Assis Lima
Assis Lima

QUIXERAMOBIM HISTÓRIA TREM E MUITO MAIS…..

 

Quixeramobim era confinado na região outrora habitada pelos índios Canindés e Quixarás, cujos primeiros civilizados vieram de Jaguaribe, seguindo o rio Banabuiú.

Aos 7 de novembro de 1702, o Capitão-Mor Francisco Gil Ribeiro, então governador de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, concedeu as primeiras sesmaria às margens do rio Ibu, nome pelo qual era conhecido dos indígenas o atual rio Quixeramobim. O vocábulo Quixeramobim adveio de uma serra localizada ao norte da cidade e que posteriormente denominou-se Santa Maria.

Quixeramobim é uma palavra de origem tupi que significa “Carne Gorda” e para outras “Pássaro Verde”. Segundo relatórios do IBGE publicado em 1956, no ano de 1730 foi fundada a fazenda “Boqueirão de Santo Antonio”, e iniciado a construção de uma capelinha.

Em 15 de novembro de 1755, esse templo fora elevado à categoria de matriz, com a criação da paróquia por provisão do Frei Manuel de Jesus Maria, religioso carmelita, que ali chegou com autorização do Bispado de Pernambuco. Em local próximo, foi construído o primeiro açude público do Ceará nas terras de sesmarias do riacho Pirabibu.

O governador de Pernambuco, D. Tomás José de Melo, por força de Carta Régia datada de 22 de julho de 1766, autoriza a Ouvidoria Geral da Comarca do Ceará, a que fosse elevada à categoria de Vila a povoação de “Santo Antonio do Boqueirão de Quixeramobim”, e aí foi instalado o município no dia 13 de junho de 1789, e recebeu o nome de Nova Vila do Campo Maior de Quixeramobim.

A Confederação do Equador no Ceará teve inicio em Quixeramobim, quando a Câmara Municipal, no dia 9 de janeiro de 1824, declara extinta a Dinastia da Família Real e proclama uma República, como uma insatisfação, pelo autoritarismo de D. Pedro I em dissolver a Assembléia Constituinte, quando outorgou uma constituição sem consultar o povo.

Outro ponto que a história iria descrever, é que nessa antiga Vila do Campo Maior, seria o berço de Antonio Conselheiro, o homem de Canudos.

A Comarca da Nova Vila do Campo Maior de Quixeramobim, cujo primeiro juiz de direito fora o Doutor Antonio Pereira Ibiapina, fora instituída aos 6 de março de 1833. Depois pela lei nº. 770 de 14 de agosto de 1856, o Município passou a foros de cidade e tomou a nomenclatura de apenas “Quixeramobim”.

O já Estado do Ceará tinha a Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité, empresa ferroviária que, estava sob o domínio do Governo desde 1878, e que inaugurou a estação de Quixeramobim em 4 de agosto de 1894, no Km 237,467 da linha Sul, com 187,010 m acima do nível do mar, e nas seguinte coordenadas latitude 5º 11’ 57” e de longitude 39º 18’ 27” do W.Greenwich.

 

A Arte de Sua Ponte

A ponte ferroviária de duzentos metros para ser montada em quatro vãos de proporções iguais, foi adquirida na Filadélfia – USA, e na Via Férrea de Baturité, Ernesto Lassanse Cunha era o Engenheiro em Chefe. Desde o seu desembarque no Poço das dragas (antigo porto de Fortaleza) até a beira do rio do Quixeramobim, a mesma foi transportada em gôndolas sob a coordenação do Engº João Felipe que era Chefe de obras da Via Férrea Baturité.

Tendo em vista João Felipe Pereira ter sido exonerado da chefia de obras da EFB e, ter ido assumir o Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro, a montagem dessa ponte ficou a cargo do Engº Luiz de Andrade Sobrinho que, depois também montou a de Banabuiu em Humaitá (Hoje senador Pompeu).

O Município de Quixeramobim é o centro geográfico do Ceará, e está localizado na zona fisiográfica do Sertão Central. Duas coisas justificaram a passagem do trem por essa localidade:

A Partir de 1992 o trem passou a trafegar por variante.

 Primeiro: os recursos naturais como solo aluvião, jazidas calcárias, matas para a extração de madeira de construção, riquezas em gado, cotonicultura e outros produtos da terra;

Segundo: a luta do Comendador Garcia, pois depois de Quixadá o trecho era para tomar o vale jaguaribano e ir pelo Icó, para só em seguida ir à Vila da telha (Iguatú). Em 1880, essa liderança de muita influência em Quixeramobim, esteve até na corte e falou com as autoridades no Rio de Janeiro. O trem estava garantido para Quixeramobim.

Esse foi o grande impulso ao tempo de nossa cultura agropecuária.

Como o tempo é uma coisa dinâmica, as coisas vão tomando outros rumos. O transporte ferroviário movimentou e muito Quixeramobim. Pouco antes da erradicação dos trens de passageiros naquele triste dezembro de 1988, havia diariamente às 23. h o cruzamento dos trens Fortaleza-Crato SCP1 e Crato – Fortaleza SCP2 e, a troca de tripulação. O povão mesmo já tarde da noite, ia observar esses trens de passageiros.

Depois com as crises na agricultura, dizimação de gado, a derrota da cotonicultura e outros agravantes efeitos de estiagens, faltou o que a estação exportar.  Complementando a linda ponte metálica, fora aposentada tendo em vista, em 1992, o trem passar a trafegar numa variante, modificando assim o traçado original.

Como disse José de Alencar: “O maior arquivo de um local está na sua etnologia topográfica”. Visite Quixeramobim. Olhe para o pátio de manobras, os edifícios da RVC, e pergunte aos moradores o que eles sabem sobre o trem…

 

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