Pátio de Maracanaú em 1892
Observamos a linha do ramal de Maranguape.
Documentos do século dezenove dão conta de que, existia O Pequeno Arraial da Pavuna na Estrada de Pacatuba, vilarejo de Maranguape, e que pertencia a Antiga Missão de Paupina criada aos 6 de agosto de 1649, onde foram aldeados os índios Paupina e Parnamirim em Messejana. Os Pitaguary ficavam na Sesmaria onde era habitada por esses índios do mesmo nome, hoje uma Fazenda na localidade de Santo Antônio.
Com a freguesia que havia sido criada em 15 de maio de 1759, o Conselho do Governo Provincial aos 13 de maio de 1833, transferiu sua sede para Maranguape e extinguiu a Vila de Messejana, anexando-a como distrito da Capital do Ceará.
A formação toponímica de Maracanaú provém do Tupi MARACANAHÚ de onde se extrai: Maracanãs (aves) + Hú (águas) = águas das maracanãs, ou lugar onde bebem as maracanãs. A grande lagoa das maracanãs era um dos importantes recursos hídricos, pois, o município de Maranguape foi banhado também pelos rios Gereraú, Pirapora e Gavião que descia a encosta oriental da serra de onde, formavam após passar pela cidade, os ricos canaviais. O rio Cocó foi formado pelos Pitaguary e Genipabu.
A embrionagem do hoje Município de Maracanaú, uma das respeitosas arrecadações do Estado do Ceará deveu-se ao traçado da extinta Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité S/A, pois, com o projeto em definitivo que fora aprovado em 5 de março de 1870, o trem partiria da Estação Central até a Vila de Pacatuba, com um ramal para Maranguape (município sede), cujos trilhos assentados atingiu as Águas das Maracanãs aos 29 de novembro de 1874.
Maracanaú, com a presença do trem foi se urbanizando, tomando forma de distrito em decorrência do entroncamento oblíquo e, assim passou a gerar emprego a um grande número de trabalhadores, até mesmo os de mãos de obras não qualificadas.
Aspecto de Maracanaú em 1908
Localizada no km 22,649 e com 45,154 m acima do nível do mar, a estação ferroviária fora apoteoticamente inaugurada aos 14 de janeiro de 1875. A edificação teve projeto do Engenheiro Luiz Ribeiro (construtor do trecho Mondubim – Maracanaú) sob a coordenação do fluminense Dr. José Privat, então fiscal geral da Estrada de Ferro de Baturité.
A solenidade contou com as presenças do Senador Tomaz Pompeu de Souza Brasil e do presidente do Estado do Ceará, Heráclito de Alencastro Pereira da Graça que chegaram no primeiro trem oficial, tracionado pela locomotiva inglesa Hunslet Leeds nº. 2, apelidada de “A Maranguape”.
Aspecto da Capela de Maracanaú. Foto raríssima de 1879.
Em seu livro “A Origem da Viação Férrea Cearense”, 1923, Octávio Memória na página 27, nos relata: “A propósito da subseção de Maracanaú, vem a pelo registrar a origem da capela dessa povoação obscura, mas de um bucolismo encantador e a que nos prende sentimentos de grata recordação. O pequenino templo foi construído por iniciativa dos engenheiros da Companhia Cearense, a cujos trabalhos consagravam suas horas de laser mediante subvenção do Governo da Província e auxílio da verba (socorros públicos)”. (Transcrito sem SIC).
Maracanaú posteriormente tornou-se zona de fabricação de produtos cerâmicos e, juntamente com Mondubim exportavam por trem seus materiais de construção. As telhas eram de marca famosa. Tinha um movimento intenso de encomendas, produtos das olarias, de passageiros, além de atender os trens de Maranguape e os serviços internos tais como, as turmas de trabalhadores de conserva e da linha telegráfica inaugurada em 1876.
A elevação do povoado à categoria de Vila ocorreu em virtude do Decreto nº. 1.156 de 4 de
dezembro de 1933, e aí nesse período uma portaria do Dr. Ulpiano Barros determinou que o trem suburbano de Fortaleza – Maranguape pernoitasse em Maranguape, ficando o mesmo até 26 de novembro de 1962 quando os 7,246 km de extensão do Ramal de Maranguape, foram erradicado. O pernoite de composições e terminais de trens suburbanos ficou sendo em Maracanaú/Acarape até aos 22 de outubro 1993 quando, com a presença do Vice-Governador Lúcio Alcântara foi inaugurada em Pacatuba, a Estação Vila das Flores.
Inaugurada aos 14 de janeiro de 1875
Só retroagindo: foi a partir da implantação do serviço da Coordenadoria de Transportes Metropolitano – CTM em 1980, que os trens passaram a circular primeiro a cada sessenta minutos; em seguida de meia em meia hora.
Depois em janeiro de 1988 a CTM se transformaria em CBTU. Maracanaú além de ser privilegiada com a instalação do polo industrial no segundo governo de Virgílio Távora, tem em sua arquitetura um excelente arquivo histórico destacando-se: o Hospital de Maracanaú, Colônia Antônio Justa, o Casario da Rua Valdemar de Lima, Casa do farmacêutico Rodolfo Teófilo (descaracterizada), Casa de Menores (popularmente foi conhecida como Santo Antônio do Buraco), uma Casa na Fazenda em Santo Antônio do Pitaguary, um prédio da RVC – RFFSA que se livrou da destruição, e etc.
Maracanaú em 1911.
Finalmente com a lei nº. 10.811 de 4 de julho de 1983, Maracanaú tornou-se Município sendo instalado aos 31 de janeiro de 1985. Maracanaú, antigo aldeamento dos Pitaguary, Arraial da Pavuna ligada a colonial Missão Paupina, Vila e Município têm uma excelente história que se misturou com a do trem. É só saber contar.
Agora com o projeto Metrô de Fortaleza, com os Trens Unidade Elétricos (TUEs), Maracanaú ficou bem ali!
Triste Registro de 1981.
Fotos: Álbum da RFFSA, Jornal Opovo, e Domínio Público.