MARANHENSE QUE FEZ PELO CEARÁ

 

Engº Couto Fernandes Saindo para uma viagem de inspeção na linha de Baturité, ocasião em que inauguraria a Estação de Lavras da mangabeira. 01-12-1917. No trem um não identificado; ao lado de Couto Fernandes o Eng.  Theógenes Rocha recebendo instruções do Secretário adjunto Eng° Piquet Carneiro (de Barba) e do Agente da Central, Sr Manuel Barboza Maciel.

 

Foi a terrível seca de 1915 que fez com que o Governo Federal, como medida de socorro público, rescindisse os ciclos de arredamentos porque passava a nossa ferrovia cearense.

Atendendo aos reclamos dos cearenses agonizados com o flagelo, a União reassumiu todo o Parque Ferroviário do Ceará aos 25 de agosto de 1915, por força da lei nº 11.692 assinada pelo Presidente Wenceslau Braz.

A Rede de Viação Cearense – RVC ficou sendo comandada pelo maranhense, Engº Henrique Eduardo Couto Fernandes que desde abril já estava no Ceará, à serviço do Ministério da Viação e Obras Públicas, como Inspetor Federal de Estradas de Ferro.

Couto Fernandes fora designado para fazer a transição da Ferrovia cearense que estava nas mãos da arrendatária South American Railway Construction Limited que administrava as Estradas de Ferro de Sobral e Baturité.

A Companhia arrendatária não tinha o direito de transferir o presente contrato no todo ou em parte, sem o consentimento do Governo, porém, por conta de cláusulas contratuais havia sido criada em Londres a “Brazil North Eastern Railway Limited” (Estrada de Ferro Nordeste do Brasil – EFNB), para fins de exploração da Rede e que com a revisão contratual, serviria de representação perante o Governo brasileiro em tudo o que estivesse relacionado aos transportes. Essa Empresa foi subsidiária da “SARCCOL”, ou seja, enquanto a South American Railway executava as construções, a Brazil North explorava os serviços de transportes.

. As mesmas foram reestatizadas em agosto de 1915, passando em definitivo a se chamar Rede de Viação Cearense – RVC.

Couto Fernandes foi diretor da RVC de 1915 a 1922 sendo estes os destaques em sua profícua gestão:

► Inaugurou as seguintes estações na Linha Norte

ANTONIO BEZERRA, Barro Vermelho 7,506 12-10-1917 17,900
CAUCAIA, Soure 19,600 12-10-1917 21,940
BOQUEIRÃO 32,440 15-11-1920 53,600
GUARARÚ, Arara 35,620 15-11-1920 35,200

► Inaugurou as seguintes estações na linha Sul:

JOSÉ DE ALENCAR (Saída ramal de Orós) 436,984 30-03-1916 230,000
VÁRZEA DA CONCEIÇÃO 448,754 15-08-1916 224,000
MALHADA GRANDE 454,095 15-08-1916 242,000
CEDRO 467,819 15-11-1916 246,000
LAVRAS DA MANGABEIRA 491,036 01-12-1917 240,963
IBOREPI, Riacho Fundo 503,178 07-09-1920 250,580
AURORA 516,450 07-09-1920 264,820
PAJUÇARA, Acaracuzinho. 19,041 24-05-1918 28,064
ALFREDO DUTRA, Açudinho 112,446 23-12-1921 162,000
SALVA VIDAS 251,091 09-01-1921 213,210

Por último e não menos importante na gestão Couto Fernandes, foi a retirada dos trilhos do Centro da Cidade em 1920. Surgiu a chamada “Linha Nova”, saindo o trem da Central e indo para o Matadouro que a partir de 1926 denominou-se Octávio Bonfim.

Após transferir a direção da Rede de Viação Cearense (hoje Transnordestina Logística S/A) em abril de 1922 para Luciano Martins Veras, Couto Fernandes retorna para o Maranhão.

No Maranhão Couto Fernandes ajuda na Construção da estação de São Luís. Após aprovação pelo engenheiro Teixeira Brandão, então diretor da Estrada de Ferro São Luís-Teresina, a estação começou a ser construída em 14 de novembro de 1925, sendo inaugurada em 15 de novembro de 1929. CF como Inspetor do DNEF viabilizou recursos para a Ponte de Ligação e inaugura em 1937 a ligação Teresina – São Luís.

Na década dos anos de 1940 se aposentou e vindo a falecer em 1955.