ARACOIABA ANTIGA VILA CANOA

Aracoiaba Antiga Vila Canoa

 

 Onde existe água há vida e, assim em 1735 foi concedida ao Sr. Pedro da Rocha Maciel uma sesmaria contendo três léguas de frente e uma de fundo, às margens do Riacho Aracoyaba. (do tupi Ará=colher frutos +coy de incoen= banana + Aba= Em que, cuja tradução do termo indígena diz: “Lugar em que se colhe banana”).

Com a colonização dessas terras, houve prosperidade e, assim foi havendo atrativos para a migração de moradores de outros redutos. Em Aracoiaba, cujo nome primitivo era Canoa, tinha grande movimentação de transporte fluvial no Ceará, do Brasil colônia pelo famoso rio Aracoiaba. Havia intensa negociações com várias mercadorias tais como algodão, banana, arroz, cana de açúcar, milho, feijão, além da pecuária com rebanhos bovinos, suínos e aves.

Por conta da evolução do local, aos 18 de setembro de 1871 ocorreu a criação do seu primeiro distrito policial. Com a chegada da Estrada de Ferro de Baturité em Canoa cuja inauguração da estação ocorrera aos 14 de março de 1880, a exportação das mercadorias para Fortaleza se intensificou, aquecendo a economia. Para se ter uma idéia da localização estratégica de Aracoiaba (latitude 4°,22°,16 / longitude 38°,48°,51°) a linha férrea ao chegar em Canoa deveria seguir para a cidade de Baturité (sede do Município), por um ramal cuja autorização para construção data de 24 de setembro de 1879. A linha tronco saindo de Canoa deveria seguir para Riachão (Capistrano de Abreu), porém as pressões políticas da época fizeram a linha tronco passar por Baturité descartando, portanto a construção do ramal. Foi somente a partir de 1888 que a linha em construção seguiu na direção Riachão-Quixadá.

A elevação da povoação de Canoa à categoria de Vila, deveu-se por força do decreto nº 44 de 16 de agosto de 1890, quando oficialmente o local passou a se chamar “Aracoyaba” ocorrendo sua instalação na festa da proclamação da independência, no mesmo 1890. O Título de Cidade, como indicativo da total emancipação adveio quando aos 20 de dezembro de 1938 foi assinado pelo interventor Menezes Pimentel, o decreto-lei nº 448, desmembrando o distrito Aracoiaba de Baturité.

O Município de Aracoiaba tem uma área de 628,1 Km², representando 0,97% do Estado do Ceará, tem altitude de 107,10 m acima do nível do mar, com excelentes recursos hídricos tais como o rio do mesmo nome, Riacho do padre, Carguva, Barrinha e o dos Cavalos. A pluviometria registra em média 947 mm de chuva/ano. A população segundo o censo de 1999, registrou 24.750 habitantes com densidade demográfica de 35,83 hab/km².

Com 73 Km de separação da Capital, Aracoiaba vai sempre crescendo com sua agropecuária, indústria e rede de escolas.

Apesar da grande colaboração que a ferrovia deu para o crescimento de Canoa,  Aracoiaba hoje agradece, tendo cedido gentilmente seu solo para a passagem dos trens da Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN e Transnordestina Logística S/A.

A nova ferrovia Transnordestina por seu novo trajeto, não contempla Aracoiaba.

JAGUARIBE E O RAMAL DE CARIÚS: FERROVIA HÍDRICA

 

JAGUARIBE E O RAMAL DE CARIÚS: FERROVIA HÍDRICA

 

CARIHÚ: rio que nasce da serra de Santa Maria e do Brejo Grande, engrossa os Bastiões e despeja na margem direita do Jaguaribe, pouco abaixo de São Mathéos: Suas margens são muito férteis para legumes, mandioca, fumo e canna. Pompêo, Dic.Top. Cit. – Ety.: – O Visioneiro padre Francisco Telles de Menezes, na sua Lamentação Brasílica, descobrindo por toda parte thesouros escondidos, dá as duas: quaurijuba rio, corrente dobrada, ou corijuba alforge ou saco de ouro; porque, diz elle, à margem deste rio havia tanto ouro, que os índios o apanhavam em lascas para fazer preácas para suas flexas, tendo depois sepultado em sexos todo o que estava sobre a terra, em conseqüência de desgostos que tiveram. Desta versão, porém, toda filha de uma imaginação enferma, não se encontra mais noticia em parte alguma. O rio é tão pobre de ouro quanto o autor de critério. A verdadeira etymologia é: água sahida do mato, Caa-ry-hú, allusão às cabeceiras, que ficam n’uma serra das mais cobertas de mattas.” (Transcrito do Tomo n° I do Instituto do Ceará, pág. 257, ano 1887).

A Estrada de Ferro de Baturité chegou ao município de Iguatú em 1910. A Rede de Viação Cearense já estava sob o domínio da firma inglesa South American Railway Construction Company Limited, cuja sede era em Londres, na Inglaterra.

O trecho de Iguatú até a cidade de Lavras da Mangabeira perfazia um total de 76 quilômetros de percurso e, tendo em vista se dirigir para a fertilíssima Zona do Cariri era considerado o mais importante prolongamento em construção da RVC. Sofreu ostracismo, efeito de conflitos políticos no Estado do Ceará, dentre os quais a queda da “Oligarquia Acciolyna” e a “Sedição de Juazeiro”. A Companhia inglesa construiu a ponte sobre o Rio Jaguaribe em Iguatú e, iniciou no dia 12 de agosto de 1913 o ramal de Icó, suspendendo três meses depois. No inicio de 1914 apenas 400 operários trabalhavam em rumo a Fazenda Cedro. Sob o comando de um anônimo funcionário subalterno, a agitação política foi tanta que, cortaram o fornecimento de gêneros alimentícios e os serviços da estrada foram suspensos por completo.

Foi a grande sêca de 1915 que fez o Governo Federal assinar o decreto nº 11.692, declarando caducado o contrato entre o Ministério da Viação e Obras Públicas e a Firma Inglesa SARCCOL. Como medida de socorro público aos flagelados da seca, o Governo agiu assim, mantendo uma ação contra a calamidade efeito da seca, oferecendo trabalho na construção e prolongamento da Via Férrea; poupando a nação de perdas, em somas avultadas já empregadas nas obras que foram abandonadas pela South American.

Ramal de Cariús

Os trilhos seguiam na direção do Município de Crato quando, novamente arrebentou outra sêca no sertão Cearense. O Presidente da República era o paraibano Epitácio Pessoa que, sensibilizado com o sofrimento dos nordestinos, reorganizou a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) no dia 19 de julho de 1919. No mesmo ano, aos 25 de dezembro, por força do decreto nº 3.965 subordinou a Rede de Viação Cearense a já Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS). Essa Inspetoria perduraria até 28 de dezembro de 1945, quando o Ministro da Viação e Obras Públicas no Governo José Linhares, Dr. Mauricio Joppert, por força do Decreto n° 20.284 aprovou um regimento novo e a transformou em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS. Era estratégico, a ferrovia fazer parte na construção das “Grandes Obras do Nordeste” com as barragens de alvenaria, destinadas a armazenagem da água necessária à irrigação.

Um dos locais destinado a tais obras foi o Poço dos Paus (Cariús) que na época pertencia ao Município de São Mateus. O nome Poço dos Paus vem dos poços que são formados nas margens de vários morros de vegetação cerrada, daí alguns eruditos dizerem “Água Saída do Mato”. Situa-se o território do Município na zona do sertão do Salgado e Alto – Jaguaribe. O nome Cariús também é questionado “Rio de Cari”, de Cari= um peixe da água doce e Hu= Águas.

Cariús foi primitivamente habitada pelos índios Quixelôs e, a colonização foi feita com a instalação de currais de gado, que transformou o local em uma fazenda. Até 1919 Cariús era uma paisagem quase deserta. A história começa praticamente em 1920 quando consolidou a nomenclatura Poço dos Paus, devido ao grande açude público. Construído em 1922 pela a Firma norte americana Dwghtp P. Robinson & Company Incorporation, o reservatório tinha capacidade de armazenar um bilhão de metros cúbicos.

Foram nascendo assim pequenos comércios, e com a segregação, em 1938 o Arraial, pelo Decreto Lei n° 169 fora elevado à categoria de Vila Poço dos Paus. Em virtude da Lei n° 1.153 de 22 de novembro de 1951, foi criado o Município bem como os distritos de São Bartolomeu, São Sebastião e Caipu. A solene instalação oficial ocorreria aos 25 de março de 1955 quando, se desmembrou do Município de Jucás, outrora São Mateus. Seu primeiro prefeito foi o Sr. Silvestre Almeida Duarte .

A entrada do ramal ferroviário para Cariús foi ao Km 424,293 da linha Sul, quando os trabalhos de construção e prolongamento da RVC já estavam em Aurora. O trem ao sair de Iguatú podia ir para Cariús, trecho esse construído pela mão de obra dos retirantes da sêca de 1919. O Governo com isso estava aumentando os recursos hídricos e, socialmente assistindo o trabalhador com renda. Um homem fora do mercado de trabalho é uma família fora do mercado de consumo; é economia parada.

Aí vamos para o tema. Em toda bifurcação ferroviária em trecho deve existir uma estação, onde o seu agente controla o tráfego através do licenciamento de trens. A estação foi construída. Nada mais romântico do que se chamar Jaguaribe. Com altitude de 220,100 m, a mesma fora inaugurada em 31 de dezembro de 1922, ocasião em que o ramal passou a funcionar. Esteve na cerimônia de inauguração, O diretor da RVC Luciano Martins Veras, O Chefe de Obras, Engº Octávio Bonfim, e o Governador Justiniano de Serpa que representou o Presidente da República.

Essa foi a estação das águas: Construída inicialmente para atender os trens que conduziam o material para as barragens do açude Poço dos Paus, a linha férrea também saiu acompanhando o rio Jaguaribe. Existia um trem de passageiros que partindo de Iguatú, atendia esse ramal e conforme as necessidades, também trafegavam os de cargas. Tinha uma estação intermediária chamada Maurícia, ou seja, a parada de Quixoá oficializada três anos após.

A partir de 1974 o ramal já estava inserido como antieconômico, e dois anos após quando reformaram a estação de Iguatú, os trens já não trafegavam mais nesse trecho, por isso a estação desapareceu.

…Estação de Jaguaribe e Ramal de Cariús. São histórias hoje, somente contadas pela população ribeirinha. Os ferroviários parecem que as esqueceram.

Também acabaram com tudo !!!!

 

 

 

 

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DESCOBRINDO PACATUBA

DESCOBRINDO PACATUBA

Pacatuba era um distrito de Maranguape que em 1864, compreendia da Serra de Aratanha, lado setentrional e oriental e, a importante povoação do seu nome, assentada à raiz da serra. A formação toponímica de sua palavra é: Paca= mamífero roedor + Tuba= abundante, de onde extraímos do tupi: “Roedores em abundancia”.

Aquela localidade fora beneficiada em 1836 com o alargamento da carroçável Estrada de Baturité (hoje inicio da Avenida Godofredo Maciel), exatamente para a exportação de todo o seu café, cana de açúcar, contribuindo assim para a criação do município, que se deu pela lei nº 1.284 de 18 de outubro de 1869, cuja instalação ocorreu aos 26 de abril de 1873. o escoamento de toda a produção da zona de Pacatuba era feito por carroças e por via fluvial, pelos rios Pacatuba , pacotí e o Cocó.

Aos 9 de janeiro de 1876 foram inauguradas as estações de Monguba e Pacatuba, ocasião em que o capitão Henrique da Justa, um dos homens mais influentes da Pacatuba à época, recepcionou os convidados em sua residência. Na mesma festa inaugural, o Presidente do Ceará Dr. Heráclito Pereira da graça, oficializou a comunicação telegráfica no triangulo Fortaleza – Maranguape – Pacatuba. O trem a partir de então passou a transportar os produtos à granel e a população com conforto e rapidez iniciou suas viagens para a capital. Toda a extração mineral, a pecuária e a safra agrícola eram exportadas nos vagões de propriedade da então Companhia Cearense da Estrada de Ferro de Baturité S/A.

Todo povo tem sua história, e para resgata-la não é simplesmente acessar documentos autênticos de época, porém devemos entrevistá-lo contextualizando.   Assim nesse pequeno relato, compreendemos quando contemplamos a bonita estação ferroviária de Pacatuba, ainda bem conservada. É ícone para a cidade. É taça de vitória econômica, pois os moradores são gratos ao trem.

O nosso Ceará como um todo, é um Estado de potencial agrícola, mas parece que as crises climatéricas tiraram de nossos governantes essa força, por isso não tem mais parada para o trem em Pacatuba. Há quem defenda o latifúndio como sustentáculo da produção agropecuária no Brasil, mas isso é cultura lusa, pois se os índios não tivessem sido exterminados (o remanescente hoje é discriminado e sem expressão), com certeza haveria a lavoura de sobrevivência e as cooperativas de fomento. Assim a terra cumpriria sua função social, como sempre Deus que é o dono de tudo quis.

A vida é uma dinâmica, e a cidade de Pacatuba buscou alternativas com a instalação de empreendimentos os mais diversos. Quem quiser investir neste local, as autoridades e o povo agradecem e a história depois vai agradecer.

Sabe lá se o trem não volta!

 

 

 

 

 

“Pacatuba é terra de boa gente

Que se transformou em cidade,

E para matar a saudade

Quer o trem novamente;

 

O trem passa a desfilar

Sem atender o anseio,

Pois melhor é o passeio

Do que vê-lo passar”.

 

Assis Lima

 

ESTAÇÃO DE CARIRÉ

                             O TREM TAMBÉM FEZ DE CARIRÉ UMA CIDADE

 No exordial, denotamos que o lugar aonde chegaria os trilhos da Estrada de Ferro de Sobral (31-08-1885), Cariré que vem de uma corruptela “Cavivé”, chamava-se “Lagoa das Pedras”, e o terreno que seria construída a Estação outrora era denominada “Malha do Boi Preto”, devido a elevações topográficas, animais pastando.

Cariré já era pronunciado desde o século XVIII. Aos 12 de janeiro de 1707, o Capitão-mor Francisco da Costa doou ao fazendeiro Manuel Correia de Araújo 12 quilômetros de terras, na época Sesmaria do Cariré. (Vide documento original fac-similado no inicio deste artigo).

A formação toponímica, pelo menos ratifica o historiador Thomás Pompeu Sobrinho é uma palavra indígena: Cari= Peixe + do tupi guarani: Diferente. Cariré= Peixe Diferente. Agora que os estudiosos descubram que peixe era esse.

O marco inicial da história da cidade em epígrafe foi o prédio da estação ferroviária, cujo terreno em 1889 pertencia à família de Franklin Gomes Parente, que por certidão em vista dos inventários de seus pais foi vendida para a Estrada de Ferro de Sobral, pela quantia de 4.613 reis por hectare. Toda aquela região ainda pertencia a Sobral.

Após a construção e inauguração da estação de Cariré datada de 01 de novembro de 1893, foi construída a primeira casa para a residência do Mestre de Linha, Sr João Rodrigues dos Santos, e a Casa do Agente Sr Temístocles Navarro Leitão.

Existiam diversos fatores que levariam o trem a passar por Cariré. O calcário, cera de carnaúba, oiticica que, produzia até uma tonelada/mês. Tinha também mamona dentre outros produtos, e a exemplo dessa produção agrícola a ser transportado, consta a figura do Coronel Elísio Aguiar que em 1933 oficialmente, passou a manufaturar caroço de algodão, milho, arroz, atividade esta exercida desde 1916. Ao todo Cariré tinha 16 fazendas com profícua produção agropecuária, distribuídas nos seguintes povoados: Altos dos Honórios, Arariús, Tapuio, Cacimbas, Olho D’água, Angicos, Alto Feliz, Moquém, Anil, Jucá, Jaibaras e Almas.

Cariré ainda atraindo a construção de fábricas, por força da lei estadual nº 2.704 de 16 de setembro de 1929, passou a Município, porém, houve revogações devido à família de José Saboya de Albuquerque, que queria ser a dona de Sobral, tal quais certos municípios cearenses que são currais eleitorais de uma minoria de políticos nocauteadores. Em 1935 voltou a ser município novamente, agora pelo decreto de restauração nº 157 de 23 de setembro.

Assim Cariré cresceu, mas muita gente esqueceu o dia das coisas pequenas que impulsionaram ao seu próprio crescimento, por causa do rodoviarismo, e a escassez dos produtos agrícolas. Além de trens de cargas que ainda passam, interligando o Ceará ao Maranhão pela Transnordestina Logística, a assistência do trem de passageiros na fase áurea era diária nesta cidade. Voltando de Crateús passava as 09 h da manhã e o percurso para sobral era de uma hora, chegando a Fortaleza, às 16.30 h devido em Sobral serem atrelados dois carros que vinham de Camocim. As locomotivas até 1950 eram as Consolidation – Baldwin e depois, as Whitcomb. A partir de 1971 lentamente passaram a utilização das máquinas GE-U10B, 1000 HP. As locomotivas ALCO RSD 700 HP – 1957 não circulavam na linha Norte.

Mas o trem de passageiro foi por esquecimento. O cargueiro não tendo o que embarcar, também deixou de parar em Cariré. A solitária estação esteve em ruinas, mas foi restaurada, e creio até por sentimento cívico, já que a cultura passou por perto. A professora Roseni Soares Aguiar, primeira professora carireense a se diplomar ficaria hoje satisfeita. E a Adísia Sá, como deve ter visto isto?