Assis Lima
Assis Lima

A CASA MAL ASSOMBRADA HISTÓRIA DO JACARECANGA

HISTÓRIAS DO JACARECANGA

A Casa Mal Assombrada

            Prédio do Vacinogênio

            Avenida Philomeno Gomes

O Ceará no início do século XX, já havia recebido um grande aliado no combate as doenças tropicais quando em 1901,foi grande a luta dos sanitarista contra a Varíola, que ceifou muitas vidas.

Rodolpho Marcos Theófilo chegou ao Ceará ainda bem jovem no último quartel do século XIX, na época em que o mesmo já era governado pela Oligarquia Acciolyna, tendo como intendente (Prefeito) Guilherme Rocha, e depois assumiria a Presidência do Estado, Pedro Augusto Borges.

Rodolpho era muito sensível às secas que assolou o Nordeste, afinal até 1970 a Bahia e Sergipe pertencia a região Leste Setentrional, mas em 1890 ele já havia escrito o livro “A Fome”, descrevendo lamentáveis acontecimentos e a desolação das secas, tal qual a de 1877/78. A Bahia ainda não era Nordeste.

Pois bem, a Sesmaria do Jacarecanga se transformaria num bairro que nunca mudou de nome, Juntamente com o riacho que corta o mesmo. Em Fortaleza o sanitarista Baiano escolheu este local devido à gravidade epidemiológica: Morro do Moinho, que na época acompanhava a mesma topografia do Morro Croatá, onde fora instalada a Estação ferroviária.

Rodolpho Teófilo em Atendimento

O atendimento de início era feito em visitas domiciliares, e ao que parece não existia subvenção pública, pois, o atendimento era numa casa em taipa dentro de uma vila, onde é notório o estado de pobreza.

                  A Casa da Ponta era o Isolamento dos afetados

 

Vacinogênio, Necrotério, depois Casa de Material de Construção

 

Rodolfo Theófilo, médico sanitarista, de espirito humanitário iniciou seu trabalho no Morro do Moinho, no último quartel do século XIX, e ao raiar do século XX, em 1 de janeiro de 1901, com donativos ocorrera a inauguração do Vacinogênio fruto do próprio trabalho de Rodolfo Theófilo, coisa que na época não agradou ao Presidente do Estado Pedro Borges, pois, tinha que obedecer as diretrizes da oligarquia Acciolyna.

O Jacarecanga teve o privilégio de receber o Vacinogênio atendendo sem apoio governamental, aos pobres dos bairros periféricos da zona Oeste.

               Vista aérea do Local onde vemos a casa o Vacinogênio

Referido posto de saúde fora erguido na Estrada do Jacarecanga, depois Avenida Tomaz Pompeu e hoje, Avenida Philomeno Gomes.

Com a morte do Rodolfo Theófilo em 1932, Roberto Carlos Vasco Carneiro de Mendonça, então interventor federal, transformou o Vacinogênio em necrotério, devido sua estrutura sanitária e a proximidade do maior cemitério da cidade; o de São João Batista que remota ao ano de 1866.

Aproveitando essa reforma, a irmandade da Santa Casa de Misericórdia que (não sei se ainda) era a administradora do Cemitério S.J. Batista, solicitou ao Interventor a desapropriação de algumas casas, para que o “Campo Sagrado” se estendesse até o muro do Vacinogênio, beirando uma via já movimentada.

Aos que desconhecem quando inaugurado, o cemitério S, J. Batista seu terreno só ia até aonde existe um portão de Ferro, pela Rua Francisco Lorda (antiga Travessa Camocim, mas que foi conhecida por anos como Rua Tijubana). Depois o necrotério foi para a Rua Nestor Barbosa nº 315, no Bairro que homenageou o próprio Rodolfo Theófilo.

Quando foi implantado o Curso de Medicina no Ceará em 12 de maio de 1948, o Necrotério passou a se chamar Instituto Médico Legal – IML.

Por ironia em novembro de 1986, talvez uma das últimas inaugurações do Governador Gonzaga Mota, o IML voltou para o Jacarecanga, sendo localizado na Avenida Leste Oeste esquina com a Rua Padre Mororó, e com aparato da Policia Forense.

A casa do Vacinogênio, depois necrotério, quando abandonada posteriormente foi transformada, em depósito para guarda de material de construção dos novos jazigos, devido ao Cemitério São João Batista ter se expandido, como já lemos.

Cemitério São João Batista em Construção

O autor destas linhas ainda chegou a entrar por uma única vez nesta casa, que a gurizada do seu tempo dizia: “Tem alma neste local”. Nenhum menino da época entrava só, e os que entravam eram de mãos dadas. Eram formado um trem de meninos de mãos dadas.

Finalmente, em 1969 ergueram um cruzeiro construindo uma meia lua de penetração no cemitério na Avenida Philomeno Gomes. Junto com esse reparo no muro ocidental desapareceu a casa do Vacinogênio / Necrotério e no embalo destruíram a casinha de força dos bondes elétricos da Ceará Tramway, desativada em 1947.

Alcançamos velhos cabos de cobre vencidos pela corrosão dependurados no canto Noroeste do muro beirando a Via férrea, e na sudoeste entrada da Tijubana, um velho cajueiro, cujos frutos faziam lama no calçamento, tendo em vista está plantado em areias do cemitério.

Interação:

Rodolpho Teófilo nasceu em Salvador em 1863 – BA e faleceu em Fortaleza – CE em 2 de julho de 1932. Foi escritor, Médico, poeta e documentarista.

Fontes:

– Anais do Arquivo Público do Estado do Ceará, Oficinas Gráficas da Cadeia Pública, 1933;

– Azevedo, Miguel Ângelo de Nirez, Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Editora BNB, 2001;

– Barbosa, José Policarpo; História da Saúde Pública do Ceará, UFC, 1994;

– Data das Sesmarias, Typografia Gadelha, 1926;

– Jornal O Povo Edição 08-10-1994;

 

 

 

 

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